segunda-feira, 28 de março de 2022

Perguntas e respostas sobre o mundo das serpentes: desvende seis mitos sobre as cobras

 

Vitimas de fake news, as serpentes auxiliam muito mais do que imaginamos em vários aspectos do nosso cotidiano


Desde pequenos, ouvimos diversas histórias sobre serpentes e mal sabemos os benefícios que elas trazem ao mundo. O veneno da jararaca, por exemplo, foi usado em um componente como modelo para a fabricação de um remédio muito usado para controlar pressão alta, e há pesquisas que indicam que na peçonha da cascavel pode estar um possível medicamento contra o câncer. Sem contar o quanto as serpentes são imprescindíveis para a manutenção do equilíbrio ambiental no planeta. Então por que tanta gente diz que não gosta de cobras? Muitas histórias foram espalhadas como verdade e colocam esses animais como inimigos do ser humano ou agressivos. Mas isso não é verdade. Conheça a seguir alguns mitos e verdades sobre as serpentes e saiba mais sobre esse animal tão importante para o mundo e para o homem. 


É possível diferenciar uma serpente peçonhenta de uma não peçonhenta?

É, sim. Isso pode ser feito por meio do reconhecimento do gênero ou família à qual a serpente pertence. As jararacas (gênero Bothrops) podem ser reconhecidas por meio de uma estrutura presente nas serpentes venenosas da família Viperidae chamada fosseta loreal. A fosseta loreal é uma espécie de buraco que fica entre a narina e os olhos das cobras e funciona como um termômetro usado para identificar uma presa ou um predador pelo calor que emitem. Para um especialista, essa distinção pode ser fácil, enquanto que para o cidadão comum, não. Mas a observação da fosseta loreal não é infalível. Ela não permite, por exemplo, identificar se a serpente é uma coral, sendo que todas as corais são venenosas. Outra forma de reconhecer as serpentes venenosas é identificar se ela é da espécie de cobra-coral do gênero Micrurus, pois todas são venenosas. Entretanto, existem as falsas corais – espécies não peçonhentas que imitam as características de uma coral verdadeira, mas não são venenosas. Como essa distinção é difícil de ser feita, a recomendação é assumir todas corais como venenosas e ficar distante, para não correr nenhum perigo.




A serpente com o veneno mais potente é a que mais mata?

Isso não é verdade. No Brasil, as cobras que mais causam acidentes são as do gênero Bothrops (fazem parte desse gênero jararacas, jararacuçus, urutus, entre outras), porque estão presentes em grande número no território nacional. Sua letalidade, porém, não chega a 0,3% – ainda que o veneno cause uma reação muito forte no local da picada que pode até levar à amputação do membro. As que possuem o veneno mais potente são as do gênero Micrurus, as corais, mas elas não causam tantos óbitos por conta do seu comportamento que, na maioria das vezes, é fugir ou se esconder. "Quase sempre os acidentes acontecem porque uma pessoa foi manipular, achou bonito e mexeu nela. Ela só vai atacar se for agarrada ou pisada", explica o curador da coleção herpetológica do Instituto Butantan, Felipe Gobbi Grazziotin. Outro motivo dos acidentes serem em números baixos é a falta de efetividade do bote da coral por conta da sua dentição, que é fixa – ou seja, para injetar o veneno, ela precisa que a mordida seja feita completamente. Sem contar que essas serpentes são menores e têm muito menos veneno para injetar. Em outras palavras, mesmo que o veneno seja mais potente, a quantidade injetada é muito menor. Comparativamente, as cascavéis, apesar de possuírem um veneno menos potente do que as corais, são mais letais, pois devido à mobilidade da dentição e à precisão do bote conseguem frequentemente injetar grande quantidade de veneno.




Venenos matam instantaneamente?

Nenhum veneno mata um ser humano instantaneamente. Toda a evolução dos venenos das serpentes foi em direção à captura de animais pequenos, as presas tradicionais das cobras. Ou seja, é esperado que o veneno mate, mas não um ser humano adulto. Quem sofrer um acidente e tomar uma picada vai ter tempo de ser conduzido até um hospital para receber o soro antiofídico. "O quanto antes você for atendido, melhor vai ser. A pessoa vai ter menos sequelas", explica a pesquisadora do Laboratório de Imunopatologia do Butantan Ana Maria Moura da Silva.





Toda picada de cobra tem veneno injetado?

Não! Pode acontecer da picada ir sem veneno. Esse acontecimento chama-se “picada seca”. A própria cobra coral, em algumas ocasiões, não injeta todo o veneno contido nas glândulas por conta de sua dentição (que a impede de completar a mordida) ou por outros motivos, como ter se alimentado recentemente e já ter usado o veneno na pressa (a cobra leva um tempo para conseguir produzir mais peçonha após tê-la usado).




As cobras podem ser envenenadas pelo seu próprio veneno?

Não. "Normalmente, elas têm uma resistência ao veneno delas mesmas", explica Ana Maria. As serpentes possuem um componente no sangue que neutraliza seu próprio veneno e de outras cobras da mesma espécie. Esses inibidores também são encontrados em animais como o gambá e serpentes que se alimentam de cobras venenosas, como a muçurana – os predadores de serpentes venenosas evoluíram até desenvolverem uma proteção contra o veneno delas.





O soro antiofídico serve para todos os acidentes com serpentes?

Não. O fundador e primeiro diretor do Instituto Butantan, Vital Brazil, revolucionou a saúde pública e o tratamento de acidentes com animais peçonhentos quando, contrariando as afirmações de especialistas europeus, comprovou que, para proteger a vítima, era necessário aplicar um soro específico para a espécie que havia causado o acidente. Essa descoberta entrou para a história da medicina e ficou conhecida como “princípio da especificidade antigênica”, ou seja: se alguém for picado por uma cobra, deve ser tratado com um soro específico para o veneno daquela cobra. Atualmente, são produzidos cinco diferentes soros antiofídicos no Butantan: antibotrópico (pentavalente), contra serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, surucucu, comboia); anticrotálico, para serpentes do gênero Crotalus (cascavel); antielapídico, para serpentes do gênero Micrurus (coral verdadeira); o combinado antibotrópico (pentavalente) e antilaquético, indicado para o envenenamento por Bothrops ou Lachesis (surucucu-pico-de-jaca); e o combinado antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico.






sexta-feira, 25 de março de 2022

Mães de alunos do Colégio Estadual Leopoldo Fróes participam de palestra sobre Covid-19



Mães de alunos do Colégio Estadual Leopoldo Fróes, em Pendotiba, participaram da palestra “A Escola e os Desafios com a Covid-19” promovida pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), por meio do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), nas dependências da unidade escolar. 

A ação educativa em saúde ocorreu no dia 17/03 e teve o objetivo de compartilhar informações e dividir saberes – especialmente sobre a vacinação contra a Covid-19. 

O público-alvo era formado por mães de alunos que fazem parte do Mulheres Apoiando a Educação. O M.A.E. é um projeto do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da parceria da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e tem por objetivo trazer alunos de volta às salas de aula, tendo as mães como agentes auxiliadoras nessa ação.  Entre as principais atribuições dessas mulheres estão a busca ativa dos estudantes que não renovaram a matrícula, a orientação aos familiares dos estudantes quanto à importância da frequência nas aulas, e a avaliação do cumprimento das medidas sanitárias contra covid-19.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira esclareceram a importância da prática dos muitos cuidados que exigem o esforço individual e coletivo. A equipe apresentou o protocolo municipal de segurança contra a Covid-19,  “Diretrizes para Sistema de Vigilância Escolar - Monitoramento do Retorno às Atividades da Educação de Niterói” e explanou sobre o retorno seguro às aulas presenciais, a vacinação contra a Covid-19 no município, locais de vacinação infantil e adulto, risco de transmissão da doença, atenção aos sintomas, locais de testagem em Niterói, cuidados com a saúde em tempos de pandemia, e fortalecimento do sistema imunológico infantil. Os profissionais também falaram sobre o decreto municipal nº 14.330/2022, artigo 1º, incisos I e II, que trata da suspensão da obrigatoriedade do uso de máscara exclusivamente em locais abertos, incluindo os espaços abertos dos estabelecimentos educacionais.

“Conhecemos, através dessa troca de experiências, as dificuldades que esse grupo de mães enfrenta com alguns alunos, como: a resistência em usarem a máscara facial, e a recorrência de crise de ansiedade. As mães solicitaram apoio emocional para esses alunos que enfrentaram e ainda enfrentam sequelas da pandemia.  De maneira geral, todas apoiaram a iniciativa e solicitaram mais encontros como esse para aumentarem o conhecimento sobre diversas formas de prevenção a doenças”, contou Patrícia.







quinta-feira, 24 de março de 2022

CCZ realiza palestra sobre Covid-19 para pais de alunos da Escola Municipal Vera Lúcia Machado

 



Neste sábado (19/03), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), por meio do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), realizou a palestra “A Escola e os Desafios com a Covid-19” para pais de alunos da Escola Municipal Vera Lúcia Machado, bairro Badu.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira esclareceram a importância da prática dos muitos cuidados que exigem o esforço individual e coletivo.  O objetivo foi compartilhar informações e dividir saberes – especialmente sobre a vacinação infantil contra a Covid-19 –, articular possibilidades de trabalho, respeitando o direito da criança. 

A escola iniciou o ano letivo colocando em prática as orientações do plano “Diretrizes para Sistema de Vigilância Escolar - Monitoramento do Retorno às Atividades da Educação de Niterói”. Somando-se a essa proposta, o IEC explanou sobre o retorno seguro às aulas presenciais, a vacinação contra a Covid-19 no município, locais de vacinação infantil e adulto, risco de transmissão da doença, atenção aos sintomas, locais de testagem em Niterói, recomendações da Secretaria Municipal de Saúde, cuidados com a saúde em tempos de pandemia, e fortalecimento do sistema imunológico infantil.

“Foi prazeroso conversar com pais e responsáveis interessados em aprender mais sobre hábitos que favorecem a imunidade, como higiene pessoal e ambiental, a importância de tomar as vacinas disponíveis no SUS, os riscos do uso excessivo do açúcar, a escolha de alimentos mais naturais que promovem a saúde intestinal, e a importância do sono para aumentar a qualidade do sistema imunológico. Apresentamos também o novo protocolo de segurança no ambiente escolar, estimulamos a vacinação contra a Covid-19 para alunos e pais, reforçando que é a melhor ferramenta para reduzir os riscos de agravamento da doença, aumentando a chance da pandemia se tornar endemia. Informamos sobre o novo decreto municipal sobre o uso de máscara em ambientes fechados e a permissão de não usá-la em ambientes abertos. Falamos sobre os locais onde será exigido o passaporte vacinal. Ao final, esclarecemos dúvidas. Muitos pais perguntaram se há vacinação da Covid-19 aos sábados. A diretora Aline Motta de Souza agradeceu a parceria e solicitou a nossa presença durante todo o ano letivo para apresentar outros temas aos alunos e professores”, relatou Patrícia.










quarta-feira, 23 de março de 2022

Pais de alunos da Escola Municipal Felisberto de Carvalho participam de palestra sobre Covid-19

 


Com o objetivo de compartilhar informações e dividir saberes – especialmente sobre a vacinação infantil contra a Covid-19 –, o setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), realizou a palestra “A Escola e os Desafios com a Covid-19” na Escola Municipal Felisberto de Carvalho, bairro Vila Progresso.

A ação educativa em saúde ocorreu neste sábado (19/03) e teve como público-alvo pais de alunos e responsáveis.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira esclareceram a importância da prática dos muitos cuidados que exigem o esforço individual e coletivo. 

A escola iniciou o ano letivo colocando em prática as orientações do plano “Diretrizes para Sistema de Vigilância Escolar - Monitoramento do Retorno às Atividades da Educação de Niterói”. Somando-se a essa proposta, o IEC explanou sobre o retorno seguro às aulas presenciais, a vacinação contra a Covid-19 no município, locais de vacinação infantil e adulto, risco de transmissão da doença, atenção aos sintomas, locais de testagem em Niterói, recomendações da Secretaria Municipal de Saúde, cuidados com a saúde em tempos de pandemia, e fortalecimento do sistema imunológico infantil. 

“Foi prazeroso conversar com pais e responsáveis interessados em aprender mais sobre hábitos que favorecem a imunidade, como higiene pessoal e ambiental, a importância de tomar as vacinas disponíveis no SUS, os riscos do uso excessivo do açúcar,  a escolha de alimentos mais naturais que  promovem a saúde intestinal, e a importância do sono para aumentar a qualidade do sistema imunológico. Apresentamos também o novo  protocolo de segurança no ambiente escolar, estimulamos a vacinação contra a Covid-19 para alunos e pais, reforçando que é a melhor ferramenta para reduzir os riscos de agravamento da doença, aumentando a chance da pandemia se tornar endemia. Informamos sobre o novo decreto municipal sobre o uso de máscara em ambientes fechados e a permissão de não usá-la em ambientes abertos. Falamos sobre os locais onde será exigido o passaporte vacinal. Ao final, esclarecemos dúvidas. Muitos pais perguntaram se há vacinação da Covid-19 aos sábados. A diretora Eliana da Matta agradeceu a parceria e solicitou a nossa presença durante todo o ano letivo para apresentar outros temas aos alunos e professores”, relatou Patrícia.








segunda-feira, 21 de março de 2022

Pesquisadores alertam para circulação de zoonoses


Doenças transmitidas de animais para pessoas, a febre maculosa, a febre Q, as hantaviroses e as arenaviroses apresentam quadro clínico inicial comum a outras infecções, incluindo febre, dor de cabeça ou no corpo e mal-estar. Em meio a epidemias, quando todos os olhos estão voltados para agravos de grande circulação, como dengue ou Covid-19, essas zoonoses são frequentemente esquecidas no momento do diagnóstico dos pacientes, o que leva a atrasos na sua identificação, aumentando o risco de quadros graves e morte.

O alerta para a circulação dessas “doenças zoonóticas invisíveis” está em artigo recém-publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Autora da publicação, a chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz, Elba Lemos, ressalta que a conscientização é fundamental para evitar óbitos. 

“Ano passado, um paciente com hantavirose recebeu diagnóstico de Covid-19 no Rio Grande do Sul e acabou falecendo. Esse ano, em um surto de febre maculosa com cinco casos no Rio de Janeiro, dois pacientes receberam diagnóstico de Covid-19 e morreram porque o tratamento da febre maculosa não foi iniciado a tempo. Mesmo em um período de pandemia, é preciso levar em conta esses patógenos zoonóticos que circulam no Brasil, mas que são invisibilizados”, ressalta a pesquisadora.


Pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC atuam no
esclarecimento de casos e em pesquisas sobre zoonoses (Foto: Josue Damacena)

Entre as doenças destacadas no artigo, a febre maculosa e as hantaviroses são as mais frequentes. Embora não causem epidemias, esses agravos têm impacto importante na saúde pública, principalmente pelo alto índice de mortes. Entre 2010 e 2020, foram confirmados mais de 1,9 mil casos de febre maculosa no Brasil, com 679 óbitos, o que significa uma taxa de letalidade de 35%. No mesmo período, 996 infecções por hantavírus foram confirmadas, com 414 mortes, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 41%.

“A febre maculosa pode ser curada com um antibiótico barato. Porém, se o medicamento não é administrado no início da infecção, a bactéria faz um estrago grande nos vasos sanguíneos e o dano se torna irreversível. Na hantavirose, não existe tratamento específico contra o vírus, mas o diagnóstico é importante para oferecer o suporte adequado para os pacientes. Por exemplo, a hidratação, que é muito indicada na dengue, pode ser prejudicial nesses casos, agravando a lesão pulmonar”, explica Elba.


Risco após enchentes

Considerando o risco de transmissão de zoonoses após a tragédia causada pelas chuvas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, a atenção deve ser redobrada. “Animais resgatados após as chuvas podem estar com carrapatos, que são transmissores da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. É muito importante ter cuidado no momento do resgate e tratar os animais com carrapaticida”, diz a cientista, lembrando que, em 2011, quando municípios da Região Serrana foram devastados por fortes chuvas, cinco pessoas morreram de febre maculosa após lidar com cães resgatados.

Elba destaca ainda que outras zoonoses estão associadas às chuvas, especialmente a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira, eliminada na urina de ratos, que pode infectar pessoas que entram em contato com a água das enchentes. “Dependendo do histórico relatado pelo paciente, estas doenças precisam ser consideradas no momento do diagnóstico diferencial em casos com manifestações clínicas inespecíficas, como febre”, completa Elba.

Por serem transmitidas de animais para pessoas, as zoonoses apresentam contextos de risco específicos, que propiciam a exposição humana aos microrganismos. Assim, além de conscientizar os profissionais de saúde, é essencial conhecer as áreas de circulação dos patógenos e os animais que atuam como reservatórios para facilitar o diagnóstico precoce das infecções.

No artigo, os cientistas destacam que o baixo índice de diagnósticos faz com que o impacto de algumas zoonoses seja subestimado, o que reforça a necessidade de ações de vigilância e de pesquisa. “Precisamos mapear os locais em que há presença dos agentes infecciosos zoonóticos para que o sistema de saúde esteja preparado. Por isso, a vigilância e a pesquisa são tão importantes. É um conhecimento para a ação”, salienta Elba.

Para demonstrar o impacto das zoonoses esquecidas, o artigo relata surtos recentes que se tornaram alvo de investigações do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz, que atua como Referência Nacional para Rickettsioses e Regional para Hantaviroses junto ao Ministério da Saúde. Além da febre maculosa e das hantaviroses, são abordadas: arenaviroses, febre Q e bartoneloses.


Saiba mais sobre estas infecções:


Febre maculosa

Carrapatos da espécie Amblyomma sculptum, popularmente conhecido como carrapato-estrela, são os transmissores da bactéria Rickettsia rickettsii, que provoca a febre maculosa. Esses carrapatos podem parasitar diferentes animais domésticos e silvestres, incluindo bois, cavalos, cães, aves domésticas, gambás, coelhos e capivaras. Segundo o Ministério da Saúde, há relatos de casos em todas as regiões do Brasil, mas a maior parte dos registros ocorre no Sudeste e Sul.




As primeiras manifestações clínicas da doença são febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas na pele. O tratamento com antibiótico cura a infecção, mas precisa ser administrado nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas.

No artigo, os pesquisadores lembram que após três décadas sem registros no Rio de Janeiro, a febre maculosa reemergiu com alto índice de mortes devido ao atraso no diagnóstico. Entre as vítimas, cinco pessoas que morreram com a infecção em 2011 tinham recebido diagnóstico de dengue. Em 2021, dois pacientes inicialmente diagnosticados com Covid-19 morreram de febre maculosa no estado.


Hantaviroses

As hantaviroses são causadas por diversos vírus da família Hantaviridae, encontrados principalmente em roedores silvestres. Esses animais, eliminam os vírus na urina e nas fezes. As pessoas são infectadas quando inalam os patógenos que ficam suspensos no ar como aerossóis. Mais afetados pelo agravo, os trabalhadores agrícolas podem contrair a infecção em lavouras ou galpões de armazenamento de grãos, onde os roedores procuram comida.

Registrada em todas as regiões do Brasil, com notificações em 15 estados e no Distrito Federal, a infecção é favorecida pelo desequilíbrio ambiental, que possibilitam o contato do homem como os roedores reservatórios, de acordo com a chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz.

“O canídeo silvestre é o predador do rato do mato, que é o reservatório dos hantavírus. Quando o ambiente é degradado pelo desmatamento, os animais mais sensíveis são eliminados e ficam aqueles que conseguem conviver com homem, como os ratos silvestres. A população desses animais aumenta e eles passam a procurar alimento no ambiente humano, aumentando a exposição das pessoas”, diz Elba.

“Não é possível eliminar as zoonoses, mas precisamos de um olhar de saúde única, considerando o ser humano, os animais e o ambiente para prevenir e controlar as doenças de forma efetiva”, acrescenta a pesquisadora.

Áreas rurais são as mais afetadas por doenças zoonóticas,
como hantaviroses, febre maculosa e febre Q (Foto: Acervo LHR/IOC)

Após as manifestações clínicas iniciais como febre, dor de cabeça, nas articulações, nas costas ou na barriga, e alterações gastrointestinais, as pessoas com hantavirose podem desenvolver uma síndrome cardiopulmonar, com falta de ar, respiração e batimentos cardíacos acelerados, tosse e queda de pressão. Como não há medicação contra os hantavírus, o tratamento é orientado caso a caso, com medidas de suporte aos pacientes.

Em 2015, pesquisadores do IOC/Fiocruz confirmaram, pela primeira vez, um caso de hantavirose no Rio de Janeiro. Um morador da cidade de Rio Claro, no Sul Fluminense, faleceu devido à infecção, após ter recebido o diagnóstico inicial de dengue. Além de encontrar roedores infectados, os pesquisadores verificaram que colegas de trabalho e vizinhos do paciente apresentavam anticorpos para a doença, o que indica contato anterior com o patógeno, demonstrando a subnotificação do agravo. Segundo os cientistas, é possível que os casos tenham sido assintomáticos ou diagnosticados como dengue devido à semelhança dos sintomas das doenças.


Arenaviroses

Causador da febre hemorrágica brasileira, o vírus Sabiá reemergiu em 2020 após cerca de 20 anos sem registros, causando infecção em um homem, que morreu devido à doença. O caso foi registrado em São Paulo, o mesmo estado onde o vírus foi identificado pela primeira vez, em 1994. A doença teria sido contraída durante uma viagem à cidade de Eldorado, no Sul do estado.



O patógeno pertence à família dos arenavírus, microrganismos encontrados em roedores que podem causar alterações neurológicas e febre hemorrágica em pessoas. Além do Sabiá, quatro arenavírus são conhecidos por provocar infecção humana na América do Sul. No Brasil, pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz identificaram, em 2020, quatro novos arenavírus em roedores, incluindo duas novas espécies, reconhecidas pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês), com potencial para infectar pessoas.

Assim como os hantavírus, os arenavírus são transmitidos através de aerossóis eliminados a partir da urina e das fezes de roedores. Por apresentar um quadro semelhante à dengue hemorrágica e à febre amarela, pesquisadores acreditam que as arenaviroses podem ser subnotificadas.

“Embora casos de febre hemorrágica causada por arenavirus venham sendo relatados na Bolívia, pelos vírus Chapare e Machupo, e na Venezuela, pelo vírus Guanarito, no Brasil, além do silêncio quanto à ocorrência do vírus Sabiá, nunca tivemos notificação nos estados que fazem fronteira com esses países. Isso levanta a suspeita de que a doença pode não estar sendo diagnosticada”, aponta Elba.


Febre Q

A falta de dados torna difícil dimensionar o impacto da febre Q, causada pela bactéria Coxiella burnetti. A doença é transmitida principalmente em áreas rurais, pela inalação ou pelo contato direto com secreções de animais infectados, incluindo leite, fezes, urina, muco vaginal ou sêmen de gado, ovelhas, cabras, cães, gatos e outros mamíferos domésticos. Na maioria das vezes, a infecção é assintomática ou tem sintomas semelhantes aos da gripe. Porém, alguns pacientes podem desenvolver quadros graves, com pneumonia ou endocardite. O tratamento da infecção deve ser feito com antibióticos.

Apesar de indícios sobre a circulação da bactéria no Brasil desde os anos 1950, somente nas últimas décadas houve confirmação de casos, com registros no Sudeste. No Rio de Janeiro, pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC confirmaram, com base no diagnóstico molecular, o primeiro paciente em 2011, na Região Metropolitana, e identificaram um surto em 2016, com cinco infectados no Sul Fluminense.

Segundo Elba, evidências da infecção em animais e relatos de casos na América do Sul acendem o alerta para a possibilidade de subnotificação do agravo. “Em estudos, já encontramos anticorpos em animais, identificamos a bactéria em bovinos, roedores e morcegos e até em amostras de queijo minas não pasteurizado. Na Guiana Francesa, país vizinho ao Brasil, há diversos relatos de pneumonia por febre Q. Esse é mais um agravo que está nas sombras e precisa ser investigado, porque embora não tenha o alto número de casos das epidemias, pode evoluir para o óbito se não tiver o tratamento específico adequado”, afirma a pesquisadora.


Bartoneloses

A doença da arranhadura do gato é a forma mais conhecida de bartonelose, infecção causada por bactérias do gênero Bartonella. Os animais infectados pela bactéria Bartonella henselae podem transmitir o patógeno através de arranhões ou mordidas. Pulgas e carrapatos presentes nesses animais também são vetores do agente bacteriano.

Segundo os pesquisadores, a diversidade de manifestações da doença dificulta o diagnóstico. Além de casos assintomáticos, a bartonelose pode provocar desde inflamação no local da ferida, inchaço nos gânglios e febre até quadros graves que afetam os nervos e o coração. Em geral, os gatos jovens têm mais chance de transmitir a infecção, e a doença se manifesta de forma mais intensa em pessoas com imunidade reduzida, como crianças, idosos e pacientes com outras enfermidades. O tratamento é feito com antibióticos.

“No ano passado, confirmamos dois casos de endocardite [infecção do coração] por bartonelose em pacientes que já tinham problemas cardíacos. Sempre que um caso humano é detectado, é importante identificar o animal doméstico envolvido para que ele também seja tratado”, comenta a pesquisadora.


Fonte:  Fiocruz

 

quinta-feira, 17 de março de 2022

Vacina da chikungunya é segura e gera resposta imune duradoura em 96% dos voluntários, apontam resultados finais de fase 3 nos EUA

 


Imunizante desenvolvido por farmacêutica parceira do Butantan apresentou 96,3% de soroconversão em ensaio clínico


Os resultados finais do ensaio clínico de fase 3 da vacina contra a chikungunya (VLA1553), desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva, mostraram que a imunogenicidade alcançada após a vacinação permaneceu por ao menos seis meses, com manutenção da produção de anticorpos durante esse período em 96,3% dos indivíduos avaliados. Além disso, o imunizante é seguro e causa reações adversas mínimas.

O estudo foi conduzido nos Estados Unidos com 4.115 homens e mulheres acima de 18 anos. Em dados divulgados anteriormente, a taxa de soroconversão da vacina foi de 98,5% tanto para adultos quanto para idosos acima de 65 anos, promovendo níveis semelhantes de anticorpos neutralizantes. Passados seis meses da aplicação da vacina, a soroconversão continuou elevada, sendo detectada em 96,3% dos participantes da pesquisa. A duração da imunidade continuará sendo monitorada periodicamente com testes sorológicos durante pelo menos cinco anos.

O indicador é representativo porque os Estados Unidos, onde foi realizado o ensaio clínico, não são uma região endêmica de chikungunya. Ou seja, a presença de anticorpos neutralizantes se manteve alta após a vacinação em um ambiente no qual os voluntários não ficam em contato constante com o vírus – a tendência é que em locais onde a doença é endêmica, a produção de anticorpos seja ainda maior.

O chefe médico da Valneva, Juan Carlos Jaramillo, diz que o estudo confirma a segurança, tolerabilidade e imunogenicidade da vacina em adultos e idosos. “Entregar pela primeira vez os resultados finais de fase 3 de uma vacina contra chikungunya significa que estamos um passo mais próximos de solucionar uma importante e crescente ameaça de saúde pública”, afirma.

A avaliação de segurança foi feita com 3.082 voluntários e a maior parte das reações adversas relatadas foram leves a moderadas. Cerca de 50% dos participantes apresentaram reações sistêmicas como dor de cabeça, fadiga e dor no local da injeção, que se resolveram em poucos dias. Apenas 2% dos participantes reportaram efeitos mais severos, sendo febre o mais comum.

A imunogenicidade e segurança da VLA1553 já haviam sido demonstradas em ensaios clínicos de fase 1 e 2 em 2018, feitos com 120 pessoas de 18 a 45 anos que nunca tiveram contato com o vírus chikungunya. Após 14 dias da dose única, houve 100% de soroconversão e os anticorpos foram mantidos mesmo depois de um ano. Não foi registrado nenhum evento adverso grave até um ano após a aplicação.


Eficácia da vacina será avaliada em adolescentes brasileiros

Ensaios clínicos com a vacina da chikungunya também estão sendo realizados no Brasil. O objetivo é avaliar a vacina em uma região endêmica da doença, algo fundamental para atestar a real eficácia de um imunizante. O estudo terá duração de 15 meses e será feito com 750 voluntários, todos adolescentes de 12 a 17 anos. No final de janeiro, o Butantan iniciou o ensaio clínico em São José do Rio Preto. Também participarão do estudo centros de pesquisa de São Paulo-SP, Salvador-BA, Fortaleza-CE, Belo Horizonte-MG, Aracaju-SE e Campo Grande-MS.

Para o gerente de parcerias estratégicas e novos negócios do Butantan, Tiago Rocca, os resultados de segurança e manutenção de seis meses da imunogenicidade em adultos dos Estados Unidos trazem ainda mais segurança para os adolescentes brasileiros que participarão do estudo. “Os dados trazem uma confiança maior de que estamos no caminho certo e teremos uma vacina em breve”, afirma.

 
Combate à doença no Brasil e em países emergentes

Segundo Tiago, a missão do Butantan na parceria com a Valneva é fazer a transferência de tecnologia para a produção e distribuição nacional da vacina contra a chikungunya e distribuir o imunizante para países de baixa e média renda que também são afetados pela doença, como os da América Latina, Ásia e África.

“Como premissa de negócios, o Butantan tinha interesse de não só trazer a vacina para o Brasil, mas também ter a tecnologia produtiva e colaborar com o desenvolvimento do produto, assim como fizemos com a vacina da dengue e a própria CoronaVac. O Instituto tem uma perspectiva maior de atender grandes populações em países emergentes”, diz.
 

Sobre a chikungunya

A chikungunya é uma doença infecciosa causada pelo vírus de mesmo nome que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus (mesmos mosquitos que transmitem a dengue e a febre amarela, respectivamente). Os sintomas incluem febre acima de 38,5°C, de início repentino, e dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dor de cabeça, nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos são assintomáticos.

A circulação do vírus foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2014 e ele já está presente em mais de 120 países. Como a transmissão ocorre por mosquitos, é fundamental reforçar as medidas de eliminação dos criadouros de mosquitos nas residências. As recomendações são as mesmas aplicadas à prevenção da dengue.



terça-feira, 15 de março de 2022

Covid-19 é tema de palestra para pais de alunos da UMEI Vinícius de Moraes

 


Neste sábado (12/03), o setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), realizou a palestra “A Escola e os Desafios com a Covid-19” para pais de alunos da Unidade Municipal de Educação Infantil Vinícius de Moraes, bairro Sapê.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira esclareceram a importância da prática dos muitos cuidados que exigem o esforço individual e coletivo.  O objetivo foi compartilhar informações e dividir saberes – especialmente sobre a vacinação infantil contra a Covid-19 –, articular possibilidades de trabalho, respeitando o direito da criança. 

A escola iniciou o ano letivo colocando em prática as orientações do plano “Diretrizes para Sistema de Vigilância Escolar - Monitoramento do Retorno às Atividades da Educação de Niterói”. Somando-se a essa proposta, o IEC explanou sobre o retorno seguro às aulas presenciais, a vacinação contra a Covid-19 no município, locais de vacinação infantil e adulto, risco de transmissão da doença, atenção aos sintomas, locais de testagem em Niterói, recomendações da Secretaria Municipal de Saúde, cuidados com a saúde em tempos de pandemia, e fortalecimento do sistema imunológico infantil. 

“Abordamos também sobre a importância da vacinação, o uso correto de máscara facial e os bons hábitos que favorecem a imunidade. Contamos com um número expressivo de pais e responsáveis. Foi notório o interesse dos participantes. Ao final da apresentação, a direção agradeceu o esclarecimento e, especialmente, a parceria do CCZ/IEC”, contou Patrícia. 







Pais de alunos da Escola Municipal Vera Lúcia Machado participam de palestra sobre Covid-19

 



Neste sábado (12/03), o setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), realizou a palestra “A Escola e os Desafios com a Covid-19” para pais de alunos da Escola Municipal Vera Lúcia Machado, bairro Badu.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira esclareceram a importância da prática dos muitos cuidados que exigem o esforço individual e coletivo.  O objetivo foi compartilhar informações e dividir saberes – especialmente sobre a vacinação infantil contra a Covid-19 –, articular possibilidades de trabalho, respeitando o direito da criança. 

A escola iniciou o ano letivo colocando em prática as orientações do plano “Diretrizes para Sistema de Vigilância Escolar - Monitoramento do Retorno às Atividades da Educação de Niterói”. Somando-se a essa proposta, o IEC explanou sobre o retorno seguro às aulas presenciais, a vacinação contra a Covid-19 no município, locais de vacinação infantil e adulto, risco de transmissão da doença, atenção aos sintomas, locais de testagem em Niterói, recomendações da Secretaria Municipal de Saúde, cuidados com a saúde em tempos de pandemia, e fortalecimento do sistema imunológico infantil. 

“Na abertura da atividade, a diretora adjunta Beatriz Lamego nos apresentou como antigos e fiéis parceiros da escola na contribuição de informações sobre prevenção de diversas doenças. Abordamos também sobre a importância da vacinação, o uso correto de máscara facial e os bons hábitos que favorecem a imunidade. Contamos com um número expressivo de pais e responsáveis. Foi notório o interesse dos participantes. Ao final da apresentação, a direção agradeceu o esclarecimento e, especialmente, a parceria do CCZ/IEC”, contou Patrícia. 








segunda-feira, 14 de março de 2022

Informe Epidemiológico: RAIVA ANIMAL (março 2022)

 



A Raiva é uma zoonose gravíssima, transmitida aos humanos pela inoculação do vírus presente na saliva de mamíferos infectados principalmente pela mordedura, mas também pela arranhadura e lambedura. Causa encefalite aguda progressiva com letalidade de aproximadamente 100%.

Este Informe Epidemiológico se destina a descortinar a situação da Raiva Animal no município de Niterói, RJ, atualizando os leitores sobre aspectos da doença, e retroalimentar os profissionais de saúde que participam, direta ou indiretamente, das ações de vigilância epidemiológica e controle da enfermidade.

Elaborado por:
Flavio Moutinho
Médico Veterinário
CRMV-RJ 5495
Mat. 1436638

Leia o informe completo, acesse o link:

https://drive.google.com/file/d/1anJELtfUp5Wz3fncvI7a0nOkt9Chzaqq/view?usp=sharing


quinta-feira, 3 de março de 2022

Saiba como prevenir as leishmanioses

 


As leishmanioses visceral canina e tegumentar são consideradas doenças negligenciadas. A transmissão ocorre pela picada do mosquito-palha (flebotomíneos), que se contamina com o sangue de pessoas e animais doentes e transmite o parasito a pessoas e animais sadios.

Os cães infectados apresentam fraqueza, perda de apetite, feridas que demoram a cicatrizar, descamação e perda de pelos, crescimento exagerado das unhas, inchaço do abdômen, entre outros sintomas.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no final de janeiro, em 2019, foram confirmados 2.529 novos casos da doença em humanos no Brasil e permanece sendo um ponto de atenção da vigilância epidemiológica. Foram notificados, entre março e outubro de 2021, 2.062 casos suspeitos de leishmaniose visceral canina só no Rio de Janeiro, dados divulgados pelo Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio) em dezembro de 2021.

A leishmaniose tegumentar compromete pele e mucosas. Geralmente é caracterizada pela presença de ferida única na pele ou em pequeno número, com bordas elevadas e indolor, embora possa assumir formas diferentes. A doença, que provoca destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe, também vem tendo um aumento crescente no número de casos no país.


Prevenção

Desde o ano passado, o Ministério da Saúde vem distribuindo milhares de coleiras impregnadas com inseticida, como ferramenta de controle da leishmaniose visceral canina em municípios mais afetados. Uma outra forma de manter a vigilância é fazendo testagem em massa nos cães, ação que vem sendo realizada em algumas regiões do país.

Para prevenir a doença é importante que a população mantenha os quintais livres de matéria orgânica como folhas, fezes de animais, restos de comida, já que é nesse material acumulado que as fêmeas do inseto põem seus ovos e geram uma grande quantidade de novos mosquitos que irão transmitir a doença para pessoas e cães. É indicado também que seja realizada a poda de árvores regularmente mantendo o ambiente com luminosidade.

Atualmente, existe uma vacina contra leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial n° 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública. A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para leishmaniose visceral.


Fonte:  Fiocruz