terça-feira, 18 de maio de 2021

MALÁRIA


O que é?

A malária é uma doença infecciosa, febril, potencialmente grave, causada pelo parasita do gênero Plasmodium, transmitido ao homem, na maioria das vezes pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados. No entanto, também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para feto, na gravidez.

Ela pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes.

O termo malária surgiu na Itália no século XVII, onde a morte de pessoas com febre intermitente ou romana foi atribuída ao mau ar (mal'aria) das zonas dos pântanos e brejos. Existem vários relatos na história sobre a ocorrência dessas febres, como, por exemplo, referências em escritos chineses e hindus, evidências arqueológicas, descrições em papiros, assim como inscrições nas paredes dos templos egípcios. Hipócrates, no século V a.C., foi o primeiro a descrever as manifestações clínicas da malária, inclusive observando a esplenomegalia e relacionando seu aparecimento às estações do ano ou aos locais onde o paciente vivia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a malária como um dos maiores problemas de saúde pública em muitos países, particularmente naqueles em desenvolvimento.

No caso particular do Brasil, a malária encontra-se concentrada na Região Amazônica, que possui as características ideais para transmissão da doença, produzindo a quase totalidade dos casos do país (98-99%). As demais regiões brasileiras sofrem influência direta da Amazônia Legal, por meio do fluxo de casos, tendo os maiores números sido observados em Goiás, seguindo-se Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados que receberam a maior proporção de casos originários do Norte do país.


Agente Etiológico

Os parasitos da malária estão alocados no filo Protozoa, classe Sporozoea, ordem Eucoccidiida, família Plasmodiidae, gênero Plasmodium.

Existem mais de 100 espécies de plasmódios, incluindo 22 parasitas de primatas não humanos,19 de roedores, morcegos e outros mamíferos, e em torno de 70 outras espécies em aves e répteis

São quatro as espécies reconhecidas de plasmódios que infectam naturalmente o homem:  Plasmodium (Plasmodium) malariae( Laveran, 1881); Plasmodium (Plasmodium) vivax (Grassi e Feletti, 1890); Plasmodium (Laverania) falcipaarum (Welch,1897); e, finalmente, Plasmodium (Plasmodium) ovale (Stephens, 1922).

O P. malariae, responsável pela febre quartã (acessos febris a cada 72 horas), é encontrado na África, Índia, Sudeste da Ásia, Nova Guiné, e apresenta focos espalhados na América do Sul. O P. vivax, causador da terçã benigna (acessos febris a cada 48 horas), é importante nas regiões subtropicais, inclusive no Brasil, onde se encontram cerca de 70% dos casos. O P. falciparum, agente da terçã maligna (acessos febris a cada 48 horas), causa a forma mais grave da doença e é mais comum nas regiões tropicais. O P. ovale (acessos febris a cada 48 horas) é o menos comum, sendo encontrado somente na África, Nova Guiné e Filipinas, não existindo relatos de sua presença no Brasil.


Em uma das fases do ciclo de vida do Plasmodium,
observa-se a infeccção de células sanguíneas.


Vetores

Os mosquitos transmissores da malária pertencem ao filo Artropoda, classe lnsecta, ordem Diptera, família Culicidae, gênero Anopheles.

Anopheles darlingi

Os mosquitos fêmeas Anopheles põem seus ovos na água. Após a eclosão dos ovos, as larvas se desenvolvem até o estágio de mosquito adulto. Os mosquitos fêmeas procuram se alimentar de sangue para nutrir seus ovos. Cada espécie mostra preferências em relação ao seu habitat aquático; por exemplo, alguns preferem acumulações de água doce na superfície, como poças e pegadas de cascos, que são encontradas em abundância durante a estação chuvosa em países tropicais.

Existem aproximadamente 400 espécies de anofelinos, mas somente cerca de 60 são vetores da malária em condições naturais, 30 das quais têm maior importância. Os principais vetores, no Brasil, pertencem a dois subgêneros: Nyssorhincus e Kerteszia.

Assume maior importância o A.(N.) darlingi, responsável pelos casos do interior em uma grande área do território nacional. Seus criadouros têm como característica águas quentes e limpas, de baixo fluxo e sombreadas. Distribuem-se da região Norte até o norte do Paraná. O A. (N.) aquasalis, predominante no litoral, desde o Amapá até o norte de São Paulo, prefere como criadouros águas salobras. Existem alguns de menor importância, ditos vetores secundários, como o A.(N.) albitarsis, observado tanto no interior quanto no litoral.

O A.(K.) cruzi e o A.(K.) bellator distribuem-se pelo litoral, do sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul. Os anofelinos do subgênero Kerteszia têm preferência pelas águas acumuladas nas folhas da bromélias, abundantes na vegetação litorânea desses estados.


Transmissão

A transmissão natural da doença se dá pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados com o Plasmodium. Após a picada, os parasitos chegam rapidamente ao fígado onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sangüínea, invadem os glóbulos vermelhos e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença.

A doença também pode ser adquirida por meio do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada (como por exemplo, em transfusões sangüíneas ou transplante de órgãos ou ainda pelo compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis).




Sintomas

O período de incubação é o tempo transcorrido entre a picada do mosquito infectado e o aparecimento dos primeiros sintomas. Ele pode variar de 8 a 30 dias ou até mais, dependendo da espécie de Plasmodium, da carga parasitária injetada pelo mosquito no momento da picada e do sistema de defesa do paciente. Durante esse período, que corresponde à fase em que o Plasmodium está se reproduzindo no fígado do indivíduo, não há sintomas.

A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre na malária corresponde ao momento em que as hemácias estão se rompendo. A pessoa que contraiu a doença pode ter também, dentre outros sintomas, vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço.


Quais são as complicações da malária?

A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas:

prostração;

alteração da consciência;

dispnéia ou hiperventilação;

convulsões;

hipotensão arterial ou choque;

hemorragias;

Entre outros.

As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença, principalmente por infecções pelo P. falciparum, que, se não tratadas adequadamente e em tempo hábil, podem ser letais.


Diagnóstico

O método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico da malária é o Gota Espessa. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. Quando executado adequadamente, é considerado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. A determinação da densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.


Prevenção

As medidas de proteção individual são as formas mais efetivas de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível contra a malária. Essas medidas têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade do contato homem-mosquito transmissor.

Em áreas de transmissão é considerado comportamento de risco frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando.

É importante também diminuir ao mínimo possível a extensão das áreas descobertas do corpo com o uso de calças e camisas de mangas compridas. Além disso, as partes descobertas do corpo devem estar sempre protegidas por repelentes que também devem ser aplicados sobre as roupas.

Outra medida importante de proteção individual é o uso de: repelentes, cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas (à base de piretróides) sobre a cama ou rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme. Esses cuidados não só protegem contra a picada dos mosquitos transmissores da malária, mas também contra a picada de outros insetos transmissores de outras doenças.

Medidas coletivas incluem drenagem de coleções de água, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho, uso racional da terra.


Tratamento

Após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.

Quando realizado de maneira correta e em tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença.

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Fontes:

Organização Mundial da Saúde

https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/malaria

Fiocruz  

http://www.fiocruz.br/ioc/media/malaria%20folder.pdf

https://portal.fiocruz.br/taxonomia-geral-7-doencas-relacionadas/malaria

Ministério da Saúde 

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/m/malaria

Doenças Infecciosas na Infância e Adolescência. MEDSI -Editora Médica e Científica Ltda.- 2ª edição, 2000.

https://patua.iec.gov.br/bitstream/handle/iec/255/Mal%C3%A1ria%20%EF%BB%BF.pdf?sequence=1&isAllowed=y


Fonte das imagens:

Instituto de Ciências Biomédicas da USP

Brasil Escola /UOL

Tua Saúde


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