sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Arenavírus (Febre Hemorrágica)


O que é o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O Arenavírus é um tipo de Febre Hemorrágica, doença extremamente rara e de alta letalidade. No Brasil, o último relato da infecção foi há mais de 20 anos, quando quatro casos em humanos foram registrados, sendo três deles em ambiente silvestre no estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial no Pará.



Quais são os tipos de Febre Hemorrágica?


As febres hemorrágicas estão presentes em todo o mundo e são classificadas em seis tipos, sendo um deles o Arenavírus.

  • Flaviviridae (febre hemorrágica de Omsk, febre da floresta de Kyasanur, dengue hemorrágico/síndrome de choque do dengue e febre amarela).
  • Nairoviridae (febre hemorrágica do Congo e da Criméia).
  • Phenuiviridae (febre do Vale Rift).
  • Hantaviridae (febre hemorrágica com síndrome renal por hantavírus e síndrome pulmonar e cardiovascular por hantavírus).
  • Arenaviridae (febres hemorrágicas dos vírus Junin, Machupo, Guanarito e Sabiá na América do Sul e do vírus Lassa na África) - Arenavírus.
  • Filoviridae (febres hemorrágicas dos vírus Marburg e Ebola).


Quais são os sintomas do Arenavírus?


O período de incubação do vírus, ou seja, tempo em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção, é longo - dura de 7 a 21 dias. Os principais sintomas do arenavírus são:

  • Febre.
  • Mal-estar.
  • Dores musculares.
  • Manchas vermelhas pelo corpo.
  • Dor de garganta.
  • Dor no estômago.
  • Dor atrás dos olhos.
  • Dor de cabeça.
  • Tonturas.
  • Sensibilidade à luz.
  • Constipação (previsão de ventre).
  • Sangramento de mucosas, como boca e nariz.

IMPORTANTE: Em casos mais graves, o Arenavírus (Febre Hemorrágica) pode provocar alterações neurológicas e grave comprometimento hepático, trazendo sinais de sonolência, confusão mental, alteração de comportamento, convulsão e até hepatite.

O acometimento neurológico produz hiporreflexia, tremores e outras alterações do sistema nervoso central (SNC) como meningite e encefalopatias.


O que causa o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


As pessoas contraem o Arenavírus (Febre Hemorrágica) principalmente por meio da inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados.

A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções.

Procedimentos de geração de aerossóis, como intubação orotraqueal, ventilação mecânica não invasiva e aspiração das vias aéreas superiores, também estão envolvidos na transmissão de humano para humano.

IMPORTANTE: Eventualmente, pode ocorrer transmissão ao homem por contato direto com roedores, por meio de mordeduras.


Como é feito o diagnóstico do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O diagnóstico laboratorial específico para Arenavírus inclui as seguintes técnicas:

  • Isolamento viral em cultura de células e camundongos recém-nascidos;
  • Detecção do genoma viral através das técnicas de RT-PCR convencional e em tempo real;
  • Sequenciamento parcial ou total do genoma viral;
  • Detecção de anticorpos da classe IgM pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA).

É importante lembrar que os Arenavírus são agentes infecciosos classificados como nível de biossegurança 4 (alto risco de contaminação), isso quer dizer que para manipulação desse vírus em laboratório é necessário cuidado especial devido a possibilidade de infectar os trabalhadores, visto o potencial de transmissão por aerossóis (inalação de partículas presentes no ar) ou contato com amostras clínicas contaminadas.

Diante da avaliação crítica em relação à Biossegurança e Biocontenção, o Instituto Evandro Chagas/SVS/MS (Laboratório de Referência Nacional para Febres Hemorrágicas Virais) poderá realizar apenas o diagnóstico molecular através do RT-PCR convencional e o sequenciamento do genoma viral, uma vez que possui um Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3), com aporte de uma cabine de segurança Classe III (que são normalmente usadas em laboratórios NB4) e profissionais de saúde com treinamentos específicos para a realização desses exames.





Como é feito o tratamento do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O tratamento é feito com base nos sintomas de cada paciente. Tem-se utilizado o medicamento "ribavirina" para o tratamento dos casos provocados pelo arenavírus, sendo mais eficaz quando aplicado precocemente. Acredita-se que outros vírus das febres hemorrágicas também são sensíveis a esse antiviral.

ATENÇÃO: No caso de suspeita, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, procure imediatamente um serviço de saúde com urgência para orientação e início do tratamento.


Como prevenir o Arenavírus (Febre Hemorrágica)


A melhor forma de prevenir o arenavírus e febres hemorrágicas é evitando o contato com roedores (ratos) silvestres encontrados em áreas rurais e de mata. 

Aos profissionais de saúde recomenda-se o uso de equipamentos de proteção individual:

  • luvas;
  • gorros;
  • aventais descartáveis;
  • óculos protetor;
  • máscara N95.

É necessário também haver um controle de infecção, desinfecção e exposição de risco. Detergentes e desinfetantes comuns (hipoclorito de sódio, glutaraldeído, álcool etílico a 70%, lisofórmio) e luz ultravioleta eliminam o vírus.

A desinfecção das mãos deve ser realizada antes e após o contato com os pacientes.



Principais dúvidas sobre Arenavírus (Febre Hemorrágica)


1 - O impacto do Arenavírus sobre a saúde pública é grave?

A confirmação deste único caso é considerada um evento de saúde pública grave, pois no Brasil, a primeira e única vez em que foi relatado casos de febre hemorrágica provocados por vírus do gênero Arenavírus foi no início da década de 1990. Neste evento de saúde foi identificado um novo vírus da família Arenaviridae, do gênero Mammarenavirus, o vírus Sabiá. Considerando a família, este vírus pode apresentar alta patogenicidade e letalidade. Este fator representa um risco significativo para a saúde pública, ainda que nenhum caso secundário tenha sido identificado até este momento da investigação.

Nesse momento, não existe a necessidade de apoio externo dos organismos internacionais.

2 - O Arenavírus é incomum ou inesperado?

Este evento é classificado como incomum ou inesperado, por se tratar de um caso que envolve um agente patológico que não é identificado no território brasileiro há mais de 2 décadas.

3 - Há risco significativo de propagação nacional e internacional?

Até o momento, as investigações epidemiológicas apontam para um único caso restrito a uma região do país. Caso procedente de Sorocaba/SP, com histórico de viagem para Itapeva/SP, Itaporanga/SP, locais prováveis de infecção, além de Eldorado/SP e Pariquera-Açu/SP, na região do Vale do Ribeira. Sem histórico de viagem internacional.

4 - Há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais?

Não há risco para trânsito de pessoas, bens ou mercadorias a nível nacional ou internacional. Este evento é isolado e sua transmissão é restrita. Este é o quarto caso identificado em décadas, desde a ocorrência do primeiro caso de vírus Sabiá no início de 1990.

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