Durante a picada do mosquito transmissor da leishmaniose, conhecido como o flebotomíneo, é depositado na pele do hospedeiro uma combinação de saliva, parasitas, dentre outros fatores derivados de parasitas. Pesquisas anteriores têm demonstrado que a exposição constante a picadas de flebotomíneos não infectados induz respostas imunoprotetoras à leishmania, encorajando estudiosos a identificar potenciais moléculas candidatas a vacina contra a doença.
Uma equipe coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn, realizou um estudo que se concentrou na análise da proteína salivar LJM11, identificada como molécula imunogênica em cães, camundongos e pessoas contaminadas pela doença. A pesquisa concluiu que a imunização com a LJM11 protege contra infecção por Leishmania braziliensis, na presença de saliva do mosquito Lutzomyia longipalpis, em modelo experimental, utilizando camundongos. Os resultados foram descritos em artigo intitulado Immunization with LJM11 salivary protein protects against infection with Leishmania braziliensis in the presence of Lutzomyia longipalpis saliva, publicado na revista científica Acta Tropica.
No Brasil, os flebotomíneos são conhecidos por diferentes nomes de acordo com sua ocorrência geográfica, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, entre outros. O uso de uma proteína salivar como componente da vacina anti-Leishmania tem sido amplamente discutido, entretanto, a variedade de moléculas salivares entre diferentes espécies de vetores deve ser considerada. Para o presente estudo, foram analisadas apenas as salivas de flebotomíneos das espécies Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia intermedia.
A LJM11 pertence à família das proteínas “yellow” presentes na glândula salivar dos flebotomíneos Lutzomyia e Phlebotomus. Em estudos anteriores, foi demonstrada sua capacidade de induzir uma resposta imune celular em vertebrados e observado que a imunização com a LJM11 resultou em proteção contra a infecção por Leishmania major transmitida por Lutzomyia longipalpis, evidenciando a capacidade de proteção dessa molécula. Na pesquisa, também foi investigado se a imunização com LJM11 é capaz de induzir uma resposta de proteção cruzada contra a infecção por L. braziliensis na presença de Lu. longipalpis ou Lu. Intermedia.
Como resultado, verificou-se que a imunidade gerada pela LJM11 protege camundongos contra infecção por L. braziliensis na presença de Lu. longipalpis, mas não na presença de Lu. Intermedia. Os achados também demonstraram que a proteção induzida por LJM11 pode ser específica para Lu. Longipalpis, destacando a importância da identificação de candidatos a vacinas contra a proteção cruzada, especialmente quando se considera áreas endêmicas onde diferentes espécies de flebotomíneos transmitem as mesmas espécies de Leishmania. De acordo com os pesquisadores, estes e outros resultados da pesquisa ressaltam a importância de avaliar a especificidade das respostas protetoras mediadas por saliva.
Fonte: Fiocruz
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