terça-feira, 27 de setembro de 2016

Educação em Saúde participa de Feira de Ciências






Na última sexta-feira (23/09) o setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC) – do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) – participou da Feira de Ciências da Escola Municipal Maria de Lourdes Barbosa Santos, no Fonseca.

O evento se propôs a promover o desenvolvimento da criatividade dos alunos, o incentivo à pesquisa científica (observação, organização, experimentação, registro de resultados) e à sua prática;  e desenvolver atitudes de responsabilidade, preservação e cooperação com o meio ambiente para garantia da sustentabilidade da vida no planeta.

O IEC atuou com estande educativo onde os visitantes puderam observar maquetes ilustrativas que mostram o ambiente certo e o errado para a proliferação de mosquitos numa residência.  Além disso, a equipe prestou orientações e contribuiu para difundir informações sobre arboviroses (dengue, zika e chikungunya), enfatizando a importância do combate ao vetor, o mosquito Aedes aegypti.  

A participação da comunidade escolar foi bem positiva e satisfatória.  Alunos do Ensino Fundamental e Educação Infantil, pais e professores, todos demonstraram interesse em aprender mais sobre prevenção, especialmente como evitar a proliferação da doença zika no município.

Equipe:  Agentes - Antônio Pessoa, Maria Cristina Crisóstomo, Rodolfo Teixeira e Rosani Loureiro.














quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Proteína do leite é capaz de inibir infecção pelos vírus Zika e Chikungunya, indica estudo


A proteína lactoferrina derivada do soro do leite bovino é capaz de inibir in vitro a infecção pelos vírus Zika e Chikungunya. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo foi coordenado pelo professor Carlos Alberto Marques de Carvalho, integrante da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC.

Para a pesquisa, foram utilizadas as chamadas células Vero – bastante aplicadas em experimentos com vírus transmitidos a humanos por mosquitos. A partir de ensaios de infecciosidade, microscopia de imunofluorescência e quantificação do ácido nucleico viral, os cientistas demonstraram que a lactoferrina é capaz de inibir a infecção de ambos os vírus em até 80%. Os autores acreditam que a ação da proteína se deva ao bloqueio do acesso viral a receptores na superfície da célula.

De acordo com o coordenador do Laboratório de Bioquímica Estrutural da UNIRIO e coautor do estudo, Rafael Braga Gonçalves, caso os resultados da pesquisa in vitro se repitam em experimentos no organismo, seria possível utilizar a molécula para formulação de medicamentos que combatam as doenças causadas por esses vírus. “Para exercer essa função, a lactoferrina não precisaria estar presente, mas apenas parte dela ou, até mesmo, uma droga sintética com estrutura similar”.

Segundo o pesquisador, a proteína é também encontrada no corpo humano, em secreções como lágrima, saliva e sêmen, além do leite materno. “As versões humana e bovina têm cerca de 70% de similaridade na sequência de aminoácidos, e uma conformação muito parecida”, disse. Em ambos os casos, a função natural da molécula é transportar ferro e participar da defesa do organismo.

Atualmente, a lactoferrina é utilizada nos Estados Unidos e na Europa em mais de 15 produtos, como cremes dentais e cápsulas para fortalecimento do sistema imunológico. 



Fonte:  UNIRIO

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Alunos da Escola Dario Castello aprendem sobre higiene pessoal





Com o objetivo de fazer com que os alunos do ensino fundamental aprendam hábitos e práticas de higiene, incentivando-as a conhecer e a cuidar do próprio corpo para prevenir doenças, a equipe do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde, do Centro de Controle de Zoonoses de Niterói, realizou palestras na Escola Municipal Dario Castello, em Itaipu. A ação educativa em saúde ocorreu na última terça-feira (13/09).

Os agentes Élcio Nascimento e Rita Costa envolveram os estudantes na temática com um bate papo interativo acompanhado da exibição de slide-show e vídeos. Os principais tópicos abordados foram:  limpeza corporal, lavagem das mãos e saúde, gripe H1N1, e cuidados com a água de consumo e alimentos.

A participação da garotada foi intensa.  A maioria fez perguntas, especialmente sobre a lavagem correta das mãos e vírus.  Outros fizeram apenas colocações de suas experiências (as chamadas “historinhas”) como meio de se integrarem no contexto.  Atividade positiva e satisfatória.






sexta-feira, 9 de setembro de 2016

PARABÉNS VETERINÁRIOS !!




Estudo do IOC descarta a transmissão do vírus Zika pelo pernilongo no Rio


08/09/16

Pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) aponta que os mosquitos Culex quinquefasciatus do Rio de Janeiro não possuem competência vetorial para transmitir as linhagens locais do vírus Zika. A participação desta espécie (popularmente conhecida como pernilongo ou muriçoca) no ciclo de transmissão da doença é uma das hipóteses investigadas para explicar a rápida disseminação do vírus Zika pelo país. Para comparação, também foram estudados mosquitos Aedes aegypti, constatando-se, em contraste, sua alta capacidade de transmissão do patógeno. Estas evidências científicas reforçam que as estratégias de controle de Zika devem permanecer focadas no Aedes aegypti, principal vetor do vírus nas Américas. O Instituto Pasteur de Paris é parceiro do estudo, publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases.

De janeiro a março de 2016, o Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC coletou ovos e larvas de Culex quinquefasciatus em quatro bairros da cidade do Rio de Janeiro: Manguinhos e Triagem, na Zona Norte, Jacarepaguá, na Zona Oeste, e Copacabana, na Zona Sul. Os ovos e larvas foram levados para o laboratório e, quando atingiram a fase de mosquitos adultos, foram separados em gaiolas. Em seguida, foram alimentados com sangue infectado com o vírus Zika. Para isso, foram usadas duas linhagens locais do vírus, isoladas, em janeiro, pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC, a partir de amostras de pacientes do Rio de Janeiro. “Utilizamos mosquitos coletados diretamente em campo e linhagens do vírus circulantes na cidade na mesma época para que o resultado pudesse ser o mais fiel possível à realidade do Rio de Janeiro”, explica Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários e coordenador do estudo.

Metodologia
Cerca de 30 mosquitos de cada gaiola foram analisados aos 7, aos 14 e aos 21 dias após a alimentação com sangue infectado. Foram testadas as seguintes partes do corpo: abdômen/tórax (onde estão localizados o estômago, onde o sangue se aloja logo após a alimentação, e as glândulas salivares do mosquito), cabeça (para verificar se ocorreu disseminação do vírus no corpo do mosquito depois da ingestão) e saliva (para verificar a possibilidade de transmissão do vírus durante a picada).
As amostras de abdômen/tórax e cabeça foram analisadas por meio de duas técnicas: RT-PCR em tempo real e a inoculação em cultura de células Vero (derivadas de rim de macacos), um método amplamente usado em estudos sobre atividade viral no caso da família dos flavivírus, à qual pertencem os vírus Zika e dengue. Enquanto a técnica de RT-PCR em tempo real é capaz de detectar e quantificar o material genético do vírus, a metodologia de análise em células Vero é recomendada para identificar se o vírus está ativo (capaz de causar infecção em vertebrados). Em relação às amostras de saliva, foi usada apenas a técnica de inoculação em células Vero, uma vez que o baixo volume de saliva expelida pelo vetor não permitiria a aplicação de uma segunda técnica.


Resultados
Foram mais de mil amostras analisadas, referentes a 392 mosquitos. Somente em dois exemplares de mosquitos Culex quinquefasciatus, provenientes dos bairros de Triagem e Manguinhos, foi detectada infecção inicial no abdômen/tórax, no período de 14 dias após a alimentação com sague infectado, e nenhuma partícula viral foi identificada na cabeça e nem na saliva desses mesmos mosquitos. “O achado indica que o vírus Zika não consegue se disseminar completamente pelo corpo do Culex quinquefasciatus. Logo, os dados mostram que o inseto não é capaz de transmitir o patógeno, uma vez que não há presença de partículas infectantes do vírus na saliva que possam ser expelidas no momento da picada e infectar um ser humano”, explica Lourenço.

Para uma análise comparativa, os mesmos protocolos foram usados para testar mosquitos Aedes aegypti também do Rio de Janeiro, provenientes dos bairros da Urca, na Zona Sul, e de Paquetá, ilha situada na Baía de Guanabara. Os resultados foram completamente distintos: enquanto as taxas de infecção no abdômen/tórax entre os Culex quinquefasciatus foram mínimas (apenas dois exemplares, após 14 dias de alimentação com sangue infectado), altos índices de infecção no abdômen/tórax foram verificados entre 85% a 97% dos Aedes aegypti testados após 14 e 21 dias da alimentação com sangue infectado, independentemente da linhagem do vírus Zika usada no experimento. “Chegamos a detectar Aedes que em apenas sete dias após a alimentação já apresentavam infecção no abdômen/tórax”, enfatiza Ricardo. Se, nos Culex quinquefasciatus, não foram observadas partículas virais na saliva em nenhum período de tempo após a alimentação com sangue infectado, mais de 90% dos Aedes apresentaram vírus ativo na saliva 14 dias após a alimentação.

“Pouco é sabido sobre o vírus zika e sua interação com o organismo do mosquito. É possível que a combinação entre as variações genéticas dos vírus e as variações genéticas dos mosquitos, ao longo de sua distribuição territorial, impacte na competência para a transmissão. O que podemos dizer é que, com base em amostras representativas tanto para os mosquitos quanto para o vírus Zika, no Rio de Janeiro, os resultados, até o momento, apontam que o foco para o controle da doença, no Brasil e em áreas endêmicas nas Américas, deve permanecer na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti”, avalia o pesquisador.

Parceira do estudo, a pesquisadora Anna-Bella Failloux, chefe da unidade de Arboviroses e Insetos Vetores do Instituto Pasteur de Paris, ressalta a importância do resultado. “O trabalho em conjunto com a equipe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários está nos permitindo, mais uma vez, contribuir diante de uma emergência de saúde mundial. Essa colaboração ocorre no contexto da rede internacional dos Institutos Pasteur, que conta com 33 unidades em diversos países e da qual o Instituto Oswaldo Cruz e a Fiocruz fazem parte”, acrescenta a cientista.


Inseto vetor
Para determinar que a transmissão de uma doença é realizada por uma determinada espécie de inseto vetor é necessário realizar duas constatações. Além de comprovar em laboratório que este vetor é capaz de transmitir o vírus, por meio de testes que avaliam a capacidade de transmissão, é necessário localizar na natureza exemplares desta espécie que estejam infectados com o vírus (o que é chamada de infecção natural). Há mais de um ano, a equipe liderada por Lourenço coleta mosquitos em localidades onde foram identificados casos de Zika, no Estado do Rio de Janeiro. Dos mais de mil mosquitos adultos capturados, cerca da metade era da espécie Aedes aegypti e a outra de Culex quinquefasciatus.

A partir desse trabalho, um resultado inédito foi divulgado em maio de 2016, quando, pela primeira vez no Brasil e na América do Sul, mosquitos Aedes aegypti naturalmente infectados com o vírus Zika foram identificados. Por meio da técnica de RT-PCR em tempo real foi possível identificar a presença do material genético do vírus Zika. Quando comparado com amostras de vírus circulantes em humanos no Rio de Janeiro, foi constatada similaridade genética superior a 99%. Nenhum mosquito Culex quinquefasciatus foi encontrado com infecção natural do vírus Zika ao longo das coletas realizadas até o momento. “Este é um trabalho antigo, que realizamos há mais de uma década, incialmente com foco em dengue, e, mais recentemente, ampliado para Zika e chikungunya”, diz Lourenço, acrescentando que as coletas continuam.


Outros estudos sobre o Culex
A capacidade de determinado mosquito vetor para transmitir um agente patogênico pode variar de acordo com combinações específicas da linhagem viral e do genótipo do inseto. No caso do vírus Zika, diversas iniciativas estão empenhadas em investigar esta associação, considerando mosquitos de diferentes regiões e vírus que circularam em locais e momentos distintos.

Estudo realizado por pesquisadores na Fiocruz Pernambuco, divulgado em julho, detectou a presença natural do vírus Zika em mosquitos Culex quinquefasciatus coletados na cidade do Recife. O mesmo grupo anunciou que, durante experimentos de competência vetorial realizados em laboratório, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial dos mosquitos, a presença do vírus foi verificada nas glândulas salivares de mosquitos Culex quinquefasciatus, usando-se a técnica de microscopia eletrônica. Também foi observada, pela técnica de RT-PCR quantitativa, a presença do vírus na saliva expelida pelos mosquitos infectados. No estudo de infecção laboratorial, os mosquitos foram infectados oralmente com a linhagem ZIKU BRPE243/2015 do vírus Zika. Estudos adicionais estão em andamento.

No México, após ampla varredura, pesquisadores da Universidade do Texas Medical Branch, dos Estados Unidos, identificaram somente mosquitos Aedes aegypti naturalmente infectados com o vírus Zika. Nenhum mosquito Culex quinquefasciatus foi encontrado naturalmente infectado. O artigo foi publicado no The Journal of Infectious Diseases. Já especialistas da Universidade de Wisconsin, também dos Estados Unidos, constataram, após testes laboratoriais realizados com a linhagem asiática do Zika, que mosquitos da espécie Culex pipiens são incapazes de transmitir o vírus, ao passo que Aedes aegypti testados simultaneamente foram competentes para transmitir o vírus. A pesquisa foi publicada no periódico Emerging Infectious Diseases. Ambos os achados foram divulgados em julho.

Em agosto, outro grupo de especialistas da Universidade do Texas Medical Branch divulgou estudo mostrando que mosquitos Aedes aegypti apresentaram eficiência vetorial para transmissão do vírus, diferentemente dos insetos da espécie Culex quinquefasciatus, que foram incapazes de transmitir. No processo de infecção experimental, foram usadas linhagens do vírus Zika isoladas em 2010, no Camboja. Os dados foram disponibilizados no site da instituição.

Pesquisadores da Kansas University testaram a capacidade de transmissão de Zika por mosquitos Culex quinquefasciatus e Culex pipiens coletados nas localidades de Vero Beach, na Flórida, de Anderson, na Califórnia, e de Ewing, em Nova Jersey, todas nos Estados Unidos. Os mosquitos foram alimentados com sangue infectado com a linhagem asiática do vírus Zika, isolado em 2015, de um paciente de Porto Rico. No artigo, publicado em agosto na revista científica Vector-Borne and Zoonotic Diseases, foi demonstrado que a probabilidade de transmissão do vírus pelas espécies é baixa. Embora a infecção e disseminação do Zika tenha sido detectada nas três populações de mosquitos imediatamente após a alimentação, a detecção viral não foi confirmada pelo método de RT-PCR em nenhuma das populações aos 7 e aos 14 dias após a infecção, indicando que o patógeno não chegou às glândulas salivares.

Em estudo publicado em setembro no periódico europeu Eurosurveillance, pesquisadores do Instituto Pasteur em colaboração com o Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, constataram que mosquitos Culex quinquefasciatus, da Califórnia, nos Estados Unidos, e Culex pipiens, de Tabarka, na Tunísia, não são competentes para transmitir a linhagem asiática do vírus Zika, a mesma que circula no Brasil. A conclusão veio após dois diferentes testes. Além da alimentação oral com sangue infectado com o vírus Zika isolado em 2014, na Nova Caledônia, os especialistas inocularam uma alta taxa de vírus diretamente no tórax dos mosquitos. Mesmo com a infecção forçada, de forma a ‘pular’ a passagem do vírus pelo estômago, não foi observada a presença de vírus infectante na saliva expelida pelos mosquitos. Logo, não houve eficiência para transmissão.

Na mesma edição da Eurosurveillance, uma pesquisa realizada na Itália apontou que mosquitos Culex pipiens coletados no país não são capazes de transmitir o vírus Zika. De forma comparativa, a competência vetorial dos mosquitos Aedes aegypti – coletados no México e mantidos em uma colônia em laboratório – foi confirmada no trabalho. Os mosquitos foram alimentados com sangue infectado por vírus Zika da linhagem asiática, a mesma que circula nas Américas. Em análises realizadas três, sete, 10, 14, 20 e 24 dias após a alimentação, nenhum mosquito Culex pipiens apresentou vírus disseminado pelo organismo ou na saliva. Já entre mosquitos Aedes aegypti, a disseminação do Zika no organismo e a presença de partículas virais na saliva foram detectadas a partir de sete dias após a infecção. A investigação foi realizada por cientistas do Istituto Superiore di Sanità e do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC).


Fonte:  FIOCRUZ

terça-feira, 6 de setembro de 2016

OPAS/OMS disponibiliza perguntas e respostas sobre o vírus zika e suas consequências



Com o objetivo de esclarecer as dúvidas da população e também dos profissionais de saúde que atuam na área, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) disponibilizou na última terça-feira (30/08/16) perguntas e respostas com as informações e evidências científicas mais recentes sobre o vírus zika e suas consequências. Confira!


* Como as pessoas pegam o vírus zika? 

O vírus zika é transmitido primariamente às pessoas por meio da picada de um mosquito Aedes infectado, que também pode transmitir chikungunya, dengue e febre amarela. 

Um estudo conduzido pela Fiocruz Pernambuco detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus. Essas amostras foram coletadas em Recife, no Brasil, em casas de pessoas que foram infectadas com o zika. Mais estudos sobre a potencial transmissão pelo Culex são necessários. A OMS continuará a atualizar as informações e recomendações assim que mais pesquisas que contribuem para a base de conhecimento sobre o vírus zika e suas complicações forem publicadas. 

O vírus zika também pode ser transmitido por meio de relação sexual e foi detectado em sêmen, sangue, urina, líquido amniótico e saliva, bem como em fluidos corporais encontrados no cérebro e medula espinhal. 

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.

Em quais locais o vírus zika circula?

A transmissão local do vírus zika pelos mosquitos Aedes tem sido notificada nos continentes da África, nas Américas, na Ásia e no Pacífico. 

Existem dois tipos de mosquitos Aedes conhecidos por serem capazes de transmitir o zika. Na maioria dos casos, ele é propagado pelo Aedes aegypti em regiões tropicais e subtropicais. O Aedes albopictus também transmite o vírus e pode hibernar para sobreviver em regiões com temperaturas mais baixas.


O El Niño pode influenciar na transmissão do zika?

O Aedes aegypti se reproduz em água parada. Grandes períodos de seca, inundações, fortes chuvas e aumento de temperatura são efeitos conhecidos do El Niño – que é o resultado do aquecimento do centro ao leste tropical do Oceano Pacífico. Um aumento na população de mosquitos é esperado devido à expansão e locais de reprodução favoráveis. Algumas medidas podem ser tomadas para prevenir e reduzir os efeitos de saúde causados pelo El Niño. 


O Aedes pode voar de um país ao outro ou de uma região a outra?

O Aedes não consegue voar por mais de 400 metros. Entretanto, existe a possibilidade do mosquito ser transportado de um lugar para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.


Quais são os sintomas da infecção pelo vírus zika?

O vírus zika geralmente causa uma doença leve. Os sintomas mais comuns incluem febre baixa ou erupção cutânea (exantema), que aparecem alguns dias após a picada do mosquito infectado. Embora muitas pessoas com o vírus não apresentem sintomas, outras podem sofrer também de conjuntivite, dores musculares e articulares e cansaço. Os sintomas costumam durar de dois a sete dias. Não existe diferença nos sintomas registrados por gestantes infectadas e mulheres não grávidas. 


Como a infecção pelo vírus zika é diagnosticada?

O diagnóstico é baseado nos sintomas e no histórico recente do paciente (como picadas de mosquitos ou viagens para áreas com circulação do vírus). Testes laboratoriais podem confirmar a presença do zika no sangue, entretanto, esse diagnóstico pode não ser tão confiável, já que o vírus poderia reagir de forma cruzada com outros vírus como o da dengue e febre amarela. Um teste confiável de diagnóstico é uma prioridade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.


Como o vírus zika é tratado?

Os sintomas da doença podem ser tratados com medicamentos comuns para dor e febre, descanso e reposição de líquidos. Se os sintomas piorarem, as pessoas devem procurar auxílio médico. 



SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, MICROCEFALIA E OUTROS DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS


* O vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré?

Com base em um crescente corpo de pesquisas preliminares, há consenso científico de que o vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré. Embora intensos esforços continuem a reforçar e refinar a ligação entre o vírus e uma variedade de distúrbios neurológicos dentro de um rigoroso quadro de investigação, uma corrente de estudos de casos notificados recentemente, bem como um pequeno número de estudos caso-controle e coorte, apoiam a conclusão de que existe uma associação entre o vírus zika, a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré.

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.

Quais eventos levaram a OMS a investigar uma relação de causalidade?

Um surto de zika no Brasil, identificado no início de 2015, foi seguido de um aumento anormal da microcefalia entre os recém-nascidos, bem como um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré. À luz desses eventos, determinou-se que um surto anterior do vírus zika na ilha Polinésia Francesa em 2013 e 2014 também foi associado a um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré, microcefalia e outros distúrbios neurológicos. A comunidade científica respondeu com urgência à situação que evoluía rapidamente e começou a construir uma base de conhecimentos sobre o vírus e suas implicações de forma extremamente ágil.


Há outras explicações para a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia são condições com um número de causas subjacentes, gatilhos e efeitos neurológicos. A microcefalia pode resultar de infecções no útero, exposição a produtos químicos tóxicos e anormalidades genéticas, ao passo que a Síndrome de Guillain-Barré é uma condição autoimune que pode ser desencadeada por infecções específicas.

Os cientistas não excluem a possibilidade de que outros fatores podem se combinar à infecção pelo vírus zika e causar distúrbios neurológicos, entretanto, mais pesquisas são necessárias para que qualquer conclusão nessa área possa ser alcançada.


Existe uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos? 

Relatórios de casos recentes sugerem que pode haver uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos, como: mielite (inflamação da medula espinal) ou anormalidades cerebrais em varredura na ausência de microcefalia. A OMS e seus parceiros têm agido com base nos relatórios emergentes sobre outras manifestações neurológicas e a avaliação das evidências para essas condições está em curso, assim como para microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré.


O que é Síndrome de Guillain-Barré? 

A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca seus nervos. Pessoas de todas as idades podem ser afetadas, mas a doença é mais comum em homens adultos. A maioria das pessoas se recupera completamente, inclusive nos casos mais graves da Síndrome de Guillain-Barré. Em 20% a 25% das pessoas com essa condição, os músculos peitorais são afetados, o que dificulta a respiração. Casos graves são raros, mas podem resultar em paralisia. 


O que é microcefalia?

A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é menor do que a cabeça de crianças com mesma idade e do mesmo sexo. Ela acontece tanto quando há problemas no útero, o que faz com que o cérebro do bebê pare de crescer adequadamente, quanto após o nascimento. Crianças nascidas com microcefalia muitas vezes apresentam dificuldades de desenvolvimento à medida em que envelhecem. Em alguns casos, crianças com essa condição se desenvolvem normalmente. A microcefalia pode ser causada por uma variedade de fatores ambientais e genéticos como a Síndrome de Down; exposição a drogas, álcool ou outras toxinas no útero; e infecção por rubéola durante a gravidez. 



GRAVIDEZ


Mulheres podem transmitir o vírus zika para seus fetos durante a gravidez ou no momento do parto?

A transmissão do vírus zika de mulheres grávidas para seus fetos foi documentada. Mulheres grávidas em geral, incluindo aquelas que desenvolveram sintomas de infecção pelo vírus zika, devem procurar o serviço de saúde para acompanhar de perto a gestação.


Mães infectadas pelo vírus zika podem amamentar seus bebês?

O vírus zika foi detectado no leite materno, entretanto não há evidências de que o vírus possa ser transmitido de mãe para filho durante a amamentação. A OMS recomenda a alimentação de bebês exclusivamente com leite materno por pelo menos os primeiros seis meses de idade.


O que as mulheres que desejam adiar suas gravidezes em preocupação com a microcefalia podem fazer? 

A decisão de engravidar e de quando engravidar deve ser pessoal, com base em informações completas e acesso a serviços de saúde de qualidade. Mulheres que desejam adiar a gravidez devem ter acesso a uma ampla gama de opções de contracepção reversíveis, de longa ou curta duração de ação. Elas também devem ser aconselhadas sobre a dupla proteção contra infecções sexualmente transmissíveis, por meio do uso de preservativos.

Não são conhecidos problemas de segurança sobre o uso de quaisquer métodos anticoncepcionais hormonais ou de barreira para mulheres e adolescentes em risco de infecção pelo vírus zika, mulheres diagnosticadas com o vírus ou mulheres e adolescentes em tratamento contra a infecção pelo vírus.


Como as mulheres podem gerenciar suas gravidezes no contexto do vírus zika e suas consequências?

A maioria das mulheres em áreas afetadas pelo vírus zika darão à luz bebês saudáveis. A ultrassonografia em tempo oportuno não prevê com segurança malformações no feto. A OMS recomenda que o exame seja repetido no segundo ou terceiro trimestre (preferencialmente entre 28 e 30 semanas) para identificar se há microcefalia no feto e/ou quaisquer anormalidades no cérebro, quando essas são mais fáceis de detectar.

Quando possível, a triagem do líquido amniótico em busca de anormalidades ou infecções congênitas, incluindo o vírus zika, é recomendada, especialmente nos casos onde os testes feitos com mulheres foram negativos para zika, mas seus ultrassons indicam anormalidades no cérebro do feto.

Com base no prognóstico de anormalidades cerebrais associadas ao bebê, a mulher - e seu parceiro, se ela desejar - deve receber aconselhamento não-diretivo para que ela, em consulta com profissionais de saúde, possa ter decisões baseadas em informações sobre os próximos passos no gerenciamento de sua gravidez.

Mulheres que carregam a gravidez a termo devem receber os cuidados e apoio adequados para gerenciar a ansiedade, o estresse e o ambiente de nascimento. Os planos para cuidado e gerenciamento do bebê logo após seu nascimento devem ser discutidos com os pais em consulta com um pediatra ou neurologista assim que possível.



TRANSMISSÃO SEXUAL


O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?

Todas as pessoas que foram infectadas pelo vírus zika e seus parceiros sexuais – particularmente mulheres grávidas – devem receber informações sobre os riscos da transmissão sexual do zika, opções de métodos contraceptivos e práticas sexuais seguras. Quando viável, devem ter acesso a preservativos, fazendo seu uso correto e consistente.

Gestantes devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde surtos de vírus zika estão em curso. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivem ou retornam de áreas onde há transmissão local do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por pelo menos a duração da gravidez.

É fortemente recomendado aos casais ou mulheres que planejam engravidar e que vivem ou retornam de áreas onde a transmissão do vírus zika é conhecida que esperem por pelo menos oito semanas até a tentativa de concepção; e seis meses, caso o parceiro masculino tenha apresentado sintomas de infecção.

Homens e mulheres que regressam de áreas onde o zika circula devem praticar sexo seguro, inclusive por meio do uso correto e contínuo de preservativos, ou se abster de relações sexuais por pelo menos oito semanas. Homens que apresentaram sintomas (erupções na pele, febre, artralgia, mialgia ou conjuntivite) devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por um período de pelo menos seis meses.

Homens e mulheres em idade reprodutiva que vivem em áreas onde há transmissão local do vírus zika devem considerar adiar a gravidez e seguir as recomendações (incluindo o uso correto e consistente de preservativos) para prevenir o HIV, outras infecções sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.


O que as mulheres expostas ao sexo desprotegido, que não desejam engravidar pela possibilidade de infecção pelo zika, devem fazer?

Todas as mulheres e meninas devem ter fácil acesso à contracepção de emergência, incluindo informações e aconselhamento precisos, bem como métodos acessíveis.


PROTEÇÃO CONTRA O MOSQUITO


O que as pessoas podem fazer para se protegerem da picada de mosquitos?

A melhor forma de se proteger contra o zika é prevenir as picadas de mosquitos. Mulheres grávidas ou que planejam engravidar e seus parceiros sexuais devem tomar cuidados extras, entre eles:
Vestir roupas que cubram o máximo possível do corpo (preferencialmente de cores claras);
Usar repelentes, que podem ser aplicados nas áreas expostas da pele ou nas roupas. O produto dever conter DEET (diethyltoluamide) ou IR 3535 ou Icaridin, que são os princípios ativos mais comuns em repelentes. Eles devem ser usados de acordo com as instruções do rótulo e são seguros para mulheres grávidas;
Utilizar barreiras físicas, tais como telas comuns ou tratadas com inseticidas em janelas e portas;
Dormir embaixo de mosquiteiros, mesmo quando o repouso ocorrer de dia;
Identificar e eliminar potenciais criadouros de mosquitos, esvaziando, limpando ou cobrindo recipientes com água (baldes, vasos de flores e pneus); 
Programas nacionais podem direcionar corpos de água e resíduos de esgoto (saídas de tanques sépticos devem ser cobertas) com intervenções de água e saneamento.


Como as mulheres grávidas podem se proteger das picadas de mosquitos?

Gestantes que vivem em áreas onde há circulação do vírus zika devem seguir as mesmas medidas de prevenção fornecidas para a população em geral. Devem, também, ir regularmente às consultas de pré-natal em conformidade com as normas nacionais. Mulheres grávidas que desenvolverem qualquer sintoma ou sinal de infecção pelo vírus zika devem iniciar as consultas precocemente para diagnóstico, cuidados adequados e acompanhamento. 




VIGILÂNCIA


Qual o papel da vigilância do mosquito em relação ao vírus zika?

O monitoramento dos números e localização (vigilância) dos mosquitos é usado para fins operacionais e de pesquisa. Ele ajuda a determinar as mudanças na distribuição geográfica dos mosquitos para monitorar e avaliar os programas de controle, mensurar as populações de mosquitos ao longo do tempo e facilitar a tomada de decisões adequadas e oportunas quanto às intervenções.

A vigilância pode servir para identificar áreas onde tenha ocorrido uma infestação de alta densidade de mosquitos ou períodos nos quais a população de mosquitos aumenta. Nas áreas nas quais os mosquitos não estão mais presentes, a vigilância do mosquito é fundamental para detectar a introdução de novos mosquitos antes que eles se espalhem e se tornem difíceis de eliminar. O monitoramento da suscetibilidade das populações de mosquitos aos inseticidas também deve ser parte integrante de qualquer programa que utilize esses produtos. A vigilância é um componente importante do programa de prevenção e controle, uma vez que fornece as informações necessárias para avaliações de risco, resposta às epidemias e avaliação do programa.

Programas de vigilância em curso para o Aedes aegypti não envolvem a coleta de milhares de mosquitos para testá-los para o vírus zika. Isso seria algo extremamente difícil de fazer, considerando o grande número de mosquitos no ambiente e a taxa muito baixa de infecção pelo zika, mesmo em uma epidemia. Por exemplo: relatórios publicados sugerem que menos de um mosquito está infectado a cada 1.000 mosquitos.


Qual é a diferença entre o Aedes e o Culex?

O Aedes transmite o vírus zika e outras doenças que carrega de forma mais eficaz que o Culex, uma vez que ele costuma picar as pessoas durante o dia e é mais adaptado a viver dentro e em torno de assentamentos humanos. O Culex se prolifera em águas poluídas, colocando seus ovos no mesmo local de reprodução, e prefere se alimentar de apenas uma pessoa. Enquanto isso, o Aedes põe seus ovos em diversos locais e se alimenta de várias pessoas – espalhando as doenças que carregam consigo de forma mais ampla na localidade.

* Porque a OMS está focando no Aedes como o principal vetor do zika? Ele é bastante conhecido para justificar o desenho atual do programa de controle de vetores?

Todos os estudos realizados até o momento na África, Ásia, Pacífico e Américas sustentam a conclusão de que o Aedes aegypti é o principal vetor e, um mosquito da mesma família, Aedes albopictus, é um potencial transmissor do vírus zika. Ambas espécies se reproduzem e vivem perto ou dentro de habitações humanas, preferindo picar humanos a outros hospedeiros animais, e uma extensa documentação têm mostrado suas competências na transmissão do zika. 

As recomendações de controle vetorial da OMS focadas nos mosquitos Aedes também são muito eficientes contra outros vetores, incluindo o Culex. A gama de métodos para reduzir a população de mosquitos inclui a pulverização das paredes e interiores de casas, pulverização dentro de espaços, controle larval e eliminação de criadouros. O controle do vetor é recomendado junto às medidas de proteção pessoal, tais como o uso de repelentes e camas com mosqueteiros durante o dia e a noite, entre outros.

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.


Existe alguma pesquisa nacional ou internacional em andamento sobre o vírus zika para investigar suas possíveis causas?

Há uma grande falta de pesquisas internacionais e uma escassez de recursos para resolver as questões que surgiram durante este surto. As evidências disponíveis indicam que os mosquitos Aedes são os principais vetores em áreas urbanas e semi-urbanas e amplos esforços estão em andamento para controlá-los. A OMS está trabalhando junto a parceiros para entender melhor todos os fatores adicionais que contribuem para a transmissão do vírus zika e suas complicações.


VIAGENS


O que as pessoas que viajam para áreas afetadas pelo zika devem fazer? 

Os viajantes devem se manter informados sobre o vírus zika e outras doenças transmitidas por mosquitos, como chikungunya, dengue e febre amarela, e consultar as autoridades locais de saúde e viagens, caso estejam preocupados.


Mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde há transmissão do zika em curso; gestantes cujos parceiros sexuais vivem em ou viajam para áreas com transmissão do vírus devem assegurar práticas sexuais mais seguras ou se abster de relações sexuais durante o período da gravidez.