Niterói, 03/04/2020
Flavio Moutinho
Médico Veterinário
CRMV-RJ 5495
Os coronavírus pertencem a uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais. Em dezembro de 2019 foi identificada uma nova doença na cidade chinesa de Wuhan, que é capital da província de Hubei. Esta doença vem afetando milhões de pessoas no mundo todo. Apesar da grande maioria dos casos terem sintomas leves, ela pode causar sintomas semelhantes à pneumonia e levar ao óbito, principalmente em pessoas incluídas no grupo de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos etc.
Pesquisas epidemiológicas mostraram que a doença teve início possivelmente em um mercado que comercializava diferentes tipos de animais silvestres para consumo. Ao contrário do Brasil, esses tipos de mercados eram legalizados e comuns na China até então.
Ao buscar identificar a origem do vírus causador da doença, agora denominada COVID-19, os pesquisadores perceberam tratar-se de um vírus que teve origem em morcegos. Este vírus depois se adaptou a viver em um outro animal, possivelmente o pangolim, que é um animal que não existe no Brasil, antes de atingir os humanos.
Mas quando surgiu na mídia a notícia da possível origem do vírus causador da COVID-19 a partir dos morcegos teve início quase que instantaneamente, em diferentes partes do planeta, um movimento de eliminação desses animais por parte da população. Sim, com medo dos morcegos espalharem mais a doença as pessoas começaram a destruir abrigos de morcegos e mesmo a matar estes animais mundo a fora, havendo relatos inclusive no Brasil. Além disso, os Centros de Controle de Zoonoses brasileiros também vêm registrando um aumento da demanda da população em relação a morcegos.
O que precisa ficar claro é que os animais podem sim serem portadores de vírus da família coronavírus, mas esses vírus dos animais não causam infecções em humanos, tendo sido esse caso da COVID-19 uma exceção pontual que surgiu na China a partir de um outro hospedeiro animal, que nem era o morcego.
Além disso, espécies de morcego que existem na China são, de modo geral, diferentes das existentes no Brasil.
Por fim, cabe ressaltar que morcegos têm grande importância ecológica atuando, por exemplo, no controle de insetos, na polinização e na dispersão de sementes. Além disso, são protegidos pela Lei de Crimes Ambientais.
Sendo assim, não há risco de contrair a COVID-19 a partir dos morcegos e devemos zelar pela preservação desses animais.
Observação: caso seja observado algum morcego com comportamento alterado como voando durante o dia claro, caído ao solo ou andando no chão, por favor, entre em contato com o Centro de Controle de Zoonoses pelo telefone (21) 99639-4251 (Sem Whatsapp) para que ele seja recolhido para diagnóstico de raiva, mas não de COVID-19.
Para acessar o documento, clique aqui.
https://drive.google.com/open?id=1encTUBoiktK_bKLU_JE0CKe73eyyqO9N
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