quarta-feira, 27 de maio de 2020

COMO USAR SUA MÁSCARA CORRETAMENTE





O uso de máscaras quando tiver que sair de casa é uma forma de evitar a transmissão do novo coronavírus, porém somente quando utilizada de forma adequada.

Um dos maiores erros que as pessoas cometem no uso de máscaras é mexer na parte protetora da máscara e puxá-las para baixo do nariz ou para a parte de baixo do queixo, para conversar ou até para respirar melhor.

Mas, então, o que devemos fazer quando estivermos usando máscara?

  • USE SUA MÁSCARA DE FORMA QUE ELA CUBRA POR COMPLETO SEU NARIZ, ATÉ O TOPO, E O QUEIXO POR COMPLETO;
  • APERTE OS LAÇOS DA MÁSCARA PARA QUE FIQUEM BEM AJUSTADOS AO SEU ROSTO, SEM FALHAS;
  • NÃO TOQUE NA PARTE DA FRENTE DA MÁSCARA, ONDE PODE TER A MAIOR QUANTIDADE DE VÍRUS;
  • USE OS LAÇOS DA MÁSCARA PARA COLOCÁ-LAS E RETIRÁ-LAS;
  • SEMPRE LAVE AS MÃOS ANTES E DEPOIS DE COLOCAR E TIRAR A MÁSCARA;
  • SOMENTE COLOQUE E RETIRE A MÁSCARA DENTRO DE CASA.  ELEVADORES E ESCADAS AINDA NÃO FAZEM PARTE DA SUA CASA;
  • LAVE SUA MÁSCARA DE PANO COM ÁGUA E SABÃO TODA VEZ QUE USAR.


Dicas para reutilizar sua máscara de pano corretamente:
  • O ideal é que cada pessoa tenha de 2 a 3 máscaras de pano;
  • Troque de máscara a cada 2 horas;
  • Após o uso, lave com água e sabão neutro;
  • Lave separadamente de outras roupas;
  • Após secagem, passe com ferro quente e guarde em local limpo e seco.

Se precisar sair de casa, não se esqueça: o uso de máscara é obrigatório na cidade de Niterói. Confira no vídeo como usa-la corretamente!

https://www.facebook.com/zoonosesniteroirj/posts/2955719521179844

Atenção: não usar máscara nas ruas pode gerar multa administrativa no valor de 180,00, que será revertido para pacientes diagnosticados com coronavírus.

Continue fazendo sua parte:  se puder, FIQUE EM CASA!





quarta-feira, 20 de maio de 2020

Pesquisador fala sobre testes nas diversas fases da pandemia



A corrida pelo desenvolvimento da vacina ou de um tratamento adequado para o combate ao novo coronavírus são a esperança para enfrentamento da Covid-19, doença que em poucos meses ceifou milhares de vidas e modificou a rotina de populações de diversos países, levando também a impactos econômicos. Enquanto não é possível encontrar soluções a curto prazo, a discussão sobre testes para detectar indivíduos infectados tem ganhado destaque no cenário de pandemia do novo coronavírus.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto, explica que para entender a importância dos testes é necessário pensar sobre alguns aspectos: o que são esses testes, quais as suas potencialidades e limitações e quando utilizá-los como instrumento para tomada de decisão.

De acordo com Barral, o teste em si não resolve a situação da pandemia, mas fornece informações que irão modificar as ações de saúde coletiva. A relevância dos testes está não só em detectar quem está doente, mas em ter controle dos contatos desses pacientes, evitando que pessoas potencialmente contaminadas continuem circulando pela cidade, impedindo que o vírus se espalhe com mais facilidade.

Segundo o pesquisador Manoel Barral, os testes rápidos sorológicos têm apresentado baixa sensibilidade e especificidade e, por isso, pode ocorrer um número alto de resultados falso positivos ou falso negativos. Como o vírus permanece nas vias respiratórias, podendo ser transmitido para outras pessoas por algum tempo, algumas vezes antecedendo até o surgimento dos sintomas, também é importante detectá-lo o quanto antes. “Há um problema maior, que é quando o indivíduo permanece assintomático e transmitindo. Por isso, a estratégia de se fazer muito mais testes do que se costuma fazer em situações como essa”, pontua Manoel Barral.

Na Bahia, o cenário em relação à testagem é parecido com o que ocorre no Brasil inteiro; abaixo do necessário. Pela complexidade da coleta e do processamento da amostra, exigindo maquinário especialidade e reagentes que estão sendo requisitados pelo mundo inteiro dos fabricantes, ainda não é possível realizar a testagem em larga escala na população, como seria o ideal. 

Dos dois tipos de testes utilizados atualmente, um detecta o vírus no indivíduo infectado e o outro detecta anticorpos contra o vírus em quem já teve a infecção. “Esses testes são de suma importância em todas a fases da pandemia, para criar uma estratégia de liberação dos indivíduos para o retorno de suas atividades gradativamente”, observa o imunologista.


Tipos de testes

O teste mais utilizado no Brasil é o molecular, chamado de Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), que identifica o RNA do vírus através do swab nasofaríngeo, com a coleta de amostra na mucosa na cavidade nasal do paciente. 

Essa técnica detecta o vírus quando o indivíduo está doente, mesmo sendo assintomático. Não é um teste fácil de ser feito, pois a manobra do swab exige profissionais treinados e um cuidado maior com o material coletado por ser altamente contaminável, colocando em risco quem realiza o exame. Esse teste, além de sensível, é muito específico, portanto confiável.

A outra técnica disponível é a sorológica, que detecta a presença de anticorpos para coronavírus na amostra de sangue, indicando que a pessoa foi infectada com o vírus em algum momento passado. Manoel Barral observa que a principal função desse tipo de teste é mostrar como está a exposição da população ao vírus.

O teste rápido para detecção de anticorpos foi recentemente liberado para ser realizado em farmácias. O pesquisador alerta que esses testes podem criar uma falsa sensação de proteção no indivíduo, visto que ainda não está comprovado que pessoas que foram expostas ao novo coronavírus estão realmente protegidas contra uma nova infecção. “E caso haja a imunização de fato, ainda não sabemos por quanto tempo esses indivíduos estão protegidos, porque os primeiros casos de Covid-19 são recentes”, acrescenta.

Além disso, segundo o pesquisador, o ideal é que esses testes sorológicos tenham sensibilidade acima de 90% e especificidade próxima a 98%, mas, por enquanto, eles têm apresentado respostas abaixo do esperado e por isso não são muito confiáveis, pois pode ocorrer um número alto de resultados falso positivos ou falso negativos.


Futuro com Covid-19

Após a primeira onda da pandemia da Covid-19, o esperado é que boa parte da população não tenha sido exposta ao vírus e, portanto, não esteja imune. Como o coronavírus ainda estará circulando, o risco de uma segunda onda do surto é uma realidade. “Nós temos que tomar muito cuidado após a primeira onda de contaminação, ter uma vigilância muito ativa para detectar novos casos e fazer os trabalho de isolamento de pessoas doentes e seus contatos”, explica Barral.

Por isso, a realização de testes e comportamento cauteloso das pessoas continuarão a ser importantes mesmo após a primeira onda. “É necessário ficar claro, para todos nós, que a nossa vida vai mudar por um tempo. A gente não vai voltar à vida normal de uma hora para outra, vai ter que continuar circulando com máscara, usando muito álcool gel e lavando as mãos de forma muito intensiva”, afirma o pesquisador.


20/05/2020

terça-feira, 19 de maio de 2020

Atenção motoboys: confira dicas e cuidados para prevenção do coronavírus .


Em meio a pandemia do Covid-19, devemos sempre redobrar nossos hábitos de higiene para evitar a disseminação do vírus. Com os cuidados necessários, profissionais que precisam trabalhar ficam mais protegidos e as pessoas que interagem com eles também. É importante lembrar que os serviços de delivery são importantíssimos para que a circulação de pessoas nas ruas seja cada vez menor. Logo tudo isso vai passar e em breve voltaremos a nossa rotina. Continue salvando vidas, se puder, fique em casa! 







quinta-feira, 14 de maio de 2020

Higienização de Alimentos em Tempos de Covid-19




Diante do atual quadro de pandemia global de Covid-19, surgem muitas dúvidas acerca de questões higiênicas, bem como sobre a adoção de novos hábitos que normalmente não faziam parte de nossa velha rotina.

Por mais que sejam simples de ser executados, ainda pode haver dúvidas sobre a correta forma de efetuar a higienização dos alimentos, quais são os produtos adequados para uso, o tempo indicado para sua sanitização etc.

Visando justamente a esclarecer tais dúvidas, o projeto de extensão Farmalimentos, do Campus UFRJ - Macaé, elaborou o manual "Higienização de alimentos em tempos de covid-19". Com informações práticas e sucintas, o material é uma ótima fonte de consulta sobre o tema.

Ajude divulgando e compartilhando com amigos, familiares e conhecidos.


Criado pelas professoras Jessica Rivas e Juliana Latini, ambas da área de alimentos do curso de Farmácia da UFRJ - Macaé, o projeto Farmalimentos conta ainda com os professores Francisco Teixeira e Analy Leite, além dos graduandos Amanda Balduce, Erika Schultz, Igor de Souza, Juliana Ayala, Keila de Andrade e Laiza Souto.


13/05/2020


terça-feira, 12 de maio de 2020

Novo coronavírus circulou sem detecção na Europa e Américas


Uma pesquisa liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) aponta que a circulação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) foi iniciada até quatro semanas antes dos primeiros casos serem registrados em países da Europa e das Américas. O estudo, que utiliza uma metodologia estatística de inferência a partir dos registros de óbitos, indica que, enquanto os países monitoravam os viajantes e confirmavam os primeiros casos importados da Covid-19, a transmissão comunitária da doença já estava em curso. 

Segundo o trabalho, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, o novo coronavírus começou a se espalhar no Brasil por volta da primeira semana de fevereiro. Ou seja, mais de 20 dias antes do primeiro caso ser diagnosticado em um viajante que retornou da Itália para São Paulo, em 26 de fevereiro, e quase 40 dias antes das primeiras confirmações oficiais de transmissão comunitária, em 13 de março. Na Europa, a circulação da doença começou aproximadamente em meados de janeiro na Itália e entre final de janeiro e início de fevereiro, na Bélgica, França, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido. O começo de fevereiro também foi o período de início da disseminação na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, de acordo com o estudo.


Arte: Jefferson Mendes


A pesquisa é a primeira a apontar o período de início da transmissão comunitária no Brasil e reforça evidências preliminares de pesquisas conduzidas na Europa a partir de análises genéticas. Corrobora ainda achados de estudos realizados nos Estados Unidos, que indicaram começo da propagação viral na cidade de Nova Iorque entre 29 de janeiro e 26 de fevereiro. 

Assim como no Brasil, na Itália, Holanda e Estados Unidos, a disseminação comunitária já estava ocorrendo havia duas a quatro semanas quando os primeiros casos importados do Sars-CoV-2 foram identificados pela confirmação de testes laboratoriais entre viajantes. Nos demais países, os primeiros registros oficiais da infecção em viajantes ocorreram poucos dias antes ou depois do início da transmissão local estimada na pesquisa.

Os autores destacam que, em todos os países analisados, a circulação da Covid-19 começou antes que fossem implementadas medidas de controle, como restrição de viagens aéreas e distanciamento social. “Esse período bastante longo de transmissão comunitária oculta chama a atenção para o grande desafio de rastrear a disseminação do novo coronavírus e indica que as medidas de controle devem ser adotadas, pelo menos, assim que os primeiros casos importados forem detectados em uma nova região geográfica”, afirma o pesquisador do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz, Gonzalo Bello, coordenador da pesquisa.

Apesar de vários países terem o início da transmissão comunitária em momentos muito próximos, a expansão da epidemia em cada localidade parece ter seguido uma dinâmica própria. “Muito provavelmente, a dinâmica de expansão da epidemia foi definida por fatores locais, como características ambientais de temperatura, precipitação e poluição do ar, densidade e demografia da população”, acrescenta o pesquisador do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia), Tiago Graf. 

Além de ajudar a esclarecer o início de transmissão local do Sars-CoV-2 nos países estudados, os autores destacam que os resultados obtidos reforçam a importância da implementação de ações permanentes de vigilância molecular, uma vez que o novo coronavírus pode voltar a circular e causar surtos ao longo dos próximos anos. “A intensa vigilância virológica é essencial para detectar precocemente a possível reemergência do vírus, informando os sistemas de rastreamento de contatos e fornecendo evidências para realizar as medidas de controle apropriadas”, completa Gonzalo.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz em parceria com Fiocruz-Bahia, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Universidade da República (Udelar), no Uruguai. Os resultados foram publicados na seção Fast Track da revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que permite a divulgação acelerada de pesquisas relacionadas à pandemia.


Lacuna superada

Gonzalo e toda a equipe envolvida no trabalho têm larga experiência em pesquisas aplicadas ao entendimento do início de surtos e epidemias, tendo realizado estudos com técnicas baseadas em análise genética para HIV, hepatites, dengue, zika e febre amarela, entre outros agravos. “Este tipo de análise é um aporte valioso da Ciência para a Saúde Pública, na medida em que ajuda a elucidar uma lacuna de tempo imediatamente anterior à detecção inicial de casos”, afirma o pesquisador.

Para este tipo de investigação, é fundamental contar com um volume representativo de genomas dos vírus encontrados em amostras de pacientes. “Porém, o curto tempo desde o início da epidemia combinado com a quantidade limitada de genomas de Sars-CoV-2 disponível torna muito difícil a aplicação da genômica molecular para inferir o início da transmissão local na maioria dos países”, comenta o pesquisador da Ufes Edson Delatorre. 

Por isso, para estimar o período de início da transmissão viral comunitária do novo coronavírus, os pesquisadores desenvolveram um novo método. Os cientistas partiram de um dos traços mais trágicos e marcantes da Covid-19: o crescimento exponencial do número de mortes nas primeiras semanas de surto. Uma vez que a carência de testes de diagnóstico e o grande percentual de infecções assintomáticas dificultam a contagem de casos da doença, os registros de óbito são considerados a informação mais confiável sobre o progresso da epidemia, podendo ser utilizados como um rastreador “atrasado”, que permite observar o curso da doença de forma retrospectiva.

Considerando que o tempo médio entre a infecção e o óbito por Covid-19 é de cerca de três semanas e a taxa de mortalidade da doença é de aproximadamente 1%, os cientistas aplicaram um método estatístico para inferir o momento de início da epidemia a partir do número acumulado de mortes nas primeiras semanas de surto em cada país. “Observando os dois países onde já existe grande número de genomas sequenciados – China e Estados Unidos –, constatamos que a estimativa obtida a partir do número de mortes foi semelhante à obtida a partir da análise genética, validando a nova abordagem”, afirma a pesquisadora da Udelar Daiana Mir. 


Cenário no Brasil 

No Brasil, outras evidências, obtidas a partir de metodologias diferentes, apoiam a estimativa de que a transmissão local da Covid-19 começou no início de fevereiro, coincidindo com a expansão da epidemia na América do Norte e Europa. De acordo com o InfoGripe, sistema da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que monitora as hospitalizações de pacientes com sintomas respiratórios agudos graves (SRAG), o número de internações encontra-se acima do observado em 2019 desde meados de fevereiro de 2020. Além disso, análises moleculares retrospectivas de amostras de SRAG detectaram um caso de infecção por Sars-CoV-2 no Brasil na quarta semana epidemiológica, entre 19 e 25 de janeiro. O aumento sustentado no número de infecções foi observado a partir da sexta semana epidemiológica, entre 2 e 8 de fevereiro, conforme apresentado no MonitoraCovid-19, sistema do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). 

"Esses dados epidemiológicos confirmam a introdução do Sars-CoV-2 no Brasil desde o fim de janeiro e claramente sustentam nossos resultados, que apontam que o vírus estava circulando na população brasileira desde o início de fevereiro", pontua Gonzalo.


Fonte:  Fiocruz
Por Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


sexta-feira, 8 de maio de 2020

Dúvidas sobre os impactos da Covid-19 em animais de estimação?





Em tempos de pandemia ocasionada pela Covid-19, surgem incertezas sobre como isso pode afetar seu convívio com os animais de estimação (pets). Diante dessa questão, o Centro de Controle de Zoonoses de Niterói, em parceria com o curso de Residência em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), disponibiliza desde abril um canal de comunicação para esclarecer dúvidas nesse sentido.

O serviço tem como objetivo sanar as principais dúvidas dos tutores de cães e gatos, orientar quanto à melhor maneira de cuidar dos animais nesse momento de pandemia, e informar sobre a relação coronavírus e animais domésticos no que tange à nossa proteção e a dos nossos melhores amigos (pets).

O atendimento é realizado por dois residentes de medicina veterinária, de segunda à sexta-feira, das *9h às 15h, por meio do telefone (21)2613-3246 do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde.

*Novo horário de expediente, em vigor a partir de 28/05/2020, em função da pandemia da Covid-19. 

Veja também:

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Em tempos de pandemia, vírus da dengue pode ser invisibilizado





Professor Expedito Luna (FMUSP) alerta para o fato de que, a despeito do coronavírus, o vírus da dengue continua ativo e fazendo vítimas pelo Brasil

Novas espécies de vírus foram identificadas em pacientes que apresentavam sintomas da dengue. Um dos microrganismos pertence ao gênero Ambidensovirus e foi encontrado em amostra coletada no Amapá. O outro, presente em amostra do Tocantins, pertence ao gênero Chapparvovirus. Antonio Charlys da Costa, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo, compartilha que essas espécies nunca foram encontradas antes em humanos e foi possível identificá-las através da técnica de metagenômica viral. 

Embora tenham sido encontrados em pacientes com sintomas de dengue, ainda não é conclusivo que os novos vírus tenham desencadeado esses sintomas ou se oferecem de fato risco para a população, mas a descoberta de novos microrganismos pode ser um alerta para a importância de se estudar e analisar novos vírus que podem, por exemplo, ajudar na identificação de doenças não reconhecíveis, como afirma o pesquisador: “Essa descoberta pode trazer alguma luz para os diagnósticos não resolvidos, ou seja, para aqueles pacientes que tinham alguma suspeita de alguma arbovirose e os testes deram negativos. Você tem mais opção de buscar causadores de doenças, entendeu, isso também daria mais força para pessoas procurarem mais vírus diferentes aqui no nosso país”.

Em um período em que estamos enfrentando a ameaça mundial do coronavírus, o Brasil, país com histórico de epidemias virais, precisa estar sempre atento com os novos e também com os antigos vírus, como, por exemplo, o da dengue, uma das arboviroses que podem ser invisibilizadas pela pandemia, como explica o professor Expedito Luna, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto de Medicina Tropical: “Ela [a pandemia] veio acompanhada com um quadro de extrema gravidade, com uma letalidade que não é desprezível e é natural que o mundo inteiro desenvolva esforços no sentido de controlar essa doença. Um problema que acontece é que, simultaneamente à ocorrência da covid-19, outras doenças continuam ocorrendo, dentre elas, a dengue”.

Nas primeiras dez semanas deste ano, o Brasil registrou ao menos 332.397 casos de dengue, segundo dados do último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde até o dia 7 de março. Em 2020, a atenção deve ser redobrada porque o pico da doença coincidirá com o da covid-19 e o da gripe influenza, previstos para maio, como explica o professor: “O pico de ocorrência de dengue no Brasil costuma ser no mês de maio, então, até a semana do dia 12, ou seja, que é mais ou menos o meio do mês de março, o Ministério da Saúde já nos informava 450 mil casos prováveis de dengue no Brasil, ou seja, caminhamos para mais um ano epidêmico”.

Fonte:  Jornal da USP 
Por Gabrielle Abreu

Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino, site Nações Unidas Brasil



Em projeto pioneiro, parceria entre Prefeitura de Niterói e Fiocruz identifica coronavírus na rede de esgoto da cidade



A Prefeitura de Niterói, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a concessionária Águas de Niterói, iniciou estudo para identificar a presença de material genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em amostras do sistema de esgotos da cidade. O objetivo é acompanhar o comportamento da disseminação do vírus ao longo da pandemia de Covid-19.

As primeiras coletas foram realizadas em 15 de abril. Estão sendo coletadas amostras de esgoto bruto em 12 pontos georreferenciados e estrategicamente distribuídos pela cidade de Niterói, incluindo estações de tratamento de esgotos (ETEs), pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos, nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Camboinhas, Maravista, Sapê e nas comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió e Boa Esperança. A previsão é de que, na primeira etapa do projeto, o monitoramento seja realizado durante quatro semanas, com possibilidade de prorrogação. Na primeira semana, foi possível detectar material genético do novo coronavírus em amostras de esgotos em cinco dos 12 pontos de coleta: três poços de visita (PVs) de troncos coletores do bairro de Icaraí e nas entradas da ETE Icaraí e ETE Camboinhas.

“Esta é uma importante parceria entre a ciência e as políticas públicas que vai nos ajudar a salvar vidas. Isso para nós é muito importante, porque nos permite verificar quais comunidades têm uma incidência maior do coronavírus a partir das amostras do esgoto, mesmo que naquele local haja muitas pessoas assintomáticas", explica o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de Niterói, Axel Grael. "Como a Prefeitura está iniciando um programa amplo de testagem, e nosso objetivo é priorizar justamente as comunidades, o resultado dessa pesquisa pode indicar em quais comunidades devemos intensificar as ações. Niterói está chegando à universalização do saneamento, tem a maior rede coletora do Estado e está entre as 10 do país. E isso viabiliza uma pesquisa desse tipo".

Evidências científicas recentes mostram que o novo coronavírus está presente em fezes. O projeto utiliza a análise de amostras de esgotos como um instrumento de vigilância, permitindo identificar regiões com presença de casos da doença, mesmo os ainda não notificados no sistema de saúde. O monitoramento ambiental realizado pela Fiocruz, que desenvolve atividades de pesquisa na área de Virologia Ambiental há mais de 15 anos, está alinhado com estudos científicos internacionais, que têm demonstrado a importância da vigilância baseada em esgotos para a detecção precoce de novos casos de Covid-19.

“O monitoramento da circulação do novo coronavírus durante a epidemia subsidiará informações para a vigilância em saúde, permitindo otimizar o uso dos recursos disponíveis e fortalecer medidas de profilaxia na área, uma vez que a investigação sistemática da presença do material genético do vírus na rede de esgotos sanitários pode fornecer um retrato da presença de casos positivos em determinada localidade, incluindo assintomáticos e subnotificados no sistema de saúde. Este estudo confirma a importância da vigilância baseada em águas residuárias como uma abordagem promissora para entender a ocorrência do vírus em uma determinada região geográfica, assim como a inserção da Virologia Ambiental nas Políticas Públicas de Saúde”, explica a pesquisadora Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e responsável pela pesquisa.

A virologista ressalta que até o momento não existem evidências científicas sobre a possibilidade de transmissão do novo coronavírus pelas fezes.

“Nossas análises detectam a presença de fragmentos de material genético do vírus, indicando que existe presença de casos positivos em determinada localidade. Porém, ainda não há evidências na literatura científica de que, quando excretado nas fezes, o vírus ainda esteja viável para infectar outras pessoas”, esclarece. Até o momento, a via respiratória é o principal modo de transmissão, através de gotículas respiratórias geradas pela tosse ou espirros.

Para a pesquisadora Camille Mannarino, da ENSP/Fiocruz, o estudo reforça a importância da relação entre saneamento e saúde.

“O monitoramento de Covid-19 em esgotos sanitários tanto subsidia ações regionalizadas de contenção da transmissão quanto permite antecipar a mobilização da atenção primária em saúde em determinada localidade onde a circulação viral seja detectada previamente pelo monitoramento dos esgotos”, ressalta.

No entanto, ela destaca que este tipo de vigilância apenas é possível nos municípios em que uma parcela significativa da população é atendida por rede coletora de esgotos e a operadora do serviço tem controle sobre o sistema. “No caso de Niterói, a cobertura da rede de esgotos é de 95%. A adequada coleta e tratamento de esgotos também são fundamentais para a não contaminação de águas de abastecimento e recreação”, justifica a engenheira sanitarista.

Resultados – Os resultados iniciais evidenciam a eficácia da metodologia na ampliação da vigilância de propagação do novo coronavírus. Foi utilizado o método de ultracentrifugação, tradicionalmente empregado para concentração de vírus em esgotos, associado a técnica de RT-PCR em tempo real, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As amostras coletadas na segunda e terceira semanas estão em fase processamento.

As análises são lideradas pelo Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em colaboração com o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, também do IOC/Fiocruz. O planejamento e realização das coletas é feito pelo Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), em colaboração com a concessionária Águas de Niterói, que opera os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos da cidade.