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segunda-feira, 11 de março de 2024

Desvendando as Leishmanioses: Educação em Saúde no Médico de Família do Badu

Para abordar os impactos e sensibilizar sobre as leishmanioses no Estado do Rio de Janeiro, com foco especial em Niterói, o setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC) do Centro de Controle de Zoonoses realizou uma palestra para os agentes comunitários de saúde do Módulo Médico de Família Badu em 27/02.

Além de informar e sensibilizar, a atividade teve como objetivo instruir os profissionais para aplicarem o conhecimento em ações educativas na comunidade. A equipe do IEC, representada por Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira, abordou a biologia dos flebotomíneos, a ecologia das leishmanioses, os principais vetores e a situação dessas doenças no Estado do Rio de Janeiro e em Niterói.

A temática foi amplamente discutida pelos participantes, alguns dos quais mencionaram a presença de cães suspeitos em suas áreas de atuação. Os palestrantes divulgaram o telefone do CCZ, e orientaram sobre o uso de repelentes e a divulgação abrangente dos métodos de controle nessas regiões.





quinta-feira, 3 de março de 2022

Saiba como prevenir as leishmanioses

 


As leishmanioses visceral canina e tegumentar são consideradas doenças negligenciadas. A transmissão ocorre pela picada do mosquito-palha (flebotomíneos), que se contamina com o sangue de pessoas e animais doentes e transmite o parasito a pessoas e animais sadios.

Os cães infectados apresentam fraqueza, perda de apetite, feridas que demoram a cicatrizar, descamação e perda de pelos, crescimento exagerado das unhas, inchaço do abdômen, entre outros sintomas.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no final de janeiro, em 2019, foram confirmados 2.529 novos casos da doença em humanos no Brasil e permanece sendo um ponto de atenção da vigilância epidemiológica. Foram notificados, entre março e outubro de 2021, 2.062 casos suspeitos de leishmaniose visceral canina só no Rio de Janeiro, dados divulgados pelo Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio) em dezembro de 2021.

A leishmaniose tegumentar compromete pele e mucosas. Geralmente é caracterizada pela presença de ferida única na pele ou em pequeno número, com bordas elevadas e indolor, embora possa assumir formas diferentes. A doença, que provoca destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe, também vem tendo um aumento crescente no número de casos no país.


Prevenção

Desde o ano passado, o Ministério da Saúde vem distribuindo milhares de coleiras impregnadas com inseticida, como ferramenta de controle da leishmaniose visceral canina em municípios mais afetados. Uma outra forma de manter a vigilância é fazendo testagem em massa nos cães, ação que vem sendo realizada em algumas regiões do país.

Para prevenir a doença é importante que a população mantenha os quintais livres de matéria orgânica como folhas, fezes de animais, restos de comida, já que é nesse material acumulado que as fêmeas do inseto põem seus ovos e geram uma grande quantidade de novos mosquitos que irão transmitir a doença para pessoas e cães. É indicado também que seja realizada a poda de árvores regularmente mantendo o ambiente com luminosidade.

Atualmente, existe uma vacina contra leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial n° 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública. A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para leishmaniose visceral.


Fonte:  Fiocruz

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Fiocruz Bahia investiga saliva de mosquito contra leishmania


Durante a picada do mosquito transmissor da leishmaniose, conhecido como o flebotomíneo, é depositado na pele do hospedeiro uma combinação de saliva, parasitas, dentre outros fatores derivados de parasitas. Pesquisas anteriores têm demonstrado que a exposição constante a picadas de flebotomíneos não infectados induz respostas imunoprotetoras à leishmania, encorajando estudiosos a identificar potenciais moléculas candidatas a vacina contra a doença.

Uma equipe coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn, realizou um estudo que se concentrou na análise da proteína salivar LJM11, identificada como molécula imunogênica em cães, camundongos e pessoas contaminadas pela doença. A pesquisa concluiu que a imunização com a LJM11 protege contra infecção por Leishmania braziliensis, na presença de saliva do mosquito Lutzomyia longipalpis, em modelo experimental, utilizando camundongos. Os resultados foram descritos em artigo intitulado Immunization with LJM11 salivary protein protects against infection with Leishmania braziliensis in the presence of Lutzomyia longipalpis saliva, publicado na revista científica Acta Tropica. 

No Brasil, os flebotomíneos são conhecidos por diferentes nomes de acordo com sua ocorrência geográfica, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, entre outros. O uso de uma proteína salivar como componente da vacina anti-Leishmania tem sido amplamente discutido, entretanto, a variedade de moléculas salivares entre diferentes espécies de vetores deve ser considerada. Para o presente estudo, foram analisadas apenas as salivas de flebotomíneos das espécies Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia intermedia.

A LJM11 pertence à família das proteínas “yellow” presentes na glândula salivar dos flebotomíneos Lutzomyia e Phlebotomus. Em estudos anteriores, foi demonstrada sua capacidade de induzir uma resposta imune celular em vertebrados e observado que a imunização com a LJM11 resultou em proteção contra a infecção por Leishmania major transmitida por Lutzomyia longipalpis, evidenciando a capacidade de proteção dessa molécula. Na pesquisa, também foi investigado se a imunização com LJM11 é capaz de induzir uma resposta de proteção cruzada contra a infecção por L. braziliensis na presença de Lu. longipalpis ou Lu. Intermedia.

Como resultado, verificou-se que a imunidade gerada pela LJM11 protege camundongos contra infecção por L. braziliensis na presença de Lu. longipalpis, mas não na presença de Lu. Intermedia. Os achados também demonstraram que a proteção induzida por LJM11 pode ser específica para Lu. Longipalpis, destacando a importância da identificação de candidatos a vacinas contra a proteção cruzada, especialmente quando se considera áreas endêmicas onde diferentes espécies de flebotomíneos transmitem as mesmas espécies de Leishmania. De acordo com os pesquisadores, estes e outros resultados da pesquisa ressaltam a importância de avaliar a especificidade das respostas protetoras mediadas por saliva. 


Fonte:  Fiocruz



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA


Descrição


Nomes populares:  Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do Oriente.


O que é:  A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas.  É primariamente uma infecção zoonótica que afeta outros animais que não o homem, o qual pode ser envolvido secundariamente.


Distribuição no Brasil e no mundo:  

A LTA tem ampla distribuição mundial e no continente americano há registro de casos desde o sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai.

Em 1909, foi descrita formas de leishmânias em úlceras cutâneas e nasobucofaríngeas em indivíduos que trabalhavam na construção de rodovias no interior de São Paulo. Desde então, a doença vem sendo descrita em vários municípios de todas as Unidades Federadas.
Em média, são registrados cerca de 21.000 casos/ano, com coeficiente de incidência de 11,3 casos/100.000 habitantes nos últimos cinco anos. A região Norte apresenta o maior coeficiente (54,4 casos/100.000 habitantes), seguida das regiões Centro-Oeste (22,9 casos/10.000 habitantes) e Nordeste (14,2 casos/100.000 habitantes).

Pela ampla distribuição geográfica, alta incidência, alto coeficiente de detecção e capacidade de produzir deformidades no ser humano com grande repercussão psicossocial no indivíduo a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta enfermidade como uma das seis mais importantes doenças infecciosa de distribuição mundial.



Transmissão

Agente etiológico:

Nas Américas, são atualmente reconhecidas 11 espécies dermotrópicas de Leishmania causadoras de doença humana e oito espécies descritas, somente em animais. No entanto, no Brasil, já foram identificadas sete espécies, sendo 6 do subgênero Viannia e um do subgênero Leishmania.

As três principais espécies de Leishmania são:
  • Leishmania (Leishmania) amazonensis – distribuída pelas florestas primárias e secundárias da Amazônia legal (Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e Maranhão). Sua presença amplia-se para o Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), Centro-oeste (Goiás) e Sul (Paraná);
  • Leishmania (Viannia) guyanensis – aparentemente limitada à Região Norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e estendendo-se pelas Guianas. É encontrada principalmente em florestas de terra firme, em áreas que não se alagam no período de chuvas;
  • Leishmania (Viannia) braziliensis – foi a primeira espécie de Leishmania descrita e incriminada como agente etiológico da LTA. É a mais importante, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Tem ampla distribuição, desde a América Central até o norte da Argentina. Esta espécie está amplamente distribuída em todo país. Quanto ao subgênero Viannia, existem outras espécies de Leishmania recentemente descritas: L. (V) lainsoni identificada nos estados do Pará, Rondônia e Acre; L. (V) naiffi, ocorre nos estados do Pará e Amazonas; L. (V) shawi, com casos humanos encontrados no Pará e Maranhão; L. (V.) lindenberg  foi identificada no estado do Pará.


Hospedeiros e reservatórios

A interação reservatório-parasito é considerada um sistema complexo, na medida em que é multifatorial,  imprevisível e dinâmica, formando uma unidade biológica que pode estar em constante mudança, em função das alterações do meio ambiente. São considerados reservatórios da LTA as espécies de animais que garantam a circulação de leishmanias na natureza, dentro de um recorte de tempo e espaço.

Infecções por leishmanias que causam a LTA foram descritas em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esse último, seu papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi definitivamente esclarecido.

  •  Reservatórios silvestres - Já foram registrados, como hospedeiros e possíveis reservatórios naturais, algumas espécies de roedores, marsupiais, edentados e canídeos silvestres.
  • Animais domésticos - São numerosos os registros de infecção em animais domésticos. Entretanto, não há evidências científicas que comprovem o papel desses animais como reservatórios das espécies de leishmanias, sendo considerados hospedeiros acidentais da doença. A LTA nesses animais pode apresentar-se como uma doença crônica, com manifestações semelhantes as da doença humana, ou seja, o parasitismo ocorre preferencialmente em mucosas das vias aerodigestivas superiores.

Vetores:  Os vetores da LTA são insetos denominados flebotomíneos, pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros. No Brasil, as principais espécies envolvidas na transmissão da LTA são L. whitmani, L. intermedia, L. umbratilis, L. wellcomei, L. flaviscutellata, e L. migonei.



Flebotomíneo
Picada de flebotomíneo


Modo de transmissão:   Picada de flebotomíneos fêmeas infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa.



Período de incubação:   No homem, em média de 2 a 3 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (2 semanas) e mais longos (2 anos).



Sintomas

Classicamente, a doença se manifesta sob duas formas: leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa, essa última também conhecida como mucocutânea, que podem apresentar diferentes manifestações clínicas. A suscetibilidade é universal. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.


Leishmaniose cutânea (LC):

A úlcera típica de LC é indolor e costuma localizar-se em áreas expostas da pele, com formato arredondado ou ovalado. Mede de alguns milímetros até alguns centímetros, com base eritematosa, infiltrada e de consistência firme. As bordas são bem delimitadas e elevadas com fundo avermelhado e granulações grosseiras.

Caso não tratadas, as lesões tendem à cura espontânea em período de alguns meses a poucos anos, podendo também permanecer ativas por vários anos e coexistir com lesões mucosas de surgimento posterior. As lesões cutâneas, ao evoluir para a cura, costumam deixar cicatrizes atróficas, deprimidas, com superfície lisa, áreas de hipo ou de hiperpigmentação e traves fibrosas. Algumas vezes podem tornar-se hipertróficas, ou podem passar despercebidas, por sua coloração, tamanho, forma ou localização.



     
  
Leishmaniose mucosa (LM) ou mucocutânea:

Estima-se que de 3 a 5% dos casos de LC desenvolvam lesão mucosa. Clinicamente, a LM se expressa por lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores. A forma clássica de LM é secundária à lesão cutânea. Acredita-se que a lesão mucosa metastática ocorra por disseminação hematogênica ou linfática. Geralmente, surge após a cura clínica da LC, com início insidioso e pouca sintomatologia. Na maioria dos casos, a LM resulta de LC de evolução crônica e curada sem tratamento ou com tratamento inadequado. Pacientes com lesões cutâneas múltiplas, lesões extensas e com mais de um ano de evolução, localizadas acima da cintura, são o grupo com maior risco de desenvolver metástases para a mucosa. Acomete com mais frequência o sexo masculino e faixas etárias usualmente mais altas do que a LC, o que provavelmente se deve ao seu caráter de complicação secundária. A maioria dos pacientes com LM apresenta cicatriz indicativa de LC anterior. Outros apresentam concomitantemente lesão cutânea e mucosa. Alguns indivíduos com LM não apresentam cicatriz sugestiva de LC. Supõe-se, nesses casos, que a lesão inicial tenha sido fugaz. Em alguns, a lesão mucosa ocorre por extensão de lesão cutânea adjacente (contígua) e há, também, aqueles em que a lesão se inicia na semimucosa exposta, como o lábio. Geralmente, a lesão é indolor e se inicia no septo nasal anterior, cartilaginoso, próxima ao intróito nasal, sendo, portanto, de fácil visualização.

Acredita-se que a forma mucosa da leishmaniose seja, geralmente, causada por disseminação hematogênica das leishmânias inoculadas na pele para as mucosas nasal, orofaringe, palatos, lábios, língua, laringe e, excepcionalmente, traqueia e árvore respiratória superior. Mais raramente, podem, também, ser atingidas as conjuntivas oculares e mucosas de órgãos genitais e ânus.  Em 1% dos casos de forma mucosa, a manifestação pode ser só na laringe. As evidências sugerem que, entre os pacientes com LC que evoluem para LM, 90% ocorrem dentro de 10 anos. Desses, 50% ocorrem nos primeiros 2 anos após a cicatrização das lesões cutâneas. O agente etiológico causador da LM, no país, é a L. (V.) braziliensis, entretanto já foram citados casos na literatura atribuídos a L. (L) amazonensis e L. (V.) guyanensis.

   
 




Diagnóstico

Clínico (principais sintomas): Lesões que podem ocorrer na pele e/ou mucosas. As lesões de pele podem ser única, múltiplas, disseminada ou difusa. Apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta. Quando atingem o nariz podem ocorrer entupimentos, sangramentos, coriza e aparecimento de crostas e feridas. Na garganta, dor ao engolir, rouquidão e tosse.

Laboratorial (exames realizados): Os exames disponíveis na rede pública de laboratórios para confirmação ou descarte de casos são feitos a partir da raspagem da lesão ou biópsia. Também são realizados exames sorológicos.



Tratamento

O SUS oferece tratamento específico e gratuito para a doença. O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos, repouso e uma boa alimentação.



Prevenção

O Ministério da Saúde recomenda ações dirigidas à:

– População humana: medidas de proteção individual, tais como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado;
– Vetor: manejo ambiental, através da limpeza de quintais e terrenos, a fim de alterar as condições do meio, que propiciem o estabelecimento de criadouros para formas imaturas do vetor;
– Atividades de educação em saúde: devem estar inseridas em todos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle da LTA, requerendo o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multiinstitucionais com vistas ao trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviços.



LTA em animais domésticos

Os sintomas nos animais são semelhantes às encontradas em humanos. A LTA nesses animais pode apresentar-se como uma doença crônica, com manifestações semelhantes as da doença humana, ou seja, o parasitismo ocorre preferencialmente em mucosas das vias aerodigestivas superiores. 

Nos cães, a úlcera cutânea sugestiva costuma ser única, eventualmente múltipla, localizada nas orelhas, focinho ou bolsa escrotal. No entanto, deve-se estar atento a outras doenças que causem úlceras, tais como neoplasias, pio dermites e micoses. Estas devem ser incluídas no diagnóstico diferencial. Entre as micoses, especialmente a esporotricose deve ser considerada, por se tratar de uma zoonose e apresentar-se com lesões muito semelhantes as da LTA, ocorrendo atualmente de forma epidêmica em cidades, como, por exemplo, no Rio de Janeiro.

Não são recomendadas ações objetivando o controle de animais domésticos com LTA. A eutanásia será indicada somente quando os animais doentes evoluírem para o agravamento das lesões cutâneas, com surgimento de lesões mucosas e infecções secundárias, que poderão conduzir o animal ao sofrimento. O tratamento de animais doentes não é uma medida aceita para o controle da LTA, pois poderá conduzir ao risco de selecionar parasitos resistentes às drogas utilizadas para o tratamento de casos humanos.


Fotos: A Franco


LEISHMANIOSES
LEISHMANIOSE VISCERAL
SITUAÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI, RJ (2011-2014)




FONTES:
Conselhos Regionais de Medicina Veterinária da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Manual de Zoonoses, Programa Zoonoses da Região Sul,  1 ed., 2009.
Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007.
Ministério da Saúde - http://portalsaude.saude.gov.br
Sociedade Brasileira de Infectologia – http://www.infectologia.org.br
Vigilância em saúde : zoonoses / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.




LEISHMANIOSES


Leishmanioses são doenças causadas por parasitas protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae, existindo mais de 20 espécies, e são transmitidas ao homem pela picada de flebotomíneos fêmeas infectadas. Existem três principais formas da doença:

Leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmaniose e provoca lesões de pele, úlceras, principalmente nas partes expostas do corpo, deixando cicatrizes ao longo da vida e deficiência grave. Cerca de 95% dos casos ocorrem nas Américas, na bacia do Mediterrâneo, no Oriente Médio e na Ásia Central. Mais de dois terços dos novos casos ocorrem em seis países: Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, Irã (República Islâmica) e República Árabe Síria. Estima-se que 0,7 milhão a 1,3 milhões de novos casos ocorrem em todo o mundo anualmente.


© Dr Alvar Ezquerra, Jorge / OMS NTD


Leishmaniose mucocutânea conduz à destruição parcial ou total das membranas mucosas do nariz, boca e garganta. Quase 90% dos casos de leishmaniose mucocutânea ocorrem nos países Bolívia, Brasil e Peru.


© Dr Alvar Ezquerra, Jorge / OMS NTD


A leishmaniose visceral (também conhecida como calazar) é fatal se não for tratada. É caracterizada por ataques de febre irregulares, perda de peso, aumento do baço e do fígado, e anemia. É altamente endêmica no subcontinente indiano e no leste da África. Estima-se que 200.000 a 400.000 novos casos ocorrem no mundo a cada ano. Mais de 90% dos novos casos ocorrem em seis países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Sudão do Sul e Sudão.


© Dr Alvar Ezquerra, Jorge
 / OMS NTD



Vetores

© Sean McCann. Nouragues,
Guiana Francesa. 2009
Mais de 90 espécies de flebotomíneos são conhecidas por transmitir parasitas Leishmania. São insetos dípteros da subfamília Phlebotominae, pertencentes aos gêneros Lutzomyia – no Novo Mundo, e Phlebotomus – no Velho Mundo.   Geralmente não ultrapassam 0,5 cm de comprimento, tendo pernas longas e delgadas, e o corpo densamente piloso. Têm como característica o voo saltitante e a manutenção das asas eretas, mesmo em repouso. Somente as fêmeas estão adaptadas com o respectivo aparelho bucal para picar a pele de vertebrados e sugar o sangue. Muito pouco se sabem de seus criadouros, encontrando-se as formas imaturas em detritos de fendas de rocha, cavernas, raízes do solo e de folhas mortas e úmidas, e também nas forquilhas das árvores em tocas de animais – ou seja, em solo úmido, mas não molhado, e em detritos ricos em matéria orgânica em decomposição.



Transmissão

Parasitas Leishmania são transmitidos pela picada de flebotomíneos fêmeas infectados. A epidemiologia da leishmaniose depende das características das espécies de parasitas, as características ecológicas dos locais de transmissão, a exposição atual e passada da população humana ao parasita e do comportamento humano. Cerca de 70 espécies de animais, incluindo humanos, têm sido encontrados como hospedeiros naturais dos parasitas Leishmania.



Principais fatores de risco

Condições sócio-econômicas
A pobreza aumenta o risco de leishmaniose. Condições sanitárias precárias domésticas e de habitação (por exemplo, falta de gestão de resíduos, esgoto aberto) podem aumentar a reprodução de flebotomíneos e os locais de repouso, bem como o seu acesso aos seres humanos. Flebotomíneos são atraídos para habitações cheias, pois estas fornecem uma boa fonte de refeições (sangue). O comportamento humano, tal como dormir do lado de fora da casa ou sobre o solo, pode aumentar o risco. O uso de mosquiteiros tratados com inseticidas reduz o risco.

Desnutrição
Alimentação pobre em proteína, ferro, vitamina A e zinco aumenta o risco de uma infecção progredir para calazar.

Mobilidade da população
As epidemias de ambas as principais formas de leishmaniose são frequentemente associados com a migração e à circulação de pessoas não imunes em áreas com ciclos de transmissão existentes. A exposição ocupacional e o desmatamento generalizado continuam sendo fatores importantes. Por exemplo, as pessoas que se estabelecem em áreas que eram florestas podem estar se aproximando do habitat dos flebotomíneos. Isto pode conduzir a um rápido aumento nos casos.

Transformações ambientais
As mudanças ambientais que podem afetar a incidência de leishmaniose incluem urbanização, a domesticação do ciclo de transmissão e a incursão das explorações agrícolas e assentamentos em áreas florestais.

Mudança climática
A leishmaniose é sensível ao clima, e fortemente afetada por mudanças na precipitação, temperatura e umidade. O aquecimento global e a degradação da terra, em conjunto, afetam a epidemiologia da leishmaniose em diversas maneiras:

  • Mudanças de temperatura, precipitação e umidade podem ter fortes efeitos sobre vetores e hospedeiros reservatório, alterando a sua distribuição e influenciando seus tamanhos de sobrevivência e de população;
  • Pequenas variações de temperatura podem ter um efeito profundo sobre o ciclo de desenvolvimento de promastigotas de Leishmania em flebótomos, permitindo a transmissão do parasita em áreas anteriormente não endêmicas para a doença;
  • Seca, fome e inundações resultantes das alterações climáticas podem levar ao deslocamento em massa e a migração de pessoas para áreas com transmissão de leishmaniose, e a má nutrição poderia comprometer a sua imunidade.


Diagnóstico e tratamento

Na leishmaniose visceral, o diagnóstico é feito através da combinação de sinais clínicos com parasitológico, ou testes sorológicos (testes rápidos de diagnóstico e outros). Na leishmaniose tegumentar, manifestação clínica com exames parasitológicos confirma o diagnóstico.
O tratamento da leishmaniose depende de vários fatores, incluindo o tipo de doença, espécies de parasitas e localização geográfica. A leishmaniose é uma doença tratável e curável. Todos os pacientes diagnosticados como leishmaniose visceral requer tratamento imediato e completo.


Prevenção e controle

Prevenção e controle da leishmaniose exige uma combinação de estratégias de intervenção porque a transmissão ocorre em um sistema biológico complexo que envolve o hospedeiro humano, parasita, flebotomíneo vetor e em alguns casos um hospedeiro-reservatório animal. As principais estratégias incluem:

  • O diagnóstico precoce e o tratamento eficaz dos casos reduz a prevalência da doença e evita incapacidades e morte. Atualmente, existem medicamentos altamente eficazes e seguros anti-Leishmania, particularmente para LV, e acesso a estes medicamentos tem melhorado significativamente;
  • Controle de vetores ajuda a reduzir ou interromper a transmissão da doença por flebotomíneos, especialmente em condições domésticas. Métodos de controle incluem inseticida spray, uso de mosquiteiros tratados com inseticida, gestão ambiental e proteção pessoal;
  • Vigilância eficaz da doença é importante. Detecção e tratamento precoce de casos ajudam a reduzir a transmissão e a monitorar a propagação e a carga da doença;
  • Controle de hospedeiros reservatórios é complexa e deve ser adaptada à situação local;
  • Mobilização social e reforço de parcerias - a mobilização e educação da comunidade com intervenções de mudança de comportamento eficazes com estratégias de comunicação adaptados localmente. Parceria e colaboração com várias partes interessadas e outros programas de controle de doenças transmitidas por vetores.


Leishmanioses nas Américas

Calazar nas Américas é muito semelhante ao encontrado na bacia do Mediterrâneo. O hábito de manter cães e outros animais domésticos dentro de casa é pensado para promover a infecção humana. A epidemiologia da leishmaniose cutânea nas Américas é complexa, com variações nos ciclos de transmissão, hospedeiros reservatórios, vetores flebotomíneos, manifestações clínicas e resposta à terapia, e várias espécies de Leishmania que circulam na mesma área geográfica.
FONTES:
Organização Mundial de Saúde - http://www.who.org
Conselhos Regionais de Medicina Veterinária da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) – Programa Zoonoses da Região Sul, Manual de Zoonoses, 1ª ed., 2009.