Com o objetivo de esclarecer as dúvidas da população e também dos profissionais de saúde que atuam na área, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) disponibilizou na última terça-feira (30/08/16) perguntas e respostas com as informações e evidências científicas mais recentes sobre o vírus zika e suas consequências. Confira!
* Como as pessoas pegam o vírus zika?
O vírus zika é transmitido primariamente às pessoas por meio da picada de um mosquito Aedes infectado, que também pode transmitir chikungunya, dengue e febre amarela.
Um estudo conduzido pela Fiocruz Pernambuco detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus. Essas amostras foram coletadas em Recife, no Brasil, em casas de pessoas que foram infectadas com o zika. Mais estudos sobre a potencial transmissão pelo Culex são necessários. A OMS continuará a atualizar as informações e recomendações assim que mais pesquisas que contribuem para a base de conhecimento sobre o vírus zika e suas complicações forem publicadas.
O vírus zika também pode ser transmitido por meio de relação sexual e foi detectado em sêmen, sangue, urina, líquido amniótico e saliva, bem como em fluidos corporais encontrados no cérebro e medula espinhal.
*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.
Em quais locais o vírus zika circula?
A transmissão local do vírus zika pelos mosquitos Aedes tem sido notificada nos continentes da África, nas Américas, na Ásia e no Pacífico.
Existem dois tipos de mosquitos Aedes conhecidos por serem capazes de transmitir o zika. Na maioria dos casos, ele é propagado pelo Aedes aegypti em regiões tropicais e subtropicais. O Aedes albopictus também transmite o vírus e pode hibernar para sobreviver em regiões com temperaturas mais baixas.
O El Niño pode influenciar na transmissão do zika?
O Aedes aegypti se reproduz em água parada. Grandes períodos de seca, inundações, fortes chuvas e aumento de temperatura são efeitos conhecidos do El Niño – que é o resultado do aquecimento do centro ao leste tropical do Oceano Pacífico. Um aumento na população de mosquitos é esperado devido à expansão e locais de reprodução favoráveis. Algumas medidas podem ser tomadas para prevenir e reduzir os efeitos de saúde causados pelo El Niño.
O Aedes pode voar de um país ao outro ou de uma região a outra?
O Aedes não consegue voar por mais de 400 metros. Entretanto, existe a possibilidade do mosquito ser transportado de um lugar para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.
Quais são os sintomas da infecção pelo vírus zika?
O vírus zika geralmente causa uma doença leve. Os sintomas mais comuns incluem febre baixa ou erupção cutânea (exantema), que aparecem alguns dias após a picada do mosquito infectado. Embora muitas pessoas com o vírus não apresentem sintomas, outras podem sofrer também de conjuntivite, dores musculares e articulares e cansaço. Os sintomas costumam durar de dois a sete dias. Não existe diferença nos sintomas registrados por gestantes infectadas e mulheres não grávidas.
Como a infecção pelo vírus zika é diagnosticada?
O diagnóstico é baseado nos sintomas e no histórico recente do paciente (como picadas de mosquitos ou viagens para áreas com circulação do vírus). Testes laboratoriais podem confirmar a presença do zika no sangue, entretanto, esse diagnóstico pode não ser tão confiável, já que o vírus poderia reagir de forma cruzada com outros vírus como o da dengue e febre amarela. Um teste confiável de diagnóstico é uma prioridade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.
Como o vírus zika é tratado?
Os sintomas da doença podem ser tratados com medicamentos comuns para dor e febre, descanso e reposição de líquidos. Se os sintomas piorarem, as pessoas devem procurar auxílio médico.
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, MICROCEFALIA E OUTROS DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
* O vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré?
Com base em um crescente corpo de pesquisas preliminares, há consenso científico de que o vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré. Embora intensos esforços continuem a reforçar e refinar a ligação entre o vírus e uma variedade de distúrbios neurológicos dentro de um rigoroso quadro de investigação, uma corrente de estudos de casos notificados recentemente, bem como um pequeno número de estudos caso-controle e coorte, apoiam a conclusão de que existe uma associação entre o vírus zika, a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré.
*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.
*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.
Quais eventos levaram a OMS a investigar uma relação de causalidade?
Um surto de zika no Brasil, identificado no início de 2015, foi seguido de um aumento anormal da microcefalia entre os recém-nascidos, bem como um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré. À luz desses eventos, determinou-se que um surto anterior do vírus zika na ilha Polinésia Francesa em 2013 e 2014 também foi associado a um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré, microcefalia e outros distúrbios neurológicos. A comunidade científica respondeu com urgência à situação que evoluía rapidamente e começou a construir uma base de conhecimentos sobre o vírus e suas implicações de forma extremamente ágil.
Há outras explicações para a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré?
A Síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia são condições com um número de causas subjacentes, gatilhos e efeitos neurológicos. A microcefalia pode resultar de infecções no útero, exposição a produtos químicos tóxicos e anormalidades genéticas, ao passo que a Síndrome de Guillain-Barré é uma condição autoimune que pode ser desencadeada por infecções específicas.
Os cientistas não excluem a possibilidade de que outros fatores podem se combinar à infecção pelo vírus zika e causar distúrbios neurológicos, entretanto, mais pesquisas são necessárias para que qualquer conclusão nessa área possa ser alcançada.
Existe uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos?
Relatórios de casos recentes sugerem que pode haver uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos, como: mielite (inflamação da medula espinal) ou anormalidades cerebrais em varredura na ausência de microcefalia. A OMS e seus parceiros têm agido com base nos relatórios emergentes sobre outras manifestações neurológicas e a avaliação das evidências para essas condições está em curso, assim como para microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré.
O que é Síndrome de Guillain-Barré?
A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca seus nervos. Pessoas de todas as idades podem ser afetadas, mas a doença é mais comum em homens adultos. A maioria das pessoas se recupera completamente, inclusive nos casos mais graves da Síndrome de Guillain-Barré. Em 20% a 25% das pessoas com essa condição, os músculos peitorais são afetados, o que dificulta a respiração. Casos graves são raros, mas podem resultar em paralisia.
O que é microcefalia?
A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é menor do que a cabeça de crianças com mesma idade e do mesmo sexo. Ela acontece tanto quando há problemas no útero, o que faz com que o cérebro do bebê pare de crescer adequadamente, quanto após o nascimento. Crianças nascidas com microcefalia muitas vezes apresentam dificuldades de desenvolvimento à medida em que envelhecem. Em alguns casos, crianças com essa condição se desenvolvem normalmente. A microcefalia pode ser causada por uma variedade de fatores ambientais e genéticos como a Síndrome de Down; exposição a drogas, álcool ou outras toxinas no útero; e infecção por rubéola durante a gravidez.
GRAVIDEZ
Mulheres podem transmitir o vírus zika para seus fetos durante a gravidez ou no momento do parto?
A transmissão do vírus zika de mulheres grávidas para seus fetos foi documentada. Mulheres grávidas em geral, incluindo aquelas que desenvolveram sintomas de infecção pelo vírus zika, devem procurar o serviço de saúde para acompanhar de perto a gestação.
Mães infectadas pelo vírus zika podem amamentar seus bebês?
O vírus zika foi detectado no leite materno, entretanto não há evidências de que o vírus possa ser transmitido de mãe para filho durante a amamentação. A OMS recomenda a alimentação de bebês exclusivamente com leite materno por pelo menos os primeiros seis meses de idade.
O que as mulheres que desejam adiar suas gravidezes em preocupação com a microcefalia podem fazer?
A decisão de engravidar e de quando engravidar deve ser pessoal, com base em informações completas e acesso a serviços de saúde de qualidade. Mulheres que desejam adiar a gravidez devem ter acesso a uma ampla gama de opções de contracepção reversíveis, de longa ou curta duração de ação. Elas também devem ser aconselhadas sobre a dupla proteção contra infecções sexualmente transmissíveis, por meio do uso de preservativos.
Não são conhecidos problemas de segurança sobre o uso de quaisquer métodos anticoncepcionais hormonais ou de barreira para mulheres e adolescentes em risco de infecção pelo vírus zika, mulheres diagnosticadas com o vírus ou mulheres e adolescentes em tratamento contra a infecção pelo vírus.
Como as mulheres podem gerenciar suas gravidezes no contexto do vírus zika e suas consequências?
A maioria das mulheres em áreas afetadas pelo vírus zika darão à luz bebês saudáveis. A ultrassonografia em tempo oportuno não prevê com segurança malformações no feto. A OMS recomenda que o exame seja repetido no segundo ou terceiro trimestre (preferencialmente entre 28 e 30 semanas) para identificar se há microcefalia no feto e/ou quaisquer anormalidades no cérebro, quando essas são mais fáceis de detectar.
Quando possível, a triagem do líquido amniótico em busca de anormalidades ou infecções congênitas, incluindo o vírus zika, é recomendada, especialmente nos casos onde os testes feitos com mulheres foram negativos para zika, mas seus ultrassons indicam anormalidades no cérebro do feto.
Com base no prognóstico de anormalidades cerebrais associadas ao bebê, a mulher - e seu parceiro, se ela desejar - deve receber aconselhamento não-diretivo para que ela, em consulta com profissionais de saúde, possa ter decisões baseadas em informações sobre os próximos passos no gerenciamento de sua gravidez.
Mulheres que carregam a gravidez a termo devem receber os cuidados e apoio adequados para gerenciar a ansiedade, o estresse e o ambiente de nascimento. Os planos para cuidado e gerenciamento do bebê logo após seu nascimento devem ser discutidos com os pais em consulta com um pediatra ou neurologista assim que possível.
O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?
TRANSMISSÃO SEXUAL
O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?
Todas as pessoas que foram infectadas pelo vírus zika e seus parceiros sexuais – particularmente mulheres grávidas – devem receber informações sobre os riscos da transmissão sexual do zika, opções de métodos contraceptivos e práticas sexuais seguras. Quando viável, devem ter acesso a preservativos, fazendo seu uso correto e consistente.
Gestantes devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde surtos de vírus zika estão em curso. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivem ou retornam de áreas onde há transmissão local do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por pelo menos a duração da gravidez.
É fortemente recomendado aos casais ou mulheres que planejam engravidar e que vivem ou retornam de áreas onde a transmissão do vírus zika é conhecida que esperem por pelo menos oito semanas até a tentativa de concepção; e seis meses, caso o parceiro masculino tenha apresentado sintomas de infecção.
Homens e mulheres que regressam de áreas onde o zika circula devem praticar sexo seguro, inclusive por meio do uso correto e contínuo de preservativos, ou se abster de relações sexuais por pelo menos oito semanas. Homens que apresentaram sintomas (erupções na pele, febre, artralgia, mialgia ou conjuntivite) devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por um período de pelo menos seis meses.
Homens e mulheres em idade reprodutiva que vivem em áreas onde há transmissão local do vírus zika devem considerar adiar a gravidez e seguir as recomendações (incluindo o uso correto e consistente de preservativos) para prevenir o HIV, outras infecções sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.
O que as mulheres expostas ao sexo desprotegido, que não desejam engravidar pela possibilidade de infecção pelo zika, devem fazer?
Todas as mulheres e meninas devem ter fácil acesso à contracepção de emergência, incluindo informações e aconselhamento precisos, bem como métodos acessíveis.
PROTEÇÃO CONTRA O MOSQUITO
O que as pessoas podem fazer para se protegerem da picada de mosquitos?
• A melhor forma de se proteger contra o zika é prevenir as picadas de mosquitos. Mulheres grávidas ou que planejam engravidar e seus parceiros sexuais devem tomar cuidados extras, entre eles:
• Vestir roupas que cubram o máximo possível do corpo (preferencialmente de cores claras);
• Usar repelentes, que podem ser aplicados nas áreas expostas da pele ou nas roupas. O produto dever conter DEET (diethyltoluamide) ou IR 3535 ou Icaridin, que são os princípios ativos mais comuns em repelentes. Eles devem ser usados de acordo com as instruções do rótulo e são seguros para mulheres grávidas;
• Utilizar barreiras físicas, tais como telas comuns ou tratadas com inseticidas em janelas e portas;
• Dormir embaixo de mosquiteiros, mesmo quando o repouso ocorrer de dia;
• Identificar e eliminar potenciais criadouros de mosquitos, esvaziando, limpando ou cobrindo recipientes com água (baldes, vasos de flores e pneus);
• Programas nacionais podem direcionar corpos de água e resíduos de esgoto (saídas de tanques sépticos devem ser cobertas) com intervenções de água e saneamento.
Como as mulheres grávidas podem se proteger das picadas de mosquitos?
Gestantes que vivem em áreas onde há circulação do vírus zika devem seguir as mesmas medidas de prevenção fornecidas para a população em geral. Devem, também, ir regularmente às consultas de pré-natal em conformidade com as normas nacionais. Mulheres grávidas que desenvolverem qualquer sintoma ou sinal de infecção pelo vírus zika devem iniciar as consultas precocemente para diagnóstico, cuidados adequados e acompanhamento.
VIGILÂNCIA
Qual o papel da vigilância do mosquito em relação ao vírus zika?
O monitoramento dos números e localização (vigilância) dos mosquitos é usado para fins operacionais e de pesquisa. Ele ajuda a determinar as mudanças na distribuição geográfica dos mosquitos para monitorar e avaliar os programas de controle, mensurar as populações de mosquitos ao longo do tempo e facilitar a tomada de decisões adequadas e oportunas quanto às intervenções.
A vigilância pode servir para identificar áreas onde tenha ocorrido uma infestação de alta densidade de mosquitos ou períodos nos quais a população de mosquitos aumenta. Nas áreas nas quais os mosquitos não estão mais presentes, a vigilância do mosquito é fundamental para detectar a introdução de novos mosquitos antes que eles se espalhem e se tornem difíceis de eliminar. O monitoramento da suscetibilidade das populações de mosquitos aos inseticidas também deve ser parte integrante de qualquer programa que utilize esses produtos. A vigilância é um componente importante do programa de prevenção e controle, uma vez que fornece as informações necessárias para avaliações de risco, resposta às epidemias e avaliação do programa.
Programas de vigilância em curso para o Aedes aegypti não envolvem a coleta de milhares de mosquitos para testá-los para o vírus zika. Isso seria algo extremamente difícil de fazer, considerando o grande número de mosquitos no ambiente e a taxa muito baixa de infecção pelo zika, mesmo em uma epidemia. Por exemplo: relatórios publicados sugerem que menos de um mosquito está infectado a cada 1.000 mosquitos.
Qual é a diferença entre o Aedes e o Culex?
O Aedes transmite o vírus zika e outras doenças que carrega de forma mais eficaz que o Culex, uma vez que ele costuma picar as pessoas durante o dia e é mais adaptado a viver dentro e em torno de assentamentos humanos. O Culex se prolifera em águas poluídas, colocando seus ovos no mesmo local de reprodução, e prefere se alimentar de apenas uma pessoa. Enquanto isso, o Aedes põe seus ovos em diversos locais e se alimenta de várias pessoas – espalhando as doenças que carregam consigo de forma mais ampla na localidade.
* Porque a OMS está focando no Aedes como o principal vetor do zika? Ele é bastante conhecido para justificar o desenho atual do programa de controle de vetores?
Todos os estudos realizados até o momento na África, Ásia, Pacífico e Américas sustentam a conclusão de que o Aedes aegypti é o principal vetor e, um mosquito da mesma família, Aedes albopictus, é um potencial transmissor do vírus zika. Ambas espécies se reproduzem e vivem perto ou dentro de habitações humanas, preferindo picar humanos a outros hospedeiros animais, e uma extensa documentação têm mostrado suas competências na transmissão do zika.
As recomendações de controle vetorial da OMS focadas nos mosquitos Aedes também são muito eficientes contra outros vetores, incluindo o Culex. A gama de métodos para reduzir a população de mosquitos inclui a pulverização das paredes e interiores de casas, pulverização dentro de espaços, controle larval e eliminação de criadouros. O controle do vetor é recomendado junto às medidas de proteção pessoal, tais como o uso de repelentes e camas com mosqueteiros durante o dia e a noite, entre outros.
*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.
*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.
Existe alguma pesquisa nacional ou internacional em andamento sobre o vírus zika para investigar suas possíveis causas?
Há uma grande falta de pesquisas internacionais e uma escassez de recursos para resolver as questões que surgiram durante este surto. As evidências disponíveis indicam que os mosquitos Aedes são os principais vetores em áreas urbanas e semi-urbanas e amplos esforços estão em andamento para controlá-los. A OMS está trabalhando junto a parceiros para entender melhor todos os fatores adicionais que contribuem para a transmissão do vírus zika e suas complicações.
VIAGENS
O que as pessoas que viajam para áreas afetadas pelo zika devem fazer?
Os viajantes devem se manter informados sobre o vírus zika e outras doenças transmitidas por mosquitos, como chikungunya, dengue e febre amarela, e consultar as autoridades locais de saúde e viagens, caso estejam preocupados.
Mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde há transmissão do zika em curso; gestantes cujos parceiros sexuais vivem em ou viajam para áreas com transmissão do vírus devem assegurar práticas sexuais mais seguras ou se abster de relações sexuais durante o período da gravidez.
JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016
Quais são os riscos enfrentados pelos atletas e visitantes dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 em relação ao atual surto de zika no Brasil?
Atletas e visitantes enfrentam riscos similares às pessoas que residem no Brasil. Existe o risco de contrair o vírus zika por meio da picada do mosquito infectado ou por meio de relações sexuais desprotegidas com pessoas que possuem o vírus. O zika geralmente causa sintomas amenos e a maioria das pessoas infectadas não apresentam quaisquer sintomas.
No entanto, existe consenso científico de que o vírus zika é uma causa da microcefalia (crianças nascidas com perímetro cefálico menor que o padrão) e outras malformações e distúrbios em bebês de mães infectadas pelo vírus durante a gestação. Desta forma, a OMS recomenda que mulheres grávidas não viajem para áreas onde há circulação do zika.
O zika também é uma causa da Síndrome de Guillain-Barré, um raro e grave distúrbio neurológico que pode levar à paralisia e à morte.
Os Jogos acontecem no Brasil durante o inverno, quando há menos mosquitos ativos e, por consequência, menos risco de ser picado.
O que os atletas e visitantes podem fazer para se protegerem?
Os mosquitos são os principais vetores, entretanto pessoas infectadas com o zika também podem transmitir o vírus para outra pessoa por meio de sexo desprotegido (ou seja, sem preservativo). Atletas e visitantes devem:
• Seguir as orientações aos viajantes fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas autoridades de saúde de seus países e consultar profissionais de saúde antes de viajar;
• Durante o dia, sempre que possível, fazer uso de repelentes e vestir-se com roupas claras que cubram o corpo e o protejam da picada dos mosquitos;
• Utilizar barreiras físicas, tais como telas comuns ou tratadas com inseticidas em janelas e portas – ou mantê-las fechadas; e
• Evitar visitas às áreas superlotadas em cidades sem água encanada e saneamento insuficiente (ideais para criadouros de mosquitos), onde o risco de ser picado é maior.
Mulheres grávidas devem participar dos Jogos Rio 206? E seus parceiros?
Mulheres grávidas não devem viajar para áreas onde há transmissão do vírus zika, incluindo o Rio de Janeiro. Os parceiros sexuais das gestantes que retornarem de áreas com circulação do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais durante a gestação.
Com base na situação atual do Brasil, a OMS recomenda a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016?
Cancelar ou mudar o local dos Jogos não alterará significantemente a propagação internacional do vírus zika. O Brasil é um dos quase 60 países e territórios que continuam notificando a transmissão do zika por mosquitos. As pessoas continuam viajando entre esses países e territórios por diversas razões. A melhor forma de reduzir o risco de contrair a doença é seguir as orientações públicas de saúde para viajantes.
A OPAS/OMS está fornecendo orientações públicas de saúde pública para o governo do Brasil e para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, com o objetivo de mitigar o risco de atletas e visitantes contraírem o vírus zika durante o evento. Um importante foco das orientações da OMS gira em torno de medidas para reduzir a população de mosquitos Aedes, que transmitem chikungunya, dengue e febre amarela, além do vírus zika.
A OMS continuará a monitorar a situação e atualizará as orientações, caso seja necessário.
Quais são os riscos enfrentados pelos atletas e visitantes dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 em relação ao atual surto de zika no Brasil?
O que os atletas e visitantes podem fazer para se protegerem?
RESPOSTA AO VÍRUS ZIKA
Qual é a resposta da OMS ao vírus zika?
A Organização, trabalhando em conjunto com parceiros, tem desenvolvido um quadro que define as principais questões a serem respondidas para fortalecer o corpo de evidências sobre a relação causal entre o zika e os distúrbios neurológicos. Além disso, a OMS convocou diversas reuniões entre especialistas sobre zika em todo o mundo durante março de 2016 para discutir evidências, responder a questões científicas e fornecer orientações práticas para apoiar os países que respondem ao surto a aos casos de distúrbios neurológicos.
A OMS continuará na liderança da harmonização, coleção, revisão e análise dos dados que procuram responder às perguntas. Com cientistas será possível desvendar como o zika implica em condições como a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré, obtendo uma maior compreensão sobre o problema, bem como uma maior clareza sobre quais populações estão suscetíveis a serem afetadas e em que medida.
Quais são as recomendações da OMS para os países?
Dada a gravidade do risco para a saúde pública, a OMS aconselhou os países onde o vírus zika está em circulação a tomarem medidas decisivas e imediatas para proteger suas populações. Reduzir o risco de que as pessoas sejam picadas por mosquitos é a maneira mais efetiva de prevenir a infecção. Países afetados são instados a intensificar os esforços no controle de vetores e garantir que indivíduos e comunidades estejam cientes de como se proteger de picadas e sobre como eliminar os criadouros do mosquito. Atualmente não existe vacina contra o vírus zika.
Apoio social e cuidados precoces devem ser fornecidas durante e após a gravidez, bem como cuidados clínicos para pessoas que desenvolverem a Síndrome de Guillain-Barré.
Como a resposta ao vírus zika se mantém atualizada com todas as pesquisas que vem sendo publicadas?
Novos estudos sobre zika e suas consequências estão sendo publicados diariamente e o ritmo das pesquisas continua a aumentar. A OMS e seus parceiros avaliarão sistematicamente novos estudos para detectar quaisquer mudanças na direção de uma nova base de evidências e identificar conhecimentos e lacunas nas investigações.
Para permitir dos últimos dados em intervalos regulares, uma revisão sistemática está sendo desenvolvida. Esse será um resumo online de pesquisas em saúde, que será atualizado à medida que novos estudos se tornarem disponíveis. O sistema pode ser adaptado para futuros surtos de novas doenças e emergência de doenças transmissíveis, gerando informações em tempo real baseadas em evidências.
Última atualização [da OPAS / OMS] em Ter, 30 de Agosto de 2016 23:04
Fonte: OPAS /OMS
Fonte: OPAS /OMS
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