terça-feira, 27 de abril de 2021

ZOONOSES: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

A definição clássica de zoonoses é a de doenças que são transmitidas de animais para humanos, ou de humanos para os animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define zoonoses como “Doença infecciosa que passou de um animal não humano para o homem” (OMS, 2020). Exemplo: Raiva, Leptospirose, Toxoplasmose, Leishmaniose, entre outros.

Os patógenos zoonóticos podem ser bacterianos, virais ou parasitários, ou podem envolver agentes não convencionais e podem se espalhar para os humanos por meio do contato direto ou através de alimentos, água ou meio ambiente. Eles representam um grande problema de saúde pública em todo o mundo devido à nossa estreita relação com os animais na agricultura, como companheiros e no ambiente natural. As zoonoses também podem causar interrupções na produção e no comércio de produtos de origem animal para alimentação e outros usos.

As zoonoses constituem uma grande porcentagem de todas as doenças infecciosas recém-identificadas, bem como de muitas doenças existentes. Algumas doenças, como o HIV, começam como zoonoses, mas depois se transformam em cepas exclusivamente humanas. Outras zoonoses podem causar surtos de doenças recorrentes, como o vírus Ebola e a salmonelose. Outros ainda, como o novo coronavírus que causa o COVID-19, têm potencial para causar pandemias globais.


HISTÓRICO 

Admite-se que as zoonoses ocorram desde os tempos pré-históricos da humanidade, no entanto é no período neolítico, a partir de oito mil anos antes de Cristo, que as condições favoráveis para transmissão de agentes de doenças transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos se ampliaram, pois foi nesta ocasião que se iniciou estruturação da agricultura, a domesticação dos animais e o há o início da vida urbana organizada em aldeias.

Outro momento na história da humanidade atribuído como importante para a ocorrência e expansão das zoonoses é o período da Idade Média, (800 a 1200 anos depois de Cristo), quando se estruturaram as cidades medievais dentro dos castelos feudais que passaram a reunir condições próprias representadas por: aglomeração de pessoas, alimentos e resíduos que favoreceram o crescimento das populações de animais sinantrópicos, ou seja animais indesejáveis que ocupam o mesmo ambiente utilizado pelos seres humanos. Destes o principal exemplo são os representantes da família Muridae, roedores originários da Ásia que se distribuíram pelo mundo todo através das navegações. Esta condição explica as grandes epidemias de Peste Bubônica, registradas durante a Idade Média.

Após a Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas, e a Organização Mundial de Saúde, foi proposta a criação de um setor específico denominado de Saúde Pública Veterinária, que tem por objetivo a coordenação de ações destinadas a: 1) prevenção e controle de zoonoses; 2) higiene alimentar com prevenção das toxinfecções de origem alimentar; 3) prevenção e controle da poluição ambiental de origem animal e 4) medicina comparativa, que objetiva o avanço no conhecimento de doenças humanas com o estudo de condições comparáveis em animais.


CLASSIFICAÇÃO DAS ZOONOSES

Mais de 200 doenças transmissíveis enquadram-se na definição de zoonoses proposta pela Organização Mundial de Saúde. Desta forma, para facilitar o estudo deste grupo de doenças, diversas classificações tem sido propostas:

Classificação das zoonoses segundo o sentido da transmissão:

Antropozoonoses: Agentes de doenças que são perpetuados pela transmissão entre animais porém que podem eventualmente acometer seres humanos. Exemplo:  Raiva.

 



Zooantroponoses: Agentes de doenças que são perpetuados pela transmissão entre seres humanos porém que podem eventualmente acometer animais. Exemplo:  Tuberculose em animais pelo Mycobacterium tuberculosis, bacilo do tipo humano.


 

Anfixenoses: Agentes de doenças que se transmitem com igual intensidade entre animais, entre os seres humanos e também entre animais e seres humanos. Exemplo: COVID-19, Estafilococose.

 




Classificação das zoonoses segundo os ciclos de manutenção do agente etiológico

Zoonoses diretas: o agente pode persistir com passagens sucessivas por uma única espécie de animal vertebrado . Exemplo, raiva canina.

 


Ciclozoonoses: o agente necessita obrigatoriamente passar por duas espécies distintas de animais vertebrados para que o seu ciclo se complete. Exemplo, complexo Equinococose-Hidatidose. Dentre as ciclozoonoses são consideradas Euzoonoses as doenças em que o ciclo biológico completo do agente etiológico necessita obrigatoriamente da passagem por seres humanos e animais, exemplo Complexo Teniase-Cisticercose, e Parazoonoses, doenças em que o ciclo biológico pode se completar com dois animais vertebrados, porém, que eventualmente podem atingir seres humanos, exemplo Complexo Equinococose-Hidatidose.

 


Metazoonoses: o agente necessita passar por hospedeiro invertebrado para que o seu ciclo se complete. Exemplos, Febre Maculosa; Encefalite Eqüina Americana; Doença de Chagas, Leishmanioses.

 


Saprozoonose: o agente necessita passar por transformações que ocorrem no ambiente externo em ausência de parasitismo. Exemplos, Toxoplasmose, Toxocaríase.

 


***

Fontes:

VASCONCELLOS, Silvio Arruda. ZOONOSES: conceito. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade de São Paulo [s.d]. 

http://www.cevisa.ibiuna.sp.gov.br/Arquivos%20para%20baixar/zoonosesconceito.pdf

ZOONOSES.  Organização Mundial de Saúde    

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/zoonoses#:~:text=A%20zoonosis%20is%20any%20disease,from%20vertebrate%20animals%20to%20humans


Fonte das imagens:  
Apresentação do Professor Hélio Langoni – Introdução ao Estudo das Zoonoses – VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE –VISTORIA ZOOSANITÁRIA – ZOONOSES

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Epidemiologia da Raiva - A Importância dos Morcegos

 


Neste vídeo vamos assistir a apresentação Epidemiologia da Raiva - A Importância dos Morcegos de Juliana Kawai - Instituto Pasteur - SP para o I Seminário de Saúde Única.



quinta-feira, 15 de abril de 2021

TOXOPLASMOSE

O que é?

Doença infecciosa, não contagiosa, sistêmica causada pelo Toxoplasma gondii, constituindo-se numa importante zoonose do ponto de vista da saúde pública. Tem como agente infeccioso o Toxoplasma gondii,  uma espécie de protozoário, parasito intracelular obrigatório, da família Sarcocystidae, que infecta grande variedade de aves e mamíferos, inclusive o homem.

O parasito foi descoberto em 1908, por Nicolle & Manceaux, no Gondi, roedor do norte da África, porém sabe-se que quase ao mesmo tempo Splendore descobriu o parasito em coelho no Brasil (REY, 2008). Devido à sua morfologia arqueada, o T. gondii recebeu o nome toxoplasma que vem do grego toxo (arco) e plasma (molde), sendo a palavra gondii referente ao roedor.



É encontrada mundialmente, exceto em algumas ilhas do Pacífico onde não existem gatos. A existência destes animais, ainda que em pequeno número, é o suficiente para que haja ampla dispersão dos oocistos. 

Não é transmitida diretamente de um indivíduo a outro, exceto no útero. A carne contaminada com os cistos permanece infectante enquanto apresentar condições de ser consumida, exceto quando congelada por vários dias.


Ciclo da doença

No intestino delgado dos gatos (hospedeiros definitivos) ocorre a reprodução assexuada (esquizogônica) e sexuada (gametogonia), produzindo oocistos não esporulados. Quando liberados no solo e no meio ambiente pelas fezes, necessitam de 1 a 5 dias, em condição ideais de temperatura e umidade, para esporularem, ou seja, tornarem-se infectantes. Nessa espécie, o protozoário completa o seu ciclo, sendo que o felino contrai a infecção ao comer carnes cruas, ratos ou pássaros contaminados.

O homem, cão, aves domésticas e outros animais são hospedeiros intermediários e se infectam por meio da ingestão de cistos em carnes cruas ou malcozidas, ingestão de oocistos presente em alimentos mal higienizados, água contaminada ou transmissão congênita.

Os casos agudos são geralmente, limitados e têm cura, porém o protozoário persiste por toda a vida da pessoa e pode ou não manifestar em outro momento, com sintomas variados.


Transmissão

A infecção pelo Toxoplasma é muito comum no homem, nos animais domésticos e silvestres. A toxoplasmose pode ser transmitida de forma adquirida ou congênita, sobressaindo 3 formas de contágio: pela ingestão de carne crua ou mal cozida de animais parasitados contendo cistos teciduais, especialmente do porco, do boi e do carneiro; pela ingestão de oocistos contaminantes na água e alimentos, provenientes do solo, lixo e de qualquer local onde os felinos, principalmente gatos defecam, ou por transmissão direta, afetando sobretudo as crianças pelo manuseio da terra e areia, em suas brincadeiras, e pela transplacentária do protozoário, acontecendo quando as mulheres se infectam entre a concepção e o sexto mês de gestação.




Sintomas

A maioria dos indivíduos adultos tolera o parasitismo, tornando a infecção primária frequentemente assintomática ou pouca sintomática. Portanto, a forma adquirida é geralmente benigna, com linfadenopatia localizada ou generalizada e, às vezes, febre. As manifestações graves incluem sinais cerebrais, pneumonite, comprometimento muscular generalizado e morte.

A toxoplasmose congênita determina processo fetal agudo, subagudo ou crônico, com altas taxas de morbidade e mortalidade do feto. As lesões oculares e cerebrais são encontradas em alta proporção nos pacientes com toxoplasmose congênita. O diagnóstico depende de uma combinação entre a informação clínica e os dados laboratoriais. Frequentemente são pesquisados os níveis de anticorpos para o Toxoplasma gondii, por imunodiagnóstico.


Diagnóstico

O diagnóstico de toxoplasmose é complexo e, em muitos casos, é difícil diferenciar infecção aguda e crônica. Os métodos utilizados são por meio do rastreamento sorológico de anticorpos das classes IgM, IgG, IgA e Teste de avidez do IgG.

•  Em gestantes, o rastreamento sorológico de anticorpos anti T.gondii é feito no pré-natal e também a cada trimestre da gestação. O Teste de avidez até 16ª semana ajuda avaliar entre infecções aguda e adquiridas recentemente. De acordo com a idade gestacional faz a amniocentese e avaliação do líquido amniótico por PCR, se possível.

•  Em RN, a toxoplasmose é importante causa de morbidade e mortalidade infantil. A triagem sorológica ou rastreamento precoce através das classes de imunoglobulinas, IgG. IgM e IgA é imprescindível para suspeição e a realização de exames complementares. Atualmente foi implantado a pesquisa de anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii no sangue colhido em papel filtro para o teste de triagem neonatal, teste do pezinho ampliado.


Tratamento

A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imunidade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento para combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já tenham desenvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são encaminhados para acompanhamento médico especializado.

Em caso de toxoplasmose na gravidez, é importante o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem repassadas pelas equipes de saúde.


Prevenção

ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

•  Não ingerir carnes cruas, malpassadas ou malcozidas, incluindo os frutos do mar como por exemplo mariscos - (restaurantes, açougues, feiras, etc);

•  A maioria das carnes devem ficar congeladas antes do consumo por por 3 dias, a 15º negativos;

•  Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, toda superfície que entrou em contato com o alimento e todos utensílios utilizados;

•  Não consumir leite e seus derivados crus (não pasteurizados);


FRUTAS E VERDURAS

•  Lavar bem frutas, legumes e verduras com água filtrada antes de consumir;

• A lavagem adequada inclui a escovação dos alimentos e a limpeza das superfícies de cozimento e os utensílios após o contato dos alimentos;

ÁGUA

•  Consumo de água 100% potável;

•  Fervura da água: antes de consumir a água é indicado o uso de filtros e a fervura, por 5 minutos, como tratamento adicional, principalmente em situações de surto da doença;

•  Manter os reservatórios bem fechados, limpeza periódica das caixa de água periodicamente, mantê-las bem vedada para minimizar os riscos de contaminação.


MEIO AMBIENTE

•  Cobrir as caixas de areia das crianças quando não usam para evitar que os gatos a utilizem;

•  As mulheres grávidas e os indivíduos com baixa imunidade devem usar luvas ao jardinar;

•  Grávidas tutoras de felinos devem evitar que as fezes nas caixas de areia permaneçam por mais de 1 dia;

•  Cuidados para quem tem gatos: Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que estes ingiram sua caça; a caixa de areia com dejetos deve ser renovada a cada 3 dias e colocada no sol com frequência; evitar contato com lixo que tem presença de fezes de gato;

•  Não alimente gatos com carne crua ou malpassada;

•  Mulheres grávidas e indivíduos com baixa imunidade devem evitar manusear as caixas de areia;

•  Se não houver mais ninguém disponível para trocar a areia, use, se possível, máscaras faciais e luvas, além de lavar bem as mãos com sabão e água tratada adequadamente;

•  Usar fontes de água com qualidade e adequadamente tratadas para os animais.



Fontes:

Ministério da Saúde

Fiocruz

Secretaria de Saúde /Prefeitura de São Paulo


Imagens:

http://lineu.icb.usp.br/~farmacia/ppt/Toxoplasmose_2013.pdf




quinta-feira, 8 de abril de 2021

Caracol Gigante Africano: biologia e controle.

 Criado em 08/04/2021 - Atualizado em 04/07/2024



É uma espécie de molusco terrestre também conhecida como:  acatina, caracol-africano, caracol-gigante, caracol-gigante-africano, caramujo-gigante, caramujo-gigante-africano e rainha-da-África.

O caracol-gigante-africano Achatina fulica, nativo no leste-nordeste da África, foi introduzido no Brasil na década de 1980 para ser comercializado como “escargot” (caracol em francês).

A denominação “escargot” deve restringir-se ao uso como nome popular e comercial de espécies de Helix (aspersa e pomatia) conhecidas na França e nos meios gastronômicos  por esse nome. A utilização do nome “escargot” para comercializar a carne de Achatina fulica caracteriza fraude e má-fé.


Achatina fulica - falso "'escargot"

Helix pomatia - um dos verdadeiros
"escargot" (concha quase redonda)



Ciclo de Vida

• São hermafroditas incompletos, ou seja, cada um possui os 2 sexos, mas precisam de um parceiro para realizar a cópula ou acasalamento e a fecundação.
•  Colocam de 180 a 600 ovos por postura.         
•  Fazem até 6 posturas ao ano;





•  Os ovos eclodem de 20 a 30 dias após a postura;
•  Atingem a maturidade sexual em 5 meses;
•  Adultos chegam a medir cerca de 20 cm de comprimento de concha e mais de 300 gramas de peso total;
•  Podem viver até 9 anos.  





Principais Características

•  Comem folhas, flores e frutos de muitas espécies;
•  São canibais;
•  São resistentes à seca;
•  Escalam árvores, arbustos, muros e paredes;
•  Abrigam-se no solo em pilhas de tijolos, madeiras, pneus e outros materiais;
•  Em temperaturas abaixo de 10ºC hibernam;
•  Essa espécie é extremamente voraz, alimenta-se de tudo o que aparece pela frente, desde tenras folhagens e frutos até papel;
•  Consomem muitos tipos de plantas.




Praga

•  Alteram cadeias alimentares;
•  Destroem de hortas, jardins e plantações de subsistência; 
•  Causam transtornos à população, pois invadem jardins, quintais e até mesmo as casas;
•  Causam problemas ambientais, uma vez que competem por espaço e alimento com caramujos nativos, podendo acarretar sérios danos à fauna nativa, além de outros desequilíbrios ecológicos.


Doenças

*Quando infectado por parasitos, o caracol africano pode transmitir dois tipos de doenças. A meningite eosinofílica é a única que teve casos registrados no país. É causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis, que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões, num ciclo de transmissão que envolve moluscos e roedores. Já a angiostrangilíase abdominal, que ocorre no país, porém sem registro de transmissão pelo caramujo africano, é causada pelo parasito Angiostrongylus costaricensis. Muitas vezes é assintomática e em alguns casos pode levar ao óbito, por perfuração intestinal e peritonite.


Prevenção

•  Não criar caracóis;
•  Evitar contato com os moluscos vetores;
•  Não manusear caracóis;
•  Lavar bem as mãos antes das refeições;
•  Lavar bem frutas, verduras e legumes e deixá-las de molho por cerca de 30 minutos em solução de 1½  colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária) à 1,5% + 2 litros de água;
•  Eliminar refúgios como entulhos, telhas, restos de obra, etc.; 
•  Manter terrenos baldios limpos e descampados.


Como controlar os caracóis


O primeiro passo para o controle de Achatina fulica é identificar o animal. Envie algumas conchas para um Centro de Controle de Zoonoses. Uma vez identificada por especialista, o controle deve ser iniciado sem demora.




•  SOMENTE ADULTOS DEVEM RECOLHER OS CARACÓIS;
•  Coletar manualmente o maior número possível de caracóis.  
•  Caso necessário, utilizar pás para jardinagem; 
•  Sempre usar luvas descartáveis ou sacos plásticos íntegros (sem furos) para proteger as mãos;
•  Colocar os caracóis num recipiente. Deixá-los submersos por 24 horas em solução contendo uma parte de água sanitária e três de água;
•  Após esse tempo, com a ajuda de um martelo ou outro instrumento, quebrar as conchas; 
•  Colocar as conchas quebradas dentro de dois sacos juntos.  A quantidade de conchas deve ir até a metade do saco.  Depois, fechar o saco, preferencialmente dando alguns nós; 
•  Depositar os sacos no lixo. 

Este procedimento deve ser repetido em 30, 60, 90 e 120 dias, pois os caracóis podem reproduzir até 6 vezes ao ano.  Após este período, fazer coletas semestrais.  Caso o problema não tenha sido controlado nos 6 primeiros meses, manter as coletas mensais.

Obs.:  As coletas periódicas são de extrema importância para o controle dessa praga, evitando que os ovos nasçam e os jovens cresçam e proliferem.


ATENÇÃO!!

Não use sal, pois o sal só o elimina em grandes quantidades, contamina o ambiente e não soluciona o problema;

Não aplique moluscicidas, água sanitária ou qualquer outro produto químico, isso contamina o solo e pode eliminar não só os moluscos como outros animais e vegetais;

Não deixe em seu terreno telhas, tijolos, sobras de construção ou excesso de plantas.  Eles servem de criadouros;

Não coloque caracóis vivos no lixo, pois poderá transferir a infestação;

Não abandone as conchas sem destruí-las, pois elas servirão de criadouro par o mosquito da dengue;

Evite ter contato com esses caracóis e não deixe que as crianças brinquem nos locais infestados;

Não crie o caracol, ele não é escargot;

Sempre notifique o Centro de Controle de Zoonoses de Niterói – através do telefone (21) 99639-4251 (Sem Whatsapp) – antes de tomar qualquer providência, pois ele possui profissionais capacitados para melhor orientá-lo.



*Fonte:  Fiocruz







segunda-feira, 5 de abril de 2021

Morcegos em Áreas Urbanas - Emmanuel Messias - UFPB

 


Neste vídeo vamos assistir a apresentação "Morcegos em Áreas Urbanas" de Emmanuel Messias - UFPB para o I Seminário de Saúde Única.

https://www.youtube.com/watch?v=X11TFEU87tY

Pesquisadores explicam como funcionam as duas potenciais vacinas que deram entrada na Anvisa

 

Versamune e ButanVac entraram com pedido na semana retrasada para realização de testes em humanos, para serem produzidas no Brasil




No final da semana retrasada, duas potenciais novas vacinas contra a covid-19 entraram com pedido na Anvisa para realização de testes clínicos: a Versamune, que está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em parceria com a startup Farmacore e a estadunidense PDS Biotechnology, e a ButanVac, pelo Instituto Butantan em parceria com o Icahn School of Medicine, no Mount Sinai, em Nova York (EUA).


Versamune

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu o pedido para início da fase de ensaio clínico nas fases 1 e 2 da vacina Versamune na última quinta-feira, 25 de março. O imunizante contra covid-19 é uma produção do consórcio formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, com a Farmacore, startup brasileira responsável pelo desenvolvimento tecnológico, e a PDS Biotechnology, que licenciou para a Farmacore o sistema adjuvante/carreador da formulação vacinal.

O trabalho está sendo coordenado pelo professor Celio Lopes Silva do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP e conta com apoio e financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Na primeira fase do ensaio clínico, o imunizante será aplicado em 360 voluntários, e os pesquisadores estimam concluir as fases 1 e 2 entre três ou quatro meses com início em maio. Já a fase 3 deverá contar com 20 mil voluntários em diversos estados do Brasil.

A previsão é que todo o estudo clínico seja finalizado entre nove e 12 meses, ou seja, caso tudo dê certo, a vacina desenvolvida na USP em Ribeirão Preto pode estar disponível para a população no início de 2022. No sábado, dia 27 de março, a Anvisa solicitou os resultados do controle de qualidade dos insumos e do ensaio pré-clínico, que estão em fase de finalização pelo consórcio.

“Os resultados dos estudos não clínicos mostraram que ela é segura para animais e, diferentemente das outras vacinas, ela tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que impede não só a entrada do sars-cov-2 para dentro das células como também matam as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória imunológica de até 12 anos”, afirma o professor Célio Lopes Silva.

Além disso, conta o professor, essa vacina induz a memória imunológica de longa duração; é simples e segura (não contém vírus inativados, partículas virais, adjuvantes tradicionais e complexos, DNA, mRNA); tem boa estabilidade e facilidade nas estratégias de produção e distribuição; conta com facilidades tecnológicas para que possa ser produzida integralmente no Brasil nas fases de vacinação em massa; e permite estabelecer uma base tecnológica nacional para ajudar a vencer futuros desafios de novas pandemias que possam impactar significativamente a saúde da população.

Os pesquisadores produziram uma formulação vacinal composta do antígeno S1 do sars-cov-2, obtido na forma recombinante, e associado a uma nanopartícula lipídica denominada Versamune que é usada como carreador/adjuvante vacinal. Essa formulação composta da S1 e Versamune, induz ativação da imunidade humoral (ativação de linfócitos B para produção de níveis elevados de anticorpos neutralizantes que impedem a entrada do vírus para dentro das células), imunidade celular (ativação de linfócitos T CD8 e T CD4 que eliminam as células infectadas) e imunidade inata (ativação da via de sinalização de IFN tipo I, que é crítica para manter o sistema imunológico ativado e a geração de respostas imunes adaptativas sustentadas contra infecções virais). Além disso, a Versamune participa da ativação de células NK, macrófagos e células dendríticas que são importantes para ativação geral do sistema imune e combater infecções virais.

“No geral, podemos definir essa como uma vacina nanoparticulada, que contém o antígeno S1, veiculada com um carreador. É um imunizante que, ao entrar na célula, estimula todo o sistema imunológicoo”, resume Silva ao Jornal da USP.

O investimento reúne recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Farmacore Biotecnologia Ltda. e da americana PDS Biotechnology.


ButanVac

Na última sexta (26) Instituto Butantan anunciou que pediria à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar em abril um ensaio clínico de fases 1 e 2 para o desenvolvimento da ButanVac, mais uma vacina contra a covid-19 que pode se juntar ao plantel dos imunizantes produzidos no Brasil. Uma produção em pequena escala já foi finalizada para ser aplicada nos voluntários dos testes.

Os resultados das fases 1 e 2 visam a determinar se a vacina é segura e tem resposta imune capaz de prevenir o desenvolvimento da doença. Em caso positivo, o estudo pode prosseguir para a fase 3, em que uma quantidade maior de voluntários (milhares) é vacinada e acompanhada.

A ButanVac é diferente da CoronaVac, a vacina produzida pelo Butantan que está sendo aplicada atualmente na população brasileira. Enquanto que a CoronaVac utiliza uma versão inativada do próprio sars-cov-2 inteiro, a ButanVac tem como “princípio ativo” um vírus geneticamente modificado em laboratório para expressar em sua superfície uma única proteína do novo coronavírus – a proteína spike (S), que o sars-cov-2 utiliza para entrar nas células humanas e tem sido a mais utilizada em projetos de vacinas para gerar uma resposta imune específica contra ele. O vírus modificado é o da doença de Newcastle (NDV, em inglês), um patógeno que causa gripe em aves mas é inofensivo aos seres humanos.

Espera-se que a pessoa que receber a vacina gere uma resposta imunológica contra a proteína S. Assim, se ela entrar em contato posteriormente com o sars-cov-2, seu organismo já terá aprendido a combater o vírus da covid.

Figurativamente falando, é como se você colocasse uma máscara com o retrato-falado de um bandido sobre o rosto de uma pessoa inocente (o vírus geneticamente modificado) e soltasse essa pessoa no transporte público de uma cidade (o organismo da pessoa vacinada), para treinar a polícia local (o sistema imunológico) a reconhecer o rosto do fugitivo no meio da multidão e prendê-lo antes que ele tenha tempo de praticar algum crime (causar a covid-19).

A capacidade de gerar resposta imune da vacina é promissora, na perspectiva de Olga Chaim, professora licenciada da UFPR e atualmente pesquisadora na Universidade da Califórnia em San Diego, em razão escolha do vírus Newcastle, que foi “isolado de aves e já se mostrou bastante imunogênico em testes in vitro e nos testes pré-clínicos em animais. É um perfeito candidato. Não gera doença, mas ativa resposta imune”.

No processo de fabricação da vacina, o vírus modificado é injetado em ovos de galinha com os embriões ainda vivos. Uma agulha fura o topo do ovo e outra insere o vírus. Após um intervalo, o vírus se replica dentro do ovo, que é colocado numa câmara fria. O embrião morre e os vírus são liberados para o líquido que fica ao redor do embrião. Depois o líquido é purificado, e o vírus é inativado (para impedir que se replique e cause doença). Finalmente, o líquido é adicionado à formulação da vacina, processado e envasado.

É exatamente o mesmo processo utilizado pelo Butantan para a produção da vacina sazonal da gripe; e é aí que reside o grande trunfo do instituto para desenvolver e produzir essa nova vacina aqui também. Já a CoronaVac não pode ser produzida dessa forma porque o sars-cov-2 não se reproduz em ovos de galinha e precisa ser multiplicado em culturas de células in vitro.

O vírus Newcastle modificado (NDV-S) foi desenvolvido por cientistas da Icahn School of Medicine, no Mount Sinai, em Nova York (EUA). Já a proteína S estabilizada do vírus sars-cov-2 utilizada na vacina foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin. ‬Os testes pré-clínicos, com animais, foram feitos nos Estados Unidos, e a ideia é que os testes clínicos (com seres humanos) ocorram no Brasil, Vietnã e Tailândia.

“A iniciativa faz parte de um consórcio internacional em que o Butantan é o principal produtor, com 85% da capacidade total de produção, e tem o compromisso de fornecer a vacina ao Brasil e a países de baixa e média renda”, informou o instituto, em seu primeiro comunicado, do dia 26 de março.

O Butantan é um dos responsáveis por desenvolver clinicamente o produto, escalonar e padronizar os processos produtivos e produzir a vacina. De acordo com o instituto, todos os processos produtivos, desde a qualificação dos ovos embrionados, inoculação, crescimento viral, processamento e purificação viral, inativação, formulação, qualificação, controle de qualidade, produção em escala, envase, rotulagem e registro sanitário serão realizados em suas instalações.

Segundo Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do instituto, a nova vacina terá perfil alto de segurança. “Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso e sabemos que vacinas inativadas são eficazes contra a covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico”, explica, em nota publicada pelo Butantan.

“Por isso é tão importante termos nossa própria expertise e fábricas rodando no Brasil”, disse ao Jornal da USP o biólogo Paulo Lee Ho, pesquisador e ex-diretor do Centro de Biotecnologia e da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan. Apesar do vírus modificado ter sido desenvolvido nos Estados Unidos, ele destaca que todo o processo de produção e transformação desse vírus em uma vacina propriamente dita será desenvolvido dentro do Butantan. “Inovação não é uma ideia; inovação é produto”, diz. “E se você não desenvolve produção, você não tem produto.”

É uma situação diferente da CoronaVac, em que o insumo farmacêutico ativo (IFA) contendo o vírus inativado é produzido pela empresa Sinovac, na China, e enviado já pronto ao Brasil para ser processado e envasado no Butantan. No caso da ButanVac, o IFA será produzido aqui desde o início, utilizando a plataforma de cultivo viral em ovos do Instituto.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirma que será possível entregar a ButanVac à população ainda neste ano – dependendo, é claro, do sucesso dos testes clínicos e aprovação dos resultados pela Anvisa. “Após o final da campanha de produção da Influenza, que termina em maio, podemos iniciar imediatamente a produção da ButanVac. Atualmente, nossa fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac”, diz.


Fonte:  Jornal da USP

Imagem: Pixabay