sexta-feira, 26 de maio de 2017

Eliminar a dengue: Wolbachia foi transmitida para 90% dos Aedes aegypti em bairro de Niterói


O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil, conduzido pela Fiocruz, confirma sua nova taxa de sucesso em 90% de presença de Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba, bairro de Niterói onde foi implementado o projeto-piloto. Neste momento, a fase de expansão avança para bairros da Região Oceânica do município. Com equipe presente nos bairros de Cafubá, Jacaré, Jardim Ibuí, Piratininga, Santo Antônio e Camboinhas, o projeto promove atividades de informação, conhecimento e engajamento comunitário para que, em breve, possa prosseguir com a liberação dos Aedes aegypti com Wolbachia. A iniciativa da Fiocruz ajudará a proteger mais 32 mil habitantes dessas doenças.

“O aumento da frequência de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba (área do projeto-piloto), é considerado um resultado extremamente satisfatório e corrobora a autossustentabilidade do método. Agradecemos a população do Ponto Final, de toda Jurujuba e também da Região Oceânica, onde atuamos no momento, pelo contínuo apoio recebido desde o início das nossas atividades no município”, reforça Luciano Moreira, pesquisador responsável pela iniciativa no Brasil.


Projeto 

O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil propõe um método capaz de reduzir a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya pela liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Essa bactéria é natural, pois existe em muitos outros insetos. A iniciativa é parte do programa internacional Eliminate Dengue: Our Challenge, com participação do pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, que lidera o projeto no Brasil. A metodologia consistiu na inoculação da bactéria Wolbachia, retirada da mosca da fruta, no ovo do Aedes aegypti, para que desta forma o inseto se desenvolva com a bactéria no seu organismo de forma intracelular.

O projeto propõe a liberação dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em uma área por um determinado período de tempo, proporcionado a substituição gradual da população de mosquitos Aedes aegypti de campo pelos mosquitos com a bactéria Wolbachia. Esta substituição ocorre mediante o cruzamento entre eles, com a transmissão da bactéria pela fêmea aos seus filhotes. Desta forma, o método torna-se autossustentável, uma vez que naturalmente a bactéria vai se perpetuar nas gerações futuras dos mosquitos.

“O método não envolve nenhuma modificação genética e é complementar a todos que já existem para proteção e combate às doenças. É uma iniciativa inovadora, sem fins lucrativos, autossustentável, porque não exige a sua contínua implementação na área, além de ser segura, porque não tem qualquer influência em seres humanos e no meio ambiente”, explica Moreira.


Expansão 

A fase de expansão, já iniciada nos bairros de Charitas, Preventório, São Francisco e Grota no início deste ano, está em fase de liberação mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em algumas destas localidades e chega agora à Região Oceânica e, em um futuro próximo chegará ao município do Rio de Janeiro, iniciando pela Ilha do Governador. Nas novas áreas, a equipe de Engajamento Comunitário está dialogando e tirando dúvidas com a comunidade sobre a metodologia. A conscientização sobre a importância da participação de toda a população é fundamental para o sucesso da iniciativa.

“Estamos bastante otimistas com esta expansão do projeto, pois teremos a oportunidade de trazer mais um método à população para reduzir a incidência dessas doenças transmitidas pelos mosquitos, agora em maior escala”, ressalta Moreira.


Aprovações éticas e regulatórias

O protocolo da fase de expansão do Projeto no Brasil foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.


Apoiadores e financiadores

No Brasil, o projeto é apoiado pelo Ministério da Saúde (Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis - Devit/SVS - e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - Decit/SCTIE) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com contrapartida da Fiocruz. A Secretaria de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do projeto, fornecendo contrapartida de pessoal e logística. O financiamento internacional inclui verba da Fundação Bill & Melinda Gates, via Universidade Monash (Austrália) e Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.


Fonte:  Fiocruz

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