Leishmanioses
são doenças causadas por parasitas protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae, existindo mais de 20
espécies, e são transmitidas ao homem pela picada de flebotomíneos fêmeas
infectadas. Existem três principais formas da doença:
Leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmaniose
e provoca lesões de pele, úlceras, principalmente nas partes expostas do corpo,
deixando cicatrizes ao longo da vida e deficiência grave. Cerca de 95% dos
casos ocorrem nas Américas, na bacia do Mediterrâneo, no Oriente Médio e na Ásia
Central. Mais de dois terços dos novos casos ocorrem em seis países:
Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, Irã (República Islâmica) e República
Árabe Síria. Estima-se que 0,7 milhão a 1,3 milhões de novos casos ocorrem em
todo o mundo anualmente.
© Dr Alvar Ezquerra, Jorge / OMS NTD |
Leishmaniose mucocutânea conduz à destruição parcial ou total
das membranas mucosas do nariz, boca e garganta. Quase 90% dos casos de leishmaniose
mucocutânea ocorrem nos países Bolívia, Brasil e Peru.
© Dr Alvar Ezquerra, Jorge / OMS NTD |
A
leishmaniose visceral (também
conhecida como calazar) é fatal se não for tratada. É caracterizada por ataques
de febre irregulares, perda de peso, aumento do baço e do fígado, e anemia. É
altamente endêmica no subcontinente indiano e no leste da África. Estima-se que
200.000 a 400.000 novos casos ocorrem no mundo a cada ano. Mais de 90% dos
novos casos ocorrem em seis países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Sudão
do Sul e Sudão.
© Dr Alvar Ezquerra, Jorge / OMS NTD |
Vetores
© Sean McCann. Nouragues, Guiana Francesa. 2009 |
Mais
de 90 espécies de flebotomíneos são conhecidas por transmitir parasitas Leishmania. São insetos dípteros da
subfamília Phlebotominae,
pertencentes aos gêneros Lutzomyia –
no Novo Mundo, e Phlebotomus – no
Velho Mundo. Geralmente não ultrapassam
0,5 cm de comprimento, tendo pernas longas e delgadas, e o corpo densamente
piloso. Têm como característica o voo saltitante e a manutenção das asas
eretas, mesmo em repouso. Somente as fêmeas estão adaptadas com o respectivo
aparelho bucal para picar a pele de vertebrados e sugar o sangue. Muito pouco
se sabem de seus criadouros, encontrando-se as formas imaturas em detritos de
fendas de rocha, cavernas, raízes do solo e de folhas mortas e úmidas, e também
nas forquilhas das árvores em tocas de animais – ou seja, em solo úmido, mas
não molhado, e em detritos ricos em matéria orgânica em decomposição.
Transmissão
Parasitas
Leishmania são transmitidos pela
picada de flebotomíneos fêmeas infectados. A epidemiologia da leishmaniose
depende das características das espécies de parasitas, as características
ecológicas dos locais de transmissão, a exposição atual e passada da população
humana ao parasita e do comportamento humano. Cerca de 70 espécies de animais,
incluindo humanos, têm sido encontrados como hospedeiros naturais dos parasitas
Leishmania.
Principais fatores de risco
Condições
sócio-econômicas
A
pobreza aumenta o risco de leishmaniose. Condições sanitárias precárias domésticas
e de habitação (por exemplo, falta de gestão de resíduos, esgoto aberto) podem
aumentar a reprodução de flebotomíneos e os locais de repouso, bem como o seu
acesso aos seres humanos. Flebotomíneos são atraídos para habitações cheias, pois
estas fornecem uma boa fonte de refeições (sangue). O comportamento humano, tal
como dormir do lado de fora da casa ou sobre o solo, pode aumentar o risco. O
uso de mosquiteiros tratados com inseticidas reduz o risco.
Desnutrição
Alimentação
pobre em proteína, ferro, vitamina A e zinco aumenta o risco de uma infecção
progredir para calazar.
Mobilidade
da população
As
epidemias de ambas as principais formas de leishmaniose são frequentemente
associados com a migração e à circulação de pessoas não imunes em áreas com
ciclos de transmissão existentes. A exposição ocupacional e o desmatamento
generalizado continuam sendo fatores importantes. Por exemplo, as pessoas que
se estabelecem em áreas que eram florestas podem estar se aproximando do
habitat dos flebotomíneos. Isto pode conduzir a um rápido aumento nos casos.
Transformações
ambientais
As
mudanças ambientais que podem afetar a incidência de leishmaniose incluem
urbanização, a domesticação do ciclo de transmissão e a incursão das
explorações agrícolas e assentamentos em áreas florestais.
Mudança
climática
A
leishmaniose é sensível ao clima, e fortemente afetada por mudanças na
precipitação, temperatura e umidade. O aquecimento global e a degradação da
terra, em conjunto, afetam a epidemiologia da leishmaniose em diversas
maneiras:
- Mudanças de temperatura, precipitação e umidade podem ter fortes efeitos sobre vetores e hospedeiros reservatório, alterando a sua distribuição e influenciando seus tamanhos de sobrevivência e de população;
- Pequenas variações de temperatura podem ter um efeito profundo sobre o ciclo de desenvolvimento de promastigotas de Leishmania em flebótomos, permitindo a transmissão do parasita em áreas anteriormente não endêmicas para a doença;
- Seca, fome e inundações resultantes das alterações climáticas podem levar ao deslocamento em massa e a migração de pessoas para áreas com transmissão de leishmaniose, e a má nutrição poderia comprometer a sua imunidade.
Diagnóstico e tratamento
Na leishmaniose visceral, o diagnóstico é feito através da combinação de sinais clínicos com parasitológico, ou testes sorológicos (testes rápidos de diagnóstico e outros). Na leishmaniose tegumentar, manifestação clínica com exames parasitológicos confirma o diagnóstico.
O
tratamento da leishmaniose depende de vários fatores, incluindo o tipo de
doença, espécies de parasitas e localização geográfica. A leishmaniose é uma doença
tratável e curável. Todos os pacientes diagnosticados como leishmaniose
visceral requer tratamento imediato e completo.
Prevenção e controle
Prevenção e controle da leishmaniose exige uma combinação de estratégias de intervenção porque a transmissão ocorre em um sistema biológico complexo que envolve o hospedeiro humano, parasita, flebotomíneo vetor e em alguns casos um hospedeiro-reservatório animal. As principais estratégias incluem:
- O diagnóstico precoce e o tratamento eficaz dos casos reduz a prevalência da doença e evita incapacidades e morte. Atualmente, existem medicamentos altamente eficazes e seguros anti-Leishmania, particularmente para LV, e acesso a estes medicamentos tem melhorado significativamente;
- Controle de vetores ajuda a reduzir ou interromper a transmissão da doença por flebotomíneos, especialmente em condições domésticas. Métodos de controle incluem inseticida spray, uso de mosquiteiros tratados com inseticida, gestão ambiental e proteção pessoal;
- Vigilância eficaz da doença é importante. Detecção e tratamento precoce de casos ajudam a reduzir a transmissão e a monitorar a propagação e a carga da doença;
- Controle de hospedeiros reservatórios é complexa e deve ser adaptada à situação local;
- Mobilização social e reforço de parcerias - a mobilização e educação da comunidade com intervenções de mudança de comportamento eficazes com estratégias de comunicação adaptados localmente. Parceria e colaboração com várias partes interessadas e outros programas de controle de doenças transmitidas por vetores.
Leishmanioses nas Américas
Calazar nas Américas é muito semelhante ao encontrado na bacia do Mediterrâneo. O hábito de manter cães e outros animais domésticos dentro de casa é pensado para promover a infecção humana. A epidemiologia da leishmaniose cutânea nas Américas é complexa, com variações nos ciclos de transmissão, hospedeiros reservatórios, vetores flebotomíneos, manifestações clínicas e resposta à terapia, e várias espécies de Leishmania que circulam na mesma área geográfica.
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA
LEISHMANIOSE VISCERAL
SITUAÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI, RJ (2011-2014)
FONTES:
Organização
Mundial de Saúde - http://www.who.org
Conselhos Regionais de Medicina Veterinária da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) – Programa Zoonoses da Região Sul, Manual de Zoonoses, 1ª ed., 2009.
Conselhos Regionais de Medicina Veterinária da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) – Programa Zoonoses da Região Sul, Manual de Zoonoses, 1ª ed., 2009.
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