A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovírus, o vírus Mayaro (MAYV), da família Togaviridae, gênero Alphavirus. Normalmente, após uma ou duas semanas, o paciente se recupera completamente da febre do Mayaro.
O vírus da doença foi isolado pela primeira vez em 1954 na ilha de Trinidad, na América Central. Nessa ilha há uma cidade chamada Mayaro, daí o nome. O primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.
Entre o início de 2015 e março de 2016, o estado de Goiás passou por um surto da doença – cerca de 70 pessoas foram contaminadas nesse período. Em 2016, cinco pessoas residentes no estado do Amazonas foram diagnosticadas com Mayaro. Pesquisas recentes indicam que o Aedes aegypti é um dos transmissores em potencial da doença.
Transmissão
O vetor principal é o mosquito Haemagogus janthinomys, que vive em habitats mais silvestres, como as florestas ou matas fechadas. Essa espécie de mosquito costuma ficar na copa das árvores e picar macacos e pássaros, que são os hospedeiros primários da doença nesse ecossistema. Quando o mosquito pica um macaco doente, este primata adquire o vírus e, depois de um ciclo em seu organismo, torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao ser humano. No entanto, quando alguma pessoa entra na mata, principalmente entre 9h e 16h, horário em que o mosquito está mais ativo, ela também pode ser picada e contrair a doença.
Ciclo silvestre (Haemagogus janthinomys) e ciclo urbano (Aedes aegypti) |
Sintomas
Após a picada do mosquito infectado, os sintomas iniciam geralmente de 1 a 3 dias após a infecção. Esse tempo pode variar de pessoa a pessoa, dependendo da imunidade individual, quantidade de partículas virais inoculadas e cepa viral, entre de outros fatores.
• iniciam-se com quadro febril agudo inespecífico, semelhante à dengue;
• cefaleia (dor de cabeça);
• mialgia (dor muscular);
• dor nas articulações;
• inchaço nas articulações;
• manchas no corpo.
No entanto, na maioria dos casos a doença é autolimitada, com o desaparecimento natural dos sintomas em uma semana. Em alguns casos, o vírus da Febre do Mayaro pode provocar o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas.
Diagnóstico
O diagnóstico da Febre do Mayaro é feito, primeiramente, na avaliação clínica do paciente, com base nos sintomas, e no histórico de onde esteve e o que fez nos últimos 15 dias. Depois disso, o médico pode pedir exames específicos para identificar o vírus e fechar o diagnóstico, tendo em vista que os sinais são muito parecidos com os de outras arboviroses, como Chikungunya.
A Febre do Mayaro não é contagiosa, portanto, não há transmissão de pessoa a pessoa ou de animais a pessoas. Ela é transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus Mayaro.
Tratamento
Não há tratamento específico contra a febre do Mayaro. O médico deve tratar os sintomas, como dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico. Os pacientes devem permanecer em repouso e em tratamento sintomático, com analgésicos e/ou drogas anti-inflamatórias - que podem proporcionar alívio da dor e febre. Repouso e consumo de bastante água também são fundamentais durante a recuperação. Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.
Prevenção
Considerando que atualmente não existem vacinas disponíveis no mercado, a única forma de minimizar o risco da febre de Mayaro é evitar exposição com corpo desprotegido em locais de mata e beira de rios, principalmente nos horários de maior atividade do vetor (entre 9 e 16 horas).
Também é indicado utilizar roupas compridas, que minimizem a exposição aos vetores silvestres, preferencialmente acompanhado do uso de repelentes. Cuidado adicional deve ser tomado nas áreas com ocorrência recente de transmissão do vírus Mayaro, como registrado recentemente em municípios de Goiás, Tocantins e no Pará, entre 2014 e 2016.
Além disso, o vírus Mayaro é considerado endêmico na região Amazônica, que envolve os estados da região Norte e Centro Oeste. O vírus ocorre em área de mata, rural ou silvestre e geralmente afeta indivíduos susceptíveis que adentram espaços onde macacos e vetores silvestres ocorrem.
Sugestão de vídeo:
https://globoplay.globo.com/v/5468275/Site interessante:
http://www.arboapp.com.br/
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Fontes:
Ministério da Saúde
Instituto Evandro Chagas
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/agosto/02/ArbovEmergentes-Jul2016.pdf
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/agosto/02/ArbovEmergentes-Jul2016.pdf
Sociedade Brasileira de Primatologia
Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte
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