quarta-feira, 26 de maio de 2021

HANTAVIROSE

O que é hantavirose?

A Hantavirose é uma zoonose viral aguda cuja infecção em humanos pode se manifestar sob variadas formas, desde uma síndrome febril até quadros mais característicos, como febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), que ocorre no território eurasiático, e a síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH), presente no continente americano.



No Brasil, se apresenta na forma da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus. Na América do Sul, foi observado importante comprometimento cardíaco, passando a ser denominada de Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH). Os hantavírus possuem como reservatórios naturais alguns roedores silvestres, que podem eliminar o vírus pela urina, saliva e fezes. Os roedores podem carregar o vírus por toda a vida sem adoecer. A hantavirose é causada por um vírus RNA, pertencente à família Bunyaviridae, gênero Hantavirus.

Nas Américas, a hantavirose se manifesta sob diferentes formas, desde doença febril aguda inespecífica, até quadros pulmonares e cardiovasculares mais severos e característicos, podendo evoluir para a síndrome da angústia respiratória (SARA).

A SCPH foi identificada pela primeira vez, nas Américas, nos Estados Unidos da América (EUA), em 1993. No mesmo ano, no Município de Juquitiba, interior de São Paulo, um surto da doença acometeu três pessoas de uma mesma família, com taxa de letalidade de 67,0%.


Sintomas

Na fase inicial, a Hantavirose causa os seguintes sintomas:

•  febre;

•  dor nas articulações;

•  dor de cabeça;

•  dor lombar;

•  dor abdominal;

•  sintomas gastrointestinais.


Na fase cardiopulmonar, os sintomas da hantavirose são:

•  febre;

•  dificuldade de respirar;

•  respiração acelerada;

•  aceleração dos batimentos cardíacos;

•  tosse seca;

•  “pressão baixa”.

IMPORTANTE: Nessa fase, também é possível surgir edema pulmonar não cardiogênico, com o paciente evoluindo para insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.


Transmissão

A infecção humana por hantavirose ocorre mais frequentemente pela inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. As outras formas de transmissão, para a espécie humana, são:

•  percutânea, por meio de escoriações cutâneas ou mordedura de roedores;

•  contato do vírus com mucosa (conjuntival, da boca ou do nariz), por meio de mãos contaminadas com excretas de roedores;

•  transmissão pessoa a pessoa, relatada, de forma esporádica, na Argentina e Chile, sempre associada ao hantavírus Andes.

O período de transmissibilidade do hantavírus no homem é desconhecido. Estudos sugerem que o período de maior viremia seria alguns dias que antecedem o aparecimento dos sinais/sintomas. Já o período de incubação do vírus, ou seja, o período que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é, em média, de 1 a 5 semanas, com variação de 3 a 60 dias.


Reservatórios

Os hantavírus, em particular, são transmitidos especificamente por roedores silvestres da ordem Rodentia, família Muridae e Cricetidae. As subfamílias Arvicolinae e Murinae detêm os principais reservatórios primários da FHSR, enquanto que os da subfamília Sigmodontinae, da família Cricetidae, são os roedores envolvidos com a SCPH. 

Oligoryzomys microtis

Cada vírus, geralmente, está associado somente a uma espécie específica de roedor hospedeiro. Nesses animais a infecção pelo hantavírus aparentemente não é letal e pode levá-los ao estado de reservatório por longos períodos, provavelmente por toda a vida. No entanto, outras espécies de roedores pertencentes a outras subfamílias podem se infectar, sem se constituírem em reservatórios importantes para a transmissão do hantavírus.

Principais hantavírus, distribuição geográfica, reservatórios e patogenia no Brasil:

Vírus

Distribuição

Reservatório

Enfermidade Humana

Araraquara

São Paulo

Necromys lasiurus

SCPH

Castelo dos Sonhos

Pará

Oligoryzomys utiaritensis

SCPH

Juquitiba

São Paulo

Oligoryzomys nigripes

SCPH

Anajatuba

Maranhão

Oligoryzomys fornesis

Desconhecida

Rio Mearim

Maranhão

Holochilus sciurus

Desconhecida

Laguna Negra

Porto Alegre

Calomys aff. callosus

SCPH

Jaborá

Santa Catarina

Akodon montensis

Desconhecida

Rio Mamoré

Amazonas

Oligoryzomys microtis

Desconhecida

Fontes: (BONVICINO, 2008; TRAVASSOS, 2008; OLIVEIRA, 2007; ELKHORY; WADA et al., 2005; ENRIA, 2003; 
LEVIS, 2004)
Obs.: Febre Hemorrágica com Síndrome Renal – FHRS e Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus – SCPH

Na região Nordeste, tanto no caso do Rio Grande do Norte quanto no da Bahia, não aconteceu a investigação ecoepidemiológica, de forma que os reservatórios são até o momento desconhecidos. No Maranhão, foram identificados dois tipos específicos de hantavírus, associados a dois diferentes reservatórios: Holochilus siureus e Oligoryzomys fornesi.  Foi detectada na região do médio norte do estado do Mato Grosso a circulação do hantavírus Laguna Negra, variante essa que está associada ao roedor Calomys aff. Callosus e ao reservatório da variante Castelo dos Sonhos, roedores da espécie Oligoryzomys utiaritensis. 

A variante Castelo dos Sonhos foi identificada inicialmente em paciente proveniente do estado do Pará e é a responsável pela ocorrência de casos de hantavirose neste estado. 

Os diversos hantavírus conhecidos até o momento seguem a distribuição geográfica dos seus respectivos reservatórios. A casuística dos casos e a distribuição geográfica dos roedores positivos delineiam para o Brasil uma rota de ocorrência de casos de SCPH, provavelmente causados por diferentes hantavírus e associados a espécies de roedores reservatórios distintos.


Fatores ambientais

Diversos fatores ambientais estão associados com o aumento no registro de casos de hantavirose, e estão ligados ao aumento da população de roedores silvestres como, o desmatamento desordenado, a expansão das cidades para áreas rurais e as áreas de grande plantio, favorecendo a interação entre homens e roedores silvestres.

Situações de risco para infecção por hantavírus:

•  Limpeza de locais fechados, contaminados;
•  Atividades de lazer em locais rurais ou silvestres (ecoturismo);
•  Atividades ocupacionais realizadas em área rural ou silvestre (aragem, plantio ou colheita em campo, treinamento militar a campo, pesquisas cientificas);
• Fatores ambientais que provoquem o deslocamento de roedores para as residências ou arredores (queimadas, enchentes, alagamentos);
• Mudança no perfil agrícola ou outros fenômenos naturais periódicos que alterem a disponibilidade de alimentos para os roedores (floração das taquaras).


Diagnóstico

Atualmente, os exames laboratoriais para diagnóstico específico da hantavirose são realizados em laboratórios de referência. Os exames estão disponíveis na rede pública de laboratórios para confirmação ou descarte dos casos.

O diagnóstico é feito, basicamente, por meio da sorologia. O Ministério da Saúde disponibiliza os kits necessários para testes sorológicos. 

ELISA-IgM –cerca de 95% dos pacientes com SCPH têm IgM detectável em amostra de soro coletada no início dos sintomas, sendo, portanto, método efetivo para o diagnóstico de hantanvirose.  Imunohistoquímica – técnica que identifica antígenos específicos para hantavírus em fragmentos de órgãos. Particularmente utilizada para o diagnóstico nos casos de óbitos, quando não foi possível a realização do diagnóstico sorológico in vivo.

RT-PCR – método de diagnóstico molecular, útil para identificar o vírus e seu genótipo, sendo considerado exame complementar para fins de pesquisa. Observe-se que quando o óbito é recente possibilita a realização de exame sorológico (ELISA IgM), mediante coleta de sangue do coração ou mesmo da veia.
A coleta de amostra deve ser feita logo após a suspeita do diagnóstico, pois o aparecimento de anticorpos da classe IgM ocorre concomitante ao início dos sintomas e permanecem na circulação até cerca de 60 dias, após o início dos sintomas. Quando em amostra única não for possível definir o diagnóstico, deve-se repetir a coleta e realizar uma segunda sorologia somente nas situações em que o paciente apresentar manifestações clínicas fortemente compatíveis com a SCPH e se a primeira amostra foi coletada nos primeiros dias da doença.

A técnica ELISA-IgG, ainda que disponível na rede pública, é utilizada apenas em estudos epidemiológicos, para detectar infecção viral anterior, em roedores ou em seres humanos.


Tratamento

Não existe um tratamento específico para as infecções por hantavírus. As medidas terapêuticas são fundamentalmente as de suporte, ministradas conforme cada caso por um médico profissional.


Prevenção

A prevenção da hantavirose baseia-se na utilização de medidas que impeçam o contato do homem com os roedores silvestres e suas excretas (resíduos eliminados do organismo).

As medidas de controle devem conter ações que impeçam a aproximação dos roedores, como, por exemplo, roçar o terreno em volta da casa, dar destino adequado aos entulhos existentes, manter alimentos estocados em recipientes fechados e à prova de roedores, além de outras medidas que impeçam a interação entre o homem e roedores silvestres, nos locais onde é conhecida a presença desses animais.


Situação epidemiológica da hantavirose no Brasil

Em algumas regiões do Brasil, observa-se um padrão de sazonalidade, possivelmente decorrente da biologia/comportamento dos roedores reservatórios.
Apesar de a doença ser registrada em todas as regiões brasileiras, o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste concentram maior percentual de casos confirmados. A presença da SCPH até o momento é relatada em 16 Unidades da Federação: Pará, Rondônia, Amazonas, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.

As infecções ocorrem principalmente em áreas rurais, em situações ocupacionais relacionadas à agricultura, sendo o sexo masculino com faixa etária de 20 a 39 anos o grupo mais acometido. A taxa de letalidade média é de 46,5% e a maioria dos pacientes necessita de assistência hospitalar.


***

Fontes:

Ministério da Saúde   
•  Manual de Vigilância, Prevenção e Controle das Hantaviroses. (2013)

Avaliação do Sistema de Vigilância de Hantavírus no Brasil  


Fontes das imagens:

Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros baseadas em caracteres externos /C. R. Bonvicino, J. A. Oliveira, P. S. D’Andrea. - Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS, 2008.




terça-feira, 18 de maio de 2021

MALÁRIA


O que é?

A malária é uma doença infecciosa, febril, potencialmente grave, causada pelo parasita do gênero Plasmodium, transmitido ao homem, na maioria das vezes pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados. No entanto, também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para feto, na gravidez.

Ela pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes.

O termo malária surgiu na Itália no século XVII, onde a morte de pessoas com febre intermitente ou romana foi atribuída ao mau ar (mal'aria) das zonas dos pântanos e brejos. Existem vários relatos na história sobre a ocorrência dessas febres, como, por exemplo, referências em escritos chineses e hindus, evidências arqueológicas, descrições em papiros, assim como inscrições nas paredes dos templos egípcios. Hipócrates, no século V a.C., foi o primeiro a descrever as manifestações clínicas da malária, inclusive observando a esplenomegalia e relacionando seu aparecimento às estações do ano ou aos locais onde o paciente vivia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a malária como um dos maiores problemas de saúde pública em muitos países, particularmente naqueles em desenvolvimento.

No caso particular do Brasil, a malária encontra-se concentrada na Região Amazônica, que possui as características ideais para transmissão da doença, produzindo a quase totalidade dos casos do país (98-99%). As demais regiões brasileiras sofrem influência direta da Amazônia Legal, por meio do fluxo de casos, tendo os maiores números sido observados em Goiás, seguindo-se Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados que receberam a maior proporção de casos originários do Norte do país.


Agente Etiológico

Os parasitos da malária estão alocados no filo Protozoa, classe Sporozoea, ordem Eucoccidiida, família Plasmodiidae, gênero Plasmodium.

Existem mais de 100 espécies de plasmódios, incluindo 22 parasitas de primatas não humanos,19 de roedores, morcegos e outros mamíferos, e em torno de 70 outras espécies em aves e répteis

São quatro as espécies reconhecidas de plasmódios que infectam naturalmente o homem:  Plasmodium (Plasmodium) malariae( Laveran, 1881); Plasmodium (Plasmodium) vivax (Grassi e Feletti, 1890); Plasmodium (Laverania) falcipaarum (Welch,1897); e, finalmente, Plasmodium (Plasmodium) ovale (Stephens, 1922).

O P. malariae, responsável pela febre quartã (acessos febris a cada 72 horas), é encontrado na África, Índia, Sudeste da Ásia, Nova Guiné, e apresenta focos espalhados na América do Sul. O P. vivax, causador da terçã benigna (acessos febris a cada 48 horas), é importante nas regiões subtropicais, inclusive no Brasil, onde se encontram cerca de 70% dos casos. O P. falciparum, agente da terçã maligna (acessos febris a cada 48 horas), causa a forma mais grave da doença e é mais comum nas regiões tropicais. O P. ovale (acessos febris a cada 48 horas) é o menos comum, sendo encontrado somente na África, Nova Guiné e Filipinas, não existindo relatos de sua presença no Brasil.


Em uma das fases do ciclo de vida do Plasmodium,
observa-se a infeccção de células sanguíneas.


Vetores

Os mosquitos transmissores da malária pertencem ao filo Artropoda, classe lnsecta, ordem Diptera, família Culicidae, gênero Anopheles.

Anopheles darlingi

Os mosquitos fêmeas Anopheles põem seus ovos na água. Após a eclosão dos ovos, as larvas se desenvolvem até o estágio de mosquito adulto. Os mosquitos fêmeas procuram se alimentar de sangue para nutrir seus ovos. Cada espécie mostra preferências em relação ao seu habitat aquático; por exemplo, alguns preferem acumulações de água doce na superfície, como poças e pegadas de cascos, que são encontradas em abundância durante a estação chuvosa em países tropicais.

Existem aproximadamente 400 espécies de anofelinos, mas somente cerca de 60 são vetores da malária em condições naturais, 30 das quais têm maior importância. Os principais vetores, no Brasil, pertencem a dois subgêneros: Nyssorhincus e Kerteszia.

Assume maior importância o A.(N.) darlingi, responsável pelos casos do interior em uma grande área do território nacional. Seus criadouros têm como característica águas quentes e limpas, de baixo fluxo e sombreadas. Distribuem-se da região Norte até o norte do Paraná. O A. (N.) aquasalis, predominante no litoral, desde o Amapá até o norte de São Paulo, prefere como criadouros águas salobras. Existem alguns de menor importância, ditos vetores secundários, como o A.(N.) albitarsis, observado tanto no interior quanto no litoral.

O A.(K.) cruzi e o A.(K.) bellator distribuem-se pelo litoral, do sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul. Os anofelinos do subgênero Kerteszia têm preferência pelas águas acumuladas nas folhas da bromélias, abundantes na vegetação litorânea desses estados.


Transmissão

A transmissão natural da doença se dá pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados com o Plasmodium. Após a picada, os parasitos chegam rapidamente ao fígado onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sangüínea, invadem os glóbulos vermelhos e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença.

A doença também pode ser adquirida por meio do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada (como por exemplo, em transfusões sangüíneas ou transplante de órgãos ou ainda pelo compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis).




Sintomas

O período de incubação é o tempo transcorrido entre a picada do mosquito infectado e o aparecimento dos primeiros sintomas. Ele pode variar de 8 a 30 dias ou até mais, dependendo da espécie de Plasmodium, da carga parasitária injetada pelo mosquito no momento da picada e do sistema de defesa do paciente. Durante esse período, que corresponde à fase em que o Plasmodium está se reproduzindo no fígado do indivíduo, não há sintomas.

A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre na malária corresponde ao momento em que as hemácias estão se rompendo. A pessoa que contraiu a doença pode ter também, dentre outros sintomas, vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço.


Quais são as complicações da malária?

A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas:

prostração;

alteração da consciência;

dispnéia ou hiperventilação;

convulsões;

hipotensão arterial ou choque;

hemorragias;

Entre outros.

As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença, principalmente por infecções pelo P. falciparum, que, se não tratadas adequadamente e em tempo hábil, podem ser letais.


Diagnóstico

O método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico da malária é o Gota Espessa. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. Quando executado adequadamente, é considerado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. A determinação da densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.


Prevenção

As medidas de proteção individual são as formas mais efetivas de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível contra a malária. Essas medidas têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade do contato homem-mosquito transmissor.

Em áreas de transmissão é considerado comportamento de risco frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando.

É importante também diminuir ao mínimo possível a extensão das áreas descobertas do corpo com o uso de calças e camisas de mangas compridas. Além disso, as partes descobertas do corpo devem estar sempre protegidas por repelentes que também devem ser aplicados sobre as roupas.

Outra medida importante de proteção individual é o uso de: repelentes, cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas (à base de piretróides) sobre a cama ou rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme. Esses cuidados não só protegem contra a picada dos mosquitos transmissores da malária, mas também contra a picada de outros insetos transmissores de outras doenças.

Medidas coletivas incluem drenagem de coleções de água, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho, uso racional da terra.


Tratamento

Após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.

Quando realizado de maneira correta e em tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença.

***


Fontes:

Organização Mundial da Saúde

https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/malaria

Fiocruz  

http://www.fiocruz.br/ioc/media/malaria%20folder.pdf

https://portal.fiocruz.br/taxonomia-geral-7-doencas-relacionadas/malaria

Ministério da Saúde 

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/m/malaria

Doenças Infecciosas na Infância e Adolescência. MEDSI -Editora Médica e Científica Ltda.- 2ª edição, 2000.

https://patua.iec.gov.br/bitstream/handle/iec/255/Mal%C3%A1ria%20%EF%BB%BF.pdf?sequence=1&isAllowed=y


Fonte das imagens:

Instituto de Ciências Biomédicas da USP

Brasil Escola /UOL

Tua Saúde


sexta-feira, 14 de maio de 2021

Nota sobre os "mosquitos pretos"

 




Após análise de amostras encaminhadas ao CCZ, o Laboratório de Zoonoses classificou o inseto como sendo um Díptero da família dos siarídeos.

Esses "mosquitos pretos" se alimentam estritamente de vegetais (fluidos vegetais,  seiva vegetal, fungos), não tendo importância médica pois não são picadores  e não transmitem nenhum patógeno tanto para o  homem quanto para os animais. 

Nas cidades os insetos são atraídos pelas luzes das residências e ficam desorientados.  O único inconveniente é que, devido à quantidade, os insetos mortos acabam sujando o ambiente.

Esse boom populacional pode estar relacionado a algum desequilíbrio ambiental associado à estação do ano.

O uso de inseticidas não é recomendado pois não existe risco de transmissão de doenças.

https://drive.google.com/file/d/1XSqJ7mhFkolKd6xO0TAxUSYCA9hMnW0d/view?usp=sharing



Imagem:  Wikipédia

sexta-feira, 7 de maio de 2021

CCZ realiza ação educativa para professores da UMEI Eduardo Campos

 


Nesta quinta-feira (06/05), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), através do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), realizou ação educativa (roda de conversa) para os professores da Unidade Municipal de Educação Infantil Governador Eduardo Campos, em Matapaca, que irão retornar para as aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira (10/05).

A atividade foi solicitada pela diretora Simone Peres e teve como objetivo principal apontar possíveis caminhos para a retomada gradual do funcionamento das atividades presenciais da UMEI.

A Secretaria Municipal de Educação elaborou o documento "Diretrizes para a Construção dos Planos Locais de Retorno as Atividades Presenciais da Educação Municipal de Niterói". A partir desse material, o IEC, representado pela agente Patrícia de Oliveira, orientou sobre o Protocolo de Segurança em Tempos de Convivência com a COVID 19.

O protocolo descreve que cada escola será responsável por limitar os alunos em sala – tendo a capacidade de até 50% das turmas ocupadas –, e que o retorno foi orientado pela situação epidemiológica do município e se dará com cuidados especiais para a proteção de todos, crianças e profissionais, no sentido de reduzir riscos.

A proposta do encontro foi compartilhar cuidados e dividir saberes, articular possibilidades de trabalho, respeitando o direito da criança. O propósito central é preservar vidas e garantir a segurança de todos envolvidos, cuidando uns dos outros em meio a essa pandemia.

As medidas visam diminuir a circulação do vírus, por meio do:

  • Uso obrigatório de máscaras face shield para professores e funcionários;
  • Aferição de temperatura; 
  • Tapete sanitizante e lixeira de pedal;
  • Distanciamento físico entre as pessoas e restrição do número de pessoas circulando na UMEI;
  • Reorganização dos espaços e sinalização clara;
  • Uso obrigatório de máscaras (crianças e profissionais);
  • Distribuição de saquinhos para máscara usada no momento do lanche; 
  • Reforço de procedimento de higienização pessoal e dos ambientes; 
  • Identificação precoce e isolamento de portadores da infecção, vigilância ativa;
  • Orientação para correta higienização das mãos, uso do álcool gel e forma correta da utilização da máscara e retirada.

As aulas presenciais terão duração reduzida; os alunos poderão ir diariamente. Serão divididos em dois grupos: manhã e tarde, 3 horas de duração respectivamente.

O IEC esclareceu a importância da prática dos muitos cuidados que exigirá o esforço individual e coletivo, como, por exemplo, a higienização correta das mãos de crianças e adultos em vários momentos do dia, em especial na chegada à UMEI, antes do início das atividades diárias.

“Divulgamos também o calendário vacinal e os locais de vacinação para COVID 19 e influenza. Enfatizamos a importância da vacinação e reforçamos que o distanciamento social e o uso de máscara de forma correta como uma das principais medidas não farmacológicas capaz de reduzir e encurtar a pandemia. Vale ressaltar que os estudos científicos têm sido dinâmicos, com atualizações quase diárias. Na roda de conversa, após uma rica discussão, concluímos que a preservação da vida sempre será em primeiro lugar, retorno seguro e saudável”, destacou Patrícia.