Dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral, que é transmitida pelo Aedes aegypti, principal mosquito vetor. Conhece-se a existência de quatro sorotipos – DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4 – e que a doença pode apresentar desde uma evolução benigna na forma clássica até uma evolução grave quando se apresenta na forma hemorrágica ou com complicações.
O vírus Dengue (ou DENV) pertence à família Flaviviridae, uma família de vírus que inclui o vírus da febre amarela, o vírus da encefalite japonesa, o vírus da Febre do Nilo Ocidental (FNO) e o vírus da encefalite do carrapato (TBE). É classificado como um arbovírus, isto é, aquele que é transmitido por insetos ou outros artrópodes.
Hoje a dengue é a mais importante arbovirose que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no Brasil onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do vetor. A dengue está relacionada com os chamados macrofatores (ambientais, socioeconômicos, políticos e sociais) e os microfatores (dependentes das características biológicas do vírus, do vetor e da pessoa afetada).
O mosquito transmissor da dengue é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, período das Grandes Navegações. Admite-se que o vetor foi introduzido no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que traficavam escravos. Ele foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo – Aedes aegypti – foi estabelecido em 1818, após a descrição do gênero Aedes. Relatos da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que a primeira epidemia de dengue no continente americano ocorreu no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela.
No Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ).
No início do século XX, o mosquito já era um problema, mas não por conta da dengue -- na época, a principal preocupação era a transmissão da febre amarela. Em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da febre amarela. No final da década de 1960, o relaxamento das medidas adotadas levou à reintrodução do vetor em território nacional. Hoje, o mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros.
VETOR
O Aedes aegypti é um mosquito doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo. Tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Mas ele também pode picar à noite.
Por ser um mosquito que vive perto do homem, sua presença é mais comum em áreas urbanas e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade populacional - principalmente, em espaços urbanos com ocupação desordenada, onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais criadouros para desovar. A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a eclosão de ovos do mosquito.
Ciclo de Vida
Ovo:
• Mede cerca de 1 mm;
• Depositados nas paredes internas de recipientes, próximo à superfície da água;
• Inicialmente brancos e rapidamente ficam pretos e brilhantes;
• Fecundação se dá no momento da postura;
• Embriões se desenvolvem em 48 h.
• Resistência à dessecação por mais de 1 ano;
• Dispersão passiva.
Larva:
• Mede cerca de 1 mm;
• Depositados nas paredes internas de recipientes, próximo à superfície da água;
• Inicialmente brancos e rapidamente ficam pretos e brilhantes;
• Fecundação se dá no momento da postura;
• Embriões se desenvolvem em 48 h.
• Resistência à dessecação por mais de 1 ano;
• Dispersão passiva.
Pupa:
• Não se alimentam;
• Ocorre metamorfose da fase larval para o adulto;
• Mantêm-se flutuando na superfície da água para facilitar a emergência do inseto;
• O estágio dura de 2 a 3 dias;
• Dispersão passiva.
Adulto:
• Fase reprodutiva;
• Mantém-se horas sobre a parede do recipiente para endurecimento do exoesqueleto;
• Pode acasalar 24 h após emergir;
• Uma única inseminação fecunda todos os ovos;
• Vive em média 30 a 40 dias;
• Colocam em média 280 ovos em sua vida;
• Fêmeas hematófagas (se alimentam de sangue) e antropofílicas (infectam o ser humano);
• Dispersão ativa;
• Repastos das fêmeas nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer;
• Em geral postura após cada repasto sanguíneo;
• Intervalo entre o repasto e a postura é cerca de 3 dias;
• Alimenta-se mais de 2 vezes entre duas posturas;
• Ovoposição mais frequente no final da tarde, em recipientes escuros, sombreados e com superfície áspera.
• Ovoposição preferencialmente em águas limpas;
• Distribuição dos ovos em vários recipientes;
• Pequena capacidade de dispersão pelo vôo (aproximadamente 300 m);
• Endofilia e ocasionalmente no peridomicílio;
• Buscam locais escuros e quietos para repousar.
TRANSMISSÃO
A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea.
Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou ter um parto prematuro, além da gestante estar mais exposta para desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte. Por isso, é importante combater o mosquito da dengue, fazendo limpeza adequada e não deixando água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas, pneus ou outros recipientes que possam servir de reprodução do mosquito Aedes aegypti.
Em populações vulneráveis, como crianças e idosos com mais de 65 anos, o vírus da dengue pode interagir com doenças pré-existentes e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações nas condições clínicas de saúde da pessoa.
A dengue não é transmissível de pessoa a pessoa.
SINTOMAS
Os principais sintomas da dengue são:
• Febre alta > 38.5ºC.
• Dores musculares intensas.
• Dor ao movimentar os olhos.
• Mal estar.
• Falta de apetite.
• Dor de cabeça.
• Manchas vermelhas no corpo.
No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. Neste último caso pode levar até a morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele.
Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados.
São sinais de alarme da dengue os seguintes sintomas:
• Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome.
• Vômitos persistentes.
• Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico).
• Sangramento de mucosa ou outra hemorragia.
• Aumento progressivo do hematócrito.
• Queda abrupta das plaquetas.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. É confirmado com exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral, ou confirmado com teste rápido (usado para triagem).
A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR, isolamento viral e teste rápido.
TRATAMENTO
Não existe tratamento específico para a dengue. Em caso de suspeita é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico.
A assistência em saúde é feita para aliviar os sintomas. Estão entre as formas de tratamento:
• fazer repouso;
• ingerir bastante líquido (água);
• não tomar medicamentos por conta própria;
• a hidratação pode ser por via oral (ingestação de líquidos pela boca) ou por via intravenosa (com uso de soro, por exemplo);
• o tratamento é feito de forma sintomática, sempre de acordo com avaliação do profissional de saúde, conforme cada caso.
PREVENÇÃO
Faça vistorias periódicas em sua casa, prestando atenção especial nos locais determinados a seguir:
Área Externa:
• Garrafas: eliminar a água e mantê-las emborcadas;
• Calhas e lajes: verificar se acumulam água ou sinais de umidade;
• Vasos de plantas: verificar a presença de pratinhos, pingadeiras, plantas aquáticas. Preencher esses recipientes com areia;
• Caixa d´água: verificar as condições das tampas. Fazer a reposição daquelas ausentes ou quebradas, ou colocar telas de vedação;
• Piscinas: devem ser cloradas semanalmente. Se estiverem em desuso, devem ser colocados peixes ou sal no fundo;
• Piscinas infantis: em desuso devem ser lavadas com bucha e guardadas e em uso a água deve ser trocada semanalmente;
• Fontes ornamentais: devem ser mantidos peixes como tilápia, guaru, lebiste ou beta;
• Pneus: devem estar secos e guardados em local coberto;
• Ralos sem uso contínuo: providenciar tela de mosquiteiro para vedar o ralo;
• Vasilhas para guardar água da chuva: devem ser teladas ou cloradas semanalmente;
• Outros recipientes: devem estar secos e guardados em local coberto.
Área Interna:
Sala de Visitas
• Vasos de plantas: verificar a presença de plantas aquáticas. Troque a água e lave o vaso com escova uma vez por semana.
Cozinha
• Bandeja de geladeira: eliminar a água acumulada e colocar detergente;
• Vazamentos: que possam estar acumulando água em gabinetes ou armários;
• Filtro de água: verificar se a limpeza está sendo feita rotineiramente e se não há presença de larvas.
Banheiros
• Vasos sanitários: em desuso, mantê-los vedados com sacos plásticos e fita adesiva;
• Ralos: em desuso, colocar tela mosquiteiro ou um tapete em cima;
• Caixa acoplada a vasos: verificar se está bem vedada.
Área de Serviço
• Tanque: verificar vazamentos que possam estar acumulando água em algum ponto;
• Tanque: em desuso, vedar ralos e mantê-los em local coberto;
• Ralos sem uso contínuo: providenciar tela para vedar o ralo;
• Outros: verificar a presença de baldes, latas, potes, copos e etc., secá-los e guardá-los em local coberto ou emborcá-los.
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Fontes:
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