segunda-feira, 29 de abril de 2019

CCZ na 8ª Conferência Municipal de Saúde





Com o tema central “Democracia e Saúde: Saúde como Direito e Consolidação e Financiamento do SUS”, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e o Conselho Municipal de Saúde realizaram no período de 26 a 28 de abril a 8ª Conferência Municipal de Saúde de Niterói.

A Conferência teve como eixos principais :  
Eixo 1 – Saúde como Direito;
Eixo 2 – Consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde;
Eixo 3 – Financiamento adequado e suficiente para o SUS.

O evento ocorreu na Cúpula do Caminho Niemeyer e na Universidade Federal Fluminense (UFF) – Campus Gragoatá, bloco F – e reuniu usuários do sistema de Saúde, profissionais, gestores, professores, alunos e representantes da sociedade organizada para avaliar, discutir e elaborar propostas para a política municipal, estadual e federal. Teve como objetivo impulsionar e buscar a efetividade dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) garantidos pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica da Saúde, e definir diretrizes e prioridades para as políticas de saúde locais.

Na sexta-feira (26/04), o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, abriu a cerimônia e falou sobre a importância da Conferência para o melhor desenvolvimento das cidades.  “Mesmo diante das dificuldades, Niterói está ampliando sua rede de saúde, mas com muito para seguir avançando. A participação do cidadão é fundamental e é a garantia de que o processo de desenvolvimento da cidade de Niterói é equilibrado, olha para o conjunto da sua população, sobretudo para aqueles que mais precisam. Aprofundar os espaços de participação, de construção das decisões da cidade é fundamental”. 

A secretária municipal de Saúde, Maria Célia Vasconcellos, enfatizou as melhorias na gestão e ressaltou que das propostas apresentadas na última Conferência, aproximadamente 73% foram realizadas.  “Esta ação revela a nossa opção pela expansão e reorganização da rede pública de saúde. Reformamos o Hospital Pediátrico Getulinho e outras unidades básicas e policlínicas e regularizamos a aquisição de insumos. Na área da saúde mental fechamos clínicas privadas dentro da lógica antimanicomial. Outro avanço foi registrado no Programa Médico de Família, que já atinge 80% de cobertura”, afirmou.  Entre as metas para 2019, Maria Célia citou a ampliação da cobertura do Médico de Família para 90% e a reforma da maternidade municipal Alzira Reis.

Também participaram da cerimônia de abertura, a secretária municipal de Fazenda de Niterói, Giovanna Victer; o deputado federal, Chico D’Angelo; a secretária municipal de Saúde de Maricá, Simone da Costa Silva; a presidente do Conselho Estadual de Saúde, Zaira Vânea Gomes da Costa; a representante do Conselho Municipal de Saúde, Yvone Supo; o professor Marco Antônio Ronconi representando o reitor da UFF, Antônio Cláudio; e o Presidente da Famnit, Manoel Amâncio.







No sábado (27/04) houve a formação de Grupos Temáticos para debates de todos os eixos temáticos e definições de propostas.  Os GT’s foram constituídos por delegados (as), um(a) coordenador(a), um(a) relator(a) e representantes da sociedade inscritos.  As propostas discutidas nos grupos, depois de sistematizadas, foram entregues à Comissão Especial de Relatoria pelos relatores.  








Representantes do Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses (DEVIC) participaram em diversas salas de GT’s.  Na condição de delegados, o diretor do DEVIC, Francisco de Faria Neto, e o chefe do CCZ, Fábio Vilas Boas, ambos recém empossados nos cargos, debateram questões e formularam propostas, com o grupo ao qual mediavam, tais como: acesso de usuários em tratamento de doenças crônicas ao transporte gratuito, Lei Brasileira de Inclusão (13.146 de 2015), atendimento e orientação em saúde para populações em situação de vulnerabilidade social, serviço municipal de “desospitalização”, entre outras.  No âmbito da vigilância sanitária, houve a proposta de se instituir o Serviço de Inspeção Municipal – SIM como forma de garantir a sanidade e legalidade aos produtos alimentícios de elaboração artesanal ou equivalentes no município.










Por fim, no domingo (28/04) constituiu-se a Plenária Final para apreciar, debater, votar as propostas apresentadas e aprovar o Relatório Final.  Dentre os delegados participantes, foram eleitos os que irão representar o município na 8ª Conferência Estadual de Saúde, que será realizada nos dias 24 a 26 de maio deste ano. Já a etapa nacional está marcada para o período de 5 a 7 de agosto, em Brasília, conforme notificação do Conselho Nacional de Saúde (CNS).









quinta-feira, 25 de abril de 2019

Niterói realiza a 8ª Conferência Municipal de Saúde




A 8ª Conferência Municipal de Saúde será realizada nos dias 26, 27 e 28 de abril, na Cupula do Caminho Niemeyer – Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/nº Centro.  O evento pretende reunir cerca de 900 pessoas, entre profissionais e usuários das redes pública e privada de Saúde, bem como gestores e representantes da sociedade organizada, para discutir o tema “Democracia e Saúde: Saúde como Direito e Consolidação e Financiamento do SUS”.

Os três principais eixos da conferência irão debater: “Saúde como Direito”, a “Consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde” e “Financiamento Adequado e Suficiente para o SUS”. Na ocasião também serão eleitos o delegados que irão representar o município na etapa estadual, que será realizada nos dias 24 a 26 de maio deste ano. Já a etapa nacional está marcada para o período de 5 a 7 de agosto, em Brasília, conforme notificação do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

A conferência, afirmam os organizadores, é o mais importante evento de mobilização da sociedade organizada para a formulação e acompanhamento das políticas públicas na área de Saúde, fortalecendo como de costume o controle social e a participação popular.

Malária: região Amazônica concentra 99% dos casos no Brasil




Para promover um maior conhecimento sobre a malária e alertar para a necessidade de mais investimentos nas ações de prevenção e controle para erradicação da doença em todo o mundo, a Assembleia Mundial da Saúde estabeleceu, em 2007, o dia 25 de abril como o Dia Mundial de Luta contra a Malária. Este ano, o tema da campanha da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) é Zero Malária começa comigo e visa retomar os avanços contínuos no combate a esta doença, paralisados após uma década por conta do decréscimo nos investimentos. O médico infectologista e pesquisador do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas (LapClin DFA) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), André Siqueira, ressalta que é possível erradicar a doença no Brasil, mas que para isso é necessário pensar na integração das ações de controle promovidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar a relação entre os profissionais da ponta e a academia.

A malária continua sendo um grande desafio para o Brasil e para o mundo apesar do conhecimento acumulado sobre a doença. Segundo o médico infectologista, a fragilidade no combate ocorre especialmente nas áreas tropicais, onde os sistemas de saúde e as condições socioeconômicas mantêm a vulnerabilidade para a transmissão uma vez que as medidas de controle do vetor não são mantidas e adaptadas conforme as necessidades locais. “No Brasil, 99% dos casos autóctones (naturais da região ou do território) são registrados na Região Amazônica, principalmente por conta das condições demográficas, ambientais e sociais que são bastante favoráveis à manutenção do ciclo de transmissão”, explicou André.

“Aqui, onde predomina a malária vivax, o nosso maior desafio é a sustentabilidade das ações em um contexto de redução dos gastos em saúde. A malária acontece quase inteiramente na região Norte, onde os sistemas de saúde são menos resilientes para as mudanças. Uma situação a ser enfrentada também é a diminuição a redução dos esforços de contenção da transmissão quando há uma redução no número de casos, o que leva em pouco tempo ao ressurgimento da doença. Este relaxamento explica, em parte, o aumento da incidência observada em 2016 e 2017, após quase 10 anos de redução contínua”, destacou André.

Apesar das dificuldades, o pesquisador enfatiza que a eliminação da malária no Brasil é possível, mas que para atingi-la é necessário um plano de médio e longo prazo com estratégias que levem à sustentabilidade. Entre essas ações destaca a adaptação das medidas de controle dos vetores, com integração e fortalecimento do sistema de saúde local, principalmente na Atenção Primária, envolvendo também a academia com o serviço. “Isso requer tanto inovações técnicas quanto compromisso político para garantir os recursos humanos e financeiros necessários”, concluiu.

No que se refere ao estado do Rio de Janeiro, André Siqueira informou que os casos de malária diagnosticados são de viajantes ou de frequentadores de áreas silvestres da Mata Atlântica.


Malária

A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por protozoários do gênero Plasmodium. No Brasil, três espécies estão associadas à doença em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Os sintomas podem incluir febre, vômitos e/ou dor de cabeça e aparecem de 10 a 15 dias após a picada do mosquito. A malária não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa.

Apesar de ser uma doença grave, a malária tem cura com o diagnóstico rápido e preciso e um tratamento adequado com antimaláricos. Entretanto, complicações podem ocorrer, principalmente quando casos provocados pelo P. falciparum não são tratados ou as pessoas infectadas possuem um sistema imunológico vulnerável, como ocorre em idosos, crianças ou grávidas. Essas complicações podem resultar no agravamento de doenças como anemia grave, insuficiência renal e hepática, icterícia, hipoglicemia, e, em casos mais raros, causar a malária cerebral, podendo o paciente chegar ao coma.


Fonte:  Fiocruz

terça-feira, 16 de abril de 2019

Fiocruz desenvolve teste para Zika mais barato e rápido





A expectativa é que o kit seja disponibilizado até o fim do ano


Exames para identificar infecção pelo vírus da Zika em breve vão poder ser feitos em 20 minutos. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, desenvolveram um método simples e 40 vezes mais barato que o tradicional. A expectativa é que chegue aos postos de saúde antes do final do ano, beneficiando, principalmente, os municípios afastados dos grandes centros, onde o resultado do teste de Zika pode demorar até 15 dias. As informações são de um dos criadores da técnica, o pesquisador da unidade Jefferson Ribeiro.

“Tendo em vista que a técnica atual (PCR) é extremamente cara e o Brasil tem poucos laboratórios de referência que podem realizar o diagnóstico de Zika – até um tempo atrás eram apenas cinco, inclusive a Fiocruz de Pernambuco -, uma cidade pequena, no interior do estado, acaba prejudicada. A amostra precisa sair do interior, ir para a capital, para ser processada, enfim, se pensarmos nesses municípios, o resultado pode demorar 15 dias”, destaca Ribeiro.

Outra vantagem do novo teste é que pode ser feito por qualquer pessoa nos posto de saúde, não exige treinamento complexo. Com um kit rápido, basta coletar amostras de saliva ou urina, misturar com reagentes fornecidos em um pequeno tubo plástico e depois aquecer em banho maria. Vinte minutos depois, se a cor da mistura se tornar amarela, está confirmado o diagnóstico de Zika, se ficar laranja, o resultado é negativo. Hoje, o teste PCR (reação em da polimerase), com reagentes importados, é feito com material genético retirado das amostras, o que demora mais.

O teste elaborado pela Fiocruz Pernambuco é também mais preciso, ou seja, tem uma taxa de erro menor, acusando a doença mesmo em casos que não foram detectados pela PCR.
A expectativa dos pesquisadores é que o kit seja desenvolvimento pela indústria nacional, com a participação da Bio-manguinhos, e disponibilizado até o fim do ano. Testes semelhantes já são usados para o vírus da dengue e outras bactérias. “Essa é a nossa pretensão, para facilitar a disponibilidade para o Sistema Único de Saúde”, disse Ribeiro.


Zika
O número de casos de Zika, que pode causar microcefalia em bebês, vem diminuindo nos últimos anos. No entanto, o país ainda teve 8.680 diagnósticos em 2018 (em 2017 foram 17.593), com maior incidência no Norte e Centro-Oeste. A doença está relacionada à falta de urbanização e de saneamento básico e costuma aumentar nas estações chuvosas.

A Zika é transmitida principalmente por picadas de mosquito, mas também durante a relação sexual desprotegida e de mãe para filho, na gestação. Provoca complicações neurológicas como a microcefalia e a Síndrome de Guillain Barré. Começa com manchas vermelhas pelo corpo, olho vermelho, febre baixa e dores pelos corpos e nas juntas, geralmente, sem complicações.

O novo teste para a Zika foi desenvolvido no mestrado em Biociências e Biotecnologia em Saúde, com orientação do professor Lindomar Pena. Em breve, será publicado em detalhes em revista científica. Anteriormente, os pesquisadores publicaram artigo com os resultados dos testes para amostras de mosquitos infectados e não de secreções humanas.



quinta-feira, 11 de abril de 2019

Chikungunya tem alto potencial de transmissão silvestre no Brasil e nas Américas



Mosquito Haemagogus leucocelaenuse


Uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Instituto Pasteur, na França, avaliou a possibilidade de estabelecimento do ciclo silvestre do chikungunya no Brasil, o que poderia dificultar o controle do vírus e inviabilizar sua erradicação do território. Atualmente, a doença ocorre em áreas urbanas no país, tendo o Aedes aegypti como vetor. Divulgado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases, o trabalho mostra que, durante testes em laboratório, mosquitos silvestres Haemagogus leucocelaenuse Aedes terrens coletados no estado do Rio de Janeiro – espécies encontradas em grande parte das florestas do continente americano – são capazes de transmitir o vírus. Ainda é necessário verificar se os macacos brasileiros são capazes de atuar como reservatórios do chikungunya, a exemplo do que ocorre no ciclo de transmissão silvestre da febre amarela, vírus que também é originário da África.

Na continente africano, onde o chikungunya foi identificado pela primeira vez, em 1952, os ciclos silvestre e urbano da doença podem ocorrer simultaneamente. Nas áreas urbanas, os insetos A. aegypti se infectam ao sugar o sangue de pessoas doentes e transmitem a infecção para outros indivíduos. Já nas florestas africanas, diferentes espécies de mosquitos silvestres contraem o vírus ao picar macacos doentes e espalham a infecção para outros animais. Nesse caso, a infecção humana pode ocorrer de forma acidental, quando pessoas entram na mata e são picadas por vetores infectados.

“Hoje, o ciclo de transmissão do chikungunya no Brasil ocorre em espaços urbanos, envolvendo o mosquito A. aegypti. Os nossos resultados indicam que os mosquitos silvestres estudados apresentam as condições para que o vírus possa estabelecer um ciclo de transmissão silvestre nas Américas. Esse cenário apresentaria um grave problema de saúde pública, uma vez que a infecção se tornaria mais difícil de controlar”, afirma o entomologista Ricardo Lourenço de Oliveira, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC e líder do estudo. “É fundamental incorporar o chikungunya em uma rotina de vigilância envolvendo o ambiente silvestre”, destaca o pesquisador.

Ricardo ressalta que não existem dados científicos publicados sobre a suscetibilidade dos macacos das Américas ao vírus chikungunya. “Sabemos que os macacos, na África, integram o ciclo silvestre do vírus. Porém, há diferenças importantes entre as espécies de primatas que habitam os dois continentes. Por isso, são necessárias investigações complementares, que testem a susceptibilidade de infecção dos primatas do nosso continente e seu potencial como amplificadores do vírus para infectar mosquitos”, sintetiza. O pesquisador ressalta que não está descartada a possibilidade de que outros grupos de vertebrados também possam integrar o ciclo de transmissão silvestre da doença.


O entomologista Ricardo Lourenço de Oliveira destacou a necessiddade
de pesquisas com primatas da América do Sul (Foto: Gutemberg Brito)


Resultados comprovam potencial de transmissão

Para avaliar a possibilidade de transmissão silvestre, os pesquisadores realizaram testes com mosquitos H. leucocelaenus e A. terrens coletados no estado do Rio de Janeiro. Os insetos foram alimentados com amostras de sangue contendo as duas linhagens do vírus chikungunya que circulam no Brasil, chamadas de leste-centro-sul africana e asiática.

Os ensaios revelaram alto potencial dos mosquitos para disseminar o agravo: sete dias após ingerir o sangue infectado com a linhagem africana, mais de 60% dos insetos apresentaram partículas virais infectivas – capazes de provocar a infecção – na saliva. Para alguns mosquitos H. leucocelaenus, a presença do vírus infectivo na saliva se deu de forma ainda mais acelerada: apenas três dias após a ingestão do sangue infectado. No caso da linhagem asiática, os pesquisadores ofereceram sangue com uma dose menor do vírus aos insetos. Mesmo assim, aproximadamente 40% dos H. leucocelaenus e 5% dos A. terrens apresentaram partículas virais infectivas na saliva após sete dias.

“O fato de que esses mosquitos são competentes para transmissão do chikungunya nos diz que eles poderiam transmitir o vírus de pessoas infectadas para animais nas florestas, possibilitando o início de um ciclo silvestre da doença”, afirma a pesquisadora Anna-Bella Failloux, chefe da Unidade de Arboviroses e Mosquitos Vetores do Instituto Pasteur e coautora do estudo. Ela ressalta que, apesar de envolver uma série de desafios, a realização de pesquisas sobre a transmissão silvestre de vírus é uma peça-chave para o enfrentamento das doenças emergentes. “É necessário estimular a investigação sobre esses ciclos. No entanto, os mosquitos silvestres não se desenvolvem bem em colônias em laboratório. Outra dificuldade frequente é que muitos vírus silvestres crescem mal em culturas in vitro. Por isso, pouco se sabe sobre esse assunto”, comenta.


Febre amarela, exemplo da passagem urbano-silvestre

De acordo com os cientistas, a passagem de um vírus do ciclo urbano para o silvestre foi um fenômeno observado com o vírus da febre amarela no passado. Trazida da África para as Américas, a doença circulou inicialmente nas cidades, provocando grandes epidemias. No começo do século 20, com o sucesso das campanhas de erradicação do A. aegypti, o agravo deixou de ser transmitido nas áreas urbanas do continente. No entanto, uma vez que a circulação viral já tinha se estabelecido nas florestas – com a disseminação entre mosquitos silvestres, incluindo o H. leucocelaenus, e macacos –, epidemias periódicas continuaram ocorrendo nas áreas próximas de matas.

“Nas regiões onde ocorre o ciclo silvestre, a vacinação se tornou a única ferramenta eficaz para prevenir os casos de febre amarela. Mas esse não é ainda um instrumento disponível contra a chikungunya”, alerta Ricardo, lembrando que as medidas usadas para controle do A. aegypti não são aplicáveis aos vetores das florestas. “Os mosquitos silvestres, como H. leucocelaenus e A. terrens, colocam seus ovos nos ocos de árvores, que acumulam água em períodos de chuva. Esse tipo de criadouro não pode ser eliminado ou vedado como fazemos com pneus, pratos de planta, caixas d’água e outros criadouros do A. aegypti em ambiente urbano. Se iniciar um ciclo silvestre, a chikungunya pode se tornar uma doença de muito difícil controle no nosso país”, completa.


Rotina de vigilância é a principal recomendação

Os autores do estudo defendem que sejam organizados programas de vigilância para a chikungunya que incluam uma rotina de avaliação de macacos e mosquitos, de modo similar ao que é preconizado para a febre amarela. Assim, seria possível determinar se a transmissão do vírus em ambientes silvestres já está ocorrendo e monitorar essa possibilidade no futuro. Em locais próximos de matas, os pesquisadores recomendam redobrar a atenção em relação a casos humanos de chikungunya, uma vez que, como o estudo apontou, os mosquitos silvestres estão aptos a transmitir o vírus. “É fundamental combater a doença, intensificando as medidas de controle do A. aegypti, especialmente nas áreas próximas às florestas, para prevenir o estabelecimento do vírus nas regiões de matas”, enfatiza Ricardo.

De acordo com os cientistas, as ações de vigilância devem incluir a coleta de amostras de macacos e mosquitos para avaliar a ocorrência de infecção natural. Além disso, a pesquisa de anticorpos – moléculas produzidas pelo organismo em resposta à infecção e que demonstram ter havido contato prévio com o vírus – deve ser realizada nos primatas e em outros animais vertebrados. “No caso da febre amarela, algumas espécies de macacos, como os bugios, são mais suscetíveis à infecção, e o seu adoecimento é um alerta para a circulação da doença – por isso são conhecidos como ‘sentinelas’. Em relação à chikungunya, ainda é preciso identificar quais os animais mais importantes para o monitoramento”, pondera o pesquisador.


Estudos anteriores

Em estudos anteriores, publicados em abril de 2014, o mesmo grupo de cientistas apontou, de forma pioneira, a possibilidade de transmissão do chikungunya nas áreas urbanas do Brasil e de outros países das Américas. O estudo que confirmou a alta competência vetorial dos mosquitos A. aegyptie A. albopictus de dez países do continente americano foi publicado no Journal of Virology. Os primeiros casos de infecção por chikungunya no território brasileiro foram confirmados pelo Ministério da Saúde poucos meses após a publicação do estudo, em setembro de 2014.

Segundo o Ministério da Saúde, do início do ano até 16 de março, foram registrados quase 13 mil casos de chikungunya no Brasil. O número é 44% menor do que o observado no mesmo período do ano passado, quando ocorreram mais de 23 mil notificações. A queda na média nacional não significa que a doença retrocedeu em todo o país. No Rio de Janeiro, houve 6,7 mil ocorrências de chikungunya em 2019 contra 5,8 mil em 2018, o que representa alta de 14%. Com maior número do país, o estado notificou duas vezes mais casos de chikungunya do que dengue este ano. Altos índices da infecção também foram observados em Tocantins, Pará e Acre.

Os sintomas da chikungunya são semelhantes aos da dengue, com febre e manchas vermelhas na pele, além de forte dor nas articulações, muitas vezes acompanhada de inchaço, entre outras manifestações. Além da possibilidade de formas graves, a chikungunya preocupa pelo risco de desenvolvimento de quadros crônicos: em alguns pacientes, a dor articular permanece por meses ou anos, causando limitações de movimentos.


Fonte:  Fiocruz


terça-feira, 2 de abril de 2019

Educação em Saúde apresenta o projeto Promoção do Ambiente Saudável na Creche Eulina Félix




Atendendo ao convite dos agentes comunitários de saúde do Médico de Família do Cantagalo, a equipe do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC)  – do Centro de Controle de Zoonoses de Niterói (CCZ) – composta por Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira, apresentou o projeto educativo Promoção do Ambiente Saudável à Creche Comunitária Eulina Félix, situada no mesmo bairro, na última quinta-feira (28/03).

A reunião contou com a presença da diretora da creche Maria de Fátima Braga, a psicopedagoga Luciana Fontes e os agentes comunitários Jhonatas Clemente, Dayse de Lima e Sandro Ferreira. Após a apresentação da proposta educativa e seus objetivos, ficou acordado que o projeto será iniciado com a capacitação dos professores no dia 25/04/19.

Ao final, a equipe do IEC foi convidada a participar de outra reunião no mesmo local, porém coordenada pela presidente da Associação de Moradores Maria Félix Plácido, seu esposo José Plácido, professores e alguns lideres comunitários. O objetivo desse encontro semanal é traçar estratégias de promoção para a saúde dos alunos, pais e comunidade escolar. “Participamos com informações e orientações, contribuindo na sensibilização da comunidade quanto ao descarte do lixo, roedores e mosquitos. O Sr. José Plácido, ex-presidente da associação e muito atuante na gestão da esposa, elogiou a atuação competente do agente de endemias Pierri Boçard da Veiga na região”, disse Patrícia.