segunda-feira, 25 de março de 2019

Cresce em 224% o número de casos de dengue no país

Os óbitos pela doença também aumentaram 67%, entre 30 de dezembro e 16 de março de 2019, em comparação ao mesmo período de 2018, sendo a maior concentração no estado de São Paulo





O sistema de vigilância de estados e municípios e toda a população devem reforçar os cuidados para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. O alerta do Ministério da Saúde é devido ao aumento dos casos de dengue no país, que passaram de 62,9 mil nas primeiras 11 semanas de 2018 para 229.064 no mesmo período deste ano (até 16 de março). A incidência, que considera a proporção de casos em relação ao número de habitantes, tem taxa de 109,9 casos/100 mil habitantes até 16 de março deste ano. O número de óbitos pela doença também teve aumento, de 67%, sendo grande parte no estado de São Paulo.

O secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, reforça que a melhor forma de evitar o agravamento e as mortes por dengue é com diagnóstico e tratamento oportunos. “O Brasil vem de dois anos seguidos com baixa ocorrência de dengue, portanto é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos a esse aumento de casos. É preciso que eles estejam mais sensíveis e atentos para a dengue na hora de fazer o diagnóstico. Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e der início ao tratamento, menor o risco de agravamento da doença e de evoluir para óbito”, explica Wanderson.

Ainda de acordo com o secretário, apesar do aumento expressivo no número de casos, a situação ainda não é considerada uma epidemia. No último ano de epidemia no país, em 2016, foram registrados 857.344 casos da doença no mesmo período. Contudo, ele reforça que é preciso intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti para que o número de casos de dengue não continue avançando no país.

Alguns estados têm situação mais preocupante, por apresentarem alta incidência da doença, ou seja, estão com a incidência maior que 100 casos por 100 mil habitantes: Tocantins (602,9 casos/100 mil hab.), Acre (422,8 casos/100 mil hab.), Mato Grosso do Sul (368,1 casos/100 mil hab.), Goiás (355,4 casos/100 mil hab.), Minas Gerais (261,2 casos/100 mil hab.), Espírito Santo (222,5 casos/100 mil hab.) e Distrito Federal (116,5 casos/100 mil hab.).

A região Sudeste apresentou o maior número de casos prováveis (149.804 casos; 65,4 %) em relação ao total do país, seguida das regiões Centro-Oeste (40.336 casos; 17,6 %); Norte (15.183 casos; 6,6 %); Nordeste (17.137 casos; 7,5 %); e Sul (6.604 casos; 2,9 %). As regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência, com 250,8 casos/100 mil hab. e 170,8 casos/100 mil hab., respectivamente.

Em relação aos óbitos, os profissionais devem ficar atentos. O aumento neste ano é de 67% em relação ao mesmo período de 2018, passando de 37 para 62 mortes. Destaque para o estado de São Paulo, que registrou 31 óbitos, o que representa 50% do total registrado em todo o país.


ZIKA

Em 2019, até 02 de março, foram registrados 2.062 casos de Zika, com incidência de 1,0 caso/100 mil hab. Em 2018, no mesmo período, foram registrados 1.908 casos prováveis.

Entre as Unidades da Federação, destacam-se Tocantins (47,0 casos/100 mil hab.) e Acre (9,5 casos/100 mil hab.). Em 2019, não foram registrados óbitos por Zika.


CHIKUNGUNYA

Em 2019, até 16 de março, foram registrados 12.942 casos de chikungunya no país, com uma incidência de 6,2 casos/100 mil hab. Em 2018, foram 23.484 casos – uma redução de 44%.

Na análise dos estados, destacam-se entre as maiores incidências o Rio de Janeiro (39,4 casos/100 mil hab.), Tocantins (22,5 casos/100 mil hab.), Pará (18,9 casos/100 mil hab.) e Acre (8,6 casos/100 mil hab.). Em 2019, não foram confirmados óbitos por chikungunya. No mesmo período de 2018, foram confirmadas nove mortes.

Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de casos de dengue no estado do Rio de Janeiro teve queda de 36% em comparação com o mesmo período do ano passado. Até o dia 16 de março deste ano, o estado notificou 2.960 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram 4.624 casos. A incidência no estado é de 17,2 casos/100 mil habitantes. O RJ não registrou óbitos em decorrência da doença neste ano.

RIO DE JANEIRO

Situação epidemiológica do estado em relação a dengue, chikungunya e zika:
RJ
Dengue
Chikungunya
Zika
2018
2019
2018
2019
2018
2019
Número de casos
4.624
2.960
5.885
6.765
513
117
Incidência
26,9
17,2
34,3
39,4
3,0
0,7

Fonte:  Ministério da Saúde

Arboviroses Emergentes: USUTU


Usutu é uma doença febril causada pelo vírus Usutu (USUV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O vírus é transmitido pela picada de mosquitos e, embora afete principalmente as aves, também pode infectar pessoas.




Identificado pela primeira vez na África do Sul, em 1959, seu nome vem de um dos principais rios do pequeno país africano da Suazilândia. A presença do vírus Usutu em aves na África foi relatada inicialmente em países como Senegal, República Centro-Africana, Nigéria, Uganda, Burkina Faso, Costa do Marfim, Tunísia e Marrocos.  Apenas dois casos foram descritos em humanos na África, em 1981 e em 2004, embora existissem casos não diagnosticados. 

O primeiro registro da circulação do Usutu na Europa aconteceu em 2001, após uma grande quantidade de melros aparecerem mortos na Áustria, embora análises retrospectivas de aves mortas na Toscana (Itália) mostram que circularam nesta região em 1996. Em 2009 aconteceram os dois primeiros casos em humanos no continente europeu, causando encefalite em dois pacientes italianos.  Este vírus também foi encontrado em aves da Alemanha, Espanha, Hungria, Suíça, Grécia, República Tcheca, Polônia e Inglaterra.


Melro

Os vírus desse grupo têm uma facilidade para se adaptar em aves. Na natureza, os pássaros selvagens acabam sendo o reservatório e o meio de espalhamento do vírus.  Esses pássaros são sentinelas, atuando como, por exemplo, o macaco-prego em um surto de febre amarela silvestre: a morte desses animais por conta desse determinado vírus é um alerta para os humanos de que o Usutu está por perto. 


Além do melro, esse vírus pode afetar a pega, o corvo negro, o gaio e muitas outras aves. Raramente tem sido isolado em alguns roedores e até em cavalos, mas esses isolados são acidentais. 


Transmissão

É um vírus dos chamados arbovírus porque é transmitido por certos artrópodes, em particular o Culex (especialmente C. pipiens), mas também tem sido encontrada, por exemplo em larvas de Aedes albopictus (mosquito tigre) e mosquitos Aedes e outros outros géneros. Além disso, trata-se de um vírus zoonótico, o que significa que ele afeta animais – especialmente pássaros, como melros – e é transmitido desses animais para o homem através do mosquito. Transmissão por doação de sangue também é possível. 

 
Culex pipiens


Afeta aves de várias espécies da África e do Sul e Europa Central. Foi detectado em muitas aves mortas em países dos dois continentes, e até hoje não foi relatado em outros continentes. Os mosquitos que picam pássaros e depois humanos transmitem o vírus acidentalmente. 





O primeiro caso de envolvimento de um ser humano por este vírus foi relatado em 1981, e foi um homem africano que sofreu febre alta e erupção cutânea. Isso não significa que não possa ter havido um caso anterior, talvez não detectado ou registrado. 




Por ora, é certo que o vírus USUV é transmitido principalmente pelo culex, o popular pernilongo. De acordo com o European Centre for Disease Prevention and Control, o “vírus do Usutu foi isolado do Aedes albopictus, mas ainda não se sabe se o mosquito pode transmitir esse patógeno”.


Sintomas

Como tem havido muito poucos casos de seres humanos afetados pelo vírus Usutu (21 casos até maio de 2017), não há muito conhecimento sobre seus sintomas além do descrito nos casos publicados. Sabe-se que existem casos assintomáticos. Também é possível que tenha havido mais casos em humanos do que os publicados, mas que não foram diagnosticados, pois é difícil alcançar o diagnóstico etiológico.

O primeiro caso de infecção pelo vírus Usutu, descrito na África em 1981, foi em um homem que teve febre e erupção na República Centro-Africana. O segundo caso, em 2004, foi um menino de 10 anos de Burkina Faso que teve febre e icterícia por hepatite. Na Europa, casos em humanos aconteceram na Itália em 2009, em duas pessoas que receberam transfusões de sangue e que eram imunocomprometidas. Não se sabe se elas foram infectadas por sangue doado por outros indivíduos assintomáticos, ou se foram picados por um mosquito infectado.

Os sintomas podem variar de febre alta (até 39,5 °C), erupção cutânea e dor de cabeça leve, até manifestações mais graves, como disfunção neurológica e hepatite fulminante aguda.


Ainda não foram identificados casos da doença em território brasileiro.



Diagnóstico

A suspeita clínica de infecção pelo vírus Usutu requer confirmação do diagnóstico por técnicas de laboratório, uma vez que o quadro clínico não é específico. Entre os métodos de laboratório podem-se distinguir os métodos diretos de diagnóstico por cultura celular ou amplificação do genoma do vírus, ou os métodos indiretos, consistentes na identificação de anticorpos contra o vírus fabricado pelo organismo contra a infecção. Não há muita experiência sobre esta infecção em humanos. Considera-se que o vírus pode ser detectado no líquido cefalorraquidiano e no sangue durante a fase aguda da doença. É por isso que, no caso de uma pessoa com febre com encefalite de causa desconhecida, o soro e o líquido cefalorraquidiano podem ser removidos para investigar este e outros vírus. Os anticorpos podem permanecer positivos por muitos meses após a infecção. O diagnóstico de infecção pelo vírus Usutu, mesmo realizando um teste de anticorpos, não é fácil, pois pode haver reatividade cruzada com outros vírus semelhantes, isto é, falsos positivos.


Tratamento

Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus Usutu. Além disso, em geral, é difícil diagnosticar a doença. Muitas vezes o diagnóstico não será feito, ou chegará quando o paciente já tiver se recuperado, pois muitas vezes não será suspeito e o teste diagnóstico específico não será solicitado, levando-se em conta sua escassa disponibilidade. Portanto, os pacientes só podem ser tratados com tratamento de suporte. Para febre a dor de cabeça pode ser administrada com antipiréticos e analgésicos, como o acetaminofeno, ou antiinflamatórios não-esteróides do tipo ibuprofeno. Se o paciente apresentar sintomas neurológicos que o impedem de se alimentar adequadamente, a fluidoterapia será administrada. Se o envolvimento neurológico exigir, pode ser necessário admitir o paciente em uma unidade de terapia intensiva. Se ocorrer hepatite aguda, é aconselhável evitar a administração de um excesso de drogas, incluindo paracetamol. Nestes casos, a função hepática deve ser monitorada de perto, no caso de se deteriorar tanto a ponto de exigir um transplante de fígado. Não há nenhum caso relatado em que os corticosteroides tenham sido utilizados no tratamento de pacientes com manifestações mais graves.


Prevenção

Não há medida preventiva específica para prevenir a infecção causada pelo vírus Usutu. Não é tão frequente que a triagem de amostras de sangue de doadores possa ser feita. É conveniente tentar prevenir as picadas de mosquito em geral, independentemente do país onde você mora, mas é difícil evitar 100%. De qualquer forma, no momento é uma infecção rara, por isso não é conveniente sentir-se alarmado em excesso por este vírus, exceto talvez pela mortalidade da população aviária.



***


Fontes: 

AEDES DO BEM!

Outbreak Observatory

CIRAD - French Agricultural Research Centre for International Development
(Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional)

Deutsche Welle - Science

Boletín Alertas Enfermedades Emergentes - Boletín de Alertas Epidemiológicas Internacionales

Instituto Valenciano de Microbiologia

Ecured: Enciclopedia Cubana



sexta-feira, 22 de março de 2019

CCZ realiza palestra sobre arboviroses para funcionários do Hospital Carlos Tortelly





Na última semana (período de 11 a 13 de março), Centro de Controle de Zoonoses de Niterói (CCZ) promoveu no auditório Nelly Cantelmo do Hospital Municipal Carlos Tortelly, Bairro de Fátima, a palestra Arboviroses para funcionários da unidade.

O objetivo da ação educativa em saúde foi atualizar informações, discutir e esclarecer sobre o que são arboviroses, os riscos envolvidos, prevenção e tratamento.

A equipe do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), do CCZ, representada pelas agentes Daniele Caviere e Leila Neves, expôs o tema por meio de diálogo interativo, nos moldes de palestra, e apresentação de slide-show. 

O conteúdo programático compreendeu os seguintes assuntos: arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, zika, chikungunya e febre amarela) e seus sintomas, características do mosquito transmissor, principais medidas de prevenção, e combate aos possíveis criadouros do vetor. 

“A participação do público foi bem ativa e satisfatória. Percebemos que o interesse maior foi em informações sobre chikungunya, ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti, e como ocorre a transmissão e o período de incubação dos vírus no organismo”, avaliou a palestrante Leila Neves.

As palestras terão continuidade nos dias 01, 02 e 03 de abril.


quarta-feira, 20 de março de 2019

Série ARBOVIROSES EMERGENTES


Arboviroses Emergentes é uma série de textos sobre as principais doenças causadas por arbovírus que representam problemas de saúde pública em boa parte do mundo e no Brasil.  Tem o propósito de apresentar informações que ajudem no conhecimento e/ou atualização do leitor e instiguem o aprofundamento do saber através das referências citadas ao final de cada texto.

O material será postado de forma periódica e aleatória. A introdução e os links do conteúdo completo dos temas estarão disponíveis aqui nesta publicação.


Afinal, o que são arboviroses ?


Arboviroses são doenças causadas pelos arbovírus (do inglês “arthropod borne virus”), vírus que tem parte de seu ciclo de replicação nos artrópodes. Os artrópodes são animais invertebrados que possuem patas articuladas (insetos, aracnídeos, etc). 

Arbovírus não é uma família de vírus; o termo simplesmente indica que um vírus é transmitido por certas espécies de artrópodes.  Membros de muitas famílias virais diferentes podem ser arbovírus.

Os arbovírus apresentam um ciclo complexo em natureza, envolvendo a transmissão biológica entre hospedeiro vertebrado susceptível e artrópode hematófago, ou entre hospedeiros artrópodes pela via transovariana, e, possivelmente, pela via venérea.

A classificação "arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos). Existem 545 espécies de arbovírus, sendo que 150 delas causam doenças em seres humanos.

Existem três famílias mais conhecidas de arbovírus e cada uma delas engloba causadores, que têm semelhança em seu código genético e também nas suas proteínas base:

1. Togavírus: Febre de Chikungunya, Febre do Mayaro, Encefalites equinas Leste, Oeste e Venezuelana; 

2. Bunyavírus: Febre do Oropouche, Febre da Sandfly (mosquito pólvora), Febre do Vale Rift, Febre hemorrágica da Criméia-Congo; 

3. Flavivírus: Febre amarela, Dengue, Zika, Febre do Nilo, Encefalite Japonesa, Rocio, Usutu.

Mudanças genéticas no vírus, alteração da dinâmica populacional de hospedeiros e vetores ou por fatores ambientais de origem antropogênica são responsáveis pela emergência de arboviroses em diferentes regiões. Os arbovírus tem notável capacidade de adaptação e de se estabelecerem em novas áreas geográficas, se tornando um crescente problema de saúde pública mundial.



FEBRE DO OROPOUCHE

A febre do oropouche é uma infecção viral tropical transmitida por insetos e mosquitos picadores do sangue das preguiças para os humanos . Esta doença recebeu o nome da região onde foi descoberta e isolada pela primeira vez no Laboratório Regional de Vírus de Trinidad em 1955, perto do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago. 

A febre de Oropouche é causada por um arbovírus específico , o vírus Oropouche (OROV), da família Bunyaviridae.

O vírus oropouche foi identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960, e há registros frequentes da ocorrência de pessoas doentes na região da Amazônia, no Peru e em países do Caribe.

Grandes epidemias são comuns e muito rápidas, uma das primeiras ocorrendo na cidade de Belém, no estado do Pará. Na Amazônia brasileira, o oropouche é a segunda doença viral mais frequente, depois da dengue.  Atualmente, somente no Brasil estima-se que mais de meio milhão de casos tenham ocorrido. 

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DENGUE

Dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral, que é transmitida pelo Aedes aegypti, principal mosquito vetor. Conhece-se a existência de quatro sorotipos –  DENV 1, DENV 2, DENV 3  e DENV 4 – e que a doença pode apresentar desde uma evolução benigna na forma clássica até uma evolução grave quando se apresenta na forma hemorrágica ou com complicações.




O vírus Dengue (ou DENV) pertence à família Flaviviridae, uma família de vírus que inclui o vírus da febre amarela, o vírus da encefalite japonesa, o vírus da Febre do Nilo Ocidental (FNO) e o vírus da encefalite do carrapato (TBE). É classificado como um arbovírus, isto é, aquele que é transmitido por insetos ou outros artrópodes.

Hoje a dengue é a mais importante arbovirose que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no Brasil onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do vetor. A dengue está relacionada com os chamados macrofatores (ambientais, socioeconômicos, políticos e sociais) e os microfatores (dependentes das características biológicas do vírus, do vetor e da pessoa afetada).

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ZIKA

A zika é uma arbovirose (doença causadas por arbovírus, isto é, vírus que tem parte de seu ciclo de replicação nos artrópodes) também conhecida como infecção por zika vírus. Esse vírus é transmitido para seres humanos por meio da picada do mosquito Aedes aegypti e do Aedes albopictus. Ele é chamado assim porque os primeiros sinais da doença foram encontrados na Floresta Zika, localizada em Uganda (1947).



Em 2015 houve a identificação do vírus ZIKV no Brasil (suspeita-se que a introdução tenha ocorrido em 2013), que passou por uma epidemia de casos de zika, com milhares de pessoas diagnosticadas com a doença. Muitas mulheres grávidas sofreram e tiveram bebês que foram diagnosticados com microcefalia, uma condição médica em que o crânio do bebê é menor do que o normal para a sua idade, causando diversos atrasos em seu desenvolvimento mental e intelectual, por exemplo. 

Antes de se expandir para uma epidemia humana plenamente estabelecida, atingindo as manchetes de jornais como uma ameaça global, o zika vírus esteve presente por muito tempo na África e, em algum momento, chegou à Ásia. Na África, o zika vírus pode ter circulado principalmente entre os animais e só ocasionalmente pulou para os humanos. Tal vírus era caracterizado como um patógeno leve e essencialmente inofensivo; essa é a principal diferença entre ele e outros vírus emergentes percebidos como ameaças globais. O zika era considerado menos perigoso que os demais pertencentes ao mesmo grupo, os flavivírus; não se suspeitava de que ele seria capaz de prejudicar seriamente os fetos.  

A doença pelo vírus Zika apresenta risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya, para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas. Uma das principais complicações é a microcefalia. 

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USUTU


Usutu é uma doença febril causada pelo vírus Usutu (USUV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O vírus é transmitido pela picada de mosquitos e, embora afete principalmente as aves, também pode infectar pessoas.

Identificado pela primeira vez na África do Sul, em 1959, seu nome vem de um dos principais rios do pequeno país africano da Suazilândia. A presença do vírus Usutu em aves na África foi relatada inicialmente em países como Senegal, República Centro-Africana, Nigéria, Uganda, Burkina Faso, Costa do Marfim, Tunísia e Marrocos.  Apenas dois casos foram descritos em humanos na África, em 1981 e em 2004, embora existissem casos não diagnosticados.


O primeiro registro da circulação do Usutu na Europa aconteceu em 2001, após uma grande quantidade de melros aparecerem mortos na Áustria, embora análises retrospectivas de aves mortas na Toscana (Itália) mostram que circularam nesta região em 1996. Em 2009 aconteceram os dois primeiros casos em humanos no continente europeu, causando encefalite em dois pacientes italianos.  Este vírus também foi encontrado em aves da Alemanha, Espanha, Hungria, Suíça, Grécia, República Tcheca, Polônia e Inglaterra.

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FEBRE DO NILO OCIDENTAL


A Febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral causada por um arbovírus, o vírus do Nilo Ocidental (WNV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus.  Os fatores de risco estão relacionados à presença do ser humano em áreas rurais e silvestres que contenham o mosquito infectado pelo vírus e que, por ventura, venha a picar estes seres humanos.

Isolado pela primeira vez em 1937, em uma região do Norte de Uganda chamada West Nile (em português, Nilo Ocidental), os cientistas apostam na hipótese que o vírus saiu da África pela primeira vez de carona com aves migratórias que fazem o trajeto entre a costa oeste africana e a península ibérica.

No verão de 1999, o vírus foi detectado em Nova York, matando sete pessoas. O que aconteceu entre esse primeiro episódio e o ano de 2015 foi grave: 43.937 pessoas contaminadas e 1.911 vítimas fatais – isso sem contar os incontáveis animais silvestres e domésticos, como cachorros, cavalos e aligátores. 

Apesar do Culex ser apontado como principal responsável pela circulação do vírus durante a série de surtos nos EUA, o Aedes aegypti também é um vetor em potencial.  

Na América do Sul, evidências sorológicas de WNV foram detectadas em cavalos e pássaros na Colômbia, Venezuela e Argentina. No Brasil, a primeira evidência sorológica de WNV ocorreu em 2009, na região do Pantanal, Mato Grosso do Sul, com o isolamento do vírus em cavalos. Recentes estudos ainda confirmam a circulação desse arbovírus em equinos, principalmente cavalos, nessa mesma região. No final de 2014, o primeiro caso humano de Febre do Oeste do Nilo foi reportado no estado do Piauí.

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FEBRE DO MAYARO


A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovírus, o vírus Mayaro (MAYV), da família Togaviridae, gênero Alphavirus. Normalmente, após uma ou duas semanas, o paciente se recupera completamente da febre do Mayaro. 

O vírus da doença foi isolado pela primeira vez em 1954 na ilha de Trinidad, na América Central. Nessa ilha há uma cidade chamada Mayaro, daí o nome. O primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.

Entre o início de 2015 e março de 2016, o estado de Goiás passou por um surto da doença – cerca de 70 pessoas foram contaminadas nesse período.  Em 2016, cinco pessoas residentes no estado do Amazonas foram diagnosticadas com Mayaro. Pesquisas recentes indicam que o Aedes aegypti é um dos transmissores em potencial da doença.

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sábado, 16 de março de 2019

Dia D de Combate ao Aedes aegypti em Niterói




Na manhã deste sábado (16/03) está acontecendo o DIA D DE COMBATE AO AEDES AEGYPTI, mobilização envolvendo os profissionais do Centro de Controle de Zoonoses e das unidades de saúde do Fonseca e Engenhoca para sensibilizar a população quanto aos cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya.  

A ação tem o objetivo de alertar sobre os riscos das doenças e dar dicas de como eliminar os focos do vetor dentro da própria casa.

Entre as atividades que estão sendo realizadas, ocorrem vistoria de locais e residências, distribuição de material informativo, orientação do público participante, além de exposição de maquetes ilustrativas que mostram o ambiente certo e o errado para a proliferação de mosquitos numa residência. Os dois principais pontos do evento são o Horto do Fonseca e a Policlínica Regional da Engenhoca.

O evento conta com a presença da secretária municipal de saúde Maria Célia Vasconcelos, do chefe do Centro de Controle de Zoonoses Francisco de Faria Neto e da chefe da Coordenação de Vigilância em Saúde Ana Lúcia Eppinghaus.




















sexta-feira, 15 de março de 2019

Identificados os mosquitos responsáveis pelos recentes surtos de febre amarela no país



Pernilongo


Os mosquitos silvestres Haemagogus janthinomys e Haemagogus leucocelaenusforam os principais responsáveis pela transmissão de febre amarela nos recentes surtos da doença no Brasil. A conclusão é de uma pesquisa que analisou quase 18 mil insetos entre 2015 e 2018. O amplo levantamento encontrou mosquitos das duas espécies em grande quantidade e infectados em cidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais que apresentavam casos em humanos e em primatas. Análises do genoma dos vírus detectados nesses mosquitos confirmaram a presença da mesma linhagem viral identificada em macacos e pacientes. Liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o trabalho foi publicado na revista científica Emerging Microbes and Infections.

Segundo os autores, os mosquitos do gênero Haemagogus já eram apontados pela literatura científica como os principais transmissores da febre amarela silvestre no Brasil. No entanto, os surtos que ocorreram entre 2016 e 2018 – com mais de dois mil casos e cerca de 700 mortes – atingiram principalmente a região da mata atlântica, que não tinha registros da doença desde a década de 40. As evidências científicas da pesquisa aumentam a compreensão sobre a atual dinâmica de disseminação do agravo através dos mosquitos e podem contribuir para estratégias de vigilância e controle.

“Após capturarmos e analisarmos cerca de 18 mil mosquitos de mais de 80 espécies, podemos afirmar que estas duas espécies de Haemagogus foram os vetores primários da febre amarela no surto e são elas que devem estar no foco das ações”, declara o coordenador da pesquisa, Ricardo Lourenço de Oliveira, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, que atua como referência regional em vetores da febre amarela para o Ministério da Saúde. “A partir dessas informações, é possível estabelecer melhores estratégias de vigilância, avaliar a receptividade de novas áreas à doença e calcular índices entomológicos que podem contribuir para prever a possibilidade de novos surtos”, complementa o primeiro autor do artigo, Filipe Abreu, estudante de doutorado do Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC/Fiocruz e professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).


Alerta para prevenção
Ao todo, os pesquisadores identificaram 89 espécies de insetos. Além dos H. janthinomys e H. leucocelaenus, apenas três outros mosquitos silvestres foram achados com o vírus da febre amarela, mas em baixa quantidade e em locais específicos. Nenhum Aedes aegypti ou Aedes albopictus – insetos com potencial para transmissão da doença em área urbana – foi encontrado infectado. Considerando os achados, os especialistas reforçam que os surtos foram causados pela transmissão silvestre do agravo, mas alertam que esse tipo de contágio não ocorre apenas no interior de grandes florestas. “Existe a visão de que apenas quem penetra na mata tem risco de pegar febre amarela silvestre, mas não é bem assim. Pessoas que estão fora da floresta, porém em áreas próximas também podem ser picadas pelos mosquitos silvestres. A prevenção da doença, principalmente a vacinação, precisa considerar isso”, enfatiza Ricardo. O entomologista ressalta ainda que não foi encontrado qualquer sinal de transmissão urbana da doença. “Nem mesmo mosquitos Aedes coletados no interior de casas de pessoas com febre amarela estavam infectados”, completou.

Na pesquisa, mosquitos Haemagogus foram capturados tanto no interior das áreas de mata, quanto nas franjas da floresta e nas áreas abertas adjacentes, incluindo quintais de casas próximas. Os vetores também estavam presentes em fragmentos florestais pequenos, muitas vezes, ao lado de bairros com características urbanas.


Transmissão acelerada
As coletas de insetos começaram em 2015, antes mesmo da primeira onda de casos, com início em dezembro de 2016. O levantamento tinha como objetivo avaliar a possibilidade de transmissão da febre amarela na região Sudeste, uma vez que se verificava uma ampliação na rota de disseminação da doença, com registro de casos fora da área endêmica, nas regiões Norte e Centro-Oeste. Mais de cinco mil mosquitos foram capturados em 28 cidades sem transmissão do agravo no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A presença dos vetores tradicionais da febre amarela, os Haemagogus e os Sabethes, foi verificada em 82% dos locais, apontando alto potencial de transmissão.

Durante os surtos, a área da pesquisa foi ampliada seguindo as notificações do agravo, incluindo também Espírito Santo e Bahia. Nos cinco estados abrangidos, mais de dez mil mosquitos adultos e quase mil ovos foram coletados em 21 cidades com casos humanos ou em primatas, totalizando 44 cidades, sendo cinco contempladas nos dois levantamentos. Os H. leucocelaenus foram encontrados em mais de 70% das localidades e os H. janthinomys, em 57% dos municípios.

A presença do vírus da febre amarela foi detectada em vetores de nove cidades: Macaé, Maricá, Teresópolis, Nova Iguaçu, Valença e Angra dos Reis (Ilha Grande), no Rio de Janeiro; Belmiro Braga e Juiz de Fora, em Minas Gerais; e Domingos Martins, no Espírito Santo. Em oito delas, foram capturadas as espécies H. janthinomys e/ou H. leucocelaenus naturalmente infectadas. Dessa forma, os dados confirmam o papel tradicional do H. janthinomys e consolidam, pela primeira vez, o H. leucocelaenus como vetor primário da febre amarela na região.


 
 Pequisadores trabalhando na coleta de insetos (Foto: divulgação)


Apenas em Ilha Grande, no litoral sul fluminense, a infecção não foi detectada nos vetores primários. O vírus foi identificado em mosquitos Sabethes chloropterus, apontados pela literatura científica como vetores secundários da doença. “Em Maricá, o vírus também foi encontrado em duas espécies silvestres de Aedes, o Aedes scapularis e o Aedes taeniorhynchus, que não possuem relevância na transmissão. Provavelmente, esses mosquitos se infectaram devido à alta concentração de primatas infectados pela picada dos Haemagogus. Os animais doentes costumam descer ao solo da mata, onde são expostos a esses Aedes, que geralmente não voam para a copa das árvores”, explica Filipe.

O trabalho evidenciou a rápida disseminação da febre amarela durante os surtos. Todos os mosquitos infectados foram encontrados em coletas realizadas de 3 a 24 dias depois da confirmação de casos em primatas ou pessoas na região. “O vírus da febre amarela tem alto potencial de disseminação pela floresta. Durante o período de transmissão intensa, encontramos muitos vetores infectados. Porém, em menos de 30 dias, já não achamos mais mosquitos com vírus nas amostras dos locais. Esse dado é importante para a vigilância e reforça a necessidade de detectar precocemente as epizootias [infecção em animais] para prevenir a transmissão da doença para as pessoas”, ressalta Ricardo.


 
Especialistas analisaram os mosquitos e classificaram as espécies (Foto: Josué Damacena)



Mobilização para resposta à saúde pública
Além do longo período de trabalho de campo, o estudo exigiu um grande esforço para identificar espécies de insetos e realizar análises moleculares. No laboratório, cada um dos 17.662 mosquitos coletados foi analisado por especialistas em taxonomia para identificação das espécies. Para preservar o material genético do vírus da febre amarela, os vetores foram mantidos resfriados desde a coleta em campo. Separados por espécie, data e local de coleta, mais de dois mil grupos de mosquitos foram submetidos às análises moleculares para detectar o genoma viral. O sequenciamento genético apontou para a linhagem associada à epidemia, pertencente ao genótipo sul americano 1E. “Todos os vírus detectados nos mosquitos apresentaram um conjunto de mutações identificado nos primeiros sequenciamentos de microrganismos referentes ao surto e que pode ser considerado uma assinatura molecular desses patógenos”, aponta Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC/Fiocruz, e uma das autoras do artigo.

Além da parceria entre o Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários e o Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC/Fiocruz, o trabalho contou com a colaboração do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais de Saúde do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. As Secretarias Municipais de Saúde das cidades onde ocorreram as coletas de insetos também apoiaram a pesquisa. Participaram ainda IFNMG, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade de Montpellier, Universidade Paris-Leste e Instituto Pasteur, da França.

“O resultado alcançado só foi possível por causa das colaborações internas no Instituto Oswaldo Cruz e externas, tanto com as Secretarias e o Ministério da Saúde, quanto com instituições científicas do Brasil e do exterior”, ressalta Ricardo.


Importância da vacinação
Devido à baixa cobertura vacinal, o Brasil se viu, nos verões de 2017 e de 2018, diante dos dois maiores surtos de febre amarela da história. No verão deste ano a doença chegou à região Sul, com quatro casos já confirmados no estado do Paraná. Tendo em vista o risco iminente de novas infecções, o Ministério da Saúde recomendou, no último dia 14 de fevereiro, que quem mora ou vai viajar para as regiões Sul e Sudeste deve se vacinar contra a febre amarela e é preciso tomar a dose ao menos dez dias antes da viagem. Clique aqui e confira o alerta de pesquisadores do IOC/Fiocruz sobre a importância da vacinação.


Fonte:  Fiocruz