Uma parceria com a Fiocruz e o lançamento do aplicativo Sem Dengue também fazem parte do plano de combate ao mosquito. A campanha “Não Crie Mosquito em Casa” foi lançada nesta quarta-feira (13/01) pela Prefeitura de Niterói.
Uma grande ação, que envolve várias secretarias e órgão municipais, será realizada na cidade. As duas principais ferramentas serão uma parceria com a Fiocruz, que terá Niterói como o foco de uma pesquisa que usa mosquitos infectados por uma bactéria que atua como uma vacina contra o Aedes, e o lançamento do aplicativo “Sem Dengue”. Através do app, a população poderá tirar fotos de possíveis criadouros do mosquito. O anúncio foi feito no auditório da Prefeitura com a participação de representantes de todas as secretarias.
“Quero pedir a cada um aqui, representantes de todos os órgãos, a mobilização e o engajamento de todos neste trabalho, para enfrentarmos esse mosquito. Temos uma performance muito positiva nesta crise, e a questão mais importante é a mobilização e a comunicação com a população. Hoje estamos lançando este aplicativo Sem Dengue, com o qual o cidadão tem a possibilidade denunciar casas, prédios que estejam com risco de serem ou se tornarem criadores do mosquito. Além disso, eu já assinei um decreto que permite à Secretaria de Ordem Pública, com o auxílio da Polícia Militar, adentrar em residências particulares onde o proprietário não tome providências quanto à limpeza do espaço. Com esse aplicativo e com essa mobilização de toda a Prefeitura, a gente vai intensificar nos próximos dias essa ação, tudo isso combinado, sobretudo, com a mobilização de vocês. É fundamental que a gente tenha como foco esse trabalho, para que continuemos a ser uma referência positiva na prevenção contra a dengue", disse o prefeito.
Através do novo aplicativo de celular,a população poderá tirar fotos de possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue, da zika e da chikungunya. Como o Sem Dengue é georreferenciado, identificará automaticamente o endereço do local fotografado pelo cidadão. A denúncia do foco será enviada pela internet para a prefeitura e vão ajudar o trabalho dos agentes de controle de endemias. Gratuito, o app estará disponível para usuários do sistema Android a partir desta quarta-feira. Quem tiver smartphone com sistema IOS poderá baixar a partir de 23 de janeiro.
O aplicativo foi desenvolvido pelo Colab, rede colaborativa já utilizada pela prefeitura. A campanha terá, ainda, a distribuição de panfletos, cartazes, divulgação nas mídias sociais e uma página especial no Portal da Prefeitura (www.niteroi.rj.gov.br/contradengue). Além do foco na eliminação dos criadouros, a iniciativa informará a população sobre os sintomas das doenças.
Em Niterói, as pessoas já podem denunciar possíveis focos de Aedes pelo Disque Dengue (2621-0100). Parceria com a FioCruz Em reunião com o presidente da FioCruz, Paulo Gadelha, o prefeito formalizou uma parceria, para que Niterói se torne o campo de experiência formal para uma pesquisa realizada pela fundação. O trabalho consiste na liberação de mosquitos infectados por uma bactéria (Wolbachia) no habitat natural do inseto. Essa bactéria atua como uma espécie de vacina para o Aedes, impedindo que os vírus se multipliquem no organismo do mosquito, que deixa, portanto, de transmitir as doenças.
“Essa parceria se iniciou no segundo semestre de 2014. Este programa é muito importante não só para Niterói. Acredito que é mais importante ainda para o país. Este programa muda completamente o estágio da luta contra o Aedes, e coloca as autoridades sanitárias de saúde em um patamar de avanço contra essas doenças terríveis. Esta parceria teve início como um projeto-piloto em Jurujuba. É uma conquista extraordinária. O presidente da Fiocruz explicou como funciona a pesquisa: “Nossa experiência é muito promissora, já com eficácia comprovada a nível internacional. Tem origem com um grupo australiano, que foi o primeiro a criar e a desenvolver essa tecnologia. Começamos no Brasil com projetos-piloto e já temos resultados muito satisfatórios que atestam que essa tecnologia é capaz de em um período previsto fazer com que a região onde ela é desenvolvida, em um período curto, passe a ter a predominância de cerca de 70 a 80% da colônia com esses mosquitos incapazes de transmitir a dengue, a zika e a chikungunya. Essa parceria em Niterói será uma das mais promissoras”, afirmou Gadelha.
Casos na Cidade
De janeiro a 4 de dezembro do ano passado, foram notificados 488 casos de dengue e dois de zika em Niterói. O município não registrou casos de Chikungunya. Dados do Ministério da Saúde divulgados em novembro mostraram que 1,1% dos domicílios da cidade tinha focos do mosquito. O risco de epidemia é alto quando o índice é maior que 4%. Os bairros de Viradouro, Cachoeira e Vital Brazil, que apresentaram a maior concentração de criadouros, já receberam os mutirões especiais que os agentes de controle de endemias do município vêm fazendo nos fins de semana, além do trabalho de rotina, que acontece de segunda a sexta-feira.
Os próximos mutirões serão realizados nos dias 16 (Preventório), 23 (Engenho do Mato) e 30 (Comunidade do Abacaxi/ Jonatas Botelho). Eles vistoriam as casas, conversam com moradores, distribuem folhetos e, quando encontram um foco, aplicam o larvicida nos criadouros. O trabalho é feito em parceria pelas secretarias municipais de Saúde; Conservação e Serviços Públicos; Educação, Ciência e Tecnologia; e Obras, além da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin). Agentes da Defesa Civil de Niterói também estão sendo treinados para auxiliar os agentes do Centro de Controle de Zoonoses a disseminar informações nas comunidades.
O Aedes aegypti se desenvolve na água limpa e parada em até cinco dias. Nessa corrida contra o tempo, algumas ações são fundamentais e fazem toda a diferença, como: manter caixas d'água fechadas, limpar calhas, encher os pratinhos de vasos de planta com areia até a borda, não deixar que garrafas e outros recipientes acumulem água, guardar pneus em locais abrigados da chuva, não jogar lixo em terrenos, manter latas de lixo tampadas.
Dengue, chikungunya e zika
Qual é a diferença entre dengue, chikungunya e zika? Além de serem causadas por vírus transmitidos pelo mesmo mosquito, as três possuem sintomas muito parecidos, como febre, dores no corpo e manchas avermelhadas na pele – o que muda é a intensidade deles (ver quadro abaixo). Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem dentro de três a sete dias.
A secretária municipal de Saúde, Solange Oliveira, explica que não existe tratamento específico para nenhuma das doenças. Os medicamentos prescritos servem para controlar a febre e as dores.
“É importante que os profissionais de saúde se mantenham atentos principalmente para os casos suspeitos de dengue, que é a doença mais grave”, alerta. Na dengue, a febre é alta, dura de quatro a sete dias, a dor no corpo e a dor de cabeça são intensas, e as manchas surgem a partir do quarto dia, em até 50% dos casos. Dor intensa nas articulações, que incham com frequência, é o principal sintoma da chikungunya, que também dá febre alta (dois a três dias) e manchas na pele (que surgem do segundo ao quinto dia, em metade dos casos). Na zika, quase todos os pacientes têm manchas na pele que coçam muito e a conjuntivite é comum (50% a 90% dos casos), mas a febre é rara (quando surge, é baixa e dura até dois dias). A doença é mais grave para as gestantes, pois tem sido associada a casos de microcefalia no feto. Por isso, é importante reforçar as medidas de proteção contra as picadas do mosquito nas mulheres grávidas. “Sempre que possível, elas devem usar roupas que protejam as partes expostas do corpo, como pernas e braços, e procurar uma unidade de saúde ao apresentar um dos sintomas. O uso dos repelentes nas gestantes deve sempre seguir a orientação do médico”, lembra Solange.
A médica reforça que não se deve tomar medicamentos por conta própria, pois isso pode mascarar sintomas ou mesmo agravar o estado de saúde; e que as pessoas devem procurar atendimento médico ao surgirem alguns dos sintomas de dengue, chikungunya ou zika.
Fonte: Prefeitura de Niterói
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