A Febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral causada por um arbovírus, o vírus do Nilo Ocidental (WNV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. Os fatores de risco estão relacionados à presença do ser humano em áreas rurais e silvestres que contenham o mosquito infectado pelo vírus e que, por ventura, venha a picar estes seres humanos.
Isolado pela primeira vez em 1937, em uma região do Norte de Uganda chamada West Nile (em português, Nilo Ocidental), os cientistas apostam na hipótese que o vírus saiu da África pela primeira vez de carona com aves migratórias que fazem o trajeto entre a costa oeste africana e a península ibérica.
No verão de 1999, o vírus foi detectado em Nova York, matando sete pessoas. O que aconteceu entre esse primeiro episódio e o ano de 2015 foi grave: 43.937 pessoas contaminadas e 1.911 vítimas fatais – isso sem contar os incontáveis animais silvestres e domésticos, como cachorros, cavalos e aligátores.
Apesar do Culex ser apontado como principal responsável pela circulação do vírus durante a série de surtos nos EUA, o Aedes aegypti também é um vetor em potencial.
Na América do Sul, evidências sorológicas de WNV foram detectadas em cavalos e pássaros na Colômbia, Venezuela e Argentina. No Brasil, a primeira evidência sorológica de WNV ocorreu em 2009, na região do Pantanal, Mato Grosso do Sul, com o isolamento do vírus em cavalos. Recentes estudos ainda confirmam a circulação desse arbovírus em equinos, principalmente cavalos, nessa mesma região. No final de 2014, o primeiro caso humano de Febre do Oeste do Nilo foi reportado no estado do Piauí.
Transmissão
O vírus da Febre do Nilo Ocidental é transmitido por meio da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Culex (pernilongo). Os hospedeiros naturais são algumas espécies de aves silvestres, que atuam como amplificadoras do vírus e como fonte de infecção para os mosquitos.
Também pode infectar humanos, equinos, primatas e outros mamíferos. O homem e os equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, uma vez que a contaminação do vírus se dá por curto período de tempo e em níveis insuficientes para infectar mosquitos, encerrando o ciclo de transmissão.
Outras formas mais raras de transmissão já foram relatadas e incluem transfusão sanguínea, transplante de órgãos, aleitamento materno e transmissão transplacentária.
A transmissão por contato direto já foi demonstrada em laboratório para algumas espécies de aves, no entanto não há transmissão de pessoa para pessoa.
Sintomas
A doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas distintos, de acordo com cada pessoa e com o nível de gravidade da doença.
Em até 80% dos casos, quem contrai a doença não desenvolve nenhum tipo de sintoma. Os outros 20% irão desenvolver um quadro de febre, dores pelo corpo, vômitos e diarreia. A recuperação é quase certa, mas a sensação de cansaço pode durar por semanas ou até meses.
A forma leve da doença caracteriza-se pelos seguintes sinais:
• febre aguda de início abrupto, frequentemente acompanhada de mal-estar;
• anorexia;
• náusea;
• vômito;
• dor nos olhos;
• dor de cabeça;
• dor muscular;
• exantema máculo-papular e linfoadenopatia.
O período de incubação intrínseca - tempo entre a infecção do hospedeiro e a manifestação de sinais e sintomas - nos humanos varia de 3 a 14 dias após a picada do mosquito e pode apresentar manifestação subclínica ou com sintomatologia de distintos graus de gravidade, variando desde febre passageira - acompanhada ou não de mialgia (dor muscular) - até sinais e sintomas de acometimento do sistema nervoso central com encefalite ou meningoencefalite grave.
Um em cada 150 indivíduos infectados desenvolve doença neurológica severa (meningite, encefalite ou poliomielite). A encefalite é o quadro mais comum entre as manifestações cerebrais. Em menos de 1% das pessoas infectadas, o vírus causa uma infecção neurológica grave, incluindo inflamação do cérebro (encefalite) e das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (meningite). A Síndrome de Guillain Barré também pode se apresentar, assim como em outros tipos de infecção.
As formas graves da Febre do Nilo Ocidental atingem com maior frequência as pessoas com idade superior a 50 anos. Entre as complicações possíveis, estão apresentações neurológicas graves, como, por exemplo: ataxia e sinais extrapiramidais, anormalidades dos nervos cranianos, mielite (inflamação da medula espinhal), neurite óptica, polirradiculite e convulsão. Se não tratada corretamente, em casos raríssimos a Febre do Nilo Ocidental pode matar.
Segundo o Centro de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos (CDC/USA), mulheres grávidas não apresentam maior risco para infecção por vírus do Nilo Ocidental. Com relação às grávidas já infectadas pelo vírus, as evidências apontam para um baixo risco de infecção para o feto ou recém nascido, com poucos casos sendo reportados. Parecem ser raros os casos de transmissão do vírus da Febre do Nilo Ocidental para o bebê por meio da amamentação, porém esse tema ainda precisa ser mais bem estudado.
Após a infecção, a pessoa pode desenvolver imunidade duradoura contra o vírus causador da Febre do Nilo Ocidental.
Diagnóstico
O teste diagnóstico mais eficiente para a Febre do Nilo Ocidental é a detecção de anticorpos IgM contra o vírus do Nilo Ocidental em soro (coletado a partir do 5º dia após o início dos sintomas) ou em líquido cefalorraquidiano (LCR; coletado após o 8º dia a partir do início dos sintomas), utilizando a técnica de captura de anticorpos IgM (ELISA).
O diagnóstico diferencial da Febre do Nilo Ocidental inclui diversas arboviroses (neuroinavasivas e não neuroinvasivas) e outras doenças virais febris agudas (como dengue, leptospirose, febre maculosa, e outras) ou com acometimento do sistema nervoso central. Assim, a abordagem sindrômica é a mais indicada para a vigilância da FNO, a partir da identificação de pacientes com quadros neurológicos de etiologia viral (encefalite, meningite, meningoencefalite, paralisia flácida aguda) sem causa conhecida.
Tratamento
Não existe vacina ou tratamento antiviral específico para a Febre do Nilo Ocidental. O tratamento é sintomático para redução da febre e outros sintomas. Para casos leves, analgésicos podem ajudar a aliviar dores de cabeça leves e dores musculares. Não consuma nenhum tipo de medicamento sem a devida orientação médica.
Os casos mais graves, frequentemente, necessitam de hospitalização para tratamento de suporte, com reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias, além de tratamento específicos para pacientes com quadros de encefalites ou menigoencefelite em sua forma severa.
Prevenção
Não existem formas efetivas de se prevenir a Febre do Nilo Ocidental, exceto evitar a presença de insetos nas áreas onde vivem os seres humanos. As medidas abaixo ajudam a reduzir os riscos:
• Evite água parada.
• Evite locais sem saneamento básico.
• Coloque tela nas janelas e portas.
• Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos, rios e riachos.
• Use inseticidas e larvicidas.
• Use repelentes.
Quem vive ou trabalha em área onde há mosquitos infectados está em risco de infecção pelo vírus do Nilo Ocidental (VNO). Portanto, todos os trabalhadores devem ter o cuidado de reduzir o seu potencial de exposição à infecção.
Trabalhadores em risco são aqueles que trabalham ao ar livre, que incluem: médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas, biólogos, agricultores, paisagistas, jardineiros, trabalhadores da construção civil, entomologistas e outros trabalhadores de campo.
Evite manusear animais mortos quando possível. Evite o contato direto. Se você deve lidar com eles, usar luvas duplas de procedimento, que fornecem uma barreira protetora entre sua pele e sangue ou outros fluidos corporais.
Sugestão de vídeo:
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Fontes:
Ministério da Saúde
Instituto Evandro Chagas
Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte
AEDES DO BEM!
Revista de Saúde Pública / Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
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