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terça-feira, 21 de julho de 2020

Droga experimental diminui a replicação do zika e previne microcefalia em camundongos


Composto inibe a ação de uma proteína que é ativada pelo vírus para suprimir a resposta imune
do hospedeiro. Terapia também se mostrou eficaz contra o vírus da dengue e será testada no
Instituto de Ciências Biomédicas da USP contra o novo coronavírus (micrografia eletrônica
de transmissão colorida do vírus zika; imagem: Cynthia Goldsmith/CDC)


Um grupo internacional de pesquisadores descobriu que a inibição de uma proteína chamada AhR (receptor para aril hidrocarboneto) permite ao sistema imune combater com muito mais eficácia a replicação do vírus zika no organismo. Em experimentos feitos no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), a terapia antiviral se mostrou capaz de prevenir o desenvolvimento de microcefalia e outras malformações em fetos de camundongos cujas mães foram infectadas durante a gestação.

Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados hoje na revista Nature Neuroscience.

“Usamos nos testes uma droga experimental capaz de inibir a AhR e observamos diminuição na replicação tanto do zika como do vírus da dengue. Agora pretendemos testar o efeito da terapia contra o novo coronavírus”, conta o professor do ICB-USP Jean Pierre Peron, que coordenou a investigação ao lado dos pesquisadores Cybele Garcia (Universidad de Buenos Aires, Argentina) e Francisco Quintana (Harvard Medical School, Estados Unidos).

O modelo experimental usado no trabalho foi o mesmo que permitiu ao grupo de Peron comprovar, em 2016, a relação causal entre o zika e a microcefalia (leia mais em agencia.fapesp.br/23185/). Naquela ocasião, fêmeas de camundongo da linhagem SJL – bem mais suscetível à infecção do que outras normalmente usadas em laboratório – foram infectadas com o vírus entre o 10º e o 12º dia de gestação. Quando os filhotes nasceram, os pesquisadores notaram uma redução significativa na espessura do córtex cerebral, além de alterações na quantidade e na morfologia das células neuronais. Observaram ainda que o vírus estava se replicando na placenta e no cérebro dos roedores recém-nascidos em quantidades muito maiores do que em outros órgãos.

“Repetimos agora esse experimento, mas com uma diferença. Pouco antes de infectar as fêmeas prenhas com o zika nós começamos a administrar o inibidor de AhR. O tratamento foi feito por via oral até o fim da gestação. Ao nascerem, os filhotes apresentaram cérebros com tamanho e peso normais e uma carga viral muito mais baixa que a do grupo não tratado, quase indetectável, tanto na placenta como no sistema nervoso central. Além disso, análises histopatológicas mostraram que não houve redução na espessura do córtex e que o número de células nervosas mortas pelo vírus foi muito menor”, relata Peron.

Segundo o pesquisador, os camundongos tratados com o inibidor de AhR não apresentaram efeitos adversos. Antes de se pensar em testes com humanos, porém, ele considera necessário replicar o experimento em macacos.

A pesquisa levou quatro anos para ser concluída e contou com a participação das doutorandas do ICB-USP Nagela Zanluqui e Carolina Polonio, ambas bolsistas da FAPESP.

O início
O laboratório coordenado por Quintana em Harvard é um dos principais centros mundiais de estudo da proteína AhR. Em entrevista à Agência FAPESP, o professor de neurologia conta que seu grupo descobriu há alguns anos que proteínas do tipo interferon, secretadas por células do sistema imune, controlam a ativação desse receptor celular.

“Como os interferons são moléculas centrais na resposta imune antiviral, postulamos – em conjunto com o grupo de Garcia – que a AhR poderia estar envolvida na supressão da imunidade contra vírus. Projetamos terapias anti-AhR e geramos nanopartículas e inibidores para uso nos experimentos”, diz.

Testes feitos in vitro e in vivo confirmaram que o vírus ativa a proteína AhR para suprimir a resposta imune do hospedeiro. Tal feito possivelmente ocorre quando o patógeno infecta o fígado e induz a liberação do metabólito quinurenina, um subproduto do aminoácido triptofano.

“Esse metabólito ativa a AhR que, por sua vez, inibe a expressão de uma outra proteína chamada PML [proteína leucemia promielocítica, muito importante para a resposta imune antiviral], permitindo que o zika se replique mais livremente nas células”, explica Peron.

Na Universidad de Buenos Aires, Garcia coordenou experimentos em diversos tipos de linhagens celulares, entre elas hepatócitos e progenitoras neurais – um tipo de célula-tronco que pode se diferenciar em neurônios.

“Tratamos as linhagens celulares com compostos agonistas de AhR [que amplificam a ação da proteína] e também com antagonistas [que inibem]. Confirmamos assim que a modulação negativa desse receptor inibe a replicação do zika. Do mesmo modo, comprovamos que a modulação positiva aumenta a replicação viral nas células”, conta.

Fatores ambientais
Como ressalta a virologista da Universidad de Buenos Aires, o impacto causado pela epidemia de zika em 2015 foi bastante assimétrico. Em determinadas regiões e cidades, a incidência de síndrome congênita e microcefalia causada pelo vírus foi muito maior do que em outras. Na avaliação da pesquisadora, isso pode indicar que nesses locais afetados com mais gravidade existia uma condição ambiental que favorecia a infecção ou então que aquelas populações eram mais suscetíveis. Os dois fatores também podem ter contribuído simultaneamente para aumentar o impacto do vírus.

“Coincidentemente, a AhR pode ser ativada por poluentes ambientais, bem como por uma certa dieta ou pela microbiota endógena. Nosso próximo desafio é descartar ou confirmar se existe uma relação entre a AhR, ambientes poluídos ou degradados socioeconomicamente e uma maior virulência do zika”, conta Garcia à Agência FAPESP.

O artigo AhR is a Zika virus host factor and a candidate target for antiviral therapy pode ser lido em www.nature.com/articles/s41593-020-0664-0.

21 de julho de 2020 - Karina Toledo | Agência FAPESP 

Fonte:  Agência FAPESP 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Pesquisa mostra impactos sociais do vírus zika


Tão vulneráveis quanto as crianças nascidas com microcefalia em decorrência da zika nos últimos três anos, no Brasil, são suas mães e outras mulheres envolvidas em seus cuidados diários. Numa rotina sistemática de consultas médicas, atividades de estímulo e de recuperação de suas crianças, elas tiveram que largar o trabalho - o que impacta na renda da família -, abandonar projetos pessoais e enfrentar as dificuldades de um sistema de saúde despreparado para atender seus filhos. Esses dados são parte dos resultados da pesquisa Impactos Sociais e Econômicos da Infecção pelo Vírus Zika, que foram apresentados na última sexta-feira (30/11), no auditório da Fiocruz Pernambuco. Desenvolvido em conjunto pela Fiocruz Pernambuco, Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e London School of Hygiene and Tropical Medicine, o estudo mostra que avós, tias e irmãs adolescentes também são figuras importantes na rotina de atendimentos terapêuticos e nas atividades domésticas.

Os pais, quando presentes na vida cotidiana dessas crianças, são responsáveis por manter o sustento da família e ajudar em atividades domésticas que visam tornar mais leves os cuidados centrados nas mães. Com dados coletados de maio de 2017 a janeiro de 2018, nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Rio de Janeiro, a pesquisa, além de descrever o impacto da Síndrome Congênita da Zika (SCZ) nas famílias, estimou o custo da assistência à saúde das crianças com SCZ para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para suas famílias – 50% tinham renda entre um e três salários mínimos - e identificou os impactos nas ações e serviços de saúde e na saúde reprodutiva.

Em relação às despesas, verificou-se que o custo médio com consultas em um ano foi 657% maior entre as crianças com microcefalia ou com atraso de desenvolvimento grave causado pela síndrome (grupo 1) do que com crianças sem nenhum comprometimento (grupo 3 – controle). A quantidade de consultas médicas e com outros profissionais de saúde foram superiores em 422% e 1.212%, respectivamente. Já os gastos das famílias com medicamentos, hospitalizações e óculos, entre outras coisas, ficaram entre 30% e 230% mais elevados quando comparados com as crianças sem microcefalia, mas com manifestações da SCZ e com atraso de desenvolvimento (grupo 2) e com as do grupo 3, respectivamente.

Entre as dificuldades do dia a dia, essas famílias também esbarraram numa assistência de saúde insuficiente e fragmentada, com problemas no cuidado, ausência de comunicação entre os diversos serviços especializados, assim como entre níveis de complexidade. Para os profissionais de saúde, a epidemia deu visibilidade às dificuldades de acesso de outras crianças com problemas semelhantes, determinados por outras patologias/síndromes congênitas. Revelou, ainda, que as ações governamentais continuam centradas no mosquito transmissor e na prevenção individual, sem atuação sobre os determinantes sociais.

Nas entrevistas, a maioria das mulheres em idade reprodutiva expressou sentimento de pânico em referência à gravidez durante a epidemia de zika. Elas temiam, principalmente, o impacto sobre a criança, embora não compreendessem totalmente o termo Síndrome Congênita da Zika. Por isso, utilizavam frequentemente o termo microcefalia. Incertezas sobre como elas ou os bebês podiam ser infectados foram comuns. Assim como preocupações e expressões de sofrimento em relação à deficiência e ao impacto disso sobre suas vidas.

Outro medo delas era uma gravidez não planejada, pois estavam insatisfeitas com a oferta de métodos contraceptivos disponíveis nos serviços de saúde. A maioria usava contraceptivos hormonais injetáveis no momento das entrevistas e relataram falta de informação e falhas nos métodos utilizados. O DIU não apareceu como opção e os homens mostraram-se ausentes do planejamento reprodutivo. Quase todos os entrevistados desconheciam a possibilidade de transmissão sexual do vírus zika e alguns ouviram informações sobre isso na televisão, mas não deram importância porque não era um assunto recorrente na mídia.

Também foram registradas incertezas sobre as possibilidades de transmissão e poucos receberam informações de profissionais de saúde. “Diante da falta de informações e de acesso aos métodos contraceptivos a gente questiona como a mulher vai exercer sua autonomia reprodutiva, escolher se ou quando engravidar”, afirma a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Camila Pimentel, que participou do estudo. “Os epidemiologistas já alertaram que uma nova epidemia de zika pode ocorrer. Ainda assim, outras questões ligadas à zika continuam sem serem trabalhadas, como a questão dos direitos reprodutivos, do apoio psicológico e da geração de renda para as mães desses bebês”, analisa Camila.

Para a realização da pesquisa foram entrevistadas mães e outros cuidadores de crianças com SCZ, mulheres grávidas, homens e mulheres em idade fértil e profissionais de saúde, totalizando 487 pessoas.


Fonte:  Fiocruz


sábado, 13 de maio de 2017

Ministério da Saúde declara fim da Emergência Nacional para Zika e microcefalia



A medida ocorre devido à queda no número de casos de Zika e microcefalia. Ações de enfrentamento ao mosquito Aedes Aegypti e a assistência às crianças e mães serão mantidas

O Ministério da Saúde declarou, nesta quinta-feira (11/05), fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência do vírus Zika e sua associação com a microcefalia e outras alterações neurológicas. A decisão, informada à Organização Mundial da Saúde (OMS) por meio de nova avaliação de risco, ocorre 18 meses após a decretação de emergência, em um momento de queda nos casos de Zika e microcefalia em todo o país. 


Até 15 de abril deste ano, foram registrados 7.911 casos de Zika em todo o país, uma redução de 95,3% em relação a 2016, quando ocorreram 170.535 notificações. Os dados de microcefalia têm apresentado redução importante no número de casos novos notificados a cada semana, desde maio de 2016. Os casos novos mensais têm se mantido em 2% desde o mês de janeiro de 2017. No pico dos casos de microcefalia, em dezembro de 2015, foi registrado incremento de 135% nas notificações.
Além disso, neste momento, o Brasil não preenche mais os requisitos exigidos para manter o estado de emergência. Um dos quatro pontos da avaliação de risco da OMS é de que o evento seja considerado incomum ou inesperado, o que não ocorre mais, visto que já há conhecimento científico suficiente que comprove a relação do Zika e as alterações neurológicas. O Governo Federal continuará tratando o tema como prioridade, incentivando pesquisas e mantendo a vigilância e assistência às vítimas.

Continua em funcionamento a Sala Nacional de Coordenação e Controle, criada em dezembro de 2015 para gerenciar e monitorar as iniciativas de mobilização e combate ao vetor, bem como a execução das ações do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia. Atualmente, além da sala nacional, estão em atividade 27 salas estaduais e 2.029 salas municipais.

AVALIAÇÃO DE RISCO – A avaliação de risco faz parte do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) como decisão para avaliação e notificação de eventos que possam constituir Emergências em Saúde Pública. A decisão pode ser tomada com base em quatro aspectos: o impacto do evento sobre a saúde pública; se o evento é incomum ou inesperado; se há risco significativo de propagação internacional; e se há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais. Essas questões apoiam e norteiam a tomada de decisão em relação aos eventos de saúde pública.

MOBILIZAÇÃO - O último boletim epidemiológico, de 1º de janeiro a 15 de abril deste ano, aponta redução de 90,3% dos casos de dengue; 95,3% de Zika e 68,1% de chikungunya em relação ao mesmo período de 2016. No entanto, o período de maior incidência das três doenças segue até o fim de maio. Portanto, todos os esforços de prevenção e combate ao Aedes aegypti devem ser mantidos.
A redução nos casos das doenças pode ser atribuída a um conjunto de fatores, como a mobilização nacional contra as doenças e a maior proteção pessoal da população, a escassez de chuvas em determinadas regiões do país, o que desfavorece a proliferação do mosquito, e a proteção natural que as pessoas adquirem ao ter alguma das doenças em anos anteriores.

A participação da população nesse processo é fundamental, já que nenhum poder público pode enfrentar sozinho a eliminação dos focos do mosquito transmissor, Aedes aegypti. O cuidado dever ser constante, em especial a eliminação de locais com água parada e criadouros com mosquito.

ZIKA – Neste ano, até 15 de abril, foram registrados 7.911 casos de Zika em todo o país, o que representa uma redução de 95,3% em relação ao mesmo período do ano passado (170.535 casos). A incidência passou de 82,8 em 2016 para 3,8 neste ano. A análise da taxa de casos prováveis mostra uma baixa incidência em todas as regiões geográficas até o momento. Em relação às gestantes, foram registrados 1.079 casos prováveis em todo o país, sendo 293 confirmados.

MICROCEFALIA - Os casos de microcefalia não registram aumento expressivo desde maio de 2016. No entanto, cabe esclarecer que não é possível fazer comparações dos dados, uma vez que os critérios e protocolos para definição de casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central passaram por diversas adaptações ao longo do último ano, de acordo a evolução dos estudos e descobertas que foram feitas neste período.

Em 2017, foram confirmados 230 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita. Permanecem em investigação pelo Ministério da Saúde e pelos estados 2.837 casos suspeitos em todo o país. No total, 3.651 casos foram notificados ao Ministério da Saúde pelos estados.  

Desde o início das investigações, em novembro de 2015, foram notificados ao Ministério da Saúde 13.490 casos, com 2.653 confirmações. Outros 5.712 casos foram descartados e 105 foram considerados prováveis. Outros 1.784 foram excluídos do sistema, por não atenderem as definições de caso vigentes.


Fonte do texto:  Ministério da Saúde
Fonte da imagem:  Secretaria Estadual de Saúde /RJ


terça-feira, 6 de setembro de 2016

OPAS/OMS disponibiliza perguntas e respostas sobre o vírus zika e suas consequências



Com o objetivo de esclarecer as dúvidas da população e também dos profissionais de saúde que atuam na área, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) disponibilizou na última terça-feira (30/08/16) perguntas e respostas com as informações e evidências científicas mais recentes sobre o vírus zika e suas consequências. Confira!


* Como as pessoas pegam o vírus zika? 

O vírus zika é transmitido primariamente às pessoas por meio da picada de um mosquito Aedes infectado, que também pode transmitir chikungunya, dengue e febre amarela. 

Um estudo conduzido pela Fiocruz Pernambuco detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus. Essas amostras foram coletadas em Recife, no Brasil, em casas de pessoas que foram infectadas com o zika. Mais estudos sobre a potencial transmissão pelo Culex são necessários. A OMS continuará a atualizar as informações e recomendações assim que mais pesquisas que contribuem para a base de conhecimento sobre o vírus zika e suas complicações forem publicadas. 

O vírus zika também pode ser transmitido por meio de relação sexual e foi detectado em sêmen, sangue, urina, líquido amniótico e saliva, bem como em fluidos corporais encontrados no cérebro e medula espinhal. 

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.

Em quais locais o vírus zika circula?

A transmissão local do vírus zika pelos mosquitos Aedes tem sido notificada nos continentes da África, nas Américas, na Ásia e no Pacífico. 

Existem dois tipos de mosquitos Aedes conhecidos por serem capazes de transmitir o zika. Na maioria dos casos, ele é propagado pelo Aedes aegypti em regiões tropicais e subtropicais. O Aedes albopictus também transmite o vírus e pode hibernar para sobreviver em regiões com temperaturas mais baixas.


O El Niño pode influenciar na transmissão do zika?

O Aedes aegypti se reproduz em água parada. Grandes períodos de seca, inundações, fortes chuvas e aumento de temperatura são efeitos conhecidos do El Niño – que é o resultado do aquecimento do centro ao leste tropical do Oceano Pacífico. Um aumento na população de mosquitos é esperado devido à expansão e locais de reprodução favoráveis. Algumas medidas podem ser tomadas para prevenir e reduzir os efeitos de saúde causados pelo El Niño. 


O Aedes pode voar de um país ao outro ou de uma região a outra?

O Aedes não consegue voar por mais de 400 metros. Entretanto, existe a possibilidade do mosquito ser transportado de um lugar para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.


Quais são os sintomas da infecção pelo vírus zika?

O vírus zika geralmente causa uma doença leve. Os sintomas mais comuns incluem febre baixa ou erupção cutânea (exantema), que aparecem alguns dias após a picada do mosquito infectado. Embora muitas pessoas com o vírus não apresentem sintomas, outras podem sofrer também de conjuntivite, dores musculares e articulares e cansaço. Os sintomas costumam durar de dois a sete dias. Não existe diferença nos sintomas registrados por gestantes infectadas e mulheres não grávidas. 


Como a infecção pelo vírus zika é diagnosticada?

O diagnóstico é baseado nos sintomas e no histórico recente do paciente (como picadas de mosquitos ou viagens para áreas com circulação do vírus). Testes laboratoriais podem confirmar a presença do zika no sangue, entretanto, esse diagnóstico pode não ser tão confiável, já que o vírus poderia reagir de forma cruzada com outros vírus como o da dengue e febre amarela. Um teste confiável de diagnóstico é uma prioridade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.


Como o vírus zika é tratado?

Os sintomas da doença podem ser tratados com medicamentos comuns para dor e febre, descanso e reposição de líquidos. Se os sintomas piorarem, as pessoas devem procurar auxílio médico. 



SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, MICROCEFALIA E OUTROS DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS


* O vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré?

Com base em um crescente corpo de pesquisas preliminares, há consenso científico de que o vírus zika causa microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré. Embora intensos esforços continuem a reforçar e refinar a ligação entre o vírus e uma variedade de distúrbios neurológicos dentro de um rigoroso quadro de investigação, uma corrente de estudos de casos notificados recentemente, bem como um pequeno número de estudos caso-controle e coorte, apoiam a conclusão de que existe uma associação entre o vírus zika, a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré.

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.

Quais eventos levaram a OMS a investigar uma relação de causalidade?

Um surto de zika no Brasil, identificado no início de 2015, foi seguido de um aumento anormal da microcefalia entre os recém-nascidos, bem como um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré. À luz desses eventos, determinou-se que um surto anterior do vírus zika na ilha Polinésia Francesa em 2013 e 2014 também foi associado a um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré, microcefalia e outros distúrbios neurológicos. A comunidade científica respondeu com urgência à situação que evoluía rapidamente e começou a construir uma base de conhecimentos sobre o vírus e suas implicações de forma extremamente ágil.


Há outras explicações para a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia são condições com um número de causas subjacentes, gatilhos e efeitos neurológicos. A microcefalia pode resultar de infecções no útero, exposição a produtos químicos tóxicos e anormalidades genéticas, ao passo que a Síndrome de Guillain-Barré é uma condição autoimune que pode ser desencadeada por infecções específicas.

Os cientistas não excluem a possibilidade de que outros fatores podem se combinar à infecção pelo vírus zika e causar distúrbios neurológicos, entretanto, mais pesquisas são necessárias para que qualquer conclusão nessa área possa ser alcançada.


Existe uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos? 

Relatórios de casos recentes sugerem que pode haver uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos, como: mielite (inflamação da medula espinal) ou anormalidades cerebrais em varredura na ausência de microcefalia. A OMS e seus parceiros têm agido com base nos relatórios emergentes sobre outras manifestações neurológicas e a avaliação das evidências para essas condições está em curso, assim como para microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré.


O que é Síndrome de Guillain-Barré? 

A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca seus nervos. Pessoas de todas as idades podem ser afetadas, mas a doença é mais comum em homens adultos. A maioria das pessoas se recupera completamente, inclusive nos casos mais graves da Síndrome de Guillain-Barré. Em 20% a 25% das pessoas com essa condição, os músculos peitorais são afetados, o que dificulta a respiração. Casos graves são raros, mas podem resultar em paralisia. 


O que é microcefalia?

A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é menor do que a cabeça de crianças com mesma idade e do mesmo sexo. Ela acontece tanto quando há problemas no útero, o que faz com que o cérebro do bebê pare de crescer adequadamente, quanto após o nascimento. Crianças nascidas com microcefalia muitas vezes apresentam dificuldades de desenvolvimento à medida em que envelhecem. Em alguns casos, crianças com essa condição se desenvolvem normalmente. A microcefalia pode ser causada por uma variedade de fatores ambientais e genéticos como a Síndrome de Down; exposição a drogas, álcool ou outras toxinas no útero; e infecção por rubéola durante a gravidez. 



GRAVIDEZ


Mulheres podem transmitir o vírus zika para seus fetos durante a gravidez ou no momento do parto?

A transmissão do vírus zika de mulheres grávidas para seus fetos foi documentada. Mulheres grávidas em geral, incluindo aquelas que desenvolveram sintomas de infecção pelo vírus zika, devem procurar o serviço de saúde para acompanhar de perto a gestação.


Mães infectadas pelo vírus zika podem amamentar seus bebês?

O vírus zika foi detectado no leite materno, entretanto não há evidências de que o vírus possa ser transmitido de mãe para filho durante a amamentação. A OMS recomenda a alimentação de bebês exclusivamente com leite materno por pelo menos os primeiros seis meses de idade.


O que as mulheres que desejam adiar suas gravidezes em preocupação com a microcefalia podem fazer? 

A decisão de engravidar e de quando engravidar deve ser pessoal, com base em informações completas e acesso a serviços de saúde de qualidade. Mulheres que desejam adiar a gravidez devem ter acesso a uma ampla gama de opções de contracepção reversíveis, de longa ou curta duração de ação. Elas também devem ser aconselhadas sobre a dupla proteção contra infecções sexualmente transmissíveis, por meio do uso de preservativos.

Não são conhecidos problemas de segurança sobre o uso de quaisquer métodos anticoncepcionais hormonais ou de barreira para mulheres e adolescentes em risco de infecção pelo vírus zika, mulheres diagnosticadas com o vírus ou mulheres e adolescentes em tratamento contra a infecção pelo vírus.


Como as mulheres podem gerenciar suas gravidezes no contexto do vírus zika e suas consequências?

A maioria das mulheres em áreas afetadas pelo vírus zika darão à luz bebês saudáveis. A ultrassonografia em tempo oportuno não prevê com segurança malformações no feto. A OMS recomenda que o exame seja repetido no segundo ou terceiro trimestre (preferencialmente entre 28 e 30 semanas) para identificar se há microcefalia no feto e/ou quaisquer anormalidades no cérebro, quando essas são mais fáceis de detectar.

Quando possível, a triagem do líquido amniótico em busca de anormalidades ou infecções congênitas, incluindo o vírus zika, é recomendada, especialmente nos casos onde os testes feitos com mulheres foram negativos para zika, mas seus ultrassons indicam anormalidades no cérebro do feto.

Com base no prognóstico de anormalidades cerebrais associadas ao bebê, a mulher - e seu parceiro, se ela desejar - deve receber aconselhamento não-diretivo para que ela, em consulta com profissionais de saúde, possa ter decisões baseadas em informações sobre os próximos passos no gerenciamento de sua gravidez.

Mulheres que carregam a gravidez a termo devem receber os cuidados e apoio adequados para gerenciar a ansiedade, o estresse e o ambiente de nascimento. Os planos para cuidado e gerenciamento do bebê logo após seu nascimento devem ser discutidos com os pais em consulta com um pediatra ou neurologista assim que possível.



TRANSMISSÃO SEXUAL


O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?

Todas as pessoas que foram infectadas pelo vírus zika e seus parceiros sexuais – particularmente mulheres grávidas – devem receber informações sobre os riscos da transmissão sexual do zika, opções de métodos contraceptivos e práticas sexuais seguras. Quando viável, devem ter acesso a preservativos, fazendo seu uso correto e consistente.

Gestantes devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde surtos de vírus zika estão em curso. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivem ou retornam de áreas onde há transmissão local do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por pelo menos a duração da gravidez.

É fortemente recomendado aos casais ou mulheres que planejam engravidar e que vivem ou retornam de áreas onde a transmissão do vírus zika é conhecida que esperem por pelo menos oito semanas até a tentativa de concepção; e seis meses, caso o parceiro masculino tenha apresentado sintomas de infecção.

Homens e mulheres que regressam de áreas onde o zika circula devem praticar sexo seguro, inclusive por meio do uso correto e contínuo de preservativos, ou se abster de relações sexuais por pelo menos oito semanas. Homens que apresentaram sintomas (erupções na pele, febre, artralgia, mialgia ou conjuntivite) devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por um período de pelo menos seis meses.

Homens e mulheres em idade reprodutiva que vivem em áreas onde há transmissão local do vírus zika devem considerar adiar a gravidez e seguir as recomendações (incluindo o uso correto e consistente de preservativos) para prevenir o HIV, outras infecções sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.


O que as mulheres expostas ao sexo desprotegido, que não desejam engravidar pela possibilidade de infecção pelo zika, devem fazer?

Todas as mulheres e meninas devem ter fácil acesso à contracepção de emergência, incluindo informações e aconselhamento precisos, bem como métodos acessíveis.


PROTEÇÃO CONTRA O MOSQUITO


O que as pessoas podem fazer para se protegerem da picada de mosquitos?

A melhor forma de se proteger contra o zika é prevenir as picadas de mosquitos. Mulheres grávidas ou que planejam engravidar e seus parceiros sexuais devem tomar cuidados extras, entre eles:
Vestir roupas que cubram o máximo possível do corpo (preferencialmente de cores claras);
Usar repelentes, que podem ser aplicados nas áreas expostas da pele ou nas roupas. O produto dever conter DEET (diethyltoluamide) ou IR 3535 ou Icaridin, que são os princípios ativos mais comuns em repelentes. Eles devem ser usados de acordo com as instruções do rótulo e são seguros para mulheres grávidas;
Utilizar barreiras físicas, tais como telas comuns ou tratadas com inseticidas em janelas e portas;
Dormir embaixo de mosquiteiros, mesmo quando o repouso ocorrer de dia;
Identificar e eliminar potenciais criadouros de mosquitos, esvaziando, limpando ou cobrindo recipientes com água (baldes, vasos de flores e pneus); 
Programas nacionais podem direcionar corpos de água e resíduos de esgoto (saídas de tanques sépticos devem ser cobertas) com intervenções de água e saneamento.


Como as mulheres grávidas podem se proteger das picadas de mosquitos?

Gestantes que vivem em áreas onde há circulação do vírus zika devem seguir as mesmas medidas de prevenção fornecidas para a população em geral. Devem, também, ir regularmente às consultas de pré-natal em conformidade com as normas nacionais. Mulheres grávidas que desenvolverem qualquer sintoma ou sinal de infecção pelo vírus zika devem iniciar as consultas precocemente para diagnóstico, cuidados adequados e acompanhamento. 




VIGILÂNCIA


Qual o papel da vigilância do mosquito em relação ao vírus zika?

O monitoramento dos números e localização (vigilância) dos mosquitos é usado para fins operacionais e de pesquisa. Ele ajuda a determinar as mudanças na distribuição geográfica dos mosquitos para monitorar e avaliar os programas de controle, mensurar as populações de mosquitos ao longo do tempo e facilitar a tomada de decisões adequadas e oportunas quanto às intervenções.

A vigilância pode servir para identificar áreas onde tenha ocorrido uma infestação de alta densidade de mosquitos ou períodos nos quais a população de mosquitos aumenta. Nas áreas nas quais os mosquitos não estão mais presentes, a vigilância do mosquito é fundamental para detectar a introdução de novos mosquitos antes que eles se espalhem e se tornem difíceis de eliminar. O monitoramento da suscetibilidade das populações de mosquitos aos inseticidas também deve ser parte integrante de qualquer programa que utilize esses produtos. A vigilância é um componente importante do programa de prevenção e controle, uma vez que fornece as informações necessárias para avaliações de risco, resposta às epidemias e avaliação do programa.

Programas de vigilância em curso para o Aedes aegypti não envolvem a coleta de milhares de mosquitos para testá-los para o vírus zika. Isso seria algo extremamente difícil de fazer, considerando o grande número de mosquitos no ambiente e a taxa muito baixa de infecção pelo zika, mesmo em uma epidemia. Por exemplo: relatórios publicados sugerem que menos de um mosquito está infectado a cada 1.000 mosquitos.


Qual é a diferença entre o Aedes e o Culex?

O Aedes transmite o vírus zika e outras doenças que carrega de forma mais eficaz que o Culex, uma vez que ele costuma picar as pessoas durante o dia e é mais adaptado a viver dentro e em torno de assentamentos humanos. O Culex se prolifera em águas poluídas, colocando seus ovos no mesmo local de reprodução, e prefere se alimentar de apenas uma pessoa. Enquanto isso, o Aedes põe seus ovos em diversos locais e se alimenta de várias pessoas – espalhando as doenças que carregam consigo de forma mais ampla na localidade.

* Porque a OMS está focando no Aedes como o principal vetor do zika? Ele é bastante conhecido para justificar o desenho atual do programa de controle de vetores?

Todos os estudos realizados até o momento na África, Ásia, Pacífico e Américas sustentam a conclusão de que o Aedes aegypti é o principal vetor e, um mosquito da mesma família, Aedes albopictus, é um potencial transmissor do vírus zika. Ambas espécies se reproduzem e vivem perto ou dentro de habitações humanas, preferindo picar humanos a outros hospedeiros animais, e uma extensa documentação têm mostrado suas competências na transmissão do zika. 

As recomendações de controle vetorial da OMS focadas nos mosquitos Aedes também são muito eficientes contra outros vetores, incluindo o Culex. A gama de métodos para reduzir a população de mosquitos inclui a pulverização das paredes e interiores de casas, pulverização dentro de espaços, controle larval e eliminação de criadouros. O controle do vetor é recomendado junto às medidas de proteção pessoal, tais como o uso de repelentes e camas com mosqueteiros durante o dia e a noite, entre outros.

*Revisado pelo CCZ em 08/09/16.


Existe alguma pesquisa nacional ou internacional em andamento sobre o vírus zika para investigar suas possíveis causas?

Há uma grande falta de pesquisas internacionais e uma escassez de recursos para resolver as questões que surgiram durante este surto. As evidências disponíveis indicam que os mosquitos Aedes são os principais vetores em áreas urbanas e semi-urbanas e amplos esforços estão em andamento para controlá-los. A OMS está trabalhando junto a parceiros para entender melhor todos os fatores adicionais que contribuem para a transmissão do vírus zika e suas complicações.


VIAGENS


O que as pessoas que viajam para áreas afetadas pelo zika devem fazer? 

Os viajantes devem se manter informados sobre o vírus zika e outras doenças transmitidas por mosquitos, como chikungunya, dengue e febre amarela, e consultar as autoridades locais de saúde e viagens, caso estejam preocupados.


Mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde há transmissão do zika em curso; gestantes cujos parceiros sexuais vivem em ou viajam para áreas com transmissão do vírus devem assegurar práticas sexuais mais seguras ou se abster de relações sexuais durante o período da gravidez. 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

OMS: 70 países e territórios já notificaram transmissão do zika por mosquitos



Desde 2007, quando foi detectada a primeira grande epidemia do zika, em Yap, na Micronésia, 70 países e territórios já notificaram a transmissão do vírus por mosquitos — sendo 67 deles a partir do ano passado.

Os dados estão no mais recente relatório de situação sobre zika, microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré, divulgado na quinta-feira (18) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com a análise, de modo geral a avaliação de risco não mudou. O vírus continua se propagando geograficamente a áreas onde os vetores, como o Aedes aegypti, estão presentes. Além disso, os recentes casos de zika na África destacam a necessidade de se compreender melhor a virologia do surto global.

Até agora, surtos da estirpe asiática do vírus zika parecem estar mais associados a distúrbios neurológicos e congênitos do que os casos históricos da linhagem africana. No entanto, devido aos poucos casos conhecidos dessa linhagem, é possível que na verdade essas complicações nunca tenham sido identificadas.

Assim, o relatório afirma que continua a ser crucial sequenciar o zika isoladamente, particularmente nos casos da África, para entender se realmente houve uma verdadeira mudança nas manifestações clínicas da infecção por zika desde o primeiro surto identificado em 2007.

A OMS avalia que mais estudos entomológicos (sobre mosquitos) devem ser priorizados em regiões recentemente afetadas para compreender a dinâmica da transmissão, informar avaliações de risco localizadas e focar em intervenções de controle de vetores, incluindo o fornecimento de mensagens de promoção da saúde apropriadas.

O relatório também aponta que 17 países e territórios reportaram casos de microcefalia e/ou malformação do sistema nervoso central e 18 registraram casos de Síndrome de Guillain-Barré potencialmente associados à infecção pelo vírus zika.


Prevenção

O Aedes é um mosquito que pode transmitir o vírus zika, dengue e chikungunya. Ele vive no interior e nos arredores de domicílios, reproduzindo-se em qualquer recipiente artificial ou natural que armazene água limpa e parada.

Para combater esse mosquito, é necessário limpar potes de vasos de plantas e vasilhames na parte externa do domicílio, tampar tanques e caixas d’água, evitar o acúmulo de lixo e desentupir calhas e ralos que impeçam o escoamento de líquidos, além de descartar recipientes em desuso que possam acumular água.

A prevenção é a melhor forma de evitar a infecção por zika, dengue e chikungunya. Para se proteger, a pessoa deve cobrir a pele com roupas de mangas compridas e calças; dormir em locais protegidos por mosqueteiros; e usar telas nas janelas e portas para reduzir o contato com mosquitos. Durante relações sexuais, é importante também a utilização de preservativos para evitar a transmissão por meio de fluidos corporais.

O uso de repelentes também é um meio de prevenção eficaz. No caso de gestantes, a OPAS/OMS recomenda aqueles que contêm o princípio ativo DEET (N N-dietil-3-metilbenzamida), IR3535 (3-[N-acetil-N-butil]-éster etil ácido aminopropiónico) ou Icaridina (ácido-1 piperidinecarboxílico, 2-(2-hidroxietil)-1-metilpropilester). Esses produtos podem ser aplicados na pele exposta e devem ser usados em conformidade com as instruções do rótulo.



Fonte:  Ministério da Saúde  /Blog da Saúde

sexta-feira, 29 de julho de 2016

CCZ participa de seminário sobre ameaças à saúde pública





Com o objetivo de obter informações científicas e atualizadas que contribuam para o conhecimento e aperfeiçoamento na área de atuação, profissionais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) participaram do seminário "Ameaças à Saúde Pública no Estado do Rio de Janeiro" realizado no Teatro Popular Oscar Niemeyer, Niterói/RJ, nesta quinta-feira (28/07).

O encontro tratou de temas envolvendo as ameaças à saúde pública no Estado do Rio, especialmente em relação às principais arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti no momento atual – dengue, zika e chikungunya –, a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. 

Para a coordenadora do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde do CCZ, Maria da Glória Moreira, a participação no seminário foi enriquecedora para a mesma e a equipe do IEC:  “Tivemos a  oportunidade de ouvir excelentes profissionais, oriundos de centros importantes, como a FIOCRUZ, Instituto Butantan, Instituto Vital Brazil, e de ficar a par das recentes pesquisas no campo das arboviroses. Também foi possível observar o quanto os institutos de pesquisa brasileiros estão empenhados no desenvolvimento de soluções para o problema da Zika e o quanto estes institutos são reconhecidos na comunidade cientifica mundial. Pela apresentação do subsecretário estadual de saúde foi possível observar que ainda haverá muito o que fazer no estado do RJ em relação a ações educativas enquanto as soluções através de vacinas ou antivirais não se consolidam.”






O evento

O seminário "Ameaças à Saúde Pública no Estado do Rio de Janeiro" foi promovido pela Associação Pestalozzi de Niterói e o Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência (ILTC), e contou com a presença de estudiosos, pesquisadores e cientistas que discutiram questões que envolvem a presença de agentes infecciosos no Estado do Rio de Janeiro, especialmente os relacionados ao Aedes aegypti.

A abertura foi realizada pelo professor José Raymundo Martins Romeo, presidente da Pestalozzi Niterói, e pelo professor José Francisco Borges de Campos (ILTC), acompanhados do subsecretário de ciência e tecnologia, Luiz Andrade, representando a Prefeitura de Niterói, e do Dr. Jair Vinícius Ramos da Veiga, coordenador da gestão hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, representando o Governo Federal.




O pronunciamento seguinte ficou a cargo de Alexandre Otávio Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.  O subsecretário afirmou que a zika ganhou destaque nos últimos meses por causa das consequências graves da infecção em gestantes, mas as três doenças transmitidas pelo Aedes – dengue, zika e chikungunya – circulam atualmente no Rio. Segundo ele, o número de casos declinou com a chegada do inverno, no entanto uma nova alta é esperada para o próximo verão e é importante manter as ações de combate ao vetor.






A mesa de debates científicos, moderada pelo Dr. Luiz Antônio Santini Rodrigues da Silva, ex-diretor geral do Instituto Nacional do Câncer (INCA), reuniu os palestrantes:  Wilson Savino, diretor do Instituto Oswaldo Cruz; Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan; e Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil.




Wilson Savino falou sobre a força da comunidade científica brasileira numa ação cooperativa para responder à sociedade na vigência de uma emergência em saúde pública de importância nacional.  “Numa emergência temos que trabalhar em colaboração e não em competição no mundo científico. A comunidade científica brasileira trabalhou de forma rápida e em colaboração para responder a esse desafio de saúde pública e produziu resultados muito importantes. E ainda há muito trabalho pela frente”.




Jorge Kalil comentou os esforços para desenvolver uma vacina contra o zika vírus.  O diretor do Instituto Butantan afirmou que o trabalho é desenvolvido em colaboração com instituições internacionais e de forma acelerada. “O problema do zika no Brasil ainda vai durar uns 3 a 5 anos, pois como não há sorotipos distintos – como no caso do vírus da dengue –, boa parte da população já estará imune.  Depois, o vírus poderá voltar daqui a duas ou três gerações, então é necessário criarmos políticas públicas de saúde para combate-lo agora”, ressaltou.




Edimilson Migowski anunciou que o Instituto Vital Brazil trabalha em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na pesquisa de um fitoterápico que atue como antiviral contra as arboviroses. “Provavelmente divulgaremos esse fitoterápico no final do segundo semestre, após as eleições”, disse.



Em comum, todos os palestrantes afirmaram que ainda são muitas as dúvidas a respeito da transmissão e das consequências provocadas pelos vírus da zika, da dengue e da chikungunya no organismo.   Do mesmo modo, alegaram há muito trabalho pela frente e falta investimento financeiro público para pesquisas.





segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ministério da Saúde confirma 1.616 casos de microcefalia em todo o país



O Ministério da Saúde divulgou, nesta quarta-feira (22), novos dados de microcefalia. Até 18 de junho, foram confirmados 1.616 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita em todo o país. Desde o início das investigações, em outubro do ano passado, 8.039 casos suspeitos foram notificados ao Ministério da Saúde.

Do total de notificados, foram descartados 3.416 casos por apresentarem exames normais, ou por apresentarem microcefalia ou malformações confirmadas por causa não infecciosas. Também foram descartados por não se enquadrarem na definição de caso. Outros 3.007 permanecem em investigação.

Do total de casos confirmados, 233 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o vírus Zika. O Ministério da Saúde, no entanto, ressalta que esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia. Os 1.616 casos confirmados em todo o Brasil ocorreram em 576 municípios, localizados em todas as unidades da federação e no Distrito Federal.

Em relação aos óbitos, no mesmo período, foram registrados 324 óbitos suspeitos de microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação (abortamento ou natimorto) no país. Isso representa 4% dos casos notificados. Destes, 86 foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central. Outros 182 continuam em investigação e 56 foram descartados.

O Ministério da Saúde ressalta que está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central informados pelos estados, além da possível relação com o vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa, diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.

A pasta orienta as gestantes adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.


 
Distribuição dos casos notificados de microcefalia por UF, até 18 de junho de 2016



Regiões e Unidades Federadas
Casos de Microcefalia e/ou malformações, sugestivos de infecção congênita
Total acumulado1 de casos notificados de 2015 a 2016
Em investigação
Confirmados2,3
Descartados4
Brasil
3.007
1.616
3.416
8.039
Alagoas
68
74
176
318
Bahia
648
263
243
1.154
Ceará
177
123
209
509
Maranhão
76
130
61
267
Paraíba
287
143
457
887
Pernambuco
477
366
1.165
2.008
Piauí
9
87
73
169
Rio Grande do Norte
258
113
64
435
Sergipe
70
111
54
235
Região Nordeste
2.070
1.410
2.502
5.982
Espírito Santo
83
13
61
157
Minas Gerais
59
3
55
117
Rio de Janeiro
282
72
146
500
São Paulo
211ª
10b
173
394
Região Sudeste
635
98
435
1.168
Acre
11
2
27
40
Amapá
1
7
3
11
Amazonas
12
7
5
24
Pará
43
1
0
44
Rondônia
5
5
7
17
Roraima
5
10
11
26
Tocantins
53
17
85
155
Região Norte
130
49
138
317
Distrito Federal
5
5
36
46
Goiás
47
14
79
140
Mato Grosso
85
27
119
231
Mato Grosso do Sul
2
3
14
19
Região Centro-Oeste
139
49
248
436
Paraná
3
4
30
37
Santa Catarina
1
1
5
7
Rio Grande do Sul
29
5
58
92
Região Sul
33
10
93
136

1 Número cumulativo de casos notificados que preenchiam a definição de caso operacional anterior (33 cm), além das definições adotadas no Protocolo de Vigilância (a partir de 09/12/2015) que definiu o Perímetro Cefálico de 32 cm para recém-nascidos com 37 ou mais semanas de gestação e demais definições do protocolo.
2Apresentam alterações típicas: indicativas de infecção congênita, como calcificações intracranianas, dilatação dos ventrículos cerebrais ou alterações de fossa posterior entre outros sinais clínicos observados por qualquer método de imagem ou identificação do vírus Zika em testes laboratoriais.
3Foram confirmados 233 casos por critério laboratorial específico para vírus Zika (técnica de PCR e sorologia).
4Descartados por apresentar exames normais, por apresentar microcefalia e/ou malformações congênitas confirmada por causas não infecciosas ou por não se enquadrar nas definições de casos.
a. Conforme informado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo 211 casos se encontram em investigação para infecção congênita. Desses, 38 são possivelmente associadoscom a infecção pelo vírus Zika, porém ainda não foram finalizadas as investigações.

b. 01 caso confirmado de microcefalia por Vírus Zika em recém-nascido com local provável de infecção em outra UF.