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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Entenda as diferenças entre RT-PCR, antígeno e autoteste


Diagnóstico é parte essencial da estratégia de enfrentamento da pandemia





Uma das principais estratégias no combate à pandemia, a testagem para detectar a Covid-19 é essencial para monitorar o cenário epidemiológico do país e acompanhar a transmissão do vírus. Hoje, o Brasil tem dois principais tipos de testes já em uso para detectar o vírus Sars-Cov-2: RT-PCR e teste rápido de antígeno.

Em janeiro, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Saúde incorporou o autoteste no Plano Nacional de Expansão da Testagem. A estratégia é complementar e deverá ser usada como forma de triagem dos casos. Nessa segunda (17), a agência aprovou o primeiro registro desse tipo de teste no país.

Apesar de a comercialização dos autotestes em estabelecimentos licenciados não ser imediata, a oferta de diferentes tipos de diagnóstico para detectar a infecção pelo vírus Sars-Cov-2 pode gerar dúvidas na população.

Entenda as principais diferenças entre os tipos de teste:
• RT-PCR: É um diagnóstico laboratorial, feito por biologia molecular, que permite identificar a presença do material genético (RNA) do vírus Sars-Cov-2 em amostras de secreção respiratória. A amostra é colhida por um profissional de saúde.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Esta metodologia é capaz de detectar proteínas produzidas na fase de replicação viral. O TR-Ag positivo determina a presença do vírus na amostra, que é colhida por meio de swab nasal ou nasofaringe, no laboratório ou unidade de saúde. O processamento da amostra, no entanto, pode ser realizado fora do ambiente laboratorial.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): É um teste que poderá ser adquirido nas redes de farmácias e drogarias, em que a pessoa coleta sua própria amostra nasal ou oral (saliva) e, em seguida, faz o teste conforme instruções do fabricante na bula e interpreta o resultado. A metodologia é a mesma do TR-Ag.

Preciso de pedido médico para fazer esses testes?
• RT-PCR: Sim. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o teste é feito por meio de solicitação do exame, após uma avaliação do médico.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Pode ser feito por solicitação do médico, após consulta, ou diretamente nas unidades de saúde em pessoas sintomáticas ou que tiveram contato com casos positivos.
• Autoteste de Ag (AT-Ag): Não. A compra e realização do teste é por conta própria.

Qual o tempo de resultado dos testes?
• RT-PCR: O resultado é liberado em até 72 horas após a coleta da amostra.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): O resultado fica pronto em torno de 20 minutos.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): O resultado fica pronto em torno de 20 minutos.

Qual a estrutura necessária para a testagem?
• RT-PCR: É necessário ambiente laboratorial para o uso da metodologia RT-PCR.
• Teste Rápido de Antígeno (TR-Ag): O processamento pode ser feito no próprio local da coleta.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): O indivíduo faz o próprio teste em casa ou em um local escolhido. O kit contém todos os itens necessários para a testagem.

Qual é o período ideal para fazer cada teste?
• RT-PCR: A coleta de amostras para a detecção do vírus em tempo real deve ocorrer o mais precocemente possível quando o paciente com síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) está na fase aguda da infecção, até o 8º dia após o início dos sintomas. Para pacientes graves hospitalizados, a coleta pode ser feita até o 14º dia do início dos sintomas.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): São mais eficientes na fase aguda da doença. Do 1º ao 7º dia em pessoas com sintomas; e a partir do 5º dia do contato em pessoas assintomáticas que tiveram contato com casos confirmados.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): Pode ser utilizado no período entre o 1º e 7º dia do início dos sintomas; e a partir do 5º dia do contato com indivíduos com a infecção.

Qual a eficácia dos diferentes testes?
• RT-PCR: É considerado o padrão ouro na detecção do Sars-Cov-2. Os testes usados pela rede de laboratórios de saúde pública apresentam alta sensibilidade (aproximadamente 86%) e alta especificidade (acima de 95%).
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): A sensibilidade dos testes rápidos de antígeno disponibilizados pelo Ministério da Saúde varia entre 90,30% e 96,75%. Já a especificidade desses testes varia de 98,80% a 100%.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): É semelhante ao TR-Ag. Ainda assim, por ser feito por pessoa leiga, podem ocorrer erros na execução ou interpretação, de forma que é uma estratégia complementar aos demais, sendo usado como triagem.

Qual é o público-alvo?
• RT-PCR: Qualquer pessoa sintomática com síndrome gripal e/ou síndrome respiratória aguda grave atendidas nos serviços de saúde.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Qualquer pessoa, sintomática ou assintomática, independentemente do estado vacinal ou idade, que procure a testagem nos serviços de saúde do SUS que disponham do TR-Ag.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): Qualquer pessoa sintomática ou assintomática, independentemente de seu estado vacinal pode fazer a autotestagem. Em menores de 14 anos o autoteste deve ser supervisionado por pais ou responsáveis.

O teste deu positivo, e agora?
Em caso de resultado positivo, o indivíduo deverá ser avaliado por um profissional de saúde, que também notificará o caso no sistema e-SUS, do Ministério da Saúde. A pessoa será orientada a ficar isolada, manter a higiene das mãos e dos ambientes, e usar a máscara para quebrar a cadeia de transmissão. Se o indivíduo tiver piora dos sintomas, deverá procurar o médico para uma nova avaliação.

Os sintomas mais comuns da Covid-19 são: febre, tosse, dor de garganta, coriza, dor de cabeça, perdas olfativas/gustativas e dores no corpo. São considerados sinais e sintomas graves: falta de ar, baixos níveis de saturação de oxigênio (abaixo de 95%), cianose, letargia, confusão mental e sinais de desidratação.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Saiba mais sobre testes de Covid-19



Os tipos de testes disponíveis

Há dois tipos de testes amplamente utilizados para diagnóstico: o teste molecular (RT-PCR), para identificar a presença do RNA viral no organismo na fase aguda da infecção; e o sorológico, para detecção de anticorpos IgM e IgG produzidos pelo organismo contra o vírus - ele detecta se o indivíduo já foi exposto ao vírus. Os testes sorológicos utilizam técnicas diferentes de diagnóstico: imunocromatográfico (o teste rápido da farmácia); imunoenzimático (conhecido como ELISA); e imunoquimioluminiescência. Estes dois últimos são feitos por laboratórios de análises clínicas.


Falsos positivos e falsos negativos 

O primeiro fator de erros de diagnóstico é a escolha inadequada do período para a realização do teste sorológico em relação ao início dos sintomas. Nos primeiros dias, pode favorecer resultados negativos para IgM e IgG. O ideal é que seja feito o teste molecular (RT-PCR) até o sétimo dia após o início dos sintomas. Já a testagem sorológica para IgM e IgG deve ser realizada após 14 dias do início de sintomas. O período de incubação viral, que é o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas, é em média de cinco dias. O teste molecular (RT-PCR) possui uma menor sensibilidade durante a fase de incubação viral. Nesse período, a taxa de falso negativos é muito alta (cerca de 68% de falso negativos). Após o início dos sintomas, a taxa de falso negativos cai significativamente, variando muito pouco entre o dia 1 (38%) e o ideal para o teste, dia 3 (20%), permanecendo indicada a realização do teste molecular até o sétimo dia após o início dos sintomas. Assim, não há justificativa para atrasar o teste molecular na presença de sintomas, já que muitas vezes é difícil para o paciente determinar o início dos mesmos. Além disso, o resultado dos testes moleculares demora em média 72h para serem liberados, comprometendo as estratégias de isolamento e tratamento do indivíduo potencialmente infectado. Assim, na presença dos primeiros sintomas associados à Covid-19, o ideal é testar imediatamente. Caso o teste molecular seja negativo, mas exista presença/persistência de sintomas característicos associados à doença, devemos repetir o teste molecular. Para excluir uma possível infecção assintomática e garantir a liberação para circulação segura de pessoa exposta ao vírus (circulação em área com alto número de casos ou contato direto com pessoa infectada), o ideal seria realizar dois exames moleculares, intercalado por um isolamento por sete dias entre os dois testes (RT-PCR no dia 1 e dia 7 após exposição).


Sensibilidade dos testes

Outros fatores associados ao fenômeno de resultados falsos positivos e falsos negativos podem se dever à baixa especificidade e baixa sensibilidade analítica do teste. Habitualmente, os testes moleculares (RT-PCR) possuem alta sensibilidade e especificidade analítica, muito próximo ou igual a 100%, porém os testes sorológicos tendem a variar entre 90-99% para ambos parâmetros.  A escolha de um teste sorológico com baixa especificidade analítica (capacidade de detectar apenas anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos positivos, porque pode identificar a presença de anticorpos contra outros patógenos similares ao SARS-CoV-2. O uso de um teste sorológico com baixa sensibilidade analítica (capacidade de detectar concentrações mínimas de anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos negativos, uma vez que pode não detectar a presença de baixos níveis de anticorpos contra o SARS-CoV-2.


IgM e IgG positivos

Para entender o significado do teste sorológico positivo para IgM e IgG é importante revisar a velocidade de produção desses anticorpos pelo organismo durante a infecção. Ambos os anticorpos IgM e IgG contra o SARS-CoV-2 são encontrados em média a partir dos 14 dias após o início dos sintomas. Depois disso, a IgM permanece positiva por cerca de dois a três meses, e a IgG por até oito meses após a infecção. Resultados de testes sorológicos com detecção apenas do IgM contra o SARS-CoV-2 devem ser analisados com cautela (potencialmente falso positivo), já que o IgM é menos específico. 

Os testes sorológicos podem ser qualitativos (identificação da presença ou ausência de sinal positivo para produção de anticorpos) ou semi-quantitativos (quantificação da intensidade do sinal positivo para produção de anticorpos, refletindo a quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo). Nos testes semi-quantitativos, o diagnóstico é determinado pelo ponto de corte do teste utilizado (Reagente: valor > que o ponto de corte; Não Reagente: valor =< que o ponto de corte). Não é possível determinar o dia da infecção ou o grau de imunidade desenvolvida pelo indivíduo a partir da quantificação de anticorpos utilizando estes testes, já que estes valores podem variar de maneira distinta entre as pessoas testadas ao longo do tempo e a depender da forma clínica apresentada.


Quarentena para quem está com RT-PCR positivo

O ideal é considerar a indicação da quarentena a partir do resultado positivo desse teste, já que ele identifica a presença do material genético viral. A determinação do período de dez dias após o início dos sintomas ou do diagnóstico por RT-PCR é suficiente para garantir que o vírus não seja mais capaz de infectar outras pessoas. Já o teste sorológico deve ser utilizado para identificar os indivíduos já expostos ao vírus, tendo ou não desenvolvido Covid-19. A presença, principalmente do IgG, com ausência de sintomas, indica que esta pessoa está potencialmente fora da janela de transmissão do SARS-CoV-2. 


Confiabilidade dos testes de farmácia

Os testes disponibilizados em farmácia são os testes imunocromatográficos de fluxo lateral, também conhecidos como testes rápidos. São normalmente menos sensíveis e menos específicos (o que pode ocasionar um número mais elevado de falso negativos e falso positivos) do que os testes dos tipos imunoenzimático (ELISA) e imunoquimioluminescência, realizados em laboratórios de análises clínicas. É importante ressaltar que nenhum teste laboratorial é perfeito e seu resultado deve ser interpretado em conjunto com os dados clínicos do paciente, outras análises laboratoriais e/ou exames de imagens radiológicos na presença de um profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do paciente.


Fonte de texto e imagem:  Fiocruz

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Testes para a Covid-19: como são e quando devem ser feitos




Para que sejam tomadas decisões certas em favor da saúde pública, primeiro é necessário identificar bem a magnitude da ameaça à população, hoje, o novo coronavírus (SARS-CoV-2, causador da Covid-19). Isto é possível por meio dos testes para detectar a doença e, por essa razão, a testagem no maior número possível de cidadãos é fundamental para enfrentar o vírus, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os testes permitem aos governos e profissionais da saúde terem uma dimensão real da propagação do vírus na sociedade, acompanhar as cadeias de transmissão da doença, detectar pacientes assintomáticos ou aqueles que em algum momento tiveram a Covid-19 e não descobriram, além de identificar a transmissão do vírus por áreas geográficas e faixas etárias, entre outros parâmetros.

Existem dois tipos principais de testes usados na pandemia do novo coronavírus: testes sorológicos rápidos – também chamados de "testes rápidos" porque dão resultados em 20 minutos e servem como primeiro filtro de detecção - e testes moleculares, que levam cerca de duas horas para o resultado. Para compreender mais sobre os testes, o pesquisador do Laboratório de Alta Complexidade do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Zilton Vasconcelos esclarece abaixo as questões:

Quais são os tipos de testes disponíveis hoje para a Covid-19?
ZV: Existe o RT-PCR, ou teste molecular, que pesquisa a presença do Ácido ribonucleico (RNA) viral, que é o material genético do vírus SARS-CoV-2 e que dura cerca de duas horas para ser executados em estrutura de laboratório. Também existem os testes sorológicos rápidos que pesquisam a presença de anticorpos contra o vírus em 20 minutos em média e sem a necessidade de estrutura de laboratório, e os testes Elisa e Clia que também avaliam a presença de anticorpos, mas necessitam de uma estrutura de laboratório, e duram cerca de quatro horas. No entanto, o processo de coleta, processamento e preparo das amostras para o início dos testes no laboratório também consomem tempo que é proporcional ao volume de amostras que a unidade de saúde recebe. Dessa forma, ensaios de Elisa são normalmente liberados em 24 horas e RT-PCR no mesmo dia quando a rotina ainda não atingir a capacidade instalada do laboratório.

Existe algum tipo de fiscalização dos testes disponíveis hoje?
ZV: Sim, todos os testes são registrados na Anvisa e têm que ser liberados previamente para a comercialização e uso para diagnóstico. São exigidos documentos da empresa, como Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF). Além disso, devem ser apresentados documentos sobre o produto a ser registrado, tais como ensaios clínicos, fluxo de produção, estudo de estabilidade, segurança, qualidade e eficácia. A Fiocruz realiza algumas dessas avaliações no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Quando uma pessoa deve procurar fazer o teste?
ZV: Se estamos falando de teste molecular para detecção do vírus através de amostras de secreção nasal ou da garganta do paciente, a partir do terceiro até o sétimo dia de sintomas pode fazer o teste. Já existem evidências que períodos anteriores e posteriores a esses, podem apresentar ainda resultados positivos para a Covid-19, no entanto, aumenta bastante a chance de um teste falso negativo, ou seja, a pessoa está infectada, mas não é detectado pelo teste.

No caso dos testes para detecção de anticorpos, as informações são ainda mais controversas, mas de maneira geral, acredita-se que após sete dias de sintomas, inicia-se a detecção no sangue de anticorpos na fase aguda da doença (IgM), indicando contato recente com o vírus. Após 11 dias de sintomas, anticorpos associados à fase convalescente da doença (IgG) começam a ser detectados no soro e permanecem por um período maior no nosso organismo e indicam desenvolvimento de imunidade mas não garantem a proteção. No entanto, essa dinâmica de geração de anticorpos ainda não está totalmente confirmada, além que muitos fabricantes apresentam diferente performance dos testes, tornando as interpretações e conclusões sobre a fase da doença e certeza diagnóstica ainda mais complexas.

Quais são as diferenças entre os testes rápidos e os testes moleculares?
ZV: Os testes rápidos sorológicos, por imunoensaio enzimático (teste Elisa) e por imunoensaio quimioluminescente (teste Clia) têm o objetivo de detectar anticorpos específicos contra a Covid-19 que o nosso organismo produz em resposta à infecção viral, visando controlar e eliminar tanto o vírus como células infectadas. Esses testes são indicados a partir do sétimo dia de doença e os resultados negativos não descartam o contato prévio com o vírus, que devem ser repetidos após uma semana para confirmação.

Já o teste molecular detecta o material genético do vírus, que nesse caso é uma molécula de ácido ribonucleico (RNA) convertida a ácido desoxirribonucleico (DNA) no laboratório, para facilitar o teste molecular por reação em cadeia da polimerase (PCR). Esse teste molecular deve ser realizado entre o terceiro e sétimo dia de sintomas para aumentar a chance de detecção RNA viral e um teste negativo não descarta a infecção, apenas indica que naquele momento sua carga viral é indetectável.


O que buscam os testes?
ZV: No caso de testes moleculares, buscamos detectar o material genético do vírus em uma sequência específica de uma das proteínas virais. Dessa forma, o PCR tem o objetivo de escolher um "pedaço" dessa sequência e multiplicá-la no laboratório até o momento que sua "visualização" é possível. Essa "visualização" é feita através de equipamentos específicos que detectam um sinal luminoso gerado a cada cópia do material genético do vírus durante o PCR. Quando essa luz gerada ultrapassa um valor mínimo o teste é considerado positivo.

No caso dos testes sorológicos, desejamos detectar a presença de anticorpos na fase aguda e na fase convalescente da doença (do tipo IgM e IgG) presentes no sangue e que reconheçam apenas proteínas da Covid-19. O teste consiste em deixar o soro em contato direto com essas proteínas por um tempo. Em seguida, um segundo anticorpo reagente que reconhece IgM ou IgG é adicionado, e mudará a coloração do ensaio indicando a presença deles. Conforme a intensidade dessa coloração, sabemos a proporção de anticorpos presentes.

Se a pessoa apresenta anticorpos significa que é imune à Covid-19?
ZV:  Ainda não existem estudos que comprovem ou afastem a imunidade protetora. O conhecimento que se tem atualmente é baseado nas outras coronaviroses, onde estima-se uma proteção/imunidade por períodos superiores a um ano.

Uma pessoa com anticorpos pode transmitir o vírus?
ZV: É desconhecido. Como dito anteriormente, anticorpos IgM são geralmente associados com o contato viral recente e IgG indica um contato anterior. No entanto, a dinâmica desses anticorpos em Covid-19 ainda é controversa e depende de mais estudos. A recomendação é de isolamento por 14 dias após o início dos sintomas, independente da presença de anticorpos ou testes moleculares negativos. Caso os sintomas persistam, esse período de isolamento deve ser revisto.

Onde fazem os testes para detecção da Covid-19 no Rio de Janeiro?
ZV: Na rede pública foram distribuídos testes sorológicos ou rápidos da rede de laboratórios centrais conhecida como LACEN, que no Rio de Janeiro é representada pelo Laboratório Central Noel Nutels. A rede privada conta também com testes rápidos, moleculares e oferece detecção de anticorpos através dos testes Elisa e Clia.

Há acompanhamento de quais são realizados pela rede particular?
ZV: Esse acompanhamento é uma tarefa da Anvisa. Porém, laboratórios e clínicas públicas e privadas passam por processos de auditoria interna e externa, acreditações e certificações tanto em âmbito nacional como internacional que observam constantemente as práticas correntes e documentações sobre todos os procedimentos e exames realizados. Esses processos auxiliam os órgãos regulatórios e permitem um maior controle de todos os integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS).

As farmácias estão autorizadas para realizar testes do coronavírus?
ZV:  Sim. A realização de testes rápidos para Covid-19 foi autorizada pelo governo tanto em farmácias, como em drogarias, consultórios, clínicas médicas e de imunização, laboratórios de análises clínicas e postos de coleta. Os testes só podem ser feitos em pessoas com quadro respiratório agudo e os resultados devem ser notificados às autoridades de saúde. A medida tem caráter provisório e excepcional e somente estabelecimentos previamente licenciados pela Subsecretaria de Vigilância Sanitária poderão realizar os testes, que também precisam ser registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

06/07/2020
Por: Mayra Malavé Malavé (IFF/Fiocruz)

Fonte:  Fiocruz
Imagens:  Pesquisa Google.



quarta-feira, 20 de maio de 2020

Pesquisador fala sobre testes nas diversas fases da pandemia



A corrida pelo desenvolvimento da vacina ou de um tratamento adequado para o combate ao novo coronavírus são a esperança para enfrentamento da Covid-19, doença que em poucos meses ceifou milhares de vidas e modificou a rotina de populações de diversos países, levando também a impactos econômicos. Enquanto não é possível encontrar soluções a curto prazo, a discussão sobre testes para detectar indivíduos infectados tem ganhado destaque no cenário de pandemia do novo coronavírus.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto, explica que para entender a importância dos testes é necessário pensar sobre alguns aspectos: o que são esses testes, quais as suas potencialidades e limitações e quando utilizá-los como instrumento para tomada de decisão.

De acordo com Barral, o teste em si não resolve a situação da pandemia, mas fornece informações que irão modificar as ações de saúde coletiva. A relevância dos testes está não só em detectar quem está doente, mas em ter controle dos contatos desses pacientes, evitando que pessoas potencialmente contaminadas continuem circulando pela cidade, impedindo que o vírus se espalhe com mais facilidade.

Segundo o pesquisador Manoel Barral, os testes rápidos sorológicos têm apresentado baixa sensibilidade e especificidade e, por isso, pode ocorrer um número alto de resultados falso positivos ou falso negativos. Como o vírus permanece nas vias respiratórias, podendo ser transmitido para outras pessoas por algum tempo, algumas vezes antecedendo até o surgimento dos sintomas, também é importante detectá-lo o quanto antes. “Há um problema maior, que é quando o indivíduo permanece assintomático e transmitindo. Por isso, a estratégia de se fazer muito mais testes do que se costuma fazer em situações como essa”, pontua Manoel Barral.

Na Bahia, o cenário em relação à testagem é parecido com o que ocorre no Brasil inteiro; abaixo do necessário. Pela complexidade da coleta e do processamento da amostra, exigindo maquinário especialidade e reagentes que estão sendo requisitados pelo mundo inteiro dos fabricantes, ainda não é possível realizar a testagem em larga escala na população, como seria o ideal. 

Dos dois tipos de testes utilizados atualmente, um detecta o vírus no indivíduo infectado e o outro detecta anticorpos contra o vírus em quem já teve a infecção. “Esses testes são de suma importância em todas a fases da pandemia, para criar uma estratégia de liberação dos indivíduos para o retorno de suas atividades gradativamente”, observa o imunologista.


Tipos de testes

O teste mais utilizado no Brasil é o molecular, chamado de Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), que identifica o RNA do vírus através do swab nasofaríngeo, com a coleta de amostra na mucosa na cavidade nasal do paciente. 

Essa técnica detecta o vírus quando o indivíduo está doente, mesmo sendo assintomático. Não é um teste fácil de ser feito, pois a manobra do swab exige profissionais treinados e um cuidado maior com o material coletado por ser altamente contaminável, colocando em risco quem realiza o exame. Esse teste, além de sensível, é muito específico, portanto confiável.

A outra técnica disponível é a sorológica, que detecta a presença de anticorpos para coronavírus na amostra de sangue, indicando que a pessoa foi infectada com o vírus em algum momento passado. Manoel Barral observa que a principal função desse tipo de teste é mostrar como está a exposição da população ao vírus.

O teste rápido para detecção de anticorpos foi recentemente liberado para ser realizado em farmácias. O pesquisador alerta que esses testes podem criar uma falsa sensação de proteção no indivíduo, visto que ainda não está comprovado que pessoas que foram expostas ao novo coronavírus estão realmente protegidas contra uma nova infecção. “E caso haja a imunização de fato, ainda não sabemos por quanto tempo esses indivíduos estão protegidos, porque os primeiros casos de Covid-19 são recentes”, acrescenta.

Além disso, segundo o pesquisador, o ideal é que esses testes sorológicos tenham sensibilidade acima de 90% e especificidade próxima a 98%, mas, por enquanto, eles têm apresentado respostas abaixo do esperado e por isso não são muito confiáveis, pois pode ocorrer um número alto de resultados falso positivos ou falso negativos.


Futuro com Covid-19

Após a primeira onda da pandemia da Covid-19, o esperado é que boa parte da população não tenha sido exposta ao vírus e, portanto, não esteja imune. Como o coronavírus ainda estará circulando, o risco de uma segunda onda do surto é uma realidade. “Nós temos que tomar muito cuidado após a primeira onda de contaminação, ter uma vigilância muito ativa para detectar novos casos e fazer os trabalho de isolamento de pessoas doentes e seus contatos”, explica Barral.

Por isso, a realização de testes e comportamento cauteloso das pessoas continuarão a ser importantes mesmo após a primeira onda. “É necessário ficar claro, para todos nós, que a nossa vida vai mudar por um tempo. A gente não vai voltar à vida normal de uma hora para outra, vai ter que continuar circulando com máscara, usando muito álcool gel e lavando as mãos de forma muito intensiva”, afirma o pesquisador.


20/05/2020

terça-feira, 16 de abril de 2019

Fiocruz desenvolve teste para Zika mais barato e rápido





A expectativa é que o kit seja disponibilizado até o fim do ano


Exames para identificar infecção pelo vírus da Zika em breve vão poder ser feitos em 20 minutos. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, desenvolveram um método simples e 40 vezes mais barato que o tradicional. A expectativa é que chegue aos postos de saúde antes do final do ano, beneficiando, principalmente, os municípios afastados dos grandes centros, onde o resultado do teste de Zika pode demorar até 15 dias. As informações são de um dos criadores da técnica, o pesquisador da unidade Jefferson Ribeiro.

“Tendo em vista que a técnica atual (PCR) é extremamente cara e o Brasil tem poucos laboratórios de referência que podem realizar o diagnóstico de Zika – até um tempo atrás eram apenas cinco, inclusive a Fiocruz de Pernambuco -, uma cidade pequena, no interior do estado, acaba prejudicada. A amostra precisa sair do interior, ir para a capital, para ser processada, enfim, se pensarmos nesses municípios, o resultado pode demorar 15 dias”, destaca Ribeiro.

Outra vantagem do novo teste é que pode ser feito por qualquer pessoa nos posto de saúde, não exige treinamento complexo. Com um kit rápido, basta coletar amostras de saliva ou urina, misturar com reagentes fornecidos em um pequeno tubo plástico e depois aquecer em banho maria. Vinte minutos depois, se a cor da mistura se tornar amarela, está confirmado o diagnóstico de Zika, se ficar laranja, o resultado é negativo. Hoje, o teste PCR (reação em da polimerase), com reagentes importados, é feito com material genético retirado das amostras, o que demora mais.

O teste elaborado pela Fiocruz Pernambuco é também mais preciso, ou seja, tem uma taxa de erro menor, acusando a doença mesmo em casos que não foram detectados pela PCR.
A expectativa dos pesquisadores é que o kit seja desenvolvimento pela indústria nacional, com a participação da Bio-manguinhos, e disponibilizado até o fim do ano. Testes semelhantes já são usados para o vírus da dengue e outras bactérias. “Essa é a nossa pretensão, para facilitar a disponibilidade para o Sistema Único de Saúde”, disse Ribeiro.


Zika
O número de casos de Zika, que pode causar microcefalia em bebês, vem diminuindo nos últimos anos. No entanto, o país ainda teve 8.680 diagnósticos em 2018 (em 2017 foram 17.593), com maior incidência no Norte e Centro-Oeste. A doença está relacionada à falta de urbanização e de saneamento básico e costuma aumentar nas estações chuvosas.

A Zika é transmitida principalmente por picadas de mosquito, mas também durante a relação sexual desprotegida e de mãe para filho, na gestação. Provoca complicações neurológicas como a microcefalia e a Síndrome de Guillain Barré. Começa com manchas vermelhas pelo corpo, olho vermelho, febre baixa e dores pelos corpos e nas juntas, geralmente, sem complicações.

O novo teste para a Zika foi desenvolvido no mestrado em Biociências e Biotecnologia em Saúde, com orientação do professor Lindomar Pena. Em breve, será publicado em detalhes em revista científica. Anteriormente, os pesquisadores publicaram artigo com os resultados dos testes para amostras de mosquitos infectados e não de secreções humanas.



quinta-feira, 2 de junho de 2016

País tem primeiro teste rápido nacional para zika; resultado sai em 20 minutos




A Secretaria de Saúde da Bahia obteve o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e apresentou hoje (31) em Salvador, o primeiro teste sorológico rápido nacional para detecção do vírus Zika. Assim, o exame que costumava levar semanas terá resultado em até 20 minutos.

O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, destaca que o teste rápido facilitará a vida da população, ao permitir às mulheres, por exemplo, saberem se já foram ou estão infectadas pelo vírus.
“Hoje existe uma quantidade de pessoas com sintomas que não têm o diagnóstico definitivo, ou seja, você acha que a pessoa tem a zika, mas pode ser uma outra virose. A partir de agora, principalmente para as mulheres em idade gestacional, ter a informação se ela teve ou ainda não zika é extremamente relevante para a decisão dela, em iniciar uma gestação”, ressalta Fábio Villas-Boas.


Procedimento

O dispositivo tem duas fitas portáteis (cassetes), que usam uma pequena amostra de soro do paciente. Uma das fitas reage com o anticorpo IgM, identificando infecções de até duas semanas. Já o segundo cassete reage ao IgC e identifica se o paciente já teve a infecção há mais tempo. Isso permite que o teste rápido detecte os anticorpos contra o vírus da Zika, no organismo do paciente, em qualquer fase da doença.

“A zika, antes era diagnosticada, em laboratório através do PRC [método que detecta a presença de carga genética do vírus], o que era demorado e muito custoso. A partir de agora, poderemos oferecer o diagnóstico em qualquer posto de saúde nos lugares mais distantes do país, e em apenas 20 minutos, a população terá a resposta se tem ou teve zika”, explica o secretário.


Parceria


O teste foi desenvolvido em parceria da Sesab com uma empresa sul-coreana, que transferiu a tecnologia ao laboratório fabricante, a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (BahiaFarma), ligado à Secretaria de Saúde do estado. Com a autorização concedida pela Anvisa, o laboratório aguarda o pedido do Ministério da Saúde para iniciar a fabricação e distribuição a toda a população brasileira. A previsão inicial pode ser de até 500 mil testes por mês.



Fonte texto:  EBC Agência Brasil
Fonte imagens:  Secretaria da Saúde do Governo do Estado da Bahia