segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Saiba mais sobre testes de Covid-19



Os tipos de testes disponíveis

Há dois tipos de testes amplamente utilizados para diagnóstico: o teste molecular (RT-PCR), para identificar a presença do RNA viral no organismo na fase aguda da infecção; e o sorológico, para detecção de anticorpos IgM e IgG produzidos pelo organismo contra o vírus - ele detecta se o indivíduo já foi exposto ao vírus. Os testes sorológicos utilizam técnicas diferentes de diagnóstico: imunocromatográfico (o teste rápido da farmácia); imunoenzimático (conhecido como ELISA); e imunoquimioluminiescência. Estes dois últimos são feitos por laboratórios de análises clínicas.


Falsos positivos e falsos negativos 

O primeiro fator de erros de diagnóstico é a escolha inadequada do período para a realização do teste sorológico em relação ao início dos sintomas. Nos primeiros dias, pode favorecer resultados negativos para IgM e IgG. O ideal é que seja feito o teste molecular (RT-PCR) até o sétimo dia após o início dos sintomas. Já a testagem sorológica para IgM e IgG deve ser realizada após 14 dias do início de sintomas. O período de incubação viral, que é o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas, é em média de cinco dias. O teste molecular (RT-PCR) possui uma menor sensibilidade durante a fase de incubação viral. Nesse período, a taxa de falso negativos é muito alta (cerca de 68% de falso negativos). Após o início dos sintomas, a taxa de falso negativos cai significativamente, variando muito pouco entre o dia 1 (38%) e o ideal para o teste, dia 3 (20%), permanecendo indicada a realização do teste molecular até o sétimo dia após o início dos sintomas. Assim, não há justificativa para atrasar o teste molecular na presença de sintomas, já que muitas vezes é difícil para o paciente determinar o início dos mesmos. Além disso, o resultado dos testes moleculares demora em média 72h para serem liberados, comprometendo as estratégias de isolamento e tratamento do indivíduo potencialmente infectado. Assim, na presença dos primeiros sintomas associados à Covid-19, o ideal é testar imediatamente. Caso o teste molecular seja negativo, mas exista presença/persistência de sintomas característicos associados à doença, devemos repetir o teste molecular. Para excluir uma possível infecção assintomática e garantir a liberação para circulação segura de pessoa exposta ao vírus (circulação em área com alto número de casos ou contato direto com pessoa infectada), o ideal seria realizar dois exames moleculares, intercalado por um isolamento por sete dias entre os dois testes (RT-PCR no dia 1 e dia 7 após exposição).


Sensibilidade dos testes

Outros fatores associados ao fenômeno de resultados falsos positivos e falsos negativos podem se dever à baixa especificidade e baixa sensibilidade analítica do teste. Habitualmente, os testes moleculares (RT-PCR) possuem alta sensibilidade e especificidade analítica, muito próximo ou igual a 100%, porém os testes sorológicos tendem a variar entre 90-99% para ambos parâmetros.  A escolha de um teste sorológico com baixa especificidade analítica (capacidade de detectar apenas anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos positivos, porque pode identificar a presença de anticorpos contra outros patógenos similares ao SARS-CoV-2. O uso de um teste sorológico com baixa sensibilidade analítica (capacidade de detectar concentrações mínimas de anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos negativos, uma vez que pode não detectar a presença de baixos níveis de anticorpos contra o SARS-CoV-2.


IgM e IgG positivos

Para entender o significado do teste sorológico positivo para IgM e IgG é importante revisar a velocidade de produção desses anticorpos pelo organismo durante a infecção. Ambos os anticorpos IgM e IgG contra o SARS-CoV-2 são encontrados em média a partir dos 14 dias após o início dos sintomas. Depois disso, a IgM permanece positiva por cerca de dois a três meses, e a IgG por até oito meses após a infecção. Resultados de testes sorológicos com detecção apenas do IgM contra o SARS-CoV-2 devem ser analisados com cautela (potencialmente falso positivo), já que o IgM é menos específico. 

Os testes sorológicos podem ser qualitativos (identificação da presença ou ausência de sinal positivo para produção de anticorpos) ou semi-quantitativos (quantificação da intensidade do sinal positivo para produção de anticorpos, refletindo a quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo). Nos testes semi-quantitativos, o diagnóstico é determinado pelo ponto de corte do teste utilizado (Reagente: valor > que o ponto de corte; Não Reagente: valor =< que o ponto de corte). Não é possível determinar o dia da infecção ou o grau de imunidade desenvolvida pelo indivíduo a partir da quantificação de anticorpos utilizando estes testes, já que estes valores podem variar de maneira distinta entre as pessoas testadas ao longo do tempo e a depender da forma clínica apresentada.


Quarentena para quem está com RT-PCR positivo

O ideal é considerar a indicação da quarentena a partir do resultado positivo desse teste, já que ele identifica a presença do material genético viral. A determinação do período de dez dias após o início dos sintomas ou do diagnóstico por RT-PCR é suficiente para garantir que o vírus não seja mais capaz de infectar outras pessoas. Já o teste sorológico deve ser utilizado para identificar os indivíduos já expostos ao vírus, tendo ou não desenvolvido Covid-19. A presença, principalmente do IgG, com ausência de sintomas, indica que esta pessoa está potencialmente fora da janela de transmissão do SARS-CoV-2. 


Confiabilidade dos testes de farmácia

Os testes disponibilizados em farmácia são os testes imunocromatográficos de fluxo lateral, também conhecidos como testes rápidos. São normalmente menos sensíveis e menos específicos (o que pode ocasionar um número mais elevado de falso negativos e falso positivos) do que os testes dos tipos imunoenzimático (ELISA) e imunoquimioluminescência, realizados em laboratórios de análises clínicas. É importante ressaltar que nenhum teste laboratorial é perfeito e seu resultado deve ser interpretado em conjunto com os dados clínicos do paciente, outras análises laboratoriais e/ou exames de imagens radiológicos na presença de um profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do paciente.


Fonte de texto e imagem:  Fiocruz

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Nota Técnica da Fiocruz esclarece sobre nova variante do Sars-CoV-2 no Amazonas

 


Pesquisa realizada no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia) e coordenada pelo pesquisador Felipe Naveca, confirmou a identificação da origem da nova variante da linhagem Sars-CoV-2 B.1.1.28 no Amazonas, designada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y). O estudo sugere que as cepas, detectadas em viajantes japoneses que tinham passado pela região amazônica, evoluíram de uma linhagem viral no Brasil, que circula no Amazonas.

Os achados apontam ainda que a mutação detectada na variante B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y) é um fenômeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. De acordo com a nota, o surgimento de novas variantes do Sars-CoV-2 que abrigam um número maior de mutações em proteína chamada Spike tem trazido preocupação em todo o mundo, sobretudo, após a recente identificação de duas cepas, uma no Reino Unido e outra na África do Sul. No Brasil, a epidemia de Sars-Cov-2 ocorreu a partir de duas linhagens, denominadas B.1.1.28 e B.1.1.33, que, provavelmente, surgiram no país em fevereiro de 2020.  

O pesquisador informa que, em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e o com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), está conduzindo um levantamento genômico de indivíduos recentemente infectados com Sars-CoV-2 no Amazonas, com o objetivo de detectar a circulação dessa linhagem no Estado. "Nossa análise preliminar também confirma que as linhagens brasileiras emergentes B.1.1.28 (E484k) e B.1.1.28 (K417N / E484k / N501Y) surgiram independentemente durante a diversificação da linhagem B.1.1.28 no Brasil. O surgimento simultâneo de diferentes linhagens B1.1 virais que carregam mutações K417N / E484K / N501Y no domínio de ligação do receptor da proteína Spike em diferentes países ao redor do mundo durante a segunda metade de 2020 sugere mudanças seletivas convergentes na evolução de Sars-CoV-2 devido a similar pressão evolutiva durante o processo de infecção de milhões de pessoas", destaca a Nota. Segundo Naveca, se essas mutações conferem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses.

Leia nota técnica na íntegra.


Fonte:  Fiocruz

Imagem:  Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia)

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Doenças do verão e pandemia: prevenção é a palavra-chave

 


A explosão de casos de Covid-19 em quase todo o território nacional tem lotado hospitais e unidades de pronto atendimento, que estão trabalhando com sua capacidade máxima. A chegada do verão eleva ainda mais essa tensão. A estação mais quente do ano também é conhecida pela intensa propagação de vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya.

Outro ponto de preocupação é que, devido à pandemia do novo coronavírus, o verão teve início com a ausência de um importante dado de vigilância epidemiológica: o Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti, mais conhecido como LIRAa. “Neste ano atípico, agentes de saúde de milhares de cidades espalhadas pelo país não conseguiram realizar as vistorias periódicas em residências para checar o índice de infestação de Aedes, dado fundamental para subsidiar a definição de estratégias de políticas públicas para o enfrentamento das arbovirores”, explica Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

A combinação entre altas temperaturas e chuvas favorece o aumento da população do vetor com um duplo resultado: em contato com a água das chuvas, os ovos colocados há semanas ou meses podem eclodir e dar origem a milhares de novos mosquitos. Ao mesmo tempo, com as chuvas, aumenta a oferta de criadouros para as fêmeas do Aedes colocarem seus ovos. “Quanto maior a quantidade de insetos, maiores são as chances de transmissão dos vírus pelo Aedes. Precisamos redobrar a atenção com a chegada do verão”, comenta a bióloga.

Do ovo à fase adulta, o ciclo de desenvolvimento do Aedes leva apenas de 7 a 10 dias. Uma ação simples, semanal, de vistoria de casas e espaços públicos pode interromper esse processo. “A ação dos governantes e da população é fundamental durante todo o ano. E, especialmente no verão, onde as chuvas são constantes, essa ação deve ser intensificada”, afirma.

A recomendação principal é eliminar todos os recipientes que acumulem água. Quando não puderem ser descartados, a orientação é que sejam devidamente vedados ou, ainda, tratados. A entomologista chama atenção para a vistoria de criadouros menos convencionais, como calhas de chuva, ralos externos, vasilhas de animais, bandejas de ar-condicionado e de geladeiras, vasos sanitários desativados ou pouco utilizados, entre outros. Conheça e compartilhe a cartilha dos 10 minutos contra o Aedes.

“A fêmea espalha seus ovos por diversos locais. Não podemos nos tranquilizar e encerrar a verificação se no primeiro local já forem encontrados ovos ou larvas. Devemos ficar ainda mais alertas e verificar outros locais próximos”, salienta Denise. “Cada fêmea pode colocar até 1.500 ovos. É importante olhar a casa com ‘olhos de mosquito’, procurando todo e qualquer local que acumule água e possa ser usado para reprodução do vetor”, conclui a especialista.


Veja também:

DISQUE-DENGUE NITERÓI:  (21) 96955-0746 (Telefone e WhatsApp).

Em tempos de coronavírus, é fundamental não esquecer da Dengue, Zika e Chikungunya.

DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA: PEQUENAS AÇÕES PARA EVITAR ESSAS DOENÇAS DURANTE TODO O ANO

FEBRE DE CHIKUNGUNYA

Vídeo Papo com CCZ 02 - Aedes Aegypti



Fonte: IOC/Fiocruz

Imagem: www.itapoa.sc.gov.br