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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Entenda as diferenças entre RT-PCR, antígeno e autoteste


Diagnóstico é parte essencial da estratégia de enfrentamento da pandemia





Uma das principais estratégias no combate à pandemia, a testagem para detectar a Covid-19 é essencial para monitorar o cenário epidemiológico do país e acompanhar a transmissão do vírus. Hoje, o Brasil tem dois principais tipos de testes já em uso para detectar o vírus Sars-Cov-2: RT-PCR e teste rápido de antígeno.

Em janeiro, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Saúde incorporou o autoteste no Plano Nacional de Expansão da Testagem. A estratégia é complementar e deverá ser usada como forma de triagem dos casos. Nessa segunda (17), a agência aprovou o primeiro registro desse tipo de teste no país.

Apesar de a comercialização dos autotestes em estabelecimentos licenciados não ser imediata, a oferta de diferentes tipos de diagnóstico para detectar a infecção pelo vírus Sars-Cov-2 pode gerar dúvidas na população.

Entenda as principais diferenças entre os tipos de teste:
• RT-PCR: É um diagnóstico laboratorial, feito por biologia molecular, que permite identificar a presença do material genético (RNA) do vírus Sars-Cov-2 em amostras de secreção respiratória. A amostra é colhida por um profissional de saúde.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Esta metodologia é capaz de detectar proteínas produzidas na fase de replicação viral. O TR-Ag positivo determina a presença do vírus na amostra, que é colhida por meio de swab nasal ou nasofaringe, no laboratório ou unidade de saúde. O processamento da amostra, no entanto, pode ser realizado fora do ambiente laboratorial.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): É um teste que poderá ser adquirido nas redes de farmácias e drogarias, em que a pessoa coleta sua própria amostra nasal ou oral (saliva) e, em seguida, faz o teste conforme instruções do fabricante na bula e interpreta o resultado. A metodologia é a mesma do TR-Ag.

Preciso de pedido médico para fazer esses testes?
• RT-PCR: Sim. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o teste é feito por meio de solicitação do exame, após uma avaliação do médico.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Pode ser feito por solicitação do médico, após consulta, ou diretamente nas unidades de saúde em pessoas sintomáticas ou que tiveram contato com casos positivos.
• Autoteste de Ag (AT-Ag): Não. A compra e realização do teste é por conta própria.

Qual o tempo de resultado dos testes?
• RT-PCR: O resultado é liberado em até 72 horas após a coleta da amostra.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): O resultado fica pronto em torno de 20 minutos.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): O resultado fica pronto em torno de 20 minutos.

Qual a estrutura necessária para a testagem?
• RT-PCR: É necessário ambiente laboratorial para o uso da metodologia RT-PCR.
• Teste Rápido de Antígeno (TR-Ag): O processamento pode ser feito no próprio local da coleta.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): O indivíduo faz o próprio teste em casa ou em um local escolhido. O kit contém todos os itens necessários para a testagem.

Qual é o período ideal para fazer cada teste?
• RT-PCR: A coleta de amostras para a detecção do vírus em tempo real deve ocorrer o mais precocemente possível quando o paciente com síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) está na fase aguda da infecção, até o 8º dia após o início dos sintomas. Para pacientes graves hospitalizados, a coleta pode ser feita até o 14º dia do início dos sintomas.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): São mais eficientes na fase aguda da doença. Do 1º ao 7º dia em pessoas com sintomas; e a partir do 5º dia do contato em pessoas assintomáticas que tiveram contato com casos confirmados.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): Pode ser utilizado no período entre o 1º e 7º dia do início dos sintomas; e a partir do 5º dia do contato com indivíduos com a infecção.

Qual a eficácia dos diferentes testes?
• RT-PCR: É considerado o padrão ouro na detecção do Sars-Cov-2. Os testes usados pela rede de laboratórios de saúde pública apresentam alta sensibilidade (aproximadamente 86%) e alta especificidade (acima de 95%).
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): A sensibilidade dos testes rápidos de antígeno disponibilizados pelo Ministério da Saúde varia entre 90,30% e 96,75%. Já a especificidade desses testes varia de 98,80% a 100%.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): É semelhante ao TR-Ag. Ainda assim, por ser feito por pessoa leiga, podem ocorrer erros na execução ou interpretação, de forma que é uma estratégia complementar aos demais, sendo usado como triagem.

Qual é o público-alvo?
• RT-PCR: Qualquer pessoa sintomática com síndrome gripal e/ou síndrome respiratória aguda grave atendidas nos serviços de saúde.
• Teste rápido de antígeno (TR-Ag): Qualquer pessoa, sintomática ou assintomática, independentemente do estado vacinal ou idade, que procure a testagem nos serviços de saúde do SUS que disponham do TR-Ag.
• Autoteste de antígeno (AT-Ag): Qualquer pessoa sintomática ou assintomática, independentemente de seu estado vacinal pode fazer a autotestagem. Em menores de 14 anos o autoteste deve ser supervisionado por pais ou responsáveis.

O teste deu positivo, e agora?
Em caso de resultado positivo, o indivíduo deverá ser avaliado por um profissional de saúde, que também notificará o caso no sistema e-SUS, do Ministério da Saúde. A pessoa será orientada a ficar isolada, manter a higiene das mãos e dos ambientes, e usar a máscara para quebrar a cadeia de transmissão. Se o indivíduo tiver piora dos sintomas, deverá procurar o médico para uma nova avaliação.

Os sintomas mais comuns da Covid-19 são: febre, tosse, dor de garganta, coriza, dor de cabeça, perdas olfativas/gustativas e dores no corpo. São considerados sinais e sintomas graves: falta de ar, baixos níveis de saturação de oxigênio (abaixo de 95%), cianose, letargia, confusão mental e sinais de desidratação.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Saiba mais sobre testes de Covid-19



Os tipos de testes disponíveis

Há dois tipos de testes amplamente utilizados para diagnóstico: o teste molecular (RT-PCR), para identificar a presença do RNA viral no organismo na fase aguda da infecção; e o sorológico, para detecção de anticorpos IgM e IgG produzidos pelo organismo contra o vírus - ele detecta se o indivíduo já foi exposto ao vírus. Os testes sorológicos utilizam técnicas diferentes de diagnóstico: imunocromatográfico (o teste rápido da farmácia); imunoenzimático (conhecido como ELISA); e imunoquimioluminiescência. Estes dois últimos são feitos por laboratórios de análises clínicas.


Falsos positivos e falsos negativos 

O primeiro fator de erros de diagnóstico é a escolha inadequada do período para a realização do teste sorológico em relação ao início dos sintomas. Nos primeiros dias, pode favorecer resultados negativos para IgM e IgG. O ideal é que seja feito o teste molecular (RT-PCR) até o sétimo dia após o início dos sintomas. Já a testagem sorológica para IgM e IgG deve ser realizada após 14 dias do início de sintomas. O período de incubação viral, que é o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas, é em média de cinco dias. O teste molecular (RT-PCR) possui uma menor sensibilidade durante a fase de incubação viral. Nesse período, a taxa de falso negativos é muito alta (cerca de 68% de falso negativos). Após o início dos sintomas, a taxa de falso negativos cai significativamente, variando muito pouco entre o dia 1 (38%) e o ideal para o teste, dia 3 (20%), permanecendo indicada a realização do teste molecular até o sétimo dia após o início dos sintomas. Assim, não há justificativa para atrasar o teste molecular na presença de sintomas, já que muitas vezes é difícil para o paciente determinar o início dos mesmos. Além disso, o resultado dos testes moleculares demora em média 72h para serem liberados, comprometendo as estratégias de isolamento e tratamento do indivíduo potencialmente infectado. Assim, na presença dos primeiros sintomas associados à Covid-19, o ideal é testar imediatamente. Caso o teste molecular seja negativo, mas exista presença/persistência de sintomas característicos associados à doença, devemos repetir o teste molecular. Para excluir uma possível infecção assintomática e garantir a liberação para circulação segura de pessoa exposta ao vírus (circulação em área com alto número de casos ou contato direto com pessoa infectada), o ideal seria realizar dois exames moleculares, intercalado por um isolamento por sete dias entre os dois testes (RT-PCR no dia 1 e dia 7 após exposição).


Sensibilidade dos testes

Outros fatores associados ao fenômeno de resultados falsos positivos e falsos negativos podem se dever à baixa especificidade e baixa sensibilidade analítica do teste. Habitualmente, os testes moleculares (RT-PCR) possuem alta sensibilidade e especificidade analítica, muito próximo ou igual a 100%, porém os testes sorológicos tendem a variar entre 90-99% para ambos parâmetros.  A escolha de um teste sorológico com baixa especificidade analítica (capacidade de detectar apenas anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos positivos, porque pode identificar a presença de anticorpos contra outros patógenos similares ao SARS-CoV-2. O uso de um teste sorológico com baixa sensibilidade analítica (capacidade de detectar concentrações mínimas de anticorpos contra antígenos do SARS-CoV-2) pode favorecer resultados falsos negativos, uma vez que pode não detectar a presença de baixos níveis de anticorpos contra o SARS-CoV-2.


IgM e IgG positivos

Para entender o significado do teste sorológico positivo para IgM e IgG é importante revisar a velocidade de produção desses anticorpos pelo organismo durante a infecção. Ambos os anticorpos IgM e IgG contra o SARS-CoV-2 são encontrados em média a partir dos 14 dias após o início dos sintomas. Depois disso, a IgM permanece positiva por cerca de dois a três meses, e a IgG por até oito meses após a infecção. Resultados de testes sorológicos com detecção apenas do IgM contra o SARS-CoV-2 devem ser analisados com cautela (potencialmente falso positivo), já que o IgM é menos específico. 

Os testes sorológicos podem ser qualitativos (identificação da presença ou ausência de sinal positivo para produção de anticorpos) ou semi-quantitativos (quantificação da intensidade do sinal positivo para produção de anticorpos, refletindo a quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo). Nos testes semi-quantitativos, o diagnóstico é determinado pelo ponto de corte do teste utilizado (Reagente: valor > que o ponto de corte; Não Reagente: valor =< que o ponto de corte). Não é possível determinar o dia da infecção ou o grau de imunidade desenvolvida pelo indivíduo a partir da quantificação de anticorpos utilizando estes testes, já que estes valores podem variar de maneira distinta entre as pessoas testadas ao longo do tempo e a depender da forma clínica apresentada.


Quarentena para quem está com RT-PCR positivo

O ideal é considerar a indicação da quarentena a partir do resultado positivo desse teste, já que ele identifica a presença do material genético viral. A determinação do período de dez dias após o início dos sintomas ou do diagnóstico por RT-PCR é suficiente para garantir que o vírus não seja mais capaz de infectar outras pessoas. Já o teste sorológico deve ser utilizado para identificar os indivíduos já expostos ao vírus, tendo ou não desenvolvido Covid-19. A presença, principalmente do IgG, com ausência de sintomas, indica que esta pessoa está potencialmente fora da janela de transmissão do SARS-CoV-2. 


Confiabilidade dos testes de farmácia

Os testes disponibilizados em farmácia são os testes imunocromatográficos de fluxo lateral, também conhecidos como testes rápidos. São normalmente menos sensíveis e menos específicos (o que pode ocasionar um número mais elevado de falso negativos e falso positivos) do que os testes dos tipos imunoenzimático (ELISA) e imunoquimioluminescência, realizados em laboratórios de análises clínicas. É importante ressaltar que nenhum teste laboratorial é perfeito e seu resultado deve ser interpretado em conjunto com os dados clínicos do paciente, outras análises laboratoriais e/ou exames de imagens radiológicos na presença de um profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do paciente.


Fonte de texto e imagem:  Fiocruz

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Niterói será primeira cidade do Rio a testar vacina contra o novo coronavírus




A Prefeitura de Niterói assinou nesta segunda-feira (27) uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan, de São Paulo, para a realização de pesquisa e ensaio clínico para avaliação da eficácia e segurança da vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. O estudo será realizado em profissionais da Saúde em duas unidades municipais: Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho) e Policlínica Sérgio Arouca. A Secretaria Municipal de Saúde será responsável pelo recrutamento de entre 500 e 900 participantes, coleta de dados e amostras biológicas já em agosto.

Os voluntários passarão por entrevistas e avaliações médicas e, caso concordem com os termos do estudo, receberão duas doses da vacina, com 14 dias de intervalo, e serão monitorados pelos pesquisadores por um ano para análise dos resultados sobre a eficácia da vacina e também sobre a existência ou não de possíveis reações adversas.

O prefeito Rodrigo Neves assinou o termo de anuência para a realização dos testes em Niterói, ressaltando o orgulho para a cidade em participar desse esforço da comunidade científica para a descoberta de uma vacina eficaz e segura contra a Covid-19.

“Todas as medidas que a Prefeitura de Niterói adotou no combate ao novo coronavírus e também no Plano de Transição Gradual para o Novo Normal são baseadas na ciência e nas melhores experiências internacionais desta batalha pela vida contra esse inimigo invisível que infelizmente já tirou a vida de milhares de brasileiros. Eu gostaria de agradecer e parabenizar a Fiocruz, o Instituto Butantan e o governo do estado de São Paulo e desejar êxito na fase 3 da pesquisa. Temos muita esperança de que todos os esforços que a comunidade científica internacional e brasileira serão bem-sucedidos para a descoberta, o mais rápido possível, de uma vacina que seja capaz de imunizar contra a Covid-19”, afirmou o prefeito.

O pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz, André Siqueira, disse que Niterói está se destacando nacional e internacionalmente nas ações de prevenção e combate à pandemia. Ele explicou como será feito o estudo clínico em que será avaliada a efetividade da vacina contra o novo coronavírus, ressaltando que é um estudo de fase 3, o que quer dizer que já se passaram duas fases iniciais que mostraram que a vacina é segura e produziu anticorpos efetivos contra o novo coronavírus.

“Outras cidades do Brasil também estão envolvidas no estudo. A prioridade é aplicar em profissionais de saúde, que estão sendo mais expostos. Para as pessoas voluntárias que têm interesse em participar do estudo, vai haver um link, tanto na página do Instituto Butantan, da Fiocruz e da Secretaria de Saúde de Niterói, para que possam se inscrever. Também será disponibilizado, a partir da semana que vem, um telefone. Eles serão convidados a irem ao centro de pesquisa, serão avaliados pela equipe médica e de enfermagem e farão uma série de exames. Consentindo e aceitando participar do estudo, serão feitas duas doses vacina: uma no primeiro dia, e outra, 14 dias depois. Todos serão acompanhados com exames regulares pelo período de um ano. No fim deste período teremos a avaliação se a vacina de fato funciona, como a gente prevê que ela possa funcionar, pelos resultados apresentados nas fases anteriores”.

O secretário de Saúde, Rodrigo Oliveira, informa que a Secretaria dará todo o apoio para a pesquisa e que acredita que em bons resultados.

“Essa parceria com a Fiocruz e o Butantan é um passo muito importante nesta epidemia. Niterói sempre esteve à frente nas medidas de combate ao coronavírus e foi escolhida como polo para pesquisa da vacina contra a Covid-19. Estamos confiantes de que teremos um bom resultado neste trabalho”, afirma o secretário.

A subsecretária de Saúde de Niterói, Camilla Franco, também participou da assinatura do termo de anuência para realização dos testes.


Fonte:






quarta-feira, 8 de julho de 2020

Testes para a Covid-19: como são e quando devem ser feitos




Para que sejam tomadas decisões certas em favor da saúde pública, primeiro é necessário identificar bem a magnitude da ameaça à população, hoje, o novo coronavírus (SARS-CoV-2, causador da Covid-19). Isto é possível por meio dos testes para detectar a doença e, por essa razão, a testagem no maior número possível de cidadãos é fundamental para enfrentar o vírus, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os testes permitem aos governos e profissionais da saúde terem uma dimensão real da propagação do vírus na sociedade, acompanhar as cadeias de transmissão da doença, detectar pacientes assintomáticos ou aqueles que em algum momento tiveram a Covid-19 e não descobriram, além de identificar a transmissão do vírus por áreas geográficas e faixas etárias, entre outros parâmetros.

Existem dois tipos principais de testes usados na pandemia do novo coronavírus: testes sorológicos rápidos – também chamados de "testes rápidos" porque dão resultados em 20 minutos e servem como primeiro filtro de detecção - e testes moleculares, que levam cerca de duas horas para o resultado. Para compreender mais sobre os testes, o pesquisador do Laboratório de Alta Complexidade do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Zilton Vasconcelos esclarece abaixo as questões:

Quais são os tipos de testes disponíveis hoje para a Covid-19?
ZV: Existe o RT-PCR, ou teste molecular, que pesquisa a presença do Ácido ribonucleico (RNA) viral, que é o material genético do vírus SARS-CoV-2 e que dura cerca de duas horas para ser executados em estrutura de laboratório. Também existem os testes sorológicos rápidos que pesquisam a presença de anticorpos contra o vírus em 20 minutos em média e sem a necessidade de estrutura de laboratório, e os testes Elisa e Clia que também avaliam a presença de anticorpos, mas necessitam de uma estrutura de laboratório, e duram cerca de quatro horas. No entanto, o processo de coleta, processamento e preparo das amostras para o início dos testes no laboratório também consomem tempo que é proporcional ao volume de amostras que a unidade de saúde recebe. Dessa forma, ensaios de Elisa são normalmente liberados em 24 horas e RT-PCR no mesmo dia quando a rotina ainda não atingir a capacidade instalada do laboratório.

Existe algum tipo de fiscalização dos testes disponíveis hoje?
ZV: Sim, todos os testes são registrados na Anvisa e têm que ser liberados previamente para a comercialização e uso para diagnóstico. São exigidos documentos da empresa, como Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF). Além disso, devem ser apresentados documentos sobre o produto a ser registrado, tais como ensaios clínicos, fluxo de produção, estudo de estabilidade, segurança, qualidade e eficácia. A Fiocruz realiza algumas dessas avaliações no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Quando uma pessoa deve procurar fazer o teste?
ZV: Se estamos falando de teste molecular para detecção do vírus através de amostras de secreção nasal ou da garganta do paciente, a partir do terceiro até o sétimo dia de sintomas pode fazer o teste. Já existem evidências que períodos anteriores e posteriores a esses, podem apresentar ainda resultados positivos para a Covid-19, no entanto, aumenta bastante a chance de um teste falso negativo, ou seja, a pessoa está infectada, mas não é detectado pelo teste.

No caso dos testes para detecção de anticorpos, as informações são ainda mais controversas, mas de maneira geral, acredita-se que após sete dias de sintomas, inicia-se a detecção no sangue de anticorpos na fase aguda da doença (IgM), indicando contato recente com o vírus. Após 11 dias de sintomas, anticorpos associados à fase convalescente da doença (IgG) começam a ser detectados no soro e permanecem por um período maior no nosso organismo e indicam desenvolvimento de imunidade mas não garantem a proteção. No entanto, essa dinâmica de geração de anticorpos ainda não está totalmente confirmada, além que muitos fabricantes apresentam diferente performance dos testes, tornando as interpretações e conclusões sobre a fase da doença e certeza diagnóstica ainda mais complexas.

Quais são as diferenças entre os testes rápidos e os testes moleculares?
ZV: Os testes rápidos sorológicos, por imunoensaio enzimático (teste Elisa) e por imunoensaio quimioluminescente (teste Clia) têm o objetivo de detectar anticorpos específicos contra a Covid-19 que o nosso organismo produz em resposta à infecção viral, visando controlar e eliminar tanto o vírus como células infectadas. Esses testes são indicados a partir do sétimo dia de doença e os resultados negativos não descartam o contato prévio com o vírus, que devem ser repetidos após uma semana para confirmação.

Já o teste molecular detecta o material genético do vírus, que nesse caso é uma molécula de ácido ribonucleico (RNA) convertida a ácido desoxirribonucleico (DNA) no laboratório, para facilitar o teste molecular por reação em cadeia da polimerase (PCR). Esse teste molecular deve ser realizado entre o terceiro e sétimo dia de sintomas para aumentar a chance de detecção RNA viral e um teste negativo não descarta a infecção, apenas indica que naquele momento sua carga viral é indetectável.


O que buscam os testes?
ZV: No caso de testes moleculares, buscamos detectar o material genético do vírus em uma sequência específica de uma das proteínas virais. Dessa forma, o PCR tem o objetivo de escolher um "pedaço" dessa sequência e multiplicá-la no laboratório até o momento que sua "visualização" é possível. Essa "visualização" é feita através de equipamentos específicos que detectam um sinal luminoso gerado a cada cópia do material genético do vírus durante o PCR. Quando essa luz gerada ultrapassa um valor mínimo o teste é considerado positivo.

No caso dos testes sorológicos, desejamos detectar a presença de anticorpos na fase aguda e na fase convalescente da doença (do tipo IgM e IgG) presentes no sangue e que reconheçam apenas proteínas da Covid-19. O teste consiste em deixar o soro em contato direto com essas proteínas por um tempo. Em seguida, um segundo anticorpo reagente que reconhece IgM ou IgG é adicionado, e mudará a coloração do ensaio indicando a presença deles. Conforme a intensidade dessa coloração, sabemos a proporção de anticorpos presentes.

Se a pessoa apresenta anticorpos significa que é imune à Covid-19?
ZV:  Ainda não existem estudos que comprovem ou afastem a imunidade protetora. O conhecimento que se tem atualmente é baseado nas outras coronaviroses, onde estima-se uma proteção/imunidade por períodos superiores a um ano.

Uma pessoa com anticorpos pode transmitir o vírus?
ZV: É desconhecido. Como dito anteriormente, anticorpos IgM são geralmente associados com o contato viral recente e IgG indica um contato anterior. No entanto, a dinâmica desses anticorpos em Covid-19 ainda é controversa e depende de mais estudos. A recomendação é de isolamento por 14 dias após o início dos sintomas, independente da presença de anticorpos ou testes moleculares negativos. Caso os sintomas persistam, esse período de isolamento deve ser revisto.

Onde fazem os testes para detecção da Covid-19 no Rio de Janeiro?
ZV: Na rede pública foram distribuídos testes sorológicos ou rápidos da rede de laboratórios centrais conhecida como LACEN, que no Rio de Janeiro é representada pelo Laboratório Central Noel Nutels. A rede privada conta também com testes rápidos, moleculares e oferece detecção de anticorpos através dos testes Elisa e Clia.

Há acompanhamento de quais são realizados pela rede particular?
ZV: Esse acompanhamento é uma tarefa da Anvisa. Porém, laboratórios e clínicas públicas e privadas passam por processos de auditoria interna e externa, acreditações e certificações tanto em âmbito nacional como internacional que observam constantemente as práticas correntes e documentações sobre todos os procedimentos e exames realizados. Esses processos auxiliam os órgãos regulatórios e permitem um maior controle de todos os integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS).

As farmácias estão autorizadas para realizar testes do coronavírus?
ZV:  Sim. A realização de testes rápidos para Covid-19 foi autorizada pelo governo tanto em farmácias, como em drogarias, consultórios, clínicas médicas e de imunização, laboratórios de análises clínicas e postos de coleta. Os testes só podem ser feitos em pessoas com quadro respiratório agudo e os resultados devem ser notificados às autoridades de saúde. A medida tem caráter provisório e excepcional e somente estabelecimentos previamente licenciados pela Subsecretaria de Vigilância Sanitária poderão realizar os testes, que também precisam ser registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

06/07/2020
Por: Mayra Malavé Malavé (IFF/Fiocruz)

Fonte:  Fiocruz
Imagens:  Pesquisa Google.