quinta-feira, 30 de julho de 2020

Niterói será primeira cidade do Rio a testar vacina contra o novo coronavírus




A Prefeitura de Niterói assinou nesta segunda-feira (27) uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan, de São Paulo, para a realização de pesquisa e ensaio clínico para avaliação da eficácia e segurança da vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. O estudo será realizado em profissionais da Saúde em duas unidades municipais: Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho) e Policlínica Sérgio Arouca. A Secretaria Municipal de Saúde será responsável pelo recrutamento de entre 500 e 900 participantes, coleta de dados e amostras biológicas já em agosto.

Os voluntários passarão por entrevistas e avaliações médicas e, caso concordem com os termos do estudo, receberão duas doses da vacina, com 14 dias de intervalo, e serão monitorados pelos pesquisadores por um ano para análise dos resultados sobre a eficácia da vacina e também sobre a existência ou não de possíveis reações adversas.

O prefeito Rodrigo Neves assinou o termo de anuência para a realização dos testes em Niterói, ressaltando o orgulho para a cidade em participar desse esforço da comunidade científica para a descoberta de uma vacina eficaz e segura contra a Covid-19.

“Todas as medidas que a Prefeitura de Niterói adotou no combate ao novo coronavírus e também no Plano de Transição Gradual para o Novo Normal são baseadas na ciência e nas melhores experiências internacionais desta batalha pela vida contra esse inimigo invisível que infelizmente já tirou a vida de milhares de brasileiros. Eu gostaria de agradecer e parabenizar a Fiocruz, o Instituto Butantan e o governo do estado de São Paulo e desejar êxito na fase 3 da pesquisa. Temos muita esperança de que todos os esforços que a comunidade científica internacional e brasileira serão bem-sucedidos para a descoberta, o mais rápido possível, de uma vacina que seja capaz de imunizar contra a Covid-19”, afirmou o prefeito.

O pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz, André Siqueira, disse que Niterói está se destacando nacional e internacionalmente nas ações de prevenção e combate à pandemia. Ele explicou como será feito o estudo clínico em que será avaliada a efetividade da vacina contra o novo coronavírus, ressaltando que é um estudo de fase 3, o que quer dizer que já se passaram duas fases iniciais que mostraram que a vacina é segura e produziu anticorpos efetivos contra o novo coronavírus.

“Outras cidades do Brasil também estão envolvidas no estudo. A prioridade é aplicar em profissionais de saúde, que estão sendo mais expostos. Para as pessoas voluntárias que têm interesse em participar do estudo, vai haver um link, tanto na página do Instituto Butantan, da Fiocruz e da Secretaria de Saúde de Niterói, para que possam se inscrever. Também será disponibilizado, a partir da semana que vem, um telefone. Eles serão convidados a irem ao centro de pesquisa, serão avaliados pela equipe médica e de enfermagem e farão uma série de exames. Consentindo e aceitando participar do estudo, serão feitas duas doses vacina: uma no primeiro dia, e outra, 14 dias depois. Todos serão acompanhados com exames regulares pelo período de um ano. No fim deste período teremos a avaliação se a vacina de fato funciona, como a gente prevê que ela possa funcionar, pelos resultados apresentados nas fases anteriores”.

O secretário de Saúde, Rodrigo Oliveira, informa que a Secretaria dará todo o apoio para a pesquisa e que acredita que em bons resultados.

“Essa parceria com a Fiocruz e o Butantan é um passo muito importante nesta epidemia. Niterói sempre esteve à frente nas medidas de combate ao coronavírus e foi escolhida como polo para pesquisa da vacina contra a Covid-19. Estamos confiantes de que teremos um bom resultado neste trabalho”, afirma o secretário.

A subsecretária de Saúde de Niterói, Camilla Franco, também participou da assinatura do termo de anuência para realização dos testes.


Fonte:






terça-feira, 21 de julho de 2020

Droga experimental diminui a replicação do zika e previne microcefalia em camundongos


Composto inibe a ação de uma proteína que é ativada pelo vírus para suprimir a resposta imune
do hospedeiro. Terapia também se mostrou eficaz contra o vírus da dengue e será testada no
Instituto de Ciências Biomédicas da USP contra o novo coronavírus (micrografia eletrônica
de transmissão colorida do vírus zika; imagem: Cynthia Goldsmith/CDC)


Um grupo internacional de pesquisadores descobriu que a inibição de uma proteína chamada AhR (receptor para aril hidrocarboneto) permite ao sistema imune combater com muito mais eficácia a replicação do vírus zika no organismo. Em experimentos feitos no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), a terapia antiviral se mostrou capaz de prevenir o desenvolvimento de microcefalia e outras malformações em fetos de camundongos cujas mães foram infectadas durante a gestação.

Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados hoje na revista Nature Neuroscience.

“Usamos nos testes uma droga experimental capaz de inibir a AhR e observamos diminuição na replicação tanto do zika como do vírus da dengue. Agora pretendemos testar o efeito da terapia contra o novo coronavírus”, conta o professor do ICB-USP Jean Pierre Peron, que coordenou a investigação ao lado dos pesquisadores Cybele Garcia (Universidad de Buenos Aires, Argentina) e Francisco Quintana (Harvard Medical School, Estados Unidos).

O modelo experimental usado no trabalho foi o mesmo que permitiu ao grupo de Peron comprovar, em 2016, a relação causal entre o zika e a microcefalia (leia mais em agencia.fapesp.br/23185/). Naquela ocasião, fêmeas de camundongo da linhagem SJL – bem mais suscetível à infecção do que outras normalmente usadas em laboratório – foram infectadas com o vírus entre o 10º e o 12º dia de gestação. Quando os filhotes nasceram, os pesquisadores notaram uma redução significativa na espessura do córtex cerebral, além de alterações na quantidade e na morfologia das células neuronais. Observaram ainda que o vírus estava se replicando na placenta e no cérebro dos roedores recém-nascidos em quantidades muito maiores do que em outros órgãos.

“Repetimos agora esse experimento, mas com uma diferença. Pouco antes de infectar as fêmeas prenhas com o zika nós começamos a administrar o inibidor de AhR. O tratamento foi feito por via oral até o fim da gestação. Ao nascerem, os filhotes apresentaram cérebros com tamanho e peso normais e uma carga viral muito mais baixa que a do grupo não tratado, quase indetectável, tanto na placenta como no sistema nervoso central. Além disso, análises histopatológicas mostraram que não houve redução na espessura do córtex e que o número de células nervosas mortas pelo vírus foi muito menor”, relata Peron.

Segundo o pesquisador, os camundongos tratados com o inibidor de AhR não apresentaram efeitos adversos. Antes de se pensar em testes com humanos, porém, ele considera necessário replicar o experimento em macacos.

A pesquisa levou quatro anos para ser concluída e contou com a participação das doutorandas do ICB-USP Nagela Zanluqui e Carolina Polonio, ambas bolsistas da FAPESP.

O início
O laboratório coordenado por Quintana em Harvard é um dos principais centros mundiais de estudo da proteína AhR. Em entrevista à Agência FAPESP, o professor de neurologia conta que seu grupo descobriu há alguns anos que proteínas do tipo interferon, secretadas por células do sistema imune, controlam a ativação desse receptor celular.

“Como os interferons são moléculas centrais na resposta imune antiviral, postulamos – em conjunto com o grupo de Garcia – que a AhR poderia estar envolvida na supressão da imunidade contra vírus. Projetamos terapias anti-AhR e geramos nanopartículas e inibidores para uso nos experimentos”, diz.

Testes feitos in vitro e in vivo confirmaram que o vírus ativa a proteína AhR para suprimir a resposta imune do hospedeiro. Tal feito possivelmente ocorre quando o patógeno infecta o fígado e induz a liberação do metabólito quinurenina, um subproduto do aminoácido triptofano.

“Esse metabólito ativa a AhR que, por sua vez, inibe a expressão de uma outra proteína chamada PML [proteína leucemia promielocítica, muito importante para a resposta imune antiviral], permitindo que o zika se replique mais livremente nas células”, explica Peron.

Na Universidad de Buenos Aires, Garcia coordenou experimentos em diversos tipos de linhagens celulares, entre elas hepatócitos e progenitoras neurais – um tipo de célula-tronco que pode se diferenciar em neurônios.

“Tratamos as linhagens celulares com compostos agonistas de AhR [que amplificam a ação da proteína] e também com antagonistas [que inibem]. Confirmamos assim que a modulação negativa desse receptor inibe a replicação do zika. Do mesmo modo, comprovamos que a modulação positiva aumenta a replicação viral nas células”, conta.

Fatores ambientais
Como ressalta a virologista da Universidad de Buenos Aires, o impacto causado pela epidemia de zika em 2015 foi bastante assimétrico. Em determinadas regiões e cidades, a incidência de síndrome congênita e microcefalia causada pelo vírus foi muito maior do que em outras. Na avaliação da pesquisadora, isso pode indicar que nesses locais afetados com mais gravidade existia uma condição ambiental que favorecia a infecção ou então que aquelas populações eram mais suscetíveis. Os dois fatores também podem ter contribuído simultaneamente para aumentar o impacto do vírus.

“Coincidentemente, a AhR pode ser ativada por poluentes ambientais, bem como por uma certa dieta ou pela microbiota endógena. Nosso próximo desafio é descartar ou confirmar se existe uma relação entre a AhR, ambientes poluídos ou degradados socioeconomicamente e uma maior virulência do zika”, conta Garcia à Agência FAPESP.

O artigo AhR is a Zika virus host factor and a candidate target for antiviral therapy pode ser lido em www.nature.com/articles/s41593-020-0664-0.

21 de julho de 2020 - Karina Toledo | Agência FAPESP 

Fonte:  Agência FAPESP 

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Bicho de pé: vamos conhecer?

Criado em 13/07/2020 - Atualizado em 08/02/2024



Tungíase é uma parasitose causada por fêmeas grávidas de uma espécie de pulga, Tunga penetrans, que habita o solo de zonas arenosas. A contaminação ocorre quando o paciente pisa neste solo sem proteção nos seus pés. A fêmea grávida penetra na pele humana com a sua cabeça e libera seus ovos para o exterior.


https://radiologiapatologicablog.wordpress.com/2019/04/22/o-que-e-tungiase/


A maioria das lesões de tungíase aparece nos pés, por isso o parasita ser popularmente conhecido como "bicho de pé" ou "bicho de porco". Em alguns casos, há lesões também nas mãos. Podem ser únicas ou, em algumas vezes, bastante numerosas, dependendo da infestação do solo. A lesão surge como uma pequena pápula marrom escura com um halo fino e claro ao seu redor. Pode causar dor ou coceira e ocorrer infecção secundária e até abscessos no local. 


 https://radiologiapatologicablog.wordpress.com/2019/04/22/o-que-e-tungiase/


O diagnóstico é geralmente clínico, ajudado pela história de contato do paciente com solos provavelmente contaminados. Deve ser feito o diagnóstico diferencial com verrugas virais, pois o tratamento é bem diferente nestas duas dermatoses.

O tratamento é a extração manual do parasito.  A prevenção consiste basicamente em evitar contato com solo contaminado e usar sapatos. Medidas sanitárias para a descontaminação do local infestado também devem ser adotadas. 
(https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/tungiase/35/)


Veja também:



quarta-feira, 8 de julho de 2020

Testes para a Covid-19: como são e quando devem ser feitos




Para que sejam tomadas decisões certas em favor da saúde pública, primeiro é necessário identificar bem a magnitude da ameaça à população, hoje, o novo coronavírus (SARS-CoV-2, causador da Covid-19). Isto é possível por meio dos testes para detectar a doença e, por essa razão, a testagem no maior número possível de cidadãos é fundamental para enfrentar o vírus, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os testes permitem aos governos e profissionais da saúde terem uma dimensão real da propagação do vírus na sociedade, acompanhar as cadeias de transmissão da doença, detectar pacientes assintomáticos ou aqueles que em algum momento tiveram a Covid-19 e não descobriram, além de identificar a transmissão do vírus por áreas geográficas e faixas etárias, entre outros parâmetros.

Existem dois tipos principais de testes usados na pandemia do novo coronavírus: testes sorológicos rápidos – também chamados de "testes rápidos" porque dão resultados em 20 minutos e servem como primeiro filtro de detecção - e testes moleculares, que levam cerca de duas horas para o resultado. Para compreender mais sobre os testes, o pesquisador do Laboratório de Alta Complexidade do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Zilton Vasconcelos esclarece abaixo as questões:

Quais são os tipos de testes disponíveis hoje para a Covid-19?
ZV: Existe o RT-PCR, ou teste molecular, que pesquisa a presença do Ácido ribonucleico (RNA) viral, que é o material genético do vírus SARS-CoV-2 e que dura cerca de duas horas para ser executados em estrutura de laboratório. Também existem os testes sorológicos rápidos que pesquisam a presença de anticorpos contra o vírus em 20 minutos em média e sem a necessidade de estrutura de laboratório, e os testes Elisa e Clia que também avaliam a presença de anticorpos, mas necessitam de uma estrutura de laboratório, e duram cerca de quatro horas. No entanto, o processo de coleta, processamento e preparo das amostras para o início dos testes no laboratório também consomem tempo que é proporcional ao volume de amostras que a unidade de saúde recebe. Dessa forma, ensaios de Elisa são normalmente liberados em 24 horas e RT-PCR no mesmo dia quando a rotina ainda não atingir a capacidade instalada do laboratório.

Existe algum tipo de fiscalização dos testes disponíveis hoje?
ZV: Sim, todos os testes são registrados na Anvisa e têm que ser liberados previamente para a comercialização e uso para diagnóstico. São exigidos documentos da empresa, como Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF). Além disso, devem ser apresentados documentos sobre o produto a ser registrado, tais como ensaios clínicos, fluxo de produção, estudo de estabilidade, segurança, qualidade e eficácia. A Fiocruz realiza algumas dessas avaliações no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Quando uma pessoa deve procurar fazer o teste?
ZV: Se estamos falando de teste molecular para detecção do vírus através de amostras de secreção nasal ou da garganta do paciente, a partir do terceiro até o sétimo dia de sintomas pode fazer o teste. Já existem evidências que períodos anteriores e posteriores a esses, podem apresentar ainda resultados positivos para a Covid-19, no entanto, aumenta bastante a chance de um teste falso negativo, ou seja, a pessoa está infectada, mas não é detectado pelo teste.

No caso dos testes para detecção de anticorpos, as informações são ainda mais controversas, mas de maneira geral, acredita-se que após sete dias de sintomas, inicia-se a detecção no sangue de anticorpos na fase aguda da doença (IgM), indicando contato recente com o vírus. Após 11 dias de sintomas, anticorpos associados à fase convalescente da doença (IgG) começam a ser detectados no soro e permanecem por um período maior no nosso organismo e indicam desenvolvimento de imunidade mas não garantem a proteção. No entanto, essa dinâmica de geração de anticorpos ainda não está totalmente confirmada, além que muitos fabricantes apresentam diferente performance dos testes, tornando as interpretações e conclusões sobre a fase da doença e certeza diagnóstica ainda mais complexas.

Quais são as diferenças entre os testes rápidos e os testes moleculares?
ZV: Os testes rápidos sorológicos, por imunoensaio enzimático (teste Elisa) e por imunoensaio quimioluminescente (teste Clia) têm o objetivo de detectar anticorpos específicos contra a Covid-19 que o nosso organismo produz em resposta à infecção viral, visando controlar e eliminar tanto o vírus como células infectadas. Esses testes são indicados a partir do sétimo dia de doença e os resultados negativos não descartam o contato prévio com o vírus, que devem ser repetidos após uma semana para confirmação.

Já o teste molecular detecta o material genético do vírus, que nesse caso é uma molécula de ácido ribonucleico (RNA) convertida a ácido desoxirribonucleico (DNA) no laboratório, para facilitar o teste molecular por reação em cadeia da polimerase (PCR). Esse teste molecular deve ser realizado entre o terceiro e sétimo dia de sintomas para aumentar a chance de detecção RNA viral e um teste negativo não descarta a infecção, apenas indica que naquele momento sua carga viral é indetectável.


O que buscam os testes?
ZV: No caso de testes moleculares, buscamos detectar o material genético do vírus em uma sequência específica de uma das proteínas virais. Dessa forma, o PCR tem o objetivo de escolher um "pedaço" dessa sequência e multiplicá-la no laboratório até o momento que sua "visualização" é possível. Essa "visualização" é feita através de equipamentos específicos que detectam um sinal luminoso gerado a cada cópia do material genético do vírus durante o PCR. Quando essa luz gerada ultrapassa um valor mínimo o teste é considerado positivo.

No caso dos testes sorológicos, desejamos detectar a presença de anticorpos na fase aguda e na fase convalescente da doença (do tipo IgM e IgG) presentes no sangue e que reconheçam apenas proteínas da Covid-19. O teste consiste em deixar o soro em contato direto com essas proteínas por um tempo. Em seguida, um segundo anticorpo reagente que reconhece IgM ou IgG é adicionado, e mudará a coloração do ensaio indicando a presença deles. Conforme a intensidade dessa coloração, sabemos a proporção de anticorpos presentes.

Se a pessoa apresenta anticorpos significa que é imune à Covid-19?
ZV:  Ainda não existem estudos que comprovem ou afastem a imunidade protetora. O conhecimento que se tem atualmente é baseado nas outras coronaviroses, onde estima-se uma proteção/imunidade por períodos superiores a um ano.

Uma pessoa com anticorpos pode transmitir o vírus?
ZV: É desconhecido. Como dito anteriormente, anticorpos IgM são geralmente associados com o contato viral recente e IgG indica um contato anterior. No entanto, a dinâmica desses anticorpos em Covid-19 ainda é controversa e depende de mais estudos. A recomendação é de isolamento por 14 dias após o início dos sintomas, independente da presença de anticorpos ou testes moleculares negativos. Caso os sintomas persistam, esse período de isolamento deve ser revisto.

Onde fazem os testes para detecção da Covid-19 no Rio de Janeiro?
ZV: Na rede pública foram distribuídos testes sorológicos ou rápidos da rede de laboratórios centrais conhecida como LACEN, que no Rio de Janeiro é representada pelo Laboratório Central Noel Nutels. A rede privada conta também com testes rápidos, moleculares e oferece detecção de anticorpos através dos testes Elisa e Clia.

Há acompanhamento de quais são realizados pela rede particular?
ZV: Esse acompanhamento é uma tarefa da Anvisa. Porém, laboratórios e clínicas públicas e privadas passam por processos de auditoria interna e externa, acreditações e certificações tanto em âmbito nacional como internacional que observam constantemente as práticas correntes e documentações sobre todos os procedimentos e exames realizados. Esses processos auxiliam os órgãos regulatórios e permitem um maior controle de todos os integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS).

As farmácias estão autorizadas para realizar testes do coronavírus?
ZV:  Sim. A realização de testes rápidos para Covid-19 foi autorizada pelo governo tanto em farmácias, como em drogarias, consultórios, clínicas médicas e de imunização, laboratórios de análises clínicas e postos de coleta. Os testes só podem ser feitos em pessoas com quadro respiratório agudo e os resultados devem ser notificados às autoridades de saúde. A medida tem caráter provisório e excepcional e somente estabelecimentos previamente licenciados pela Subsecretaria de Vigilância Sanitária poderão realizar os testes, que também precisam ser registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

06/07/2020
Por: Mayra Malavé Malavé (IFF/Fiocruz)

Fonte:  Fiocruz
Imagens:  Pesquisa Google.



segunda-feira, 6 de julho de 2020

06 de Julho: Dia Mundial das Zoonoses




Raiva, leishmaniose, leptospirose, toxoplasmose, hantavirose, salmonelose, cisticercose, brucelose...  Esses são apenas alguns exemplos de zoonoses, provavelmente você já ouviu falar de alguma dessas doenças, seja nos livros da escola, nos noticiários ou devido a casos na sua região.

Zoonoses são as enfermidades transmitidas naturalmente entre os animais e o homem, podendo ser causadas por vários agentes etiológicos. Dentre eles, destacamos protozoários, vírus, bactérias, fungos, helmintos e rickéttsias.

Celebrado anualmente, em 6 de julho, o Dia Mundial das Zoonoses foi criado para enfatizar a discussão acerca do tema. A data faz referência ao dia em que o cientista francês Louis Pasteur aplicou com sucesso a primeira vacina antirrábica, em 1885.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU), 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das novas doenças que infectaram os seres humanos nas últimas décadas têm origem animal. É cada vez mais comum que doenças mudem de espécies e se espalhem na população, em meio ao crescimento das cadeias de agricultura e abastecimento alimentar.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) determinou que a saúde humana e a saúde animal são interdependentes e vinculadas à saúde dos ecossistemas em que existem, no conceito chamado de Saúde Única (One Health).

"Em plena pandemia, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um novo alerta para a possibilidade de novos surtos de doenças zoonóticas, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Hoje no mundo 1 bilhão de pessoas adoecem por conta das zoonoses, sendo que algumas milhões vem à óbito. Se só isso não bastasse, as perdas econômicas por conta das zoonoses são imensuráveis. Esse cenário demonstra a importância do assunto é da necessidade dos órgãos públicos estarem vigilantes frente a essas doenças. No enfrentamento dessa problemática, é preciso trabalharmos com o conceito de saúde única,  que é conceituada como integração entre saúde humana, saúde animal e ambiente", ressalta Fabio Villas Boas, chefe do Centro de Controle de Zoonoses de Niterói.


Cuidados para prevenção

Na luta para a prevenção de zoonoses, alguns cuidados são importantes, destacando-se: 

  • Higiene pessoal e ambiental; 
  • Lavar e higienizar muito bem verduras e legumes; 
  • Cozimento adequado (acima de 70°C) dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano (carnes, pescados, leite, ovos, entre outros); 
  • Controle de vetores (ex: morcegos e roedores);
  • Usar luvas quando fizer a limpeza das caixas de areia dos gatos;
  • Lavar sempre as mãos depois de brincar com animais;
  • Não ter contato com águas contaminadas durante enchentes;
  • Não permitir que crianças brinquem em areias de parques ou de praias aos quais os cães e gatos têm acesso;
  • Tutores devem manter seus animais vacinados e vermifugados sob orientação de um médico-veterinário.


Fonte:  Conselho Regional de Medicina Veterinária - RJ e SP.
Depoimento: Fábio Villas Boas, chefe do Centro de Controle de Zoonoses de Niterói.
Imagem:  Pesquisa Google.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

Centro de Controle de Zoonoses realiza curso de atualização em parceria com a UFF




O Centro de Controle de Zoonoses de Niterói, órgão responsável pela fiscalização e legalização sanitária de todos os estabelecimentos veterinários do município, em parceria com o Laboratório de Vigilância em Saúde da UFF, está realizando Curso de Atualização em Vigilância Sanitária de Estabelecimentos Veterinários. A primeira turma já iniciou nesta quarta-feira (01), com 102 inscritos.

Neste momento de pandemia, o curso está sendo realizado na modalidade online, para os profissionais médicos veterinários e estudantes da área. São abordados temas como Sistema Único de Saúde, destinação de resíduos, biossegurança e exigências sanitárias. 

As aulas ocorrerão nos dias 20, 22, 24, 27 e 29/07, das 19h às 21h. As inscrições para a próxima turma estão abertas até o dia 19/07. Acesse o link abaixo para se inscrever:





quinta-feira, 2 de julho de 2020

Plataforma online da Prefeitura de Niterói permite acompanhar mapeamento do coronavírus em rede de esgoto da cidade


30/06/2020 - Com o objetivo de acompanhar o comportamento da disseminação do coronavírus ao longo da pandemia, a Prefeitura de Niterói firmou uma parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para identificar a presença de material genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em amostras do sistema de esgotos da cidade. O projeto inovador começou em abril na cidade e, a partir de agora, a população pode acompanhar os resultados através de um painel na internet, lançado pelo Município nesta terça-feira (30). A plataforma pode ser acessada pelo link https://arcg.is/0HXfXX.

A Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão (Seplag), por meio do Sistema de Gestão da Geoinformação (SIGeo), foi responsável pela elaboração do painel. A equipe do SIGeo explica que o usuário pode conhecer o diagnóstico atual das amostras coletadas em relação à presença do vírus detectada nas diferentes regiões do município.

Atualmente, a média de amostras positivas para o novo coronavírus é de 85%. Este índice se refere às dez semanas de coletas no período de 15 de abril, quando o trabalho foi iniciado, até 16 de junho. Vale ressaltar que as coletas são realizadas semanalmente por equipes da concessionária Águas de Niterói.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente de Niterói, Eurico Toledo, a pesquisa tem duração prevista de 12 meses. Ele destaca a importância desta parceria nas ações de combate ao avanço do novo coronavírus na cidade.

“Com a tecnologia de ponta desenvolvida pela Fiocruz, e com o nosso apoio, essa metodologia permitiu que a cidade intensificasse as políticas públicas de combate ao coronavírus com um direcionamento ainda mais focado e que é apontado como exemplo no País. Este é um projeto pioneiro, temos feito todo o esforço de caminhar junto à ciência. Essa parceria é mais um bom exemplo disso, a conexão da ciência e do poder público, com a ciência norteando as ações de políticas públicas para o enfrentamento da Covid-19”, afirma Eurico Toledo.

A subsecretária de Projetos Especiais da Seplag, Valéria Braga, ressalta que é importante a população estar ciente que a concentração do vírus no esgoto não significa contaminação a partir dele, é somente uma ferramenta de monitoramento bastante eficiente que ajuda ao poder público na tomada de decisões.

“Este tipo de vigilância que está sendo feito pela Fiocruz em parceria com a Prefeitura apenas é possível nos municípios em que uma parcela significativa da população é atendida por rede coletora de esgoto e a operadora do serviço tem controle sobre o sistema. No caso de Niterói, a cobertura da rede de esgoto é de 95%. Esta é uma importante parceria entre a ciência e as políticas públicas que está ajudando a salvar vidas”, destaca Valéria Braga.

29 pontos pesquisados - Já foram coletadas amostras de esgoto bruto em 29 pontos georreferenciados e estrategicamente distribuídos pela cidade de Niterói, incluindo quatro Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), dois pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Itaipu, Engenhoca, Ititioca, Barreto, Várzea das Moças e Rio do Ouro. Também foram coletadas amostras de pontos das comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió, Cascarejo, Morro do Estado e Boa Esperança.

Os dados da pesquisa, de acordo com a subsecretária de Saúde de Niterói, Camilla Franco, são complementares para análise do quadro epidemiológico do município. Ela afirma que a pesquisa tem possibilitado um outro olhar para análise da transmissão e compreensão de como o vírus está circulando.

“Os pontos de coleta foram eleitos também priorizando lugares de maior vulnerabilidade, como as comunidades. Desta forma, há possibilidade de indicar se há vírus presente e o quanto ele está presente entre uma coleta e outra. Assim identificamos regiões com casos, o que possibilita ação pontual da atenção básica no território”, frisa a subsecretária.

O monitoramento ambiental realizado pela Fiocruz, que desenvolve atividades de pesquisa na área de Virologia Ambiental há mais de 15 anos, está alinhado com estudos científicos internacionais, que têm demonstrado a importância da vigilância baseada em esgotos para a detecção precoce de novos casos de Covid-19.

A pesquisadora Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e responsável pela pesquisa, explica que desde as análises da primeira rodada de coletas, ainda em abril, cujos resultados foram positivos em cinco das 12 amostras, já era possível imaginar que este projeto evidenciaria a eficácia da metodologia no monitoramento da disseminação do vírus.

“Ao longo dos meses foi demonstrado um aumento de detecção do genoma do novo coronavírus, atingindo 97% de detecção nas amostras coletadas nas três primeiras semanas de junho, por exemplo”, pontua Marize Pereira Miagostovich.