quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Vigilância da Tungíase (Bicho do Pé) em Niterói





O Centro de Controle de Zoonoses de Niterói (CCZ) vem intensificando ações de vigilância da Tungíase (Bicho do Pé) no município e, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) iniciou neste sábado (26/10) a coleta de areia em vários pontos da zona norte.

O objetivo é identificar a prevalência do parasita e os fatores associados que nortearão ações de controle específicos por parte do CCZ.

A escolha dos locais é baseada nas informações repassadas pelas unidades de saúde que atuam nas áreas, onde têm ocorrido inúmeros atendimentos de pessoas com a doença.

Profissionais do CCZ, junto com uma equipe de professores e estudantes da UFF, realizarão a coleta da areia e, após análise laboratorial, atuará com inseticida nos espaços onde forem positivos para ovos da pulga.















Tungíase

Tungíase é uma parasitose causada por fêmeas grávidas de uma espécie de pulga, Tunga penetrans, que habita o solo de zonas arenosas. A contaminação ocorre quando o paciente pisa neste solo sem proteção nos seus pés. A fêmea grávida penetra na pele humana com a sua cabeça e libera seus ovos para o exterior.




A maioria das lesões de tungíase aparece nos pés, e em alguns casos, nas mãos. Podem ser únicas ou, em algumas vezes, bastante numerosas, dependendo da infestação do solo. A lesão surge como uma pequena pápula marrom escura com um halo fino e claro ao seu redor. Pode causar dor ou coceira e ocorrer infecção secundária e até abscessos no local. 




O diagnóstico é geralmente clínico, ajudado pela história de contato do paciente com solos provavelmente contaminados. Deve ser feito o diagnóstico diferencial com verrugas virais, pois o tratamento é bem diferente nestas duas dermatoses.
O tratamento é a extração manual do parasito.  A prevenção consiste basicamente em evitar contato com solo contaminado e usar sapatos. Medidas sanitárias para a descontaminação do local infestado também devem ser adotadas. (https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/tungiase/35/)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

CCZ realiza palestra sobre animais sinantrópicos para representantes de condomínios




A convite da Defesa Civil de Niterói, o Centro de Controle de Niterói – através do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde – realizou, na manhã deste sábado (26/10), a palestra “Animais Sinantrópicos” no Clube de Regatas Icaraí.

A ação educativa em saúde reuniu aproximadamente 110 representantes de condomínios e teve o objetivo de promover conhecimento e minimizar riscos de transmissão de doenças causadas por vetores.

O palestrante Elcio Nascimento falou sobre mosquitos, roedores, baratas, escorpiões, pombos, morcegos, entre outros vetores, ressaltando as doenças relacionadas, prevenção e controle.  O profissional ressaltou a importância da implementação de medidas preventivas nos espaços dos condomínios – especialmente em relação ao Aedes aegypti – e também divulgou ações exitosas do CCZ no bairro.

Arboviroses e escorpiões foram alguns dos temas que despertaram considerável interesse por parte do público e geraram debates e perguntas sobre o uso indiscriminado de “fumacês” particulares por alguns condomínios, a visita técnica do agente do CCZ, tratamento de plantas de jardins que acumulam água, a Wolbachia, e protocolo de atendimento no caso de picada por escorpião.

Equipe do IEC:  Antônio Pessôa e Elcio Nascimento


 






sexta-feira, 25 de outubro de 2019

CCZ participa do SEMAMBRA 2019





A convite da organização do evento, o Centro de Controle de Zoonoses de Niterói (CCZ) participou nesta quinta-feira (24/10) da Semana Acadêmica Américo Braga de Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense.

O diretor do CCZ, Fabio Villas Boas Borges, iniciou as atividades do módulo “Saúde Única: uma nova abordagem na medicina veterinária” ministrando a palestra “Vigilância em Zoonoses no Brasil” para um público formado, em maioria, por alunos de medicina veterinária. 

O palestrante apresentou um histórico sobre as políticas de vigilância em zoonoses, as mudanças na legislação protocoladas até hoje e detalhou as principais doenças transmitidas pelos animais ao homem: arboviroses, raiva, leptospirose, leishmaniose e esporotricose.

Dos assuntos em pauta, o público demonstrou considerável interesse em relação às zoonoses raiva, esporotricose e leishmaniose, e informações sobre a vacinação antirrábica animal do município. “Foi uma boa oportunidade para os acadêmicos de veterinária terem contato com temas que são da mais alta relevância na Saúde Pública”, avaliou Fabio.


O evento

A Semana Acadêmica Américo de Souza Braga (SEMAMBRA) é um evento acadêmico-científico promovido anualmente pelo Diretório Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, o DAVBF (Diretório Acadêmico Vital Brazil Filho). 

Criada há mais de quarenta anos por iniciativa do corpo docente e discente da Faculdade de Veterinária da UFF, a SEMAMBRA caracteriza-se como um projeto que visa enriquecer a formação de acadêmicos de Medicina Veterinária e áreas afins, fornecer educação continuada para o aperfeiçoamento profissional de médicos veterinários, biólogos e zootecnistas, e servir como oportunidade de integração, troca de experiências e conhecimento entre os alunos e profissionais de diferentes localidades e universidades.  Além do público de alunos, médicos veterinários e outros profissionais da área da saúde, a SEMAMBRA reúne diversas empresas, associações de classe, entre outras.  (http://semambra.sites.uff.br/?page_id=132)





segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Quem foi o Professor Américo Braga?




O professor Dr. AMÉRICO DE SOUZA BRAGA nasceu na cidade de Santarém do Estado do Pará, a 18 de janeiro de 1899 e faleceu em Niterói, capital do Estado do Rio de Janeiro, a 9 de junho de 1947. Era filho do casal santareno Cel. Antônio Joaquim de Vasconcelos Braga e D. Zulmira de Souza Braga. Fez o curso primário em Santarém e os preparatórios para o ingresso no curso superior, no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.


Residência, à Rua Floriano Peixoto, 506, onde viveu 
Américo Braga até deixar sua terra natal.


Parte da família do Coronel Antônio Joaquim de
Vasconcelos Braga, quando Américo (o terceiro
garoto a contar da esquerda) tinha 10 anos de idade.


Casou-se com Margarida dos Santos Braga que lhe deu os filhos Jorge dos Santos Braga (falecido), Dr. Heitor dos Santos Braga (psiquiatra), Dr. Flávio dos Santos Braga (psiquiatra) e Maria Margarida Braga Medeiros (contadora), e em segundas núpcias com D. Carmelina Rurich Braga, de quem teve apenas uma filha, a doutora Marlene Rurich Braga Lopes (médica veterinária) casada com o Dr. Antônio Agra Lopes.

De inteligência privilegiada, até os 17 anos de idade - tempo de sua vivência na terra natal - sempre se destacou no meio de seus conterrâneos, tomando parte ativa nos movimentos culturais e sociais da pequena cidade que lhe serviu de berço.


O cientista Américo Braga


Aspirando aprimorar os seus conhecimentos, em pleno vigor da juventude deixou sua terra natal no ano de 1916, rumo ao Rio de Janeiro, àquela época Capital da República.

Américo Braga formou-se em biologia em 18 de dezembro de 1921 pela 1° Escola Nacional de Veterinária (Praia Vermelha), classificando-se num honroso 1° lugar dividido com o seu colega de turma Otto Magalhães Pecego.

Iniciou sua carreira profissional como biologista no antigo Serviço de Indústria Pastoril do Ministério da Agricultura. Foi o começo de uma vida inteiramente devotada à veterinária.

O 1º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária foi realizado em 1922, tendo sido organizado e presidido pelo prof. Américo de Souza Braga, grande batalhador da profissão no Brasil. 

Idealista, Braga mereceu ser cognominado de SEMEADOR DA VETERINÁRIA NO BRASIL, graças ao seu esforço pessoal. Pelos seus estudos e pesquisas incansáveis, aumentou de modo brilhante o patrimônio científico nacional, com trabalhos sobre bacteriologia, em cujo terreno demonstrou acentuado pendor e invulgar cultura.

Foi pela sua extraordinária capacidade de imaginação e forte tendência para observações, que se projetou internacionalmente, alcançando a glória de ser considerado MESTRE DA VETERINÁRIA BRASILEIRA, no dizer do Prof. Salomão Vergueiro da Cruz.

Seu primeiro trabalho publicado foi "Os efeitos da hexametilenotetramina na difteria aviária" - In "Boi. Soc. Bras. Med. Vet.", 1 (2): 61, em 1924, e o último, em 1947, "Doença de Aujesaky", tese com que concorreu à Cátedra de Microbiologia e Imunologia da Escola Nacional de Veterinária, da Universidade Rural.

Em 1936, foi um dos fundadores e primeiro diretor da antiga Escola Fluminense de Medicina Veterinária (Atual Faculdade de Veterinária da U.F.F).

A par de seu notável tino administrativo, sempre prestigiado pelos seus colegas de Congregação, foi permanentemente um pesquisador dos mais devotados.

Por diversas ocasiões representou a profissão em congressos nacionais e internacionais (Zurick, Londres, Paris) tendo, por sua destacada atuação nessas oportunidades, conquistado as mais expressivas homenagens dos norte-americanos, europeus e sul-americanos, especialmente pelos seus trabalhos de laboratório. Inúmeros assuntos atinentes à carreira que abraçou, foram por ele versados em trabalhos importantes, mandados publicar, muitos deles, pelo próprio Governo Federal.

Dos inúmeros cargos e títulos de Américo Braga, destacam-se:
- Organizador e Secretário da "Revista do Departamento Nacional de Produção Animal"
- Membro efetivo dos Xl e XII Congressos Internacionais de Medicina Veterinária (Londres, 1930 e New York, 1934)
- Presidente do 'Comitê Brasileiro do XII Congresso Internacional de Medicina Veterinária (Zurick, Interlaken, 1938)
- Membro da "Union of American Biological Societties "da Universidade de Pensylvania (Philadelfia, USA) e Colaborador em "Biological Abstrats", da mesma Sociedade
- Membro Fundador do 'Clube Zoológico do Brasil - São Paulo
- Fundador e Diretor do Instituto Biológico do Rio de Janeiro, no período de 1945 a 1947.

Até 9 de junho de 1947, dia da sua morte,  ocupava três lugares aos quais se devotava com afinco: Catedrático da 12a. cadeira da Escola Fluminense de Medicina Veterinária (Pro-pedêutica, patologia e clínica médica dos pequenos animais domésticos), diretor dessa mesma Escola e Catedrático interino da 8a. cadeira da Escola Nacional de Veterinária. Deixava publicados mais de 100 trabalhos, muitos dos quais traduzidos em diversos idiomas.  Entre seus consideráveis trabalhos científicos destaca-se, pela repercussão internacional, o livro em quatro tomos intitulados Soros, Vacinas, Alérgenos e Imunógenos.


Fontes:







sexta-feira, 11 de outubro de 2019

SAIBA O QUE FAZER AO ENCONTRAR UM MORCEGO EM CASA

Criado em 11/10/19 - Atualizado em 07/03/24

É comum em áreas urbanas a entrada acidental de morcegos nas residências e outros prédios. Estes mamíferos são animais da fauna brasileira e tem grande importância ao meio ambiente para o controle de insetos, polinização e dispersão de sementes, entre outros.

Nas cidades, os morcegos se alojam em telhados, forros, em locais com pouca incidência de luz e com acesso livre ou podem passar por frestas de até 1 cm. Por isso, é importante observar onde eles se abrigam e ligar para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para orientações.

Nem todos os morcegos estão infectados com o vírus da raiva. Possuem hábito crepuscular e noturno, porém quando estão doentes, podem ser vistos durante o dia e caídos no chão, facilitando o contato com animais domésticos, como os cães e gatos.




A população ao encontrar um morcego na residência ou quintal (vivo ou morto) deve isolar o animal com um pano, balde ou caixa sobre ele e entrar em contato com o CCZ por telefone. É necessário ainda evitar que os animais de estimação tenham contato com o morcego e manter em dia a vacinação antirrábica anual em cães e gatos.

A vacinação é a única forma de proteção contra a doença. Incurável nos animais e fatal em 100% dos casos, a doença é uma zoonose e, portanto, também pode afetar os seres humanos. A raiva é letal aos humanos e o vírus pode ser transmitido a partir da mordida, lambidas ou machucados causados por mamíferos contaminados, incluindo morcegos, cães e gatos.

Se uma pessoa entrar em contato direto com morcego ou for mordido por algum animal doméstico ou silvestre, deve procurar, imediatamente, a unidade de pronto atendimento (UPA) mais próxima. Em Niterói, procurar a Policlínica Regional do Largo da Batalha - Av. Reverendo Armando Ferreira, nº 30.  


Vacinação antirrábica

A vacina antirrábica para cães e gatos está disponível o ano todo no CCZ de Niterói nos seguintes locais: 

- Centro de Controle de Zoonoses - Rua Coronel Miranda, nº 18 Ponta D'Areia 
Funcionamento: segunda à sexta-feira, das 8h às 17h; e aos sábados, das 8h às 13h.

- Horto do Fonseca (Horto Botânico de Niterói ou Jardim Botânico de Niterói) - Alameda São Boaventura, 770  Fonseca (próximo à quadra).
Funcionamento:  de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h; e aos sábados, das 8h às 13h.

Administração Regional do Cubango, Santa Rosa e Vital Brazil - Rua Itaperuna, 19 - Pé Pequeno.
Funcionamento:  de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h.


Serviço

O telefone de atendimento em caso de morcegos encontrados em residência é o (21) 99639-4251 (Sem Whatsapp), CCZ de Niterói, das 8h às 17h. Se o animal for encontrado fora deste horário, deve manter o morcego isolado e ligar na manhã seguinte.  Aos sábados, domingos e feriados, entrar em contato com a Central 153 da Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal de Niterói.



Fontes
Blog do Centro de Controle de Zoonoses - Niterói/RJ

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Pesquisadores identificam marcadores genéticos que caracterizam a infecção causada pelo vírus Chikungunya


O estudo foi feito por pesquisadores da USP e abre caminho para a busca de tratamentos para a doença.


Foto:  Marcos Santos
Um estudo recentemente publicado na revista PLOS Pathogens foi capaz de identificar a assinatura gênica da infecção causada pelo vírus Chikungunya, que é transmitida ao homem por picadas do mosquito Aedes aegypti. Isso significa que os cientistas encontraram o conjunto de genes cuja expressão é alterada pela interação com o vírus, ajudando a desvendar o mecanismo da doença. O estudo foi coordenado por Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), e teve colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e do Instituto Butantan, entre outros parceiros.

Pesquisadores do ICB-USP, coordenados pelo professor Paolo Zanotto, têm estudado o Chikungunya desde 2014, quando o vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil – esse trabalho foi a terceira publicação do grupo sobre o tema. Os cientistas analisaram e compararam amostras de pacientes infectados pelo Chikungunya com amostras de pacientes saudáveis, de pacientes que tiveram dengue e de pacientes com artrite reumatoide.

Segundo o pesquisador Marielton dos Passos Cunha, do ICB-USP, o objetivo do estudo era encontrar um marcador característico da infecção, que a diferenciasse das outras condições semelhantes. “Foram utilizadas ferramentas moleculares e computacionais, como técnicas de análise de redes complexas e aprendizado de máquina”, explica. A comparação com dengue foi necessária porque as duas doenças são muito semelhantes: ambas provocam febre alta, dor no corpo e manchas na pele. No entanto, o sintoma causado pelo vírus Chikungunya que o diferencia de outros arbovírus, é a dor nas articulações (artralgia) – daí a importância de analisar amostras de pacientes com artrite reumatoide.

Com a assinatura gênica da doença, os pesquisadores mapearam o papel que esse conjunto de genes desempenha nas células e a sua importância no combate ao vírus. “O trabalho abre caminho para o desenvolvimento de fármacos para o Chikungunya, pois faz uma descrição da doença a nível molecular – ou seja, identifica o que é único daquela condição. A partir disso, é possível fazer uma busca mais aprofundada por tratamentos”, diz Cunha.

Nos próximos passos da pesquisa, os especialistas buscam entender como o vírus se espalhou e melhorar o seu diagnóstico sorológico, para que não se confunda com outras arboviroses, como os vírus Dengue e Zika. Esses trabalhos serão desenvolvidos no ICB e também na Plataforma Científica Pasteur-USP, inaugurada em julho deste ano. A plataforma é focada no estudo de patógenos para a prevenção de epidemias.

Histórico – A Chikungunya é uma doença que não possui vacina e o tratamento é feito apenas para amenizar os sintomas, que podem persistir por até 15 dias e, em casos raros, provocar a morte. Entre janeiro e agosto de 2019, foram registrados 110.627 casos prováveis da doença no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas.

Em 2014, o vírus foi identificado em dois locais distintos do país: no município de Oiapoque (Amapá) e em Feira de Santana (Bahia). O pesquisador Marielton dos Passos Cunha esclarece que o vírus é o mesmo, mas com dois genótipos diferentes co-circulando. Um deles veio de Angola, na África, e o outro da América Central. “Ele pode circular facilmente em qualquer cidade do país, porque todas as pessoas são suscetíveis e quase todas as cidades apresentam a circulação do seu principal vetor, o Aedes aegypti”.


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Educação em Saúde promove palestra sobre higiene pessoal no CRAS Badu




O grupo de idosos Renascer, do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) do Badu, participou de palestra sobre higiene pessoal promovida pelo setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC) – do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).  

A ação educativa em saúde ocorreu dia 19 de setembro e teve o objetivo de  sensibilizar sobre a importância do cuidado com a saúde familiar. 

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira expuseram o tema por meio de diálogo interativo com exibição de slide-show.  Em pauta, os seguintes tópicos: conceito de higiene, higiene pessoal e ambiental, lavagem das mãos e saúde, cuidados com a água de consumo e alimentos, piolho e sarna.

“Foi muito significativo. Apesar da experiência de vida de todos os presentes, muitas dúvidas foram apresentadas. O interesse em conhecer cada hábito correto de higiene ficou notório nas discussões feitas em grupo. A assistente social Maria das Graças Rodrigues demonstrou muito interesse pelo tema, pois, segundo ela, alguns idosos que sofrem de demências e depressão acabam ‘descuidando’ da higiene pessoal”, relatou Patrícia.



Parabéns Agentes de Saúde e de Endemias !!




Em 04 de outubro é comemorado o Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias.  Eles são os profissionais que estão mais próximos dos problemas que afetam uma comunidade, são comunicativos e exercem liderança natural.  Por isso são de fundamental importância para a cadeia de atenção primária à saúde. PARABÉNS !!

Obs.:  pelo mérito profissional e exercício de atribuições, inclui-se nesta homenagem os Agentes de Controle de Zoonoses !


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Nova doença é descoberta em Sergipe; sintomas são parecidos aos da leishmaniose, mas mais graves

Resistente ao tratamento, já são ao menos 150 casos da doença, com duas mortes. O causador é um parasita ainda sem nome, totalmente diferente da leishmânia


Por Luiza Caires


Microscopia mostra o novo parasita. Ele é semelhante ao gênero Leishmania, mas tem flagelo mais curto,
com estrutura não tão alongada – Foto: Alynne Karen Mendonça de Santana, pesquisadora da FMRP e coautora do artigo


Pesquisadores brasileiros descobriram uma doença cujos sintomas são semelhantes aos da leishmaniose, porém mais graves, e resistentes ao tratamento. Todos os 150 casos são de Aracaju (SE), com duas mortes. Análises genômicas apontam que o responsável é um parasita de uma nova espécie, ainda sem nome, não pertencente ao gênero Leishmania, que é o protozoário causador da leishmaniose e transmitido por mosquitos flebotomíneos (mosquito-palha). Ainda não se sabe nada sobre o ciclo de vida ou vetor do novo parasita, embora haja probabilidade de que também seja transmitido por algum inseto. O que já se sabe é que ele se assemelha – mas não é igual – à Crithidia fasciculata, que infecta apenas insetos. A nova espécie, porém, é capaz de infectar humanos e camundongos, como mostraram testes em laboratório.

A descoberta é parte de uma história que começou há vários anos, em outro trabalho que investigava pacientes diagnosticados com leishmaniose no hospital da Universidade Federal de Sergipe (UFS), para tentar entender a resistência genética à doença. Amostras de pacientes eram enviadas para análise na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP pelo professor João Santana Silva e sua equipe. Algumas delas não puderam ser analisadas com as ferramentas disponíveis para leishmânia, desafiando os pesquisadores a aprofundarem as investigações. “Cheguei a pensar que  pudesse ter sido cometido algum erro aqui no laboratório, alguma mistura, ou que estivéssemos trabalhando com primers [iniciadores de DNA, um dos recursos usados para fazer sua amplificação] de má qualidade, mas conferimos e refizemos tudo, e não era o caso. Mandamos para outro laboratório especializado no Rio de Janeiro, que também não conseguiu fechar o diagnóstico”, contou ao Jornal da USP.


O professor João Santana, coordenador do Laboratório de Imunoparasitologia
da FMRP e pesquisador principal do Cepid CRID. Ele e sua equipe atuavam em
outro estudo sobre resistência à leishmaniose quando alguns dados começaram
 a não bater e gerar questionamentos – Foto: Divulgação FMRP


Ao mesmo tempo, acostumado a lidar com a leishmaniose, com mais de 11 mil pacientes diagnosticados desde 1984, o médico Roque Pacheco de Almeida atendia alguns pacientes que considerava atípicos. Em outubro de 2010, ele recebeu um caso suspeito de leishmaniose visceral, forma mais severa da doença. O homem de 64 anos deu entrada no Hospital Universitário da UFS já em estado grave, o que é incomum. Além disso, os sintomas eram da doença (perda de peso, febre, anemia e aumento do fígado e baço), mas ele não respondeu aos tratamentos convencionais, tendo tido quatro recidivas que resultaram em reinternações. “Na última delas, ele também passou a apresentar lesões cutâneas que são típicas de outra forma da doença, a leishmaniose tegumentar”, lembra Almeida. O paciente acabou morrendo em 2011, em decorrência da doença e de complicações de uma cirurgia para retirada do baço. “Em mais de 30 anos trabalhando com leishmaniose, eu nunca havia visto nenhum caso parecido”, conta o professor da UFS.


Sandra Maruyama, atualmente pesquisadora da UFScar,
foi responsável pelas análises bioinformáticas do trabalho – Foto: Reprodução/Ufscar


Quando finalmente foi feito sequenciamento do genoma do parasita dessa e de outras amostras, além de análises de bioinformática, tudo indicava que os pesquisadores estavam lidando com um novo parasita. De lá para cá foram 150 casos – todos confirmados pelos cientistas – e duas mortes.

As primeiras análises acabam de ser relatadas em artigo na revista científica Emerging Infectious Diseases. Quando o trabalho foi submetido para publicação, há cerca de um ano, ainda não havia certeza se seria uma nova espécie – apenas que não era leishmânia, explica Sandra Maruyama, primeira autora do artigo e atualmente pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Com a continuidade da pesquisa, porém, os cientistas têm mais segurança em dizer que se trata de um parasita nunca antes identificado – apesar de ainda restarem muitas perguntas por responder.


O médico e professor da UFS Roque Almeida,
que atendeu os primeiros casos identificados –
Foto: arquivo pessoal


“Os dados que estão no artigo abriram uma série de questões que, concomitantemente à submissão, fomos estudando. Hoje temos resultados, ainda não publicados, que nos fazem acreditar que seja sim um novo parasita, de uma nova espécie, e que seja sim uma nova doença, facilmente confundida com a leishmaniose”, disse Sandra Maruyama ao Jornal da USP.

De acordo com Roque Almeida, da USF, um novo parasita explicaria o porquê do aumento da letalidade de supostos casos de leishmaniose visceral no Brasil. E é preocupante, pois pode significar “que estamos diagnosticando casos de leishmaniose visceral, e cuidando dos pacientes com os tratamentos para leishmaniose visceral, quando, na verdade, se trata de uma nova doença, mais grave, e para a qual ainda não existe tratamento específico.”

Os cientistas esperam descrever a nova espécie e nomear a nova doença nos próximos meses. Mais estudos precisam ser feitos para determinar o ciclo de vida do parasita, seus hospedeiros e formas de transmissão. Tudo isso para investir tanto no controle da infecção quanto em tratamentos efetivos para ela.


Genômica: a ciência por trás da descoberta


Para chegar a esses resultados, os cientistas primeiro sequenciaram e depois compararam o genoma do parasita das amostras dos pacientes de Sergipe com o genoma que se tem de referência para espécies de leishmânia e de tripanossomatídeos. “Quando tentamos identificar o parasita pelos métodos tradicionais, comparando-o às espécies conhecidas, vimos que ele não se parecia com nenhuma delas”, diz João Santana, que também integra a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), um Cepid-Fapesp.

“Ao sequenciar o genoma do novo parasita, soubemos que, de fato, não era leishmânia. Começamos a desconfiar que se tratava de uma espécie ainda não descrita pela ciência. Ele se revelou semelhante, mas não igual, a um outro parasita chamado Crithidia fasciculata“, explica Sandra Maruyama.


Crithidia – Foto: Guy Brugerolle / CC


Os gêneros Crithidia e Leishmania pertencem à mesma família, da qual também faz parte o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Até o momento, acredita-se que a Crithidia fasciculata infecte só insetos, não mamíferos. Já a nova espécie investigada por Sandra Maruyama e colegas pode infectar camundongos, além de humanos – como eles comprovaram ao cultivar em laboratório parasitas coletados nos tecidos daquele primeiro paciente. “Expusemos os camundongos aos parasitas isolados do paciente, tanto por via intravenosa quanto cutânea [na pele], e descobrimos que ambos infectavam o fígado dos animais”, conta ela. Os parasitas coletados da pele do paciente também causaram lesões na pele dos camundongos.

Após ter o genoma da nova espécie já sequenciado, foi feita outra análise de bioinformática. Assim foi possível fazer o diagnóstico molecular da infecção dos pacientes por esse parasita. “Isso não seria possível com as ferramentas que existem para diagnóstico molecular de leishmânia. Então tivemos necessidade de desenvolver a metodologia para o novo parasita. Não criamos nenhuma técnica nova, mas elaboramos um procedimento novo”, disse ao Jornal da USP.

“Em posse dos dados genômicos do novo parasita, que são os que estão no artigo publicado, foram feitos mais testes com PCR (Reação em Cadeia da Polimerase, da sigla em inglês)”. A PCR é uma reação enzimática muito aplicada em biologia molecular para amplificar em laboratório fragmentos de DNA. Basicamente, é usada para fazer várias cópias do pedaço de DNA que se está interessado em estudar. Primers, ou iniciadores, são usados dentro da reação enzimática para dar especificidade a uma região genômica. “Realizamos uma análise bioinformática (simulação computacional). 

Elegemos alguns trechos candidatos que pudessem ser específicos deste novo parasita, desenhamos alguns primers – marcadores moleculares – para regiões genômicas que fossem próprias deste parasita, e que não aparecessem no genoma de leishmânias, e testamos por PCR.”

“Também fizemos triagens com a PCR, usando os primers específicos que desenhamos, em uma gama de outras amostras clínicas que o professor Roque compartilhou conosco. Extraímos o DNA dos isolados clínicos e este DNA serviu como um molde para fazer a reação de PCR com essas regiões específicas da nova espécie”, detalhou a pesquisadora. “Daí conseguimos dizer qual parasita estava naquela amostra coletada do paciente. É o que chamamos de tipagem molecular, isto é, identificar uma espécie por métodos moleculares”.

A cientista, que tem apoio da Fapesp para realizar sua pesquisa, planeja em breve realizar a descrição da nova espécie, para poder finalmente nomear a doença.


Próximos passos


A Crithidia, espécie com que o parasita estudado mais se assemelha, infecta insetos, principalmente culicídeos (como o culex, o pernilongo doméstico) e anofelinos (como o anopheles, o mosquito-prego), que se alimentam de sangue. “Mas quando estes insetos picam o homem ou qualquer mamífero, a Crithidia não consegue sobreviver, pelo que até hoje se mostrou. Então a grande dúvida que o trabalho gera é: quem será que é o vetor desse novo parasita?”, diz Sandra Maruyama. Afinal, a leishmânia tem como vetor uma outra família de insetos, que são os flebotomíneos (como o mosquito-palha), muito diferentes dos insetos que a Crithidia parasita. “O primeiro indício que este parasita consegue sobreviver no homem é que conseguimos isolá-lo de pacientes, e o segundo é que ele infecta camundongos, como mostramos experimentalmente, nos órgãos – baço e fígado-, e na pele, como aconteceu com os pacientes – apesar dos sintomas em camundongos não se manifestarem como em humanos.”

.


Perguntada se é possível que ele estivesse circulando entre outros animais e aquele tenha sido o primeiro caso detectado de infecção humana, a pesquisadora diz que sim. “Nós temos que investigar isso agora, fazer parcerias com grupos que tenham amostras de reservatórios silvestres, como algumas espécies de cães silvestres e de raposas. Temos esse método de diagnóstico molecular para identificar o novo parasita, diferenciando de leishmânia. O que precisamos agora é coletar amostras, ou trabalhar com grupos que tenham já estas amostras de sangue, como existem vários no Brasil” diz, ressaltando que é necessário fazer um rastreamento e começar a investigar até onde se estende a presença deste parasita. “A princípio detectamos o parasita nestas amostras de Sergipe, mas não sabemos o quanto isso está distribuído. E, ao mesmo tempo, temos que fazer parcerias com grupos que estudem insetos vetores de doenças, principalmente da leishmânia, e estes insetos hematófagos que a Crithidia parasita, já que ele é tão parecido com ela.”

Outra maneira de fazer isso, acrescenta, é experimentalmente, que é um dos planos do seu grupo para o ano que vem: “testar se os insetos de laboratório podem ser infectados por este parasita e têm a capacidade transmiti-lo, ao se alimentar de seu sangue, para um hospedeiro vertebrado, e este mamífero desenvolver a doença”. Trata-se de algo bem complexo, mas para o que existem técnicas experimentais. Além disso, é necessário que o procedimento seja feito em laboratórios com certificações específicas de biossegurança. “Nós não temos, então precisamos de colaboração com centros que já estejam autorizados, como um departamento do NIH [National Institutes of Health, nos EUA] , para onde pretendemos enviar uma pesquisadora no ano que vem”, planeja a cientista.

“Quanto aos pacientes, temos testado estas dezenas de amostras que recebemos em Sergipe, mas o ideal seria analisar muito mais casos que sejam inconclusivos. Precisamos de números para descartar totalmente que se trate de coinfecções (infecções por mais de um parasita ao mesmo tempo), e também receber amostras de várias outras regiões, até para não ter viés nas análises”, explica, deixando claro o rigor científico com que deve ser tratada uma nova descoberta. “Por ora, além de refinar a análise genômica desta espécie, estamos tentando infectar in vitro das células destas amostras positivas, o que será mais uma prova que o parasita realmente tem uma fase de vida no hospedeiro vertebrado e que pode vir a causar uma doença no homem.”

O artigo Non-Leishmania parasite in fatal visceral leishmaniasis–like disease pode ser acessado neste link.


Fonte:  Jornal da USP