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terça-feira, 10 de maio de 2022

Fiocruz e Lacen-GO detectam novo genótipo do vírus da dengue no Brasil

 

Pela primeira vez, o genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue foi detectado no Brasil. Presente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África, a linhagem é a mais disseminada no mundo, mas nunca tinha sido encontrado no território brasileiro. A identificação foi realizada em fevereiro em uma amostra referente a um caso ocorrido no final de novembro em Aparecida de Goiânia, em Goiás. O achado representa o segundo registro oficial desse genótipo nas Américas, após um surto no Peru, em 2019.

A detecção, liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO), foi comunicada imediatamente às secretarias municipal e estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde. Para informação à comunidade científica, um artigo foi publicado na plataforma de pré-print medRxiv, que permite a divulgação rápida de resultados, antes do processo de revisão por pares. O trabalho também foi submetido para publicação em revista científica e atualmente se encontra em fase de revisão.


Nas Américas, linhagem cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue
foi detectada em Goiás,no Brasil, e em Madre de Dios, no Peru
(reprodução: Giovanetti e colaboradores)


O vírus da dengue possui quatro sorotipos, nomeados como 1, 2, 3 e 4, e cada sorotipo pode ser subdividido em diferentes genótipos (também chamados de linhagens), devido à presença de variações genéticas. O genótipo cosmopolita é uma das seis linhagens do sorotipo 2 do patógeno.

Para os pesquisadores, a chegada dessa cepa ao Brasil preocupa, porque existe a possibilidade de ela se disseminar de forma mais eficiente do que a linhagem asiático-americana, também conhecida como genótipo 3 do sorotipo 2, que atualmente circula no país.

“Ainda não sabemos como será a proliferação do genótipo cosmopolita no Brasil. Mundialmente, ele é muito mais distribuído e causa mais casos do que o genótipo asiático-americano, que circula no Brasil há anos. O quadro global indica que a linhagem cosmopolita tem capacidade de se espalhar facilmente”, afirma o coordenador da pesquisa, Luiz Carlos Júnior Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz.

A possibilidade de associação entre a linhagem cosmopolita e o aumento de casos de dengue no estado de Goiás em 2022 é, até o momento, descartada pelos cientistas com base no sequenciamento genético de amostras realizado no estado. Ao todo, cerca de 60 genomas foram decodificados pelos pesquisadores nas duas primeiras semanas de fevereiro. Estas amostras foram selecionadas de forma aleatória entre as amostras de casos de dengue confirmados pelo Lacen-GO nos meses anteriores. Aproximadamente metade pertencia ao sorotipo 1 e a outra metade ao sorotipo 2. Entre as amostras do sorotipo 2, apenas uma era do genótipo cosmopolita e todas as demais apresentavam o genótipo asiático-americano, atualmente circulante no Brasil.

“Os dados mostram que o surto de dengue em Goiás não é causado pelo genótipo cosmopolita”, declara Alcantara, acrescentando que a dengue tem comportamento cíclico no Brasil, que se relaciona com diversos fatores ligados ao vetor e ao vírus, assim como às condições climáticas e de vida da população.

Considerando a rápida identificação do genótipo cosmopolita, os pesquisadores avaliam que é possível agir para conter a sua disseminação. “A detecção precoce permite reforçar as medidas de controle. Esperamos que isso possa ajudar a limitar a propagação dessa linhagem no Brasil e nas Américas, onde já temos um cenário epidemiológico complexo, com múltiplos patógenos em circulação”, avalia a primeira autora do estudo, Marta Giovanetti, pós-doutoranda do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz.

Entre as principais ações para conter a disseminação da dengue, está a eliminação de depósitos de água parada, que podem se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Conheça a estratégia 10 minutos contra o Aedes.


Vigilância genômica

Além das ações de combate à dengue, os pesquisadores enfatizam a importância de intensificar a vigilância genômica do agravo para mapear a possível circulação da linhagem cosmopolita e compreender melhor as rotas de introdução do vírus no país.

Análises iniciais realizadas pelos cientistas mostram que o patógeno detectado no Brasil é semelhante a dois microrganismos isolados durante o surto registrado na província de Madre de Dios, no Peru, em 2019. Porém, ainda não é possível dizer que o genótipo cosmopolita foi introduzido no Brasil a partir do Peru.

“Considerando os genomas disponíveis, vemos que os vírus do Peru e do Brasil têm relação com genomas oriundos de um surto registrado em Bangladesh. Tudo indica que a introdução nas Américas ocorreu a partir da Ásia, provavelmente através de viagens intercontinentais. Porém, para compreender a dinâmica da dispersão no continente americano precisamos ter mais amostras sequenciadas”, esclarece Marta.

“A província de Madre de Dios faz fronteira com o estado do Acre, no Brasil. A vigilância genômica ativa nessa região, com sequenciamento genético de amostras do dengue 2, seria importante para entender essa introdução e orientar as ações para conter o espalhamento viral”, acrescenta a cientista.

A identificação do genótipo cosmopolita do vírus da dengue foi realizada a partir de um projeto de vigilância genômica de arbovírus em tempo real, liderado pelo Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz. Na iniciativa, os pesquisadores se deslocam para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos estados (Lacens) e realizam a decodificação de genomas com equipamentos portáteis para sequenciamento genético. Desde 2020, o trabalho contempla também a vigilância genômica do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, recebendo o nome de VigECoV-2.

“Em geral, passamos uma semana em cada Lacen e, nesse período, conseguimos gerar mais de 250 genomas. Fazemos as análises em tempo real e apresentamos os resultados ao Lacen, à Secretaria estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde. O objetivo é que esses dados possam servir de apoio para políticas públicas de saúde”, destaca Alcantara, lembrando que a equipe do projeto também oferece treinamentos para os profissionais dos laboratórios.

O projeto tem colaboração do Ministério da Saúde – através das coordenações Gerais das Arboviroses (CGArb) e de Laboratórios de Saúde Pública (CGLab) –, da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) e dos  Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), ambos dos Estados Unidos.


Fonte:  IOC/Fiocruz



segunda-feira, 19 de abril de 2021

Epidemiologia da Raiva - A Importância dos Morcegos

 


Neste vídeo vamos assistir a apresentação Epidemiologia da Raiva - A Importância dos Morcegos de Juliana Kawai - Instituto Pasteur - SP para o I Seminário de Saúde Única.



sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Nota Técnica da Fiocruz esclarece sobre nova variante do Sars-CoV-2 no Amazonas

 


Pesquisa realizada no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia) e coordenada pelo pesquisador Felipe Naveca, confirmou a identificação da origem da nova variante da linhagem Sars-CoV-2 B.1.1.28 no Amazonas, designada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y). O estudo sugere que as cepas, detectadas em viajantes japoneses que tinham passado pela região amazônica, evoluíram de uma linhagem viral no Brasil, que circula no Amazonas.

Os achados apontam ainda que a mutação detectada na variante B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y) é um fenômeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. De acordo com a nota, o surgimento de novas variantes do Sars-CoV-2 que abrigam um número maior de mutações em proteína chamada Spike tem trazido preocupação em todo o mundo, sobretudo, após a recente identificação de duas cepas, uma no Reino Unido e outra na África do Sul. No Brasil, a epidemia de Sars-Cov-2 ocorreu a partir de duas linhagens, denominadas B.1.1.28 e B.1.1.33, que, provavelmente, surgiram no país em fevereiro de 2020.  

O pesquisador informa que, em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e o com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), está conduzindo um levantamento genômico de indivíduos recentemente infectados com Sars-CoV-2 no Amazonas, com o objetivo de detectar a circulação dessa linhagem no Estado. "Nossa análise preliminar também confirma que as linhagens brasileiras emergentes B.1.1.28 (E484k) e B.1.1.28 (K417N / E484k / N501Y) surgiram independentemente durante a diversificação da linhagem B.1.1.28 no Brasil. O surgimento simultâneo de diferentes linhagens B1.1 virais que carregam mutações K417N / E484K / N501Y no domínio de ligação do receptor da proteína Spike em diferentes países ao redor do mundo durante a segunda metade de 2020 sugere mudanças seletivas convergentes na evolução de Sars-CoV-2 devido a similar pressão evolutiva durante o processo de infecção de milhões de pessoas", destaca a Nota. Segundo Naveca, se essas mutações conferem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses.

Leia nota técnica na íntegra.


Fonte:  Fiocruz

Imagem:  Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia)

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Em tempos de pandemia, vírus da dengue pode ser invisibilizado





Professor Expedito Luna (FMUSP) alerta para o fato de que, a despeito do coronavírus, o vírus da dengue continua ativo e fazendo vítimas pelo Brasil

Novas espécies de vírus foram identificadas em pacientes que apresentavam sintomas da dengue. Um dos microrganismos pertence ao gênero Ambidensovirus e foi encontrado em amostra coletada no Amapá. O outro, presente em amostra do Tocantins, pertence ao gênero Chapparvovirus. Antonio Charlys da Costa, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo, compartilha que essas espécies nunca foram encontradas antes em humanos e foi possível identificá-las através da técnica de metagenômica viral. 

Embora tenham sido encontrados em pacientes com sintomas de dengue, ainda não é conclusivo que os novos vírus tenham desencadeado esses sintomas ou se oferecem de fato risco para a população, mas a descoberta de novos microrganismos pode ser um alerta para a importância de se estudar e analisar novos vírus que podem, por exemplo, ajudar na identificação de doenças não reconhecíveis, como afirma o pesquisador: “Essa descoberta pode trazer alguma luz para os diagnósticos não resolvidos, ou seja, para aqueles pacientes que tinham alguma suspeita de alguma arbovirose e os testes deram negativos. Você tem mais opção de buscar causadores de doenças, entendeu, isso também daria mais força para pessoas procurarem mais vírus diferentes aqui no nosso país”.

Em um período em que estamos enfrentando a ameaça mundial do coronavírus, o Brasil, país com histórico de epidemias virais, precisa estar sempre atento com os novos e também com os antigos vírus, como, por exemplo, o da dengue, uma das arboviroses que podem ser invisibilizadas pela pandemia, como explica o professor Expedito Luna, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto de Medicina Tropical: “Ela [a pandemia] veio acompanhada com um quadro de extrema gravidade, com uma letalidade que não é desprezível e é natural que o mundo inteiro desenvolva esforços no sentido de controlar essa doença. Um problema que acontece é que, simultaneamente à ocorrência da covid-19, outras doenças continuam ocorrendo, dentre elas, a dengue”.

Nas primeiras dez semanas deste ano, o Brasil registrou ao menos 332.397 casos de dengue, segundo dados do último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde até o dia 7 de março. Em 2020, a atenção deve ser redobrada porque o pico da doença coincidirá com o da covid-19 e o da gripe influenza, previstos para maio, como explica o professor: “O pico de ocorrência de dengue no Brasil costuma ser no mês de maio, então, até a semana do dia 12, ou seja, que é mais ou menos o meio do mês de março, o Ministério da Saúde já nos informava 450 mil casos prováveis de dengue no Brasil, ou seja, caminhamos para mais um ano epidêmico”.

Fonte:  Jornal da USP 
Por Gabrielle Abreu

Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino, site Nações Unidas Brasil



Em projeto pioneiro, parceria entre Prefeitura de Niterói e Fiocruz identifica coronavírus na rede de esgoto da cidade



A Prefeitura de Niterói, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a concessionária Águas de Niterói, iniciou estudo para identificar a presença de material genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em amostras do sistema de esgotos da cidade. O objetivo é acompanhar o comportamento da disseminação do vírus ao longo da pandemia de Covid-19.

As primeiras coletas foram realizadas em 15 de abril. Estão sendo coletadas amostras de esgoto bruto em 12 pontos georreferenciados e estrategicamente distribuídos pela cidade de Niterói, incluindo estações de tratamento de esgotos (ETEs), pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos, nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Camboinhas, Maravista, Sapê e nas comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió e Boa Esperança. A previsão é de que, na primeira etapa do projeto, o monitoramento seja realizado durante quatro semanas, com possibilidade de prorrogação. Na primeira semana, foi possível detectar material genético do novo coronavírus em amostras de esgotos em cinco dos 12 pontos de coleta: três poços de visita (PVs) de troncos coletores do bairro de Icaraí e nas entradas da ETE Icaraí e ETE Camboinhas.

“Esta é uma importante parceria entre a ciência e as políticas públicas que vai nos ajudar a salvar vidas. Isso para nós é muito importante, porque nos permite verificar quais comunidades têm uma incidência maior do coronavírus a partir das amostras do esgoto, mesmo que naquele local haja muitas pessoas assintomáticas", explica o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de Niterói, Axel Grael. "Como a Prefeitura está iniciando um programa amplo de testagem, e nosso objetivo é priorizar justamente as comunidades, o resultado dessa pesquisa pode indicar em quais comunidades devemos intensificar as ações. Niterói está chegando à universalização do saneamento, tem a maior rede coletora do Estado e está entre as 10 do país. E isso viabiliza uma pesquisa desse tipo".

Evidências científicas recentes mostram que o novo coronavírus está presente em fezes. O projeto utiliza a análise de amostras de esgotos como um instrumento de vigilância, permitindo identificar regiões com presença de casos da doença, mesmo os ainda não notificados no sistema de saúde. O monitoramento ambiental realizado pela Fiocruz, que desenvolve atividades de pesquisa na área de Virologia Ambiental há mais de 15 anos, está alinhado com estudos científicos internacionais, que têm demonstrado a importância da vigilância baseada em esgotos para a detecção precoce de novos casos de Covid-19.

“O monitoramento da circulação do novo coronavírus durante a epidemia subsidiará informações para a vigilância em saúde, permitindo otimizar o uso dos recursos disponíveis e fortalecer medidas de profilaxia na área, uma vez que a investigação sistemática da presença do material genético do vírus na rede de esgotos sanitários pode fornecer um retrato da presença de casos positivos em determinada localidade, incluindo assintomáticos e subnotificados no sistema de saúde. Este estudo confirma a importância da vigilância baseada em águas residuárias como uma abordagem promissora para entender a ocorrência do vírus em uma determinada região geográfica, assim como a inserção da Virologia Ambiental nas Políticas Públicas de Saúde”, explica a pesquisadora Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e responsável pela pesquisa.

A virologista ressalta que até o momento não existem evidências científicas sobre a possibilidade de transmissão do novo coronavírus pelas fezes.

“Nossas análises detectam a presença de fragmentos de material genético do vírus, indicando que existe presença de casos positivos em determinada localidade. Porém, ainda não há evidências na literatura científica de que, quando excretado nas fezes, o vírus ainda esteja viável para infectar outras pessoas”, esclarece. Até o momento, a via respiratória é o principal modo de transmissão, através de gotículas respiratórias geradas pela tosse ou espirros.

Para a pesquisadora Camille Mannarino, da ENSP/Fiocruz, o estudo reforça a importância da relação entre saneamento e saúde.

“O monitoramento de Covid-19 em esgotos sanitários tanto subsidia ações regionalizadas de contenção da transmissão quanto permite antecipar a mobilização da atenção primária em saúde em determinada localidade onde a circulação viral seja detectada previamente pelo monitoramento dos esgotos”, ressalta.

No entanto, ela destaca que este tipo de vigilância apenas é possível nos municípios em que uma parcela significativa da população é atendida por rede coletora de esgotos e a operadora do serviço tem controle sobre o sistema. “No caso de Niterói, a cobertura da rede de esgotos é de 95%. A adequada coleta e tratamento de esgotos também são fundamentais para a não contaminação de águas de abastecimento e recreação”, justifica a engenheira sanitarista.

Resultados – Os resultados iniciais evidenciam a eficácia da metodologia na ampliação da vigilância de propagação do novo coronavírus. Foi utilizado o método de ultracentrifugação, tradicionalmente empregado para concentração de vírus em esgotos, associado a técnica de RT-PCR em tempo real, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As amostras coletadas na segunda e terceira semanas estão em fase processamento.

As análises são lideradas pelo Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em colaboração com o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, também do IOC/Fiocruz. O planejamento e realização das coletas é feito pelo Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), em colaboração com a concessionária Águas de Niterói, que opera os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos da cidade.




sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Coronavírus (COVID-19)

Criado em 24/01/2020 - Atualizado em 22/02/2022

O que é COVID-19?

A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. 


O que é o coronavírus?

Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV. Recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa.





Painel de casos da doença COVID-19 (Niterói)

Painel de casos da doença COVID-19 (Estado do Rio de Janeiro)

Painel de casos da doença COVID-19 (Brasil)


Quais são os sintomas da COVID-19?

A infecção pelo SARS-CoV-2 pode variar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves, até quadros moderados, graves e críticos, sendo necessária atenção especial aos sinais e sintomas que indicam piora do quadro clínico que exijam a hospitalização do paciente. De forma geral, os casos podem ser classificados em:

Caso assintomático
Caracterizado por teste laboratorial positivo para covid-19 e ausência de sintomas.

Caso leve
Caracterizado a partir da presença de sintomas não específicos, como tosse, dor de garganta ou coriza, seguido ou não de anosmia, ageusia, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga e/ou cefaleia.

Caso moderado
Os sintomas mais frequentes podem incluir desde sinais leves da doença, como tosse persistente e febre persistente diária, até sinais de piora progressiva de outro sintoma relacionado à covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia), além da presença de pneumonia sem sinais ou sintomas de gravidade.

Caso grave
Considera-se a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Síndrome Gripal que apresente dispneia/desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada de lábios ou rosto). Para crianças, os principais sintomas incluem taquipneia (maior ou igual a 70 rpm para menores de 1 ano e maior ou igual a 50 rpm para crianças maiores que 1 ano), hipoxemia, desconforto respiratório, alteração da consciência, desidratação, dificuldade para se alimentar, lesão miocárdica, elevação de enzimas hepáticas, disfunção da coagulação, rabdomiólise, cianose central ou SpO2 <90-92% em repouso e ar ambiente, letargia, convulsões, dificuldade de alimentação/recusa alimentar.

Caso crítico
Os principais sintomas são sepse, síndrome do desconforto respiratório agudo, síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência respiratória grave, disfunção de múltiplos órgãos, pneumonia grave, necessidade de suporte respiratório e internações em unidades de terapia intensiva.

Complicações
Embora a maioria das pessoas com covid-19 desenvolvam sintomas leves (40%) ou moderados (40%), aproximadamente 15% podem desenvolver sintomas graves que requerem suporte de oxigênio e, cerca de 5% podem apresentar a forma crítica da doença, com complicações como falência respiratória, sepse e choque séptico, tromboembolismo e/ou falência múltipla de órgãos, incluindo lesão hepática ou cardíaca aguda e requerem cuidados intensivos.

A covid-19 pode estar frequentemente associada a manifestações mentais e neurológicas, incluindo delírio ou encefalopatia, agitação, acidente vascular cerebral, meningoencefalite, olfato ou paladar prejudicados, ansiedade, depressão e distúrbios de sono. Em muitos casos, manifestações neurológicas foram relatadas mesmo em pacientes sem sintomas respiratórios.

As manifestações clínicas da covid-19 são geralmente mais leves em crianças do que em adultos. No entanto, em 26 de abril de 2020, o Sistema Nacional de Saúde Inglês (NHS) lançou um alerta relatando uma nova apresentação clínica em crianças, caracterizada como uma síndrome hiperinflamatória que pode levar a um quadro de falência de múltiplos órgãos e choque, denominada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à covid-19. 



Como o coronavírus é transmitido?

Vírus pode ser transmitido durante um aperto de mão (seguido do toque nos olhos, nariz ou boca), por meio da tosse, espirro e gotículas respiratórias contendo o vírus
De acordo com as evidências mais atuais, o SARS-CoV-2, da mesma forma que outros vírus respiratórios, é transmitido principalmente por três modos: contato, gotículas ou por aerossol.

  • A transmissão por contato é a transmissão da infecção por meio do contato direto com uma pessoa infectada (por exemplo, durante um aperto de mão seguido do toque nos olhos, nariz ou boca), ou com objetos e superfícies contaminados (fômites).
  • A transmissão por gotículas é a transmissão da infecção por meio da exposição a gotículas respiratórias expelidas, contendo vírus, por uma pessoa infectada quando ela tosse ou espirra, principalmente quando ela se encontra a menos de 1 metro de distância da outra.
  • A transmissão por aerossol é a transmissão da infecção por meio de gotículas respiratórias menores (aerossóis) contendo vírus e que podem permanecer suspensas no ar, serem levadas por distâncias maiores que 1 metro e por períodos mais longos (geralmente horas).

A epidemiologia do SARS-CoV-2 indica que a maioria das infecções se espalha por contato próximo (menos de 1 metro), principalmente por meio de gotículas respiratórias. Não há evidência de transmissão eficiente para pessoas em distâncias maiores ou que entram em um espaço horas depois que uma pessoa infectada esteve lá.

A transmissão por gotículas menores contendo o SARS-CoV-2 suspensas no ar na comunidade são incomuns, entretanto pode ocorrer em circunstâncias especiais quando uma pessoa infectada produz gotículas respiratórias por um período prolongado (maior que 30 minutos a várias horas) em um espaço fechado. Nessas situações, uma quantidade suficiente de vírus pode permanecer presente no espaço de forma a causar infecções em pessoas que estiverem a mais de 1 metro de distância ou que passaram por aquele espaço logo após a saída da pessoa infectada.

Estas circunstâncias incluem:
  • Espaços fechados dentro dos quais várias pessoas podem ter sido expostas a uma pessoa infectada ao mesmo tempo, ou logo após a saída da pessoa infectada deste espaço.
  • Exposição prolongada a partículas respiratórias, muitas vezes geradas por esforço respiratório (gritar, cantar, fazer exercícios) que aumentam a concentração de gotículas respiratórias em suspensão.
Ventilação ou tratamento de ar inadequados que permitiram o acúmulo de pequenas gotículas e partículas respiratórias em suspensão. Alguns procedimentos médicos em vias aéreas também podem produzir aerossóis que são capazes de permanecer suspensas no ar por períodos mais longos. Quando tais procedimentos são realizados em pessoas com covid-19 em unidades de saúde, esses aerossóis podem conter o vírus, que poderão ser inalados por outras pessoas que não estejam utilizando equipamento de proteção individual (EPI) apropriado.

Período de incubação
O período de incubação é estimado entre 1 a 14 dias, com mediana de 5 a 6 dias.

Período de transmissibilidade
O conhecimento sobre a transmissão da covid-19 está sendo atualizado continuamente. A transmissão da doença pode ocorrer diretamente, pelo contato com pessoas infectadas, ou indiretamente, pelo contato com superfícies ou objetos utilizados pela pessoa infectada. Evidências atuais sugerem que a maioria das transmissões ocorre de pessoas sintomáticas para outras.

Também já é conhecido que muitos pacientes podem transmitir a doença durante o período de incubação, geralmente 48 horas antes do início dos sintomas. Estas pessoas estão infectadas e eliminando vírus, mas ainda não desenvolveram sintomas (transmissão pré-sintomática).

Há alguma evidência de que a disseminação a partir de portadores assintomáticos é possível, embora se pense que a transmissão seja maior quando as pessoas estão pré-sintomáticas ou sintomáticas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), indivíduos assintomáticos têm muito menos probabilidade de transmitir o vírus do que aqueles que desenvolvem sintomas.

Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade é geral, por ser um novo vírus e de potencial pandêmico. Sobre a imunidade, ainda não se sabe por quanto tempo a infecção em humanos irá gerar imunidade contra novas infecções e se essa imunidade pode durar por toda a vida. Evidências atuais sugerem a possibilidade de reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2. Entretanto, reinfecções são incomuns no período de 90 dias após a primo-infecção.

Diagnóstico

Diagnóstico clínico
O quadro clínico inicial da doença é caracterizado como Síndrome Gripal (SG). O diagnóstico pode ser feito por investigação clínico-epidemiológica, anamnese e exame físico adequado do paciente, caso este apresente sinais e sintomas característicos da covid-19. Deve-se considerar o histórico de contato próximo ou domiciliar nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais e sintomas com pessoas já confirmadas para covid-19.

Também se deve suspeitar de casos clínicos típicos sem vínculo epidemiológico claramente identificável.

Essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente para eventual investigação epidemiológica. As características clínicas não são específicas e podem ser similares àquelas causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob a forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo, tais como influenza, parainfluenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório, adenovírus, outros coronavírus, entre outros.

Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado tanto por testes de biologia molecular, sorologia ou testes rápidos.

Biologia molecular: permite identificar a presença do material genético (RNA) do material genético (RNA) do vírus SARS-CoV-2 em amostras de secreção respiratória, por meio das metodologias de RT-PCR em tempo real (RT-qPCR) e amplificação isotérmica mediada por loop com transcriptase reversa (reverse transcriptase loop-mediated isothermal amplification, RT-LAMP).

Sorologia: detecta anticorpos IgM, IgA e/ou IgG produzidos pela resposta imunológica do indivíduo em relação ao vírus SARS-CoV-2, podendo diagnosticar doença ativa ou pregressa. As principais metodologias são: Ensaio Imunoenzimático (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay – Elisa), Imunoensaio por Quimioluminescência (Clia) e Imunoensaio por Eletroquimioluminescência (Eclia).

Testes rápidos: Estão disponíveis dois tipos de testes rápidos, de antígeno e de anticorpo, por meio da metodologia de imunocromatografia. O teste rápido de antígeno detecta proteína do vírus em amostras coletadas de naso/orofaringe, devendo ser realizado na infecção ativa (fase aguda) e o teste rápido de anticorpos detecta IgM e IgG (fase convalescente), em amostras de sangue total, soro ou plasma.

Diagnóstico de Imagem
Imagem (tomografia computadorizada de alta resolução – TCAR): As seguintes alterações tomográficas são compatíveis com caso da covid-19:

OPACIDADE EM VIDRO FOSCO periférico, bilateral, com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”).
OPACIDADE EM VIDRO FOSCO multifocal de morfologia arredondada com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”).
SINAL DE HALO REVERSO ou outros achados de pneumonia em organização (observados posteriormente na doença).

Observações
Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), quando indicada, o protocolo é de uma TC de alta resolução (TCAR), se possível com protocolo de baixa dose. O uso de meio de contraste endovenoso, em geral, não está indicado, sendo reservado para situações específicas a serem determinadas pelo radiologista.




Como se proteger

Diante da emergência ocasionada pelo coronavírus SARS-CoV-2, o reconhecimento da pandemia pela OMS e a declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), o Ministério da Saúde tem estabelecido sistematicamente medidas para resposta e enfrentamento da covid-19.

Entre as medidas indicadas pelo MS, estão as não farmacológicas, como distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes, isolamento de casos suspeitos e confirmados e quarentena dos contatos dos casos de covid-19, conforme orientações médicas.

Ademais, o MS recomenda ainda a vacinação contra a covid-19 dos grupos prioritários conforme o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. Estas medidas devem ser utilizadas de forma integrada, a fim de controlar a transmissão do SARSCoV-2, permitindo também a retomada gradual das atividades desenvolvidas pelos vários setores e o retorno seguro do convívio social.

Informações adicionais podem ser descritas na Portaria GM/MS n° 1.565, de 18 de junho de 2020.

Ressalta-se a necessidade de manutenção das medidas não farmacológicas na prevenção da infecção pelo vírus da covid-19, conforme segue abaixo.

Distanciamento social
Limitar o contato próximo entre pessoas infectadas e outras pessoas é importante para reduzir as chances de transmissão do SARS-CoV-2. Principalmente durante a pandemia, devem ser adotados procedimentos que permitam reduzir a interação entre as pessoas com objetivo de diminuir a velocidade de transmissão do vírus.

Trata-se de uma estratégia importante quando há indivíduos já infectados, mas ainda assintomáticos ou oligossintomáticos, que não se sabem portadores da doença e não estão em isolamento.

Além disso, recomenda-se a manutenção de uma distância física mínima de pelo menos 1 metro de outras pessoas, especialmente daquelas com sintomas respiratórios e um grande número de pessoas (aglomerações) tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados.

Garantir uma boa ventilação em ambientes internos também é uma medida importante para prevenir a transmissão em ambientes coletivos. Segundo o CDC19 e a OMS20, aglomerações representam um risco alto para disseminação do SARSCoV-2. Para isso, considera-se o aglomerado de várias pessoas num mesmo local, onde se torna difícil para as pessoas permanecerem a pelo menos um metro de distância entre elas.

Quanto mais pessoas interagem durante este tipo de evento e quanto mais tempo essa interação durar, maior o risco potencial de infecção e disseminação do vírus SARS-CoV-2. Lugares ou ambientes que favorecem a aglomeração de pessoas devem ser evitados durante a pandemia.

Higienização das mãos
A higienização das mãos é a medida isolada mais efetiva na redução da disseminação de doenças de transmissão respiratória. As evidências atuais indicam que o vírus causador da covid-19 é transmitido por meio de gotículas respiratórias ou por contato. A transmissão por contato ocorre quando as mãos contaminadas tocam a mucosa da boca, do nariz ou dos olhos.

O vírus também pode ser transferido de uma superfície para outra por meio das mãos contaminadas, o que facilita a transmissão por contato indireto. Consequentemente, a higienização das mãos é extremamente importante para evitar a disseminação do vírus causador da covid-19. Ela também interrompe a transmissão de outros vírus e bactérias que causam resfriado comum, gripe e pneumonia, reduzindo assim o impacto geral da doença.

Etiqueta respiratória
Uma das formas mais importantes de prevenir a disseminação do SARS-CoV-2 é a etiqueta respiratória, a qual consiste num conjunto de medidas que devem ser adotadas para evitar e/ ou reduzir a disseminação de pequenas gotículas oriundas do aparelho respiratório, buscando evitar possível contaminação de outras pessoas que estão em um mesmo ambiente.

A etiqueta respiratória consiste nas seguintes ações:
  • Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com as mãos ao tossir ou espirrar. Descartar adequadamente o lenço utilizado.
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Se tocar, sempre higienize as mãos como já indicado.
  • Manter uma distância mínima de cerca de 1 metro de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
  • Evitar abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico.
  • Higienizar com frequência os brinquedos das crianças e aparelho celular. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
  • Evitar aglomerações, principalmente em espaços fechados e manter os ambientes limpos e bem ventilados.
Uso de máscaras em serviços de saúde
O uso universal de máscaras em serviços de saúde deve ser uma exigência para todos os trabalhadores da saúde e por qualquer pessoa dentro de unidades de saúde, independente das atividades realizadas. Todos os trabalhadores da saúde e cuidadores que atuam em áreas clínicas devem utilizar máscaras cirúrgicas de modo contínuo durante toda a atividade de rotina.

Em locais de assistência a pacientes com covid-19 em que são realizados procedimentos geradores de aerossóis, recomenda-se que os profissionais da saúde usem máscaras de proteção respiratória (padrão N95 ou PFF2 ou PFF3, ou equivalente), bem como demais equipamentos de proteção individual.

Uso de máscaras na população em geral
O uso de máscara facial, incluindo as de tecido, é fortemente recomendado para toda a população em ambientes coletivos, em especial no transporte público e em eventos e reuniões, como forma de proteção individual, reduzindo o risco potencial de exposição do vírus especialmente de indivíduos assintomáticos.

As máscaras não devem ser usadas por crianças menores de 2 anos ou pessoas que tenham dificuldade para respirar, estejam inconscientes, incapacitadas ou que tenham dificuldade de remover a máscara sem ajuda. Recomenda-se lavar as mãos antes de colocar a máscara, colocando-a sobre o nariz e a boca, prendendo-a sob o queixo.

A pessoa deve ajustar a máscara confortavelmente pelas laterais do rosto, e certificar-se que consegue respirar normalmente. As máscaras não devem ser colocadas em volta do pescoço ou na testa, e ao tocá-la, deve-se lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% para desinfecção. Para pessoas sintomáticas recomenda-se o uso de máscaras cirúrgicas como controle da fonte.



Dicas para viajantes

Caso você precise viajar, avalie a real necessidade. Se for inevitável viajar, previna-se e siga as orientações das autoridades de saúde locais.

Ao voltar de viagens internacionais ou locais recomenda-se:
  • Reforçar os hábitos de higiene e proteção como a utilização de máscara, higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel 70 %.
  • Caso apresente sintomas de gripe, busque atendimento nos serviços de saúde, e evite contato com outras pessoas.

Estou doente:  o que fazer?

Se estiver doente, com sintomas compatíveis com a COVID-19, tais como febre, tosse, dor de garganta e/ou coriza, com ou sem falta de ar, procure imediatamente um atendimento nos serviços de saúde e siga as orientações médicas. O atendimento imediato pode salvar vidas.

Além disso, ao sinal de qualquer sintoma, evite qualquer contato físico com outras pessoas, incluindo familiares, principalmente, idosos e doentes crônicos.

Confira outras orientações:
  • Utilize máscara o tempo todo.
  • Se for preciso cozinhar, use máscara de proteção, cobrindo boca e nariz todo o tempo.
  • Depois de usar o banheiro, nunca deixe de lavar as mãos com água e sabão e sempre limpe vaso mantendo a tampa fechada, pia e demais superfícies com álcool, água sanitária ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa -  para desinfecção do ambiente.
  • Separe toalhas de banho, garfos, facas, colheres, copos e outros objetos apenas para seu uso.
  • O lixo produzido precisa ser separado e descartado.
  • Evite compartilhar sofás e cadeiras e realize limpeza e desinfecção frequente com água sanitária ou álcool 70% ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
  • Mantenha a janela aberta para circulação de ar do ambiente usado para isolamento e a porta fechada, limpe a maçaneta frequentemente com álcool 70%, água sanitária, ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Caso o paciente não more sozinho, recomenda-se que os demais moradores da residência durmam em outro cômodo, seguindo também as seguintes recomendações:
  • Mantenha a distância mínima de 1 metro entre a pessoa infectada e os demais moradores.
  • Limpe os móveis da casa frequentemente com água sanitária, álcool 70% ou outro produto recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
  • Se uma pessoa da casa tiver diagnóstico positivo, todos os moradores devem ficar em distanciamento conforme orientação médica.

Serviço de Saúde

Procure um serviço de saúde caso apresente sintomas de síndrome gripal.

Fontes:  

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Arenavírus (Febre Hemorrágica)


O que é o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O Arenavírus é um tipo de Febre Hemorrágica, doença extremamente rara e de alta letalidade. No Brasil, o último relato da infecção foi há mais de 20 anos, quando quatro casos em humanos foram registrados, sendo três deles em ambiente silvestre no estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial no Pará.



Quais são os tipos de Febre Hemorrágica?


As febres hemorrágicas estão presentes em todo o mundo e são classificadas em seis tipos, sendo um deles o Arenavírus.

  • Flaviviridae (febre hemorrágica de Omsk, febre da floresta de Kyasanur, dengue hemorrágico/síndrome de choque do dengue e febre amarela).
  • Nairoviridae (febre hemorrágica do Congo e da Criméia).
  • Phenuiviridae (febre do Vale Rift).
  • Hantaviridae (febre hemorrágica com síndrome renal por hantavírus e síndrome pulmonar e cardiovascular por hantavírus).
  • Arenaviridae (febres hemorrágicas dos vírus Junin, Machupo, Guanarito e Sabiá na América do Sul e do vírus Lassa na África) - Arenavírus.
  • Filoviridae (febres hemorrágicas dos vírus Marburg e Ebola).


Quais são os sintomas do Arenavírus?


O período de incubação do vírus, ou seja, tempo em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção, é longo - dura de 7 a 21 dias. Os principais sintomas do arenavírus são:

  • Febre.
  • Mal-estar.
  • Dores musculares.
  • Manchas vermelhas pelo corpo.
  • Dor de garganta.
  • Dor no estômago.
  • Dor atrás dos olhos.
  • Dor de cabeça.
  • Tonturas.
  • Sensibilidade à luz.
  • Constipação (previsão de ventre).
  • Sangramento de mucosas, como boca e nariz.

IMPORTANTE: Em casos mais graves, o Arenavírus (Febre Hemorrágica) pode provocar alterações neurológicas e grave comprometimento hepático, trazendo sinais de sonolência, confusão mental, alteração de comportamento, convulsão e até hepatite.

O acometimento neurológico produz hiporreflexia, tremores e outras alterações do sistema nervoso central (SNC) como meningite e encefalopatias.


O que causa o Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


As pessoas contraem o Arenavírus (Febre Hemorrágica) principalmente por meio da inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados.

A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções.

Procedimentos de geração de aerossóis, como intubação orotraqueal, ventilação mecânica não invasiva e aspiração das vias aéreas superiores, também estão envolvidos na transmissão de humano para humano.

IMPORTANTE: Eventualmente, pode ocorrer transmissão ao homem por contato direto com roedores, por meio de mordeduras.


Como é feito o diagnóstico do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O diagnóstico laboratorial específico para Arenavírus inclui as seguintes técnicas:

  • Isolamento viral em cultura de células e camundongos recém-nascidos;
  • Detecção do genoma viral através das técnicas de RT-PCR convencional e em tempo real;
  • Sequenciamento parcial ou total do genoma viral;
  • Detecção de anticorpos da classe IgM pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA).

É importante lembrar que os Arenavírus são agentes infecciosos classificados como nível de biossegurança 4 (alto risco de contaminação), isso quer dizer que para manipulação desse vírus em laboratório é necessário cuidado especial devido a possibilidade de infectar os trabalhadores, visto o potencial de transmissão por aerossóis (inalação de partículas presentes no ar) ou contato com amostras clínicas contaminadas.

Diante da avaliação crítica em relação à Biossegurança e Biocontenção, o Instituto Evandro Chagas/SVS/MS (Laboratório de Referência Nacional para Febres Hemorrágicas Virais) poderá realizar apenas o diagnóstico molecular através do RT-PCR convencional e o sequenciamento do genoma viral, uma vez que possui um Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3), com aporte de uma cabine de segurança Classe III (que são normalmente usadas em laboratórios NB4) e profissionais de saúde com treinamentos específicos para a realização desses exames.





Como é feito o tratamento do Arenavírus (Febre Hemorrágica)?


O tratamento é feito com base nos sintomas de cada paciente. Tem-se utilizado o medicamento "ribavirina" para o tratamento dos casos provocados pelo arenavírus, sendo mais eficaz quando aplicado precocemente. Acredita-se que outros vírus das febres hemorrágicas também são sensíveis a esse antiviral.

ATENÇÃO: No caso de suspeita, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, procure imediatamente um serviço de saúde com urgência para orientação e início do tratamento.


Como prevenir o Arenavírus (Febre Hemorrágica)


A melhor forma de prevenir o arenavírus e febres hemorrágicas é evitando o contato com roedores (ratos) silvestres encontrados em áreas rurais e de mata. 

Aos profissionais de saúde recomenda-se o uso de equipamentos de proteção individual:

  • luvas;
  • gorros;
  • aventais descartáveis;
  • óculos protetor;
  • máscara N95.

É necessário também haver um controle de infecção, desinfecção e exposição de risco. Detergentes e desinfetantes comuns (hipoclorito de sódio, glutaraldeído, álcool etílico a 70%, lisofórmio) e luz ultravioleta eliminam o vírus.

A desinfecção das mãos deve ser realizada antes e após o contato com os pacientes.



Principais dúvidas sobre Arenavírus (Febre Hemorrágica)


1 - O impacto do Arenavírus sobre a saúde pública é grave?

A confirmação deste único caso é considerada um evento de saúde pública grave, pois no Brasil, a primeira e única vez em que foi relatado casos de febre hemorrágica provocados por vírus do gênero Arenavírus foi no início da década de 1990. Neste evento de saúde foi identificado um novo vírus da família Arenaviridae, do gênero Mammarenavirus, o vírus Sabiá. Considerando a família, este vírus pode apresentar alta patogenicidade e letalidade. Este fator representa um risco significativo para a saúde pública, ainda que nenhum caso secundário tenha sido identificado até este momento da investigação.

Nesse momento, não existe a necessidade de apoio externo dos organismos internacionais.

2 - O Arenavírus é incomum ou inesperado?

Este evento é classificado como incomum ou inesperado, por se tratar de um caso que envolve um agente patológico que não é identificado no território brasileiro há mais de 2 décadas.

3 - Há risco significativo de propagação nacional e internacional?

Até o momento, as investigações epidemiológicas apontam para um único caso restrito a uma região do país. Caso procedente de Sorocaba/SP, com histórico de viagem para Itapeva/SP, Itaporanga/SP, locais prováveis de infecção, além de Eldorado/SP e Pariquera-Açu/SP, na região do Vale do Ribeira. Sem histórico de viagem internacional.

4 - Há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais?

Não há risco para trânsito de pessoas, bens ou mercadorias a nível nacional ou internacional. Este evento é isolado e sua transmissão é restrita. Este é o quarto caso identificado em décadas, desde a ocorrência do primeiro caso de vírus Sabiá no início de 1990.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Arboviroses Emergentes: USUTU


Usutu é uma doença febril causada pelo vírus Usutu (USUV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O vírus é transmitido pela picada de mosquitos e, embora afete principalmente as aves, também pode infectar pessoas.




Identificado pela primeira vez na África do Sul, em 1959, seu nome vem de um dos principais rios do pequeno país africano da Suazilândia. A presença do vírus Usutu em aves na África foi relatada inicialmente em países como Senegal, República Centro-Africana, Nigéria, Uganda, Burkina Faso, Costa do Marfim, Tunísia e Marrocos.  Apenas dois casos foram descritos em humanos na África, em 1981 e em 2004, embora existissem casos não diagnosticados. 

O primeiro registro da circulação do Usutu na Europa aconteceu em 2001, após uma grande quantidade de melros aparecerem mortos na Áustria, embora análises retrospectivas de aves mortas na Toscana (Itália) mostram que circularam nesta região em 1996. Em 2009 aconteceram os dois primeiros casos em humanos no continente europeu, causando encefalite em dois pacientes italianos.  Este vírus também foi encontrado em aves da Alemanha, Espanha, Hungria, Suíça, Grécia, República Tcheca, Polônia e Inglaterra.


Melro

Os vírus desse grupo têm uma facilidade para se adaptar em aves. Na natureza, os pássaros selvagens acabam sendo o reservatório e o meio de espalhamento do vírus.  Esses pássaros são sentinelas, atuando como, por exemplo, o macaco-prego em um surto de febre amarela silvestre: a morte desses animais por conta desse determinado vírus é um alerta para os humanos de que o Usutu está por perto. 


Além do melro, esse vírus pode afetar a pega, o corvo negro, o gaio e muitas outras aves. Raramente tem sido isolado em alguns roedores e até em cavalos, mas esses isolados são acidentais. 


Transmissão

É um vírus dos chamados arbovírus porque é transmitido por certos artrópodes, em particular o Culex (especialmente C. pipiens), mas também tem sido encontrada, por exemplo em larvas de Aedes albopictus (mosquito tigre) e mosquitos Aedes e outros outros géneros. Além disso, trata-se de um vírus zoonótico, o que significa que ele afeta animais – especialmente pássaros, como melros – e é transmitido desses animais para o homem através do mosquito. Transmissão por doação de sangue também é possível. 

 
Culex pipiens


Afeta aves de várias espécies da África e do Sul e Europa Central. Foi detectado em muitas aves mortas em países dos dois continentes, e até hoje não foi relatado em outros continentes. Os mosquitos que picam pássaros e depois humanos transmitem o vírus acidentalmente. 





O primeiro caso de envolvimento de um ser humano por este vírus foi relatado em 1981, e foi um homem africano que sofreu febre alta e erupção cutânea. Isso não significa que não possa ter havido um caso anterior, talvez não detectado ou registrado. 




Por ora, é certo que o vírus USUV é transmitido principalmente pelo culex, o popular pernilongo. De acordo com o European Centre for Disease Prevention and Control, o “vírus do Usutu foi isolado do Aedes albopictus, mas ainda não se sabe se o mosquito pode transmitir esse patógeno”.


Sintomas

Como tem havido muito poucos casos de seres humanos afetados pelo vírus Usutu (21 casos até maio de 2017), não há muito conhecimento sobre seus sintomas além do descrito nos casos publicados. Sabe-se que existem casos assintomáticos. Também é possível que tenha havido mais casos em humanos do que os publicados, mas que não foram diagnosticados, pois é difícil alcançar o diagnóstico etiológico.

O primeiro caso de infecção pelo vírus Usutu, descrito na África em 1981, foi em um homem que teve febre e erupção na República Centro-Africana. O segundo caso, em 2004, foi um menino de 10 anos de Burkina Faso que teve febre e icterícia por hepatite. Na Europa, casos em humanos aconteceram na Itália em 2009, em duas pessoas que receberam transfusões de sangue e que eram imunocomprometidas. Não se sabe se elas foram infectadas por sangue doado por outros indivíduos assintomáticos, ou se foram picados por um mosquito infectado.

Os sintomas podem variar de febre alta (até 39,5 °C), erupção cutânea e dor de cabeça leve, até manifestações mais graves, como disfunção neurológica e hepatite fulminante aguda.


Ainda não foram identificados casos da doença em território brasileiro.



Diagnóstico

A suspeita clínica de infecção pelo vírus Usutu requer confirmação do diagnóstico por técnicas de laboratório, uma vez que o quadro clínico não é específico. Entre os métodos de laboratório podem-se distinguir os métodos diretos de diagnóstico por cultura celular ou amplificação do genoma do vírus, ou os métodos indiretos, consistentes na identificação de anticorpos contra o vírus fabricado pelo organismo contra a infecção. Não há muita experiência sobre esta infecção em humanos. Considera-se que o vírus pode ser detectado no líquido cefalorraquidiano e no sangue durante a fase aguda da doença. É por isso que, no caso de uma pessoa com febre com encefalite de causa desconhecida, o soro e o líquido cefalorraquidiano podem ser removidos para investigar este e outros vírus. Os anticorpos podem permanecer positivos por muitos meses após a infecção. O diagnóstico de infecção pelo vírus Usutu, mesmo realizando um teste de anticorpos, não é fácil, pois pode haver reatividade cruzada com outros vírus semelhantes, isto é, falsos positivos.


Tratamento

Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus Usutu. Além disso, em geral, é difícil diagnosticar a doença. Muitas vezes o diagnóstico não será feito, ou chegará quando o paciente já tiver se recuperado, pois muitas vezes não será suspeito e o teste diagnóstico específico não será solicitado, levando-se em conta sua escassa disponibilidade. Portanto, os pacientes só podem ser tratados com tratamento de suporte. Para febre a dor de cabeça pode ser administrada com antipiréticos e analgésicos, como o acetaminofeno, ou antiinflamatórios não-esteróides do tipo ibuprofeno. Se o paciente apresentar sintomas neurológicos que o impedem de se alimentar adequadamente, a fluidoterapia será administrada. Se o envolvimento neurológico exigir, pode ser necessário admitir o paciente em uma unidade de terapia intensiva. Se ocorrer hepatite aguda, é aconselhável evitar a administração de um excesso de drogas, incluindo paracetamol. Nestes casos, a função hepática deve ser monitorada de perto, no caso de se deteriorar tanto a ponto de exigir um transplante de fígado. Não há nenhum caso relatado em que os corticosteroides tenham sido utilizados no tratamento de pacientes com manifestações mais graves.


Prevenção

Não há medida preventiva específica para prevenir a infecção causada pelo vírus Usutu. Não é tão frequente que a triagem de amostras de sangue de doadores possa ser feita. É conveniente tentar prevenir as picadas de mosquito em geral, independentemente do país onde você mora, mas é difícil evitar 100%. De qualquer forma, no momento é uma infecção rara, por isso não é conveniente sentir-se alarmado em excesso por este vírus, exceto talvez pela mortalidade da população aviária.



***


Fontes: 

AEDES DO BEM!

Outbreak Observatory

CIRAD - French Agricultural Research Centre for International Development
(Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional)

Deutsche Welle - Science

Boletín Alertas Enfermedades Emergentes - Boletín de Alertas Epidemiológicas Internacionales

Instituto Valenciano de Microbiologia

Ecured: Enciclopedia Cubana