sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Atenção: notícia de campanha de vacinação antirrábica na cidade é falsa!





Está circulando uma notícia sobre a vacinação antirrábica animal que seria aqui no cidade, no próximo sábado, 01/02. Diante disso, viemos esclarecer que a informação é falsa! As doses da imunização são distribuídas pelo governo do Estado, que define a data de realização da campanha. Ressaltamos ainda que a nossa previsão é que a iniciativa aconteça em agosto, mas ainda não temos uma data definida. Compartilhe esse esclarecimento!

Niterói, 31 de janeiro de 2020.


Novo Coronavírus (2019-nCov): entenda a interface com a Medicina Veterinária e os impactos na saúde pública

29 de janeiro de 2020.

Diante dos casos recentes de infecções respiratórias causadas pelo novo e desconhecido agente biológico coronavírus (2019-nCov), que teve o primeiro registro na cidade chinesa de Wuhan, nós, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), conversamos com o médico-veterinário Flávio Moutinho, que tem experiência em vigilância ambiental, epidemiológica e sanitária, para entender melhor o cenário e os impactos do coronavírus 2019-nCov na saúde pública.  

Moutinho, que atua no Centro de Controle de Zoonoses e Vigilância Sanitária de Niterói, no Rio de Janeiro, ressalta, ainda, que o médico-veterinário como profissional essencial para a Saúde Única deve estar atento a quaisquer alterações nos animais, nas pessoas e no ambiente que possam sinalizar que algo está errado, além de exercer a sua responsabilidade quanto à notificação obrigatória da doença ou de casos suspeitos aos órgãos de saúde competentes.

Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) – O que é este novo coronavírus e quais são os riscos reais para a saúde pública?

Flávio Moutinho – Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais. Este novo coronavírus, denominado 2019-nCoV, até então não havia sido identificado em humanos, e foi identificado após uma investigação epidemiológica de pneumonia de causa desconhecida ocorrida em dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, que é capital da província de Hubei.

CRMV-RJ – Pode ser considerado uma zoonose?

Flávio Moutinho – De modo geral, os coronavírus podem afetar animais e humanos, podendo ter caráter zoonótico. O coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV)), por exemplo, foi transmitido aos humanos a partir de gatos selvagens também na China em 2002. Já o coronavírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-Cov) foi transmitido aos humanos a partir de dromedários na Arábia Saudita em 2012.

Apesar das investigações epidemiológicas iniciais associarem o início da pandemia a um mercado atacadista de pescados e de haver grande proximidade genética do vírus 2019-nCoV com um coronavírus de morcegos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), ainda não há como estabelecer um reservatório animal para esse vírus, sendo fundamental que as pesquisas nesse sentido continuem e sejam aprofundadas.

De acordo com a Nota Técnica nº 2/2020/CIEP/CGPZ/DSAIP_2SDA/MAPA, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), não se sabe ainda se o vírus tem algum impacto na saúde animal, não tendo sido relatado nenhum evento específico em nenhuma espécie animal.

CRMV-RJ – Há o risco de transmissão do humano para o animal e vice-versa?

Flávio Moutinho – Pouco se sabe sobre esse novo vírus, suas formas de transmissão, período de incubação, período de transmissibilidade, letalidade, etc. Nesse sentido, todo cuidado deve ser tomado no sentido de evitar a possível propagação do mesmo, principalmente porque os dados preliminares sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo na ausência de sinais e sintomas. Sem alarmismo, mas com responsabilidade.

CRMV-RJ – Quais são as medidas de cuidado e prevenção?

Flávio Moutinho – Não há cuidados específicos em relação a esse agente biológico, mas sim cuidados que já devemos ter no nosso cotidiano, que é sempre bom recordar:
•  Lavar regularmente as mãos com água potável e sabão após contato com animais e produtos de origem animal.
•  Não tocar os olhos, nariz e boca após tocar em animais e produtos de origem animal.
•  Evitar contato com animais doentes.
•  Evitar contato próximo com animais de rua (principalmente próximo aos olhos, boca e nariz).
•   Dar destino adequado a cadáveres e às carcaças de animais mortos.
•  Dar destino adequado aos resíduos de serviços veterinários e de pesquisa com animais, conforme legislação vigente.
•  Consumir somente produtos de origem animal inspecionados pelo serviço de inspeção oficial.
•  Lavar as mãos com água e sabão frequentemente e, principalmente, antes das refeições e após o uso do sanitário.
•  Evitar tocar boca, olhos e nariz com as mãos não lavadas.
•  Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar.

CRMV-RJ – O Brasil está preparado para combater este novo coronavírus?

Flávio Moutinho – Eu arriscaria dizer que do ponto de vista da Vigilância Epidemiológica, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma estrutura robusta e experiente. No que tange às emergências respiratórias como a atual, o SUS tem planos, protocolos, guias e procedimentos de identificação, monitoramento e resposta definidos pelo menos desde 2005. O Ministério da Saúde montou o Grupo de Operações de Emergência com diversas instituições da área da saúde visando dar uma resposta conjunta e imediata em uma possível entrada do novo coronavírus no país.

Na situação atual, o processo está se estruturando a partir das informações que a Organização Mundial da Saúde vem repassando ao Brasil, já que se trata de um novo e desconhecido agente biológico. Ainda assim, o Ministério da Saúde já publicou um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV) em caso de surto e definiu níveis de resposta. O Brasil passou recentemente do nível de Alerta, que é aquele em que há risco de introdução do agente biológico no país, para Perigo Iminente, que é quando há confirmação de caso suspeito, já que temos três casos humanos suspeitos.

O que mais me preocupa, caso se instale uma epidemia no país, é a capacidade instalada da rede hospitalar pública, há anos subdimensionada, lotada e sucateada, tendo que dar conta de uma quantidade enorme de pessoas com sintomatologia respiratória e pneumonia, com potencial de transmissibilidade, precisando de isolamento. Esse talvez seja o grande problema a ser enfrentado em praticamente todo o país.

CRMV-RJ – Neste cenário, de que forma o médico-veterinário pode atuar?

Flávio Moutinho – O médico-veterinário, enquanto profissional de saúde pública e mais, enquanto profundo conhecedor da Saúde Única, deve estar atento em sua lida diária, em qualquer área de atuação. Seja na clínica de pequenos animais, seja no atendimento de animais silvestres, seja na linha de inspeção, seja numa equipe do NASF-AB (Núcleo de Apoio à Saúde da Família e Atenção Básica), deve se perceber como profissional de saúde única e notar quaisquer alterações nos animais, nas pessoas e no ambiente que possam sinalizar que algo está errado. No que diz respeito ao coronavírus, ele pode contribuir com a descoberta do animal hospedeiro do novo vírus. Além disso, ele deve sempre sensibilizar a população para os cuidados necessários para a prevenção das zoonoses, como eu exemplifiquei acima. E indo além, ele deve sempre se lembrar de notificar as doenças e agravos de notificação obrigatória, seja no Sinan ou na Defesa Sanitária, incluindo aí possíveis Eventos de Saúde Pública, à luz da Portaria de Consolidação MS nº 4/2017.

Flávio Moutinho – médico-veterinário graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem experiência na área de Vigilância em Saúde (vigilância ambiental, epidemiológica e sanitária). Atualmente, é médico-veterinário do Centro de Controle de Zoonoses do Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses da Fundação Municipal de Saúde de Niterói, RJ e professor adjunto do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Veterinária da UFF, Niterói, RJ e do Programa de Pós Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, parceria da UFF, UFRJ, UERJ e Fiocruz.




sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Coronavírus (COVID-19)

Criado em 24/01/2020 - Atualizado em 22/02/2022

O que é COVID-19?

A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. 


O que é o coronavírus?

Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV. Recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa.





Painel de casos da doença COVID-19 (Niterói)

Painel de casos da doença COVID-19 (Estado do Rio de Janeiro)

Painel de casos da doença COVID-19 (Brasil)


Quais são os sintomas da COVID-19?

A infecção pelo SARS-CoV-2 pode variar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves, até quadros moderados, graves e críticos, sendo necessária atenção especial aos sinais e sintomas que indicam piora do quadro clínico que exijam a hospitalização do paciente. De forma geral, os casos podem ser classificados em:

Caso assintomático
Caracterizado por teste laboratorial positivo para covid-19 e ausência de sintomas.

Caso leve
Caracterizado a partir da presença de sintomas não específicos, como tosse, dor de garganta ou coriza, seguido ou não de anosmia, ageusia, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga e/ou cefaleia.

Caso moderado
Os sintomas mais frequentes podem incluir desde sinais leves da doença, como tosse persistente e febre persistente diária, até sinais de piora progressiva de outro sintoma relacionado à covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia), além da presença de pneumonia sem sinais ou sintomas de gravidade.

Caso grave
Considera-se a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Síndrome Gripal que apresente dispneia/desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada de lábios ou rosto). Para crianças, os principais sintomas incluem taquipneia (maior ou igual a 70 rpm para menores de 1 ano e maior ou igual a 50 rpm para crianças maiores que 1 ano), hipoxemia, desconforto respiratório, alteração da consciência, desidratação, dificuldade para se alimentar, lesão miocárdica, elevação de enzimas hepáticas, disfunção da coagulação, rabdomiólise, cianose central ou SpO2 <90-92% em repouso e ar ambiente, letargia, convulsões, dificuldade de alimentação/recusa alimentar.

Caso crítico
Os principais sintomas são sepse, síndrome do desconforto respiratório agudo, síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência respiratória grave, disfunção de múltiplos órgãos, pneumonia grave, necessidade de suporte respiratório e internações em unidades de terapia intensiva.

Complicações
Embora a maioria das pessoas com covid-19 desenvolvam sintomas leves (40%) ou moderados (40%), aproximadamente 15% podem desenvolver sintomas graves que requerem suporte de oxigênio e, cerca de 5% podem apresentar a forma crítica da doença, com complicações como falência respiratória, sepse e choque séptico, tromboembolismo e/ou falência múltipla de órgãos, incluindo lesão hepática ou cardíaca aguda e requerem cuidados intensivos.

A covid-19 pode estar frequentemente associada a manifestações mentais e neurológicas, incluindo delírio ou encefalopatia, agitação, acidente vascular cerebral, meningoencefalite, olfato ou paladar prejudicados, ansiedade, depressão e distúrbios de sono. Em muitos casos, manifestações neurológicas foram relatadas mesmo em pacientes sem sintomas respiratórios.

As manifestações clínicas da covid-19 são geralmente mais leves em crianças do que em adultos. No entanto, em 26 de abril de 2020, o Sistema Nacional de Saúde Inglês (NHS) lançou um alerta relatando uma nova apresentação clínica em crianças, caracterizada como uma síndrome hiperinflamatória que pode levar a um quadro de falência de múltiplos órgãos e choque, denominada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à covid-19. 



Como o coronavírus é transmitido?

Vírus pode ser transmitido durante um aperto de mão (seguido do toque nos olhos, nariz ou boca), por meio da tosse, espirro e gotículas respiratórias contendo o vírus
De acordo com as evidências mais atuais, o SARS-CoV-2, da mesma forma que outros vírus respiratórios, é transmitido principalmente por três modos: contato, gotículas ou por aerossol.

  • A transmissão por contato é a transmissão da infecção por meio do contato direto com uma pessoa infectada (por exemplo, durante um aperto de mão seguido do toque nos olhos, nariz ou boca), ou com objetos e superfícies contaminados (fômites).
  • A transmissão por gotículas é a transmissão da infecção por meio da exposição a gotículas respiratórias expelidas, contendo vírus, por uma pessoa infectada quando ela tosse ou espirra, principalmente quando ela se encontra a menos de 1 metro de distância da outra.
  • A transmissão por aerossol é a transmissão da infecção por meio de gotículas respiratórias menores (aerossóis) contendo vírus e que podem permanecer suspensas no ar, serem levadas por distâncias maiores que 1 metro e por períodos mais longos (geralmente horas).

A epidemiologia do SARS-CoV-2 indica que a maioria das infecções se espalha por contato próximo (menos de 1 metro), principalmente por meio de gotículas respiratórias. Não há evidência de transmissão eficiente para pessoas em distâncias maiores ou que entram em um espaço horas depois que uma pessoa infectada esteve lá.

A transmissão por gotículas menores contendo o SARS-CoV-2 suspensas no ar na comunidade são incomuns, entretanto pode ocorrer em circunstâncias especiais quando uma pessoa infectada produz gotículas respiratórias por um período prolongado (maior que 30 minutos a várias horas) em um espaço fechado. Nessas situações, uma quantidade suficiente de vírus pode permanecer presente no espaço de forma a causar infecções em pessoas que estiverem a mais de 1 metro de distância ou que passaram por aquele espaço logo após a saída da pessoa infectada.

Estas circunstâncias incluem:
  • Espaços fechados dentro dos quais várias pessoas podem ter sido expostas a uma pessoa infectada ao mesmo tempo, ou logo após a saída da pessoa infectada deste espaço.
  • Exposição prolongada a partículas respiratórias, muitas vezes geradas por esforço respiratório (gritar, cantar, fazer exercícios) que aumentam a concentração de gotículas respiratórias em suspensão.
Ventilação ou tratamento de ar inadequados que permitiram o acúmulo de pequenas gotículas e partículas respiratórias em suspensão. Alguns procedimentos médicos em vias aéreas também podem produzir aerossóis que são capazes de permanecer suspensas no ar por períodos mais longos. Quando tais procedimentos são realizados em pessoas com covid-19 em unidades de saúde, esses aerossóis podem conter o vírus, que poderão ser inalados por outras pessoas que não estejam utilizando equipamento de proteção individual (EPI) apropriado.

Período de incubação
O período de incubação é estimado entre 1 a 14 dias, com mediana de 5 a 6 dias.

Período de transmissibilidade
O conhecimento sobre a transmissão da covid-19 está sendo atualizado continuamente. A transmissão da doença pode ocorrer diretamente, pelo contato com pessoas infectadas, ou indiretamente, pelo contato com superfícies ou objetos utilizados pela pessoa infectada. Evidências atuais sugerem que a maioria das transmissões ocorre de pessoas sintomáticas para outras.

Também já é conhecido que muitos pacientes podem transmitir a doença durante o período de incubação, geralmente 48 horas antes do início dos sintomas. Estas pessoas estão infectadas e eliminando vírus, mas ainda não desenvolveram sintomas (transmissão pré-sintomática).

Há alguma evidência de que a disseminação a partir de portadores assintomáticos é possível, embora se pense que a transmissão seja maior quando as pessoas estão pré-sintomáticas ou sintomáticas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), indivíduos assintomáticos têm muito menos probabilidade de transmitir o vírus do que aqueles que desenvolvem sintomas.

Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade é geral, por ser um novo vírus e de potencial pandêmico. Sobre a imunidade, ainda não se sabe por quanto tempo a infecção em humanos irá gerar imunidade contra novas infecções e se essa imunidade pode durar por toda a vida. Evidências atuais sugerem a possibilidade de reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2. Entretanto, reinfecções são incomuns no período de 90 dias após a primo-infecção.

Diagnóstico

Diagnóstico clínico
O quadro clínico inicial da doença é caracterizado como Síndrome Gripal (SG). O diagnóstico pode ser feito por investigação clínico-epidemiológica, anamnese e exame físico adequado do paciente, caso este apresente sinais e sintomas característicos da covid-19. Deve-se considerar o histórico de contato próximo ou domiciliar nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais e sintomas com pessoas já confirmadas para covid-19.

Também se deve suspeitar de casos clínicos típicos sem vínculo epidemiológico claramente identificável.

Essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente para eventual investigação epidemiológica. As características clínicas não são específicas e podem ser similares àquelas causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob a forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo, tais como influenza, parainfluenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório, adenovírus, outros coronavírus, entre outros.

Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado tanto por testes de biologia molecular, sorologia ou testes rápidos.

Biologia molecular: permite identificar a presença do material genético (RNA) do material genético (RNA) do vírus SARS-CoV-2 em amostras de secreção respiratória, por meio das metodologias de RT-PCR em tempo real (RT-qPCR) e amplificação isotérmica mediada por loop com transcriptase reversa (reverse transcriptase loop-mediated isothermal amplification, RT-LAMP).

Sorologia: detecta anticorpos IgM, IgA e/ou IgG produzidos pela resposta imunológica do indivíduo em relação ao vírus SARS-CoV-2, podendo diagnosticar doença ativa ou pregressa. As principais metodologias são: Ensaio Imunoenzimático (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay – Elisa), Imunoensaio por Quimioluminescência (Clia) e Imunoensaio por Eletroquimioluminescência (Eclia).

Testes rápidos: Estão disponíveis dois tipos de testes rápidos, de antígeno e de anticorpo, por meio da metodologia de imunocromatografia. O teste rápido de antígeno detecta proteína do vírus em amostras coletadas de naso/orofaringe, devendo ser realizado na infecção ativa (fase aguda) e o teste rápido de anticorpos detecta IgM e IgG (fase convalescente), em amostras de sangue total, soro ou plasma.

Diagnóstico de Imagem
Imagem (tomografia computadorizada de alta resolução – TCAR): As seguintes alterações tomográficas são compatíveis com caso da covid-19:

OPACIDADE EM VIDRO FOSCO periférico, bilateral, com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”).
OPACIDADE EM VIDRO FOSCO multifocal de morfologia arredondada com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”).
SINAL DE HALO REVERSO ou outros achados de pneumonia em organização (observados posteriormente na doença).

Observações
Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), quando indicada, o protocolo é de uma TC de alta resolução (TCAR), se possível com protocolo de baixa dose. O uso de meio de contraste endovenoso, em geral, não está indicado, sendo reservado para situações específicas a serem determinadas pelo radiologista.




Como se proteger

Diante da emergência ocasionada pelo coronavírus SARS-CoV-2, o reconhecimento da pandemia pela OMS e a declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), o Ministério da Saúde tem estabelecido sistematicamente medidas para resposta e enfrentamento da covid-19.

Entre as medidas indicadas pelo MS, estão as não farmacológicas, como distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes, isolamento de casos suspeitos e confirmados e quarentena dos contatos dos casos de covid-19, conforme orientações médicas.

Ademais, o MS recomenda ainda a vacinação contra a covid-19 dos grupos prioritários conforme o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. Estas medidas devem ser utilizadas de forma integrada, a fim de controlar a transmissão do SARSCoV-2, permitindo também a retomada gradual das atividades desenvolvidas pelos vários setores e o retorno seguro do convívio social.

Informações adicionais podem ser descritas na Portaria GM/MS n° 1.565, de 18 de junho de 2020.

Ressalta-se a necessidade de manutenção das medidas não farmacológicas na prevenção da infecção pelo vírus da covid-19, conforme segue abaixo.

Distanciamento social
Limitar o contato próximo entre pessoas infectadas e outras pessoas é importante para reduzir as chances de transmissão do SARS-CoV-2. Principalmente durante a pandemia, devem ser adotados procedimentos que permitam reduzir a interação entre as pessoas com objetivo de diminuir a velocidade de transmissão do vírus.

Trata-se de uma estratégia importante quando há indivíduos já infectados, mas ainda assintomáticos ou oligossintomáticos, que não se sabem portadores da doença e não estão em isolamento.

Além disso, recomenda-se a manutenção de uma distância física mínima de pelo menos 1 metro de outras pessoas, especialmente daquelas com sintomas respiratórios e um grande número de pessoas (aglomerações) tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados.

Garantir uma boa ventilação em ambientes internos também é uma medida importante para prevenir a transmissão em ambientes coletivos. Segundo o CDC19 e a OMS20, aglomerações representam um risco alto para disseminação do SARSCoV-2. Para isso, considera-se o aglomerado de várias pessoas num mesmo local, onde se torna difícil para as pessoas permanecerem a pelo menos um metro de distância entre elas.

Quanto mais pessoas interagem durante este tipo de evento e quanto mais tempo essa interação durar, maior o risco potencial de infecção e disseminação do vírus SARS-CoV-2. Lugares ou ambientes que favorecem a aglomeração de pessoas devem ser evitados durante a pandemia.

Higienização das mãos
A higienização das mãos é a medida isolada mais efetiva na redução da disseminação de doenças de transmissão respiratória. As evidências atuais indicam que o vírus causador da covid-19 é transmitido por meio de gotículas respiratórias ou por contato. A transmissão por contato ocorre quando as mãos contaminadas tocam a mucosa da boca, do nariz ou dos olhos.

O vírus também pode ser transferido de uma superfície para outra por meio das mãos contaminadas, o que facilita a transmissão por contato indireto. Consequentemente, a higienização das mãos é extremamente importante para evitar a disseminação do vírus causador da covid-19. Ela também interrompe a transmissão de outros vírus e bactérias que causam resfriado comum, gripe e pneumonia, reduzindo assim o impacto geral da doença.

Etiqueta respiratória
Uma das formas mais importantes de prevenir a disseminação do SARS-CoV-2 é a etiqueta respiratória, a qual consiste num conjunto de medidas que devem ser adotadas para evitar e/ ou reduzir a disseminação de pequenas gotículas oriundas do aparelho respiratório, buscando evitar possível contaminação de outras pessoas que estão em um mesmo ambiente.

A etiqueta respiratória consiste nas seguintes ações:
  • Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com as mãos ao tossir ou espirrar. Descartar adequadamente o lenço utilizado.
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Se tocar, sempre higienize as mãos como já indicado.
  • Manter uma distância mínima de cerca de 1 metro de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
  • Evitar abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico.
  • Higienizar com frequência os brinquedos das crianças e aparelho celular. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
  • Evitar aglomerações, principalmente em espaços fechados e manter os ambientes limpos e bem ventilados.
Uso de máscaras em serviços de saúde
O uso universal de máscaras em serviços de saúde deve ser uma exigência para todos os trabalhadores da saúde e por qualquer pessoa dentro de unidades de saúde, independente das atividades realizadas. Todos os trabalhadores da saúde e cuidadores que atuam em áreas clínicas devem utilizar máscaras cirúrgicas de modo contínuo durante toda a atividade de rotina.

Em locais de assistência a pacientes com covid-19 em que são realizados procedimentos geradores de aerossóis, recomenda-se que os profissionais da saúde usem máscaras de proteção respiratória (padrão N95 ou PFF2 ou PFF3, ou equivalente), bem como demais equipamentos de proteção individual.

Uso de máscaras na população em geral
O uso de máscara facial, incluindo as de tecido, é fortemente recomendado para toda a população em ambientes coletivos, em especial no transporte público e em eventos e reuniões, como forma de proteção individual, reduzindo o risco potencial de exposição do vírus especialmente de indivíduos assintomáticos.

As máscaras não devem ser usadas por crianças menores de 2 anos ou pessoas que tenham dificuldade para respirar, estejam inconscientes, incapacitadas ou que tenham dificuldade de remover a máscara sem ajuda. Recomenda-se lavar as mãos antes de colocar a máscara, colocando-a sobre o nariz e a boca, prendendo-a sob o queixo.

A pessoa deve ajustar a máscara confortavelmente pelas laterais do rosto, e certificar-se que consegue respirar normalmente. As máscaras não devem ser colocadas em volta do pescoço ou na testa, e ao tocá-la, deve-se lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% para desinfecção. Para pessoas sintomáticas recomenda-se o uso de máscaras cirúrgicas como controle da fonte.



Dicas para viajantes

Caso você precise viajar, avalie a real necessidade. Se for inevitável viajar, previna-se e siga as orientações das autoridades de saúde locais.

Ao voltar de viagens internacionais ou locais recomenda-se:
  • Reforçar os hábitos de higiene e proteção como a utilização de máscara, higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel 70 %.
  • Caso apresente sintomas de gripe, busque atendimento nos serviços de saúde, e evite contato com outras pessoas.

Estou doente:  o que fazer?

Se estiver doente, com sintomas compatíveis com a COVID-19, tais como febre, tosse, dor de garganta e/ou coriza, com ou sem falta de ar, procure imediatamente um atendimento nos serviços de saúde e siga as orientações médicas. O atendimento imediato pode salvar vidas.

Além disso, ao sinal de qualquer sintoma, evite qualquer contato físico com outras pessoas, incluindo familiares, principalmente, idosos e doentes crônicos.

Confira outras orientações:
  • Utilize máscara o tempo todo.
  • Se for preciso cozinhar, use máscara de proteção, cobrindo boca e nariz todo o tempo.
  • Depois de usar o banheiro, nunca deixe de lavar as mãos com água e sabão e sempre limpe vaso mantendo a tampa fechada, pia e demais superfícies com álcool, água sanitária ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa -  para desinfecção do ambiente.
  • Separe toalhas de banho, garfos, facas, colheres, copos e outros objetos apenas para seu uso.
  • O lixo produzido precisa ser separado e descartado.
  • Evite compartilhar sofás e cadeiras e realize limpeza e desinfecção frequente com água sanitária ou álcool 70% ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
  • Mantenha a janela aberta para circulação de ar do ambiente usado para isolamento e a porta fechada, limpe a maçaneta frequentemente com álcool 70%, água sanitária, ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Caso o paciente não more sozinho, recomenda-se que os demais moradores da residência durmam em outro cômodo, seguindo também as seguintes recomendações:
  • Mantenha a distância mínima de 1 metro entre a pessoa infectada e os demais moradores.
  • Limpe os móveis da casa frequentemente com água sanitária, álcool 70% ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
  • Se uma pessoa da casa tiver diagnóstico positivo, todos os moradores devem ficar em distanciamento conforme orientação médica.

Serviço de Saúde

Procure um serviço de saúde caso apresente sintomas de síndrome gripal.

Fontes:  

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O uso abusivo de antibióticos em animais de estimação






A população de animais de estimação, os chamados ‘pets’, cresce no Brasil. Em 2013, segundo dados do IBGE, publicado em seu relatório “População de animais de estimação no Brasil”, o país tinha 132,4 milhões de ‘pets’, sendo o terceiro país no mundo em animais de estimação; o segundo em número de cães, gatos e aves canoras e ornamentais. Dados atualizados do Instituto Pet Brasil informam que, em 2018, a população estimada de ‘pets’ era de 139,3 milhões.

Para se ter uma ideia, o crescimento da população brasileira entre 2013 e 2018, conforme os dados do IBGE, foi de 4,25%, já o de animais de estimação para o mesmo período foi de 5,21%. E esse aumento se reflete na indústria, que movimentou em 2018, 20,3 bilhões de reais, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação – Abinpet.

E quando se fala na saúde dos animais, para o período de 2017-2018, esse aumento foi de 10% para o chamado ‘Pet Vet’, que compreende “as indústrias e integrantes da cadeia de distribuição de medicamentos veterinários” (e não estão incluídos aí os atendimentos veterinários, os chamados ‘Pet Serv’, que abrangem o comércio e serviços para animais de estimação).


Saúde animal

Doenças como otites, infecção renal, Erlichiose (a doença do carrapato), dentre outras, são extremamente comuns aos ‘pets’ e o receituário de antibióticos se faz necessário. Contudo, a automedicação de antibióticos feita pelos donos de animais pode induzir a uma falsa cura e piorar a saúde dos ‘pets’. Para falar sobre o tema, o projeto Fiocruz no Ar ouviu o médico veterinário e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Abílio, que explicou os riscos do uso abusivo de antibióticos nos ‘pets’.


SoundCloud Fiocruz no Ar: https://soundcloud.com/user-881543515/fiocruz-no-ar-antibioticos-e-pets






Sobre o Projeto Fiocruz no Ar

O Projeto Fiocruz no Ar produz podcasts para serem distribuídos para rádios interessadas em veicular – gratuitamente – informação de qualidade, tendo como referência a expertise de 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, do Ministério da Saúde. A distribuição do material também é feita pelo Whatsapp, para que a informação chegue a um maior número de pessoas.

O Projeto é uma iniciativa da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação -VPEIC, da Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Saúde.



Fonte:  Fiocruz

Arenavírus (Febre Hemorrágica)


O que é o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O Arenavírus é um tipo de Febre Hemorrágica, doença extremamente rara e de alta letalidade. No Brasil, o último relato da infecção foi há mais de 20 anos, quando quatro casos em humanos foram registrados, sendo três deles em ambiente silvestre no estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial no Pará.



Quais são os tipos de Febre Hemorrágica?


As febres hemorrágicas estão presentes em todo o mundo e são classificadas em seis tipos, sendo um deles o Arenavírus.

  • Flaviviridae (febre hemorrágica de Omsk, febre da floresta de Kyasanur, dengue hemorrágico/síndrome de choque do dengue e febre amarela).
  • Nairoviridae (febre hemorrágica do Congo e da Criméia).
  • Phenuiviridae (febre do Vale Rift).
  • Hantaviridae (febre hemorrágica com síndrome renal por hantavírus e síndrome pulmonar e cardiovascular por hantavírus).
  • Arenaviridae (febres hemorrágicas dos vírus Junin, Machupo, Guanarito e Sabiá na América do Sul e do vírus Lassa na África) - Arenavírus.
  • Filoviridae (febres hemorrágicas dos vírus Marburg e Ebola).


Quais são os sintomas do Arenavírus?


O período de incubação do vírus, ou seja, tempo em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção, é longo - dura de 7 a 21 dias. Os principais sintomas do arenavírus são:

  • Febre.
  • Mal-estar.
  • Dores musculares.
  • Manchas vermelhas pelo corpo.
  • Dor de garganta.
  • Dor no estômago.
  • Dor atrás dos olhos.
  • Dor de cabeça.
  • Tonturas.
  • Sensibilidade à luz.
  • Constipação (previsão de ventre).
  • Sangramento de mucosas, como boca e nariz.

IMPORTANTE: Em casos mais graves, o Arenavírus (Febre Hemorrágica) pode provocar alterações neurológicas e grave comprometimento hepático, trazendo sinais de sonolência, confusão mental, alteração de comportamento, convulsão e até hepatite.

O acometimento neurológico produz hiporreflexia, tremores e outras alterações do sistema nervoso central (SNC) como meningite e encefalopatias.


O que causa o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


As pessoas contraem o Arenavírus (Febre Hemorrágica) principalmente por meio da inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados.

A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções.

Procedimentos de geração de aerossóis, como intubação orotraqueal, ventilação mecânica não invasiva e aspiração das vias aéreas superiores, também estão envolvidos na transmissão de humano para humano.

IMPORTANTE: Eventualmente, pode ocorrer transmissão ao homem por contato direto com roedores, por meio de mordeduras.


Como é feito o diagnóstico do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O diagnóstico laboratorial específico para Arenavírus inclui as seguintes técnicas:

  • Isolamento viral em cultura de células e camundongos recém-nascidos;
  • Detecção do genoma viral através das técnicas de RT-PCR convencional e em tempo real;
  • Sequenciamento parcial ou total do genoma viral;
  • Detecção de anticorpos da classe IgM pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA).

É importante lembrar que os Arenavírus são agentes infecciosos classificados como nível de biossegurança 4 (alto risco de contaminação), isso quer dizer que para manipulação desse vírus em laboratório é necessário cuidado especial devido a possibilidade de infectar os trabalhadores, visto o potencial de transmissão por aerossóis (inalação de partículas presentes no ar) ou contato com amostras clínicas contaminadas.

Diante da avaliação crítica em relação à Biossegurança e Biocontenção, o Instituto Evandro Chagas/SVS/MS (Laboratório de Referência Nacional para Febres Hemorrágicas Virais) poderá realizar apenas o diagnóstico molecular através do RT-PCR convencional e o sequenciamento do genoma viral, uma vez que possui um Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3), com aporte de uma cabine de segurança Classe III (que são normalmente usadas em laboratórios NB4) e profissionais de saúde com treinamentos específicos para a realização desses exames.





Como é feito o tratamento do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O tratamento é feito com base nos sintomas de cada paciente. Tem-se utilizado o medicamento "ribavirina" para o tratamento dos casos provocados pelo arenavírus, sendo mais eficaz quando aplicado precocemente. Acredita-se que outros vírus das febres hemorrágicas também são sensíveis a esse antiviral.

ATENÇÃO: No caso de suspeita, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, procure imediatamente um serviço de saúde com urgência para orientação e início do tratamento.


Como prevenir o Arenavírus (Febre Hemorrágica)


A melhor forma de prevenir o arenavírus e febres hemorrágicas é evitando o contato com roedores (ratos) silvestres encontrados em áreas rurais e de mata. 

Aos profissionais de saúde recomenda-se o uso de equipamentos de proteção individual:

  • luvas;
  • gorros;
  • aventais descartáveis;
  • óculos protetor;
  • máscara N95.

É necessário também haver um controle de infecção, desinfecção e exposição de risco. Detergentes e desinfetantes comuns (hipoclorito de sódio, glutaraldeído, álcool etílico a 70%, lisofórmio) e luz ultravioleta eliminam o vírus.

A desinfecção das mãos deve ser realizada antes e após o contato com os pacientes.



Principais dúvidas sobre Arenavírus (Febre Hemorrágica)


1 - O impacto do Arenavírus sobre a saúde pública é grave?

A confirmação deste único caso é considerada um evento de saúde pública grave, pois no Brasil, a primeira e única vez em que foi relatado casos de febre hemorrágica provocados por vírus do gênero Arenavírus foi no início da década de 1990. Neste evento de saúde foi identificado um novo vírus da família Arenaviridae, do gênero Mammarenavirus, o vírus Sabiá. Considerando a família, este vírus pode apresentar alta patogenicidade e letalidade. Este fator representa um risco significativo para a saúde pública, ainda que nenhum caso secundário tenha sido identificado até este momento da investigação.

Nesse momento, não existe a necessidade de apoio externo dos organismos internacionais.

2 - O Arenavírus é incomum ou inesperado?

Este evento é classificado como incomum ou inesperado, por se tratar de um caso que envolve um agente patológico que não é identificado no território brasileiro há mais de 2 décadas.

3 - Há risco significativo de propagação nacional e internacional?

Até o momento, as investigações epidemiológicas apontam para um único caso restrito a uma região do país. Caso procedente de Sorocaba/SP, com histórico de viagem para Itapeva/SP, Itaporanga/SP, locais prováveis de infecção, além de Eldorado/SP e Pariquera-Açu/SP, na região do Vale do Ribeira. Sem histórico de viagem internacional.

4 - Há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais?

Não há risco para trânsito de pessoas, bens ou mercadorias a nível nacional ou internacional. Este evento é isolado e sua transmissão é restrita. Este é o quarto caso identificado em décadas, desde a ocorrência do primeiro caso de vírus Sabiá no início de 1990.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sinal de alerta para dengue tipo 2 no Rio de Janeiro





A prevenção é o melhor remédio: com dez minutos por semana é possível proteger sua família


Controlar a disseminação do mosquito Aedes aegypti nas grandes concentrações urbanas é um dos principais desafios da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) em 2020. Segundo o médico Alexandre Chieppe, da SES-RJ, a preocupação é, sobretudo, com o retorno do sorotipo 2 do vírus da dengue, que deve circular principalmente na Capital, na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana, e com a interiorização da transmissão da chikungunya.

De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES-RJ, este ano já foram identificados três casos de dengue, nove de chikungunya e nenhum de Zika. Em 2019 foram notificados, em todo o estado, 32.514 casos de dengue, 1.556 de Zika e 86.187 de chikungunya. “Desde o início de 2019 temos um plano de contingência que conta com uma equipe de resposta rápida, formada por médicos e enfermeiros, a postos para atender a população dos 92 municípios fluminenses 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirma Chieppe.

Para fortalecer ações de vigilância e controle do mosquito, o secretário de estado Saúde, Edmar Santos, informou que providenciará o repasse de R$ 11 milhões aos municípios fluminenses. O cofinanciamento visa garantir a estrutura básica para a execução de ações de vigilância e controle do Aedes aegypti nos municípios, como compra de veículos, equipamentos e qualificação da Vigilância Epidemiológica.


Prevenção em 2020

Além da continuidade do plano de contigência, a SES-RJ inicia parceria com o Corpo de Bombeiros Militar para verificação de criadouros do mosquito Aedes aegypti em toda Região Metropolitana por meio de drones. Outra iniciativa para promover a prevenção da proliferação do mosquito é a campanha “10 minutos contra dengue”, que traz uma mensagem simples e incentivadora à população: com apenas 10 minutos por semana é possível proteger sua casa e sua família.

“O ovo do mosquito Aedes aegypti leva, em média, sete dias para chegar à fase adulta, em que o inseto se torna vetor dos vírus da dengue, Zika e chikungunya. Por isso, vasos de plantas, calhas de chuva, garrafas vazias, bandejas de condicionadores de ar e todos os recipientes de água que podem se tornar criadouros do mosquito devem ser inspecionados, pelo menos, uma vez por semana. E em 10 minutos é possível executar essa rotina”, orienta Chieppe.


Saiba mais:

Dengue tipo 2 é a grande preocupação deste verão






segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

POMBOS URBANOS: ZOONOSES E CONTROLE.






QUEM SÃO OS POMBOS URBANOS?


O pombo doméstico e o pombo correio são uma variedade do pombo das rochas do mediterrâneo, Columba lívia. São encontrados no mundo todo, exceto nas regiões polares.

Já eram criados há 5000 anos pelos asiáticos. Chegaram ao Brasil trazidos por imigrantes europeus no século XVI como ave doméstica, adaptando-se muito bem aos grandes centros urbanos, devido a facilidade de encontrar alimento e abrigo.


Biologia

Vivem de 10 a 30 anos na natureza, e somente 2 a 4 anos nas cidades, devido a doenças provocadas pela alimentação não natural e ao desequilíbrio de sua população.

Formam casais por toda a vida, tendo 5 a 6 ninhadas por ano, cada uma com até 2 filhotes. Os ovos são incubados por 17 a 19 dias e os filhotes tornam – se adultos entre os 4 e 8 meses de idade.

As aves jovens são alimentadas pelos pais com leite do papo e os grãos são introduzidos em tamanhos crescentes. Quando na natureza comem também insetos, vermes, frutos e sementes de árvores e plantas.

Podem comer restos de alimentos como arroz cru ou cozido, pão, ração de animais e sobras alimentares no lixo e sementes recém-lançadas nas plantações. 

Assim como as rolas, os pombos emitem sons característicos, os arrulhos.  Os filhotes aprendem com os pais e jovens do bando, e seguem com os pais até os 45 dias de vida.


Hábitos

Utilizam como abrigo locais altos, como torre de igreja, forro de telhado, topo e beirais de edifícios, vão de instalação de ar condicionado, entre outros espaços. Escolhem estes locais estrategicamente, de modo que possam usá-los como abrigo e ponto de observação de sua vizinhança e da fonte de alimento, que fica num raio de, no mínimo, 200 m em locais onde há fartura de alimento.



QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELOS POMBOS?


PROBLEMAS AMBIENTAIS

•  Suas fezes ácidas além de sujar, danificam pinturas, superfícies metálicas, fachadas e monumentos;
•   Cada pombo produz cerca de 2,5 kg de fezes ao ano;
•   Provocam entupimento de calhas e apodrecimento de forros de madeira, pelo acúmulo de ninhos e fezes;
•   Podem contaminar grãos e alimentos, em silos e indústrias;
•   Barulho que incomoda no forro das casas;
•  Em locais onde os pombos são alimentados, ocorre proliferação de ratos, baratas e moscas devido às sobras de alimentos que ficam no chão e às fezes que atraem moscas.
•   Invasão de recintos de outros animais;
•   Transmissão de doenças a pessoas e a estoques de aves de granja, zoos e criadouros.




DOENÇAS


Criptococose 
•   Agente:  Cryptococus neoformans
•   Micose Sistêmica que pode atingir os sistemas respiratório e nervoso;
•  Transmissão pelo ar contaminado. Ao aspirar poeira gerada pelas fezes contaminadas com esporos do fungo oriundos das aves, 
•  Muitas vezes é confundida com outras infecções principalmente gripe e meningite;
•  Os sintomas podem variar de dois dias a mais de 18 meses. Na forma sistêmica, a criptococose apresenta frequentemente a meningite subaguda ou crônica, caracterizada por:  febre, fraqueza,  dor no peito, rigidez de nuca, dor de cabeça, náusea, vômito, sudorese noturna, confusão mental, alterações de visão, pode haver comprometimento ocular, pulmonar e ósseo.  A forma cutânea representa de 10% a 15% dos casos, e apresenta os seguintes sinais e sintomas:  aparecimento de várias lesões avermelhadas, contendo secreção amarelada no centro, semelhante à espinha; aparecimento de erupções cutâneas vermelhas em uma região específica ou por todo o corpo; ulcerações ou massas subcutâneas, semelhante a tumores.

IMPORTANTE:  Em pacientes imunocompetentes, observa-se meningoencefalite de forma aguda ou crônica, com dor nos olhos e na cabeça, usualmente sem febre ou quadro febril pouco expressivo, que evolui para dor de cabeça intensa e presença de sinais mais graves, como estrabismo, paralisia facial e cegueira total ou parcial.





Histoplasmose 
•   Micose sistêmica causada por Histoplasma capsulatum;  
•   Infecção endêmica nas Américas;
•   Transmissão pelo ar contaminado com esporos do fungo oriundos de fezes das aves; 
•  Pode causar sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, ínguas, ulcerações pelo corpo, anemia e pneumonia (infecção pulmonar).


Psitacose ou Ornitose 
•   Tem como principal agente uma bactéria denominada Chlamydia psittaci;
•   Doença característica de aves, mas que pode infectar o homem através de excreções (fezes pex.) e secreções (sangue, muco digestivo etc.) das aves;
•  Podendo causar desde uma simples alergia respiratória até uma grave broncopneumonia.


Salmonelose 
•   Causada por bactérias do gênero Salmonella (S. typhimuriumS. enteritidis e S. newport);
•   Transmitida principalmente através de alimentos e água contaminados;
•   Principais sintomas: náuseas, diarréia, dores de cabeça, cólicas abdominais e febre. 
•   Pode causar sepse (infecção generalizada);
•   Pode levar a morte por desidratação. 


Dermatites
•   Causadas por ácaros Ornithonyssus sp
•   Parasitose acidental transmitida pelo ácaro (piolho de pombo);
•   Principais sintomas:  erupções e coceira na pele semelhante às picadas de insetos.


Alergias
•   Agentes: poeira com resíduos orgânicos (penas, plumas, escamas e pele, secreções corporais, pó das penas, excrementos) e exposição aos ectoparasitos de animais (ácaros de pele e pena, carrapatos, piolhos, pulgas e moscas);
•   Fonte: aves, em especial, os pombos porque chegam perto demais das janelas, das caixas de ar condicionado onde há pessoas alérgicas;
•   Sensibilização: pela inalação, pelo contato com os agentes irritantes e pela picada dos ectoparasitos;
•   Patologias: podem produzir diversos sintomas, que vão desde irritação e pruridos na pele e corizas, até sufocação por edema de glote. É comum a bronquite asmática alérgica, principalmente em crianças e idosos;
•  Pessoas com doença pulmonar crônica podem sofrer muito com a proximidade das aves.

Atenção! O pombo não transmite a Toxoplasmose para o homem, salvo se apresentar cistos do protozoário e for comido semi-cru.


PROCEDIMENTOS PARA LIMPEZA DE LOCAIS COM FEZES DE POMBOS


•   PROTEGER O NARIZ E A BOCA com máscara ou pano úmido e utilizar luvas, quando for fazer a limpeza de locais onde estejam acumuladas fezes e ninhos de pombos
•  ANTES E DEPOIS DA LIMPEZA: Umedecer bem as fezes com solução desinfetante a base de cloro (água sanitária diluída em água em partes iguais).


POR QUE É CRUELDADE ALIMENTAR POMBOS?


•   Pombos em superpopulação vivem menos e mal;
•   Pombos superalimentados procriam mais e mais...
•  Pombos alimentados nas praças tornam-se preguiçosos e comem pior (menor variedade de itens, dieta não balanceada), embora comam muito (pombo mendigo x pombo caçador);
•   Perfil dos alimentadores de pombos: pessoas idosas e solitárias.






Pombos em superpopulação têm vida estressante devido a:
•  Disputas por alimentos, no lugar da caça sadia, pelos abrigos e poleiros ideais, e por nichos de nidificação (ação de construir ninhos);
•   Intensa troca de doenças e traumatismos (pisoteio);
•   Queda da qualidade de vida (curta e sofrida);
•   Escravidão à generosidade humana (o mais cruel).




CONTROLE DE POMBOS


Medidas de controle populacional de pombos devem ser implementadas, como, por exemplo, reduzir a disponibilidade de alimento, água e, principalmente, acesso e abrigos

•   Não alimentar os pombos para que eles tenham sua função na natureza e sua população permaneça controlada;
•  Recolher sobras de alimentos de animais domésticos, aves de gaiola e criações, para não atrair pombos ou ratos e baratas;
•   Modificação do ambiente.  Alguns exemplos:


Instalação de tela em locais de lixeiras e caixas d’água, nos vãos dos prédios e telhados, e em dutos de ventilação para impedir a entrada dos pombos.








Colocar fio de nylon nos beirais a 10 cm de altura.  Em beirais largos, colocar mais de 1 fio de nylon a cada 3 cm.








Modificação da superfície de apoio das aves para que fique com inclinação de mais de 60 graus.





Objetos brilhantes e com movimento como festão de natal, bandeirolas, móbiles de CD, e manequins de predadores (gavião, coruja), assustam as aves e as afastam do local por algum tempo.
     






Toda atividade desenvolvida deve ser cuidadosamente planejada, para evitar a morte das aves ou seu sofrimento, obedecendo aos artigos 29 a 32 da Lei Federal no. 9.605 de fevereiro de 1998, é proibido usar iscas envenenadas, é crime de crueldade com os animais e muito perigoso para crianças, outros animeis e para o meio ambiente.







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Saiba mais:

- LIGADO EM SAÚDE;   Prevenção de doenças transmitidas por pombos. Fiocruz.  https://youtu.be/5_SsJhE4kiQ
- MINISTÉRIO DA SAÚDE;  Criptococose: causas, sintomas, tratamento e prevenção.  http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/criptococose
- NORONHA, MARIA LUÍSA MARINHO DE.;   Pombos urbanos: biologia, problemas, manejo e controle. Unidade de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman. Rio de Janeiro. 2011.
- PARODI, EUNICE SANTOS MARTINI.;  Manejo de pombos urbanos.  Centro de Controle de Zoonoses. São Paulo.2003.
- TV UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL; Pesquisa sobre fungos nas fezes de pombos. https://www.youtube.com/watch?v=98BV-kLHV7A