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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Chuvas de verão: saiba quais os cuidados para se prevenir contra leptospirose




A doença ocorre a partir do contato da pele com água contaminada pela urina de ratos


Existe uma doença que aparece ano após ano, durante o período do verão que costuma atingir o estado do Rio de Janeiro: a leptospirose. Ela é causada por uma bactéria, Leptospira, encontrada na urina contaminada de roedores. A doença é transmitida para os seres humanos pela exposição direta ou indireta à urina desses animais, que pode ser veiculada pela água da chuva. A bactéria invade o organismo através de pequenas feridas na pele, nas mucosas ou na pele íntegra imersa por longo período em água contaminada.

Segundo levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), entre janeiro e fevereiro de 2022, foram registrados 71 casos de leptospirose. Já em 2021, foram 21 casos no mesmo período, e em 2023, até o dia 18/01, foram registrados 3 casos suspeitos, ainda em investigação.

A fase precoce da leptospirose dura aproximadamente de 3 a 7 dias. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, podendo também ocorrer vômitos, diarreia e tosse.

Nas formas mais graves, geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O doente também pode apresentar hemorragia, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória.

- A qualquer sinal dos primeiros sintomas é importante procurar imediatamente um médico e relatar o contato com água, lama de enchente, esgoto ou água contaminada, para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível – alertou o secretário Doutor Luizinho.


Cuidados preventivos que podem ser tomados:

- Evite o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos. Impeça que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos.

- Após a água da enchente baixar, para retirar a lama e desinfetar o local, proteja-se com botas e luvas de borracha, evitando assim o contato da pele com água e lama contaminadas. Sacos plásticos duplos também podem ser amarrados nas mãos e nos pés.

- Para desinfetar a área atingida pela lama ou água da enchente, lave pisos, paredes e bancadas com água sanitária, na proporção de 2 xícaras de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.

- Tenha cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora, como frutas, legumes e verduras.

- Mantenha os terrenos baldios e as margens de córregos limpos e capinados. Evite entulhos e acúmulo de objetos nos quintais e nas telhas.

- Limpe a caixa d’água regularmente.


Fonte:  Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

28 de setembro - Dia Mundial de Luta Contra a Raiva

 


A raiva é uma doença transmitida para humanos e pode matar. Vacinando anualmente cães e gatos, você pode evitar essa doença.

A data marca a importância de conscientizar as pessoas sobre a prevenção da doença, que pode ser transmitida para qualquer mamífero – animal e humano.

É importante ficar alerta porque a raiva é altamente letal. A transmissão se dá normalmente pela mordida de animais infectados. Mas também existe a possibilidade de se contrair a doença pelo contato da saliva do animal raivoso diretamente nos olhos, mucosas ou feridas.

Por isso, animais domésticos devem ser vacinados anualmente contra a doença.


Saiba mais:

CAMPANHA DE VACINAÇÃO ANTIRRÁBICA ANIMAL 2022 EM NITERÓI

Postos fixos de vacinação antirrábica animal

O que é a Raiva?




segunda-feira, 21 de março de 2022

Pesquisadores alertam para circulação de zoonoses


Doenças transmitidas de animais para pessoas, a febre maculosa, a febre Q, as hantaviroses e as arenaviroses apresentam quadro clínico inicial comum a outras infecções, incluindo febre, dor de cabeça ou no corpo e mal-estar. Em meio a epidemias, quando todos os olhos estão voltados para agravos de grande circulação, como dengue ou Covid-19, essas zoonoses são frequentemente esquecidas no momento do diagnóstico dos pacientes, o que leva a atrasos na sua identificação, aumentando o risco de quadros graves e morte.

O alerta para a circulação dessas “doenças zoonóticas invisíveis” está em artigo recém-publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Autora da publicação, a chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz, Elba Lemos, ressalta que a conscientização é fundamental para evitar óbitos. 

“Ano passado, um paciente com hantavirose recebeu diagnóstico de Covid-19 no Rio Grande do Sul e acabou falecendo. Esse ano, em um surto de febre maculosa com cinco casos no Rio de Janeiro, dois pacientes receberam diagnóstico de Covid-19 e morreram porque o tratamento da febre maculosa não foi iniciado a tempo. Mesmo em um período de pandemia, é preciso levar em conta esses patógenos zoonóticos que circulam no Brasil, mas que são invisibilizados”, ressalta a pesquisadora.


Pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC atuam no
esclarecimento de casos e em pesquisas sobre zoonoses (Foto: Josue Damacena)

Entre as doenças destacadas no artigo, a febre maculosa e as hantaviroses são as mais frequentes. Embora não causem epidemias, esses agravos têm impacto importante na saúde pública, principalmente pelo alto índice de mortes. Entre 2010 e 2020, foram confirmados mais de 1,9 mil casos de febre maculosa no Brasil, com 679 óbitos, o que significa uma taxa de letalidade de 35%. No mesmo período, 996 infecções por hantavírus foram confirmadas, com 414 mortes, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 41%.

“A febre maculosa pode ser curada com um antibiótico barato. Porém, se o medicamento não é administrado no início da infecção, a bactéria faz um estrago grande nos vasos sanguíneos e o dano se torna irreversível. Na hantavirose, não existe tratamento específico contra o vírus, mas o diagnóstico é importante para oferecer o suporte adequado para os pacientes. Por exemplo, a hidratação, que é muito indicada na dengue, pode ser prejudicial nesses casos, agravando a lesão pulmonar”, explica Elba.


Risco após enchentes

Considerando o risco de transmissão de zoonoses após a tragédia causada pelas chuvas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, a atenção deve ser redobrada. “Animais resgatados após as chuvas podem estar com carrapatos, que são transmissores da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. É muito importante ter cuidado no momento do resgate e tratar os animais com carrapaticida”, diz a cientista, lembrando que, em 2011, quando municípios da Região Serrana foram devastados por fortes chuvas, cinco pessoas morreram de febre maculosa após lidar com cães resgatados.

Elba destaca ainda que outras zoonoses estão associadas às chuvas, especialmente a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira, eliminada na urina de ratos, que pode infectar pessoas que entram em contato com a água das enchentes. “Dependendo do histórico relatado pelo paciente, estas doenças precisam ser consideradas no momento do diagnóstico diferencial em casos com manifestações clínicas inespecíficas, como febre”, completa Elba.

Por serem transmitidas de animais para pessoas, as zoonoses apresentam contextos de risco específicos, que propiciam a exposição humana aos microrganismos. Assim, além de conscientizar os profissionais de saúde, é essencial conhecer as áreas de circulação dos patógenos e os animais que atuam como reservatórios para facilitar o diagnóstico precoce das infecções.

No artigo, os cientistas destacam que o baixo índice de diagnósticos faz com que o impacto de algumas zoonoses seja subestimado, o que reforça a necessidade de ações de vigilância e de pesquisa. “Precisamos mapear os locais em que há presença dos agentes infecciosos zoonóticos para que o sistema de saúde esteja preparado. Por isso, a vigilância e a pesquisa são tão importantes. É um conhecimento para a ação”, salienta Elba.

Para demonstrar o impacto das zoonoses esquecidas, o artigo relata surtos recentes que se tornaram alvo de investigações do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz, que atua como Referência Nacional para Rickettsioses e Regional para Hantaviroses junto ao Ministério da Saúde. Além da febre maculosa e das hantaviroses, são abordadas: arenaviroses, febre Q e bartoneloses.


Saiba mais sobre estas infecções:


Febre maculosa

Carrapatos da espécie Amblyomma sculptum, popularmente conhecido como carrapato-estrela, são os transmissores da bactéria Rickettsia rickettsii, que provoca a febre maculosa. Esses carrapatos podem parasitar diferentes animais domésticos e silvestres, incluindo bois, cavalos, cães, aves domésticas, gambás, coelhos e capivaras. Segundo o Ministério da Saúde, há relatos de casos em todas as regiões do Brasil, mas a maior parte dos registros ocorre no Sudeste e Sul.




As primeiras manifestações clínicas da doença são febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas na pele. O tratamento com antibiótico cura a infecção, mas precisa ser administrado nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas.

No artigo, os pesquisadores lembram que após três décadas sem registros no Rio de Janeiro, a febre maculosa reemergiu com alto índice de mortes devido ao atraso no diagnóstico. Entre as vítimas, cinco pessoas que morreram com a infecção em 2011 tinham recebido diagnóstico de dengue. Em 2021, dois pacientes inicialmente diagnosticados com Covid-19 morreram de febre maculosa no estado.


Hantaviroses

As hantaviroses são causadas por diversos vírus da família Hantaviridae, encontrados principalmente em roedores silvestres. Esses animais, eliminam os vírus na urina e nas fezes. As pessoas são infectadas quando inalam os patógenos que ficam suspensos no ar como aerossóis. Mais afetados pelo agravo, os trabalhadores agrícolas podem contrair a infecção em lavouras ou galpões de armazenamento de grãos, onde os roedores procuram comida.

Registrada em todas as regiões do Brasil, com notificações em 15 estados e no Distrito Federal, a infecção é favorecida pelo desequilíbrio ambiental, que possibilitam o contato do homem como os roedores reservatórios, de acordo com a chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz.

“O canídeo silvestre é o predador do rato do mato, que é o reservatório dos hantavírus. Quando o ambiente é degradado pelo desmatamento, os animais mais sensíveis são eliminados e ficam aqueles que conseguem conviver com homem, como os ratos silvestres. A população desses animais aumenta e eles passam a procurar alimento no ambiente humano, aumentando a exposição das pessoas”, diz Elba.

“Não é possível eliminar as zoonoses, mas precisamos de um olhar de saúde única, considerando o ser humano, os animais e o ambiente para prevenir e controlar as doenças de forma efetiva”, acrescenta a pesquisadora.

Áreas rurais são as mais afetadas por doenças zoonóticas,
como hantaviroses, febre maculosa e febre Q (Foto: Acervo LHR/IOC)

Após as manifestações clínicas iniciais como febre, dor de cabeça, nas articulações, nas costas ou na barriga, e alterações gastrointestinais, as pessoas com hantavirose podem desenvolver uma síndrome cardiopulmonar, com falta de ar, respiração e batimentos cardíacos acelerados, tosse e queda de pressão. Como não há medicação contra os hantavírus, o tratamento é orientado caso a caso, com medidas de suporte aos pacientes.

Em 2015, pesquisadores do IOC/Fiocruz confirmaram, pela primeira vez, um caso de hantavirose no Rio de Janeiro. Um morador da cidade de Rio Claro, no Sul Fluminense, faleceu devido à infecção, após ter recebido o diagnóstico inicial de dengue. Além de encontrar roedores infectados, os pesquisadores verificaram que colegas de trabalho e vizinhos do paciente apresentavam anticorpos para a doença, o que indica contato anterior com o patógeno, demonstrando a subnotificação do agravo. Segundo os cientistas, é possível que os casos tenham sido assintomáticos ou diagnosticados como dengue devido à semelhança dos sintomas das doenças.


Arenaviroses

Causador da febre hemorrágica brasileira, o vírus Sabiá reemergiu em 2020 após cerca de 20 anos sem registros, causando infecção em um homem, que morreu devido à doença. O caso foi registrado em São Paulo, o mesmo estado onde o vírus foi identificado pela primeira vez, em 1994. A doença teria sido contraída durante uma viagem à cidade de Eldorado, no Sul do estado.



O patógeno pertence à família dos arenavírus, microrganismos encontrados em roedores que podem causar alterações neurológicas e febre hemorrágica em pessoas. Além do Sabiá, quatro arenavírus são conhecidos por provocar infecção humana na América do Sul. No Brasil, pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz identificaram, em 2020, quatro novos arenavírus em roedores, incluindo duas novas espécies, reconhecidas pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês), com potencial para infectar pessoas.

Assim como os hantavírus, os arenavírus são transmitidos através de aerossóis eliminados a partir da urina e das fezes de roedores. Por apresentar um quadro semelhante à dengue hemorrágica e à febre amarela, pesquisadores acreditam que as arenaviroses podem ser subnotificadas.

“Embora casos de febre hemorrágica causada por arenavirus venham sendo relatados na Bolívia, pelos vírus Chapare e Machupo, e na Venezuela, pelo vírus Guanarito, no Brasil, além do silêncio quanto à ocorrência do vírus Sabiá, nunca tivemos notificação nos estados que fazem fronteira com esses países. Isso levanta a suspeita de que a doença pode não estar sendo diagnosticada”, aponta Elba.


Febre Q

A falta de dados torna difícil dimensionar o impacto da febre Q, causada pela bactéria Coxiella burnetti. A doença é transmitida principalmente em áreas rurais, pela inalação ou pelo contato direto com secreções de animais infectados, incluindo leite, fezes, urina, muco vaginal ou sêmen de gado, ovelhas, cabras, cães, gatos e outros mamíferos domésticos. Na maioria das vezes, a infecção é assintomática ou tem sintomas semelhantes aos da gripe. Porém, alguns pacientes podem desenvolver quadros graves, com pneumonia ou endocardite. O tratamento da infecção deve ser feito com antibióticos.

Apesar de indícios sobre a circulação da bactéria no Brasil desde os anos 1950, somente nas últimas décadas houve confirmação de casos, com registros no Sudeste. No Rio de Janeiro, pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC confirmaram, com base no diagnóstico molecular, o primeiro paciente em 2011, na Região Metropolitana, e identificaram um surto em 2016, com cinco infectados no Sul Fluminense.

Segundo Elba, evidências da infecção em animais e relatos de casos na América do Sul acendem o alerta para a possibilidade de subnotificação do agravo. “Em estudos, já encontramos anticorpos em animais, identificamos a bactéria em bovinos, roedores e morcegos e até em amostras de queijo minas não pasteurizado. Na Guiana Francesa, país vizinho ao Brasil, há diversos relatos de pneumonia por febre Q. Esse é mais um agravo que está nas sombras e precisa ser investigado, porque embora não tenha o alto número de casos das epidemias, pode evoluir para o óbito se não tiver o tratamento específico adequado”, afirma a pesquisadora.


Bartoneloses

A doença da arranhadura do gato é a forma mais conhecida de bartonelose, infecção causada por bactérias do gênero Bartonella. Os animais infectados pela bactéria Bartonella henselae podem transmitir o patógeno através de arranhões ou mordidas. Pulgas e carrapatos presentes nesses animais também são vetores do agente bacteriano.

Segundo os pesquisadores, a diversidade de manifestações da doença dificulta o diagnóstico. Além de casos assintomáticos, a bartonelose pode provocar desde inflamação no local da ferida, inchaço nos gânglios e febre até quadros graves que afetam os nervos e o coração. Em geral, os gatos jovens têm mais chance de transmitir a infecção, e a doença se manifesta de forma mais intensa em pessoas com imunidade reduzida, como crianças, idosos e pacientes com outras enfermidades. O tratamento é feito com antibióticos.

“No ano passado, confirmamos dois casos de endocardite [infecção do coração] por bartonelose em pacientes que já tinham problemas cardíacos. Sempre que um caso humano é detectado, é importante identificar o animal doméstico envolvido para que ele também seja tratado”, comenta a pesquisadora.


Fonte:  Fiocruz

 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Infectologista da Fiocruz aborda coinfecção por Covid-19 e Influenza e esclarece dúvidas

 


Viver uma pandemia de Covid-19 e uma epidemia de Influenza com a nova cepa do subtipo A (H3N2) ao mesmo tempo traz o desafio da coinfecção. Ainda não há estudos concluídos sobre o assunto, os sintomas das duas doenças são semelhantes e mesmo os testes não são capazes de indicar o momento da infecção pelos dois vírus: se foi simultânea ou sequencial. Há muitas dúvidas e poucas respostas, como, por exemplo, se a coinfecção pode agravar o quadro clínico do paciente.

“Aparentemente não houve influência na evolução clínica ou na gravidade da doença. No entanto, o número de casos observados não é o ideal para se ter essa resposta. Não existe um estudo específico para poder afirmar com certeza”, explica Marília Santini, médica infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Ela acrescenta que só os testes podem indicar se se trata de uma doença ou de outra. 

AFN: Como ocorre a coinfecção por Covid-19 e Influenza? 

Marília Santini: Há algumas coisas a considerar. A primeira é que fazer um teste de PCR não significa que a pessoa esteja infectada por aquele agente naquele momento. Isso ocorre porque o PCR detecta o material genético do agente, que pode permanecer detectável por um tempo, mesmo com a pessoa já curada. Não é impossível que o paciente tenha uma infecção de Influenza, teste positivo e fique com esse exame positivo por uma semana, e logo depois pegue Covid e tenha o resultado do exame positivo também. Os exames disponíveis não permitem diferenciar em qual momento ocorreu a infecção. Pode ser ao mesmo tempo, uma coinfecção com dois agentes simultaneamente, ou ser próximo, com infecções sequenciais. 

A segunda dificuldade é que não existem estudos de acompanhamento controlado sobre essa coinfecção. O que existe relatado, seja em periódicos científicos ou em informes de serviços de vigilância, tanto no Brasil como no resto do mundo, são observações. Então, se o médico teve dez casos em cinco meses em que o exame de PCR deu positivo para os dois agentes, Covid e Influenza, ou Covid e outros vírus respiratórios, ele relata. Eventualmente tem um pouco mais de detalhes nos relatos sobre o que aconteceu com o paciente, se teve sintomas, mas é um relato, não é algo sistematicamente observado. Isso dificulta termos mais informações sobre qual o significado clínico de uma coinfecção ou de duas infecções muito próximas. Não vai ter uma resposta definitiva. 

AFN: A coinfecção pode agravar o quadro clínico do paciente? 

Marília Santini: Não se sabe. Desde o início da pandemia, já se passaram dois invernos europeus. Temos vários relatos, tem o boletim do CDC com cem casos. Aparentemente não houve influência na evolução clínica ou na gravidade da doença. No entanto, o número de casos observados não é o ideal para se ter essa resposta. Tudo indica que não tem [influência], mas não existe um estudo específico para poder afirmar com certeza. 

AFN: As duas doenças atacam o sistema respiratório. Elas podem ser confundidas? 

Marília Santini: Não é possível diferenciar Covid-19 de Influenza através dos sintomas, sejam as duas juntas ou uma separada da outra. Se a pessoa está com coriza, dor no corpo, febre, dor de garganta, ninguém pode dizer se é um sintoma de Covid, de Influenza ou das duas juntas. 

AFN: Quando a coinfecção ocorre, as mesmas células são infectadas? 

Marília Santini: O alvo dos dois vírus são as mesmas células: as células do epitélio respiratório. Seja alto, como nariz e garganta, seja baixo, como brônquios e pulmões. Não existe um estudo microscópico que fale que os dois vírus estão nessa célula específica epitelial, porque a gente tem centenas de milhares de células no epitélio respiratório. Provavelmente, saber isso não interferiria na conduta de tratamento, mas ter informação é sempre bom.  

AFN: É possível um único teste dizer se se trata de Covid ou de Influenza? Ou é preciso fazer testes separados? 

Marília Santini: É possível com uma única coleta obter material para dar os dois diagnósticos, tanto por meio de kits que já tem insumos para numa reação só detectar os dois agentes ou se necessitar fazer duas reações diferentes. Para quem coleta, não muda nada, tanto em teste rápido quanto em testes laboratoriais. Há painéis que indicam cinco, seis, sete vírus respiratórios, adenovírus, outros coronavírus...  

AFN: Nas duas doenças, os cuidados para prevenção são os mesmos? 

Marília Santini: As formas de prevenção são as mesmas: distanciamento social, ambientes ventilados, uso de máscaras principalmente, especialmente as que têm maior poder de filtração, como a PFF2. O tempo de isolamento varia um pouco. Para Influenza, o tempo de isolamento é enquanto a pessoa tiver sintomas, que geralmente são quatro ou cinco dias. Para Covid-19, o isolamento costuma ser um pouco maior, sete dias, em alguns lugares dez dias.  

A grande diferença é que para Influenza está disponível no Brasil um antiviral, o Oseltamivir, que tem eficácia em diminuir a duração [da doença] e aparentemente também em reduzir quadros mais graves se o paciente for de grupos de risco. Esses grupos incluem os de extremos de idades, como crianças a partir dos dois anos e adultos com mais de 60 anos, além de gestantes. Mas o medicamento só tem efeito se for usado nas primeiras horas após o diagnóstico. Essa é uma diferença. Se o médico tiver um paciente e não souber se é Covid, gripe ou outro vírus respiratório, ele pode prescrever o Oseltamivir para diminuir os riscos no caso de Influenza.  

AFN: A tendência é de que aumentem os casos de coinfecção? 

Marília Santini: Quando se está vivendo uma pandemia e uma epidemia ao mesmo tempo, ou seja, duas epidemias no mesmo local, vai ter mais risco de uma infecção. Outra característica que parece estar se repetindo aqui é que os surtos de influenza estão mais curtos. Nesse, a gente ainda não sabe, porque ele é totalmente fora de época. E a vacina para a gripe aplicada, que não foi tomada por muitas pessoas, não tem exatamente o antígeno dessa cepa. Então, a proteção deve ser parcial. Mas, aparentemente, pelos dados do Rio de Janeiro, já diminuíram bastante os casos de Influenza. Mas enquanto o vírus estiver circulando há sempre a chance de ter novos casos. 

AFN: É comum enfrentar duas epidemias ao mesmo tempo? 

Marília Santini: Já aconteceu várias vezes no mundo. Aqui mesmo no Brasil, dengue e chikungunya já se sobrepuseram duas vezes, houve casos de Influenza e outros coronavírus. Não é um fenômeno raro, mas não acontece todo dia porque depende de ter duas epidemias ocorrendo ao mesmo tempo. Com os arbovírus, isso acontece com mais frequência. 


Fonte:  Fiocruz

Imagem:  Hospital Anchieta

terça-feira, 28 de setembro de 2021

28 de setembro - Dia Mundial de Luta contra a Raiva

 


A raiva é uma doença transmitida para humanos e pode matar. Vacinando anualmente cães e gatos, você pode evitar essa doença.

A data marca a importância de conscientizar as pessoas sobre a prevenção da doença, que pode ser transmitida para qualquer mamífero – animal e humano.

É importante ficar alerta porque a raiva é altamente letal. A transmissão se dá normalmente pela mordida de animais infectados. Mas também existe a possibilidade de se contrair a doença pelo contato da saliva do animal raivoso diretamente nos olhos, mucosas ou feridas.

Por isso, animais domésticos devem ser vacinados anualmente contra a doença.


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Arboviroses Emergentes: FEBRE DO OROPOUCHE



O QUE É ?

A febre do oropouche é uma infecção viral tropical transmitida por insetos e mosquitos picadores do sangue das preguiças para os humanos . Esta doença recebeu o nome da região onde foi descoberta e isolada pela primeira vez no Laboratório Regional de Vírus de Trinidad em 1955, perto do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago. 

A febre de Oropouche é causada por um arbovírus específico , o vírus Oropouche (OROV), da família Bunyaviridae.

O vírus oropouche foi identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960, e há registros frequentes da ocorrência de pessoas doentes na região da Amazônia, no Peru e em países do Caribe.

Grandes epidemias são comuns e muito rápidas, uma das primeiras ocorrendo na cidade de Belém, no estado do Pará. Na Amazônia brasileira, o oropouche é a segunda doença viral mais frequente, depois da dengue.  Atualmente, somente no Brasil estima-se que mais de meio milhão de casos tenham ocorrido. 


TRANSMISSÃO

O vírus, também conhecido como Orov, é transmitido pela picada de pequenos mosquitos, Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou pólvora. O inseto tem dois milímetros de tamanho e também se reproduz em ambientes úmidos e com água parada, assim como o Aedes aegypti, e é encontrado em todo o país.

Outros mosquitos amazônicos, como o Ochlerotatus são transmissores. Importante ressaltar que o Aedes, transmissor da dengue, zika e chikungunya, aparentemente não transmite o vírus, mas estudos ainda estão sendo feitos.


SINTOMAS

A Febre do Oropouche é causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes, como os mosquitos), cujos principais sintomas são febre de até 40° e dor de cabeça seguido de mialgia, artralgia, falta de apetite, rash cutâneo, fotofobia, dor nos olhos, hiperemia conjuntival, apresentando ainda náuseas, diarréia, calafrios, bronquite, sensação de queimação no corpo, podendo evoluir, em casos mais raros, para meningite.

 Os sintomas normalmente duram de quatro a cinco dias, sendo que em um terço dos casos pode haver uma recaída e os sintomas podem durar mais cinco dias.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico clínico da febre oropouche é difícil de ser realizado devido à natureza inespecífica da doença, em muitas causas pode ser confundida com dengue ou outra doença arboviral.

O diagnóstico laboratorial da infecção do oropouche é feito por meio de técnicas clássicas de virologia molecular.  Atualmente, a confirmação laboratorial por técnicas de biologia molecular está disponível apenas em instituições que fazem pesquisa no Brasil.


TRATAMENTO

A Febre de Oropouche não tem cura ou terapia específica, por isso o tratamento é feito aliviando a dor dos sintomas por meio de tratamento sintomático . Certos agentes analgésicos e antiinflamatórios orais podem ajudar a tratar dores de cabeça e no corpo. Os tratamentos também consistem em beber muitos líquidos para prevenir a desidratação. 


PREVENÇÃO

As estratégias de prevenção incluem a redução da reprodução de mosquitos por meio da redução da fonte (remoção e modificação dos locais de reprodução) e a redução do contato entre os mosquitos e as pessoas:

Área Externa:

•  Garrafas: eliminar a água e mantê-las emborcadas;

•  Calhas e lajes: verificar se acumulam água ou sinais de umidade;

• Vasos de plantas: verificar a presença de pratinhos, pingadeiras, plantas aquáticas. Preencher esses recipientes com areia;

•  Caixa d´água: verificar as condições das tampas. Fazer a reposição daquelas ausentes ou quebradas, ou colocar telas de vedação;

•  Piscinas: devem ser cloradas semanalmente. Se estiverem em desuso, devem ser colocados peixes ou sal no fundo;

•  Piscinas infantis: em desuso devem ser lavadas com bucha e guardadas e em uso a água deve ser trocada semanalmente;

•  Fontes ornamentais: devem ser mantidos peixes como tilápia, guaru, lebiste ou beta;

•  Pneus: devem estar secos e guardados em local coberto;

•  Ralos sem uso contínuo: providenciar tela de mosquiteiro para vedar o ralo;

• Vasilhas para guardar água da chuva: devem ser teladas ou cloradas semanalmente;

•  Outros recipientes: devem estar secos e guardados em local coberto.


Área Interna:

Sala de Visitas

•  Vasos de plantas: verificar a presença de plantas aquáticas. Troque a água e lave o vaso com escova uma vez por semana.


Cozinha

•  Bandeja de geladeira: eliminar a água acumulada e colocar detergente; 

•  Vazamentos: que possam estar acumulando água em gabinetes ou armários;

•  Filtro de água: verificar se a limpeza está sendo feita rotineiramente e se não há presença de larvas.


Banheiros

• Vasos sanitários: em desuso, mantê-los vedados com sacos plásticos e fita adesiva;

•  Ralos: em desuso, colocar tela mosquiteiro ou um tapete em cima;

•  Caixa acoplada a vasos: verificar se está bem vedada.


Área de Serviço

•  Tanque: verificar vazamentos que possam estar acumulando água em algum ponto;

•  Tanque: em desuso, vedar ralos e mantê-los em local coberto;

•  Ralos sem uso contínuo: providenciar tela para vedar o ralo;

• Outros: verificar a presença de baldes, latas, potes, copos e etc., secá-los e guardá-los em local coberto ou emborcá-los.


Veja também:

FEBRE DO OROPOUCHE: DOENÇA, VETORES E SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL



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Fontes:  

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Salmonella (Salmonelose)


O que é Salmonella (Salmonelose)?

Salmonella (Salmonellose) é uma bactéria da família das Enterobacteriaceae que  causa intoxicação alimentar e em casos raros, pode provocar graves infecções e até mesmo a morte.

A Salmonella é uma bactéria que possui duas espécies causadoras de doenças em humanos: S. enterica e S. bongori. 



A Salmonella enterica, de maior relevância para a saúde pública, é composta por seis subespécies (S. enterica subsp. entérica, S. enterica subsp. salamae, S. enterica subsp. arizonae, S. enterica subsp. diarizonae, S. enterica subsp houtenae,  S. enterica subsp. indica). 

A transmissão se dá com a ingestão de alimentos contaminados com fezes de animais a bactéria é encontrada normalmente em animais como galinhas, porcos, répteis, anfíbios, vacas e até mesmo em animais domésticos, como cachorros e gatos. Dessa forma, qualquer alimento que venha desses animais ou que tenha entrado em contato com suas fezes podem ser consideradas vias de transmissão da Salmonella (Salmonellose).

A Salmonella pode causar dois tipos de doença, dependendo do sorotipo: salmonelose não tifóide e febre tifoide.

Os sintomas da salmonelose não tifóide podem ser bastante desagradáveis, mas a doença geralmente é autolimitada entre pessoas saudáveis (embora possa levar à morte em alguns casos).

A febre tifoide é mais grave e tem uma taxa de mortalidade maior que a salmonelose não tifoide.

A maioria dos casos de salmonelose não tifoide apresenta sintomas típicos de uma Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), como vômito, dores abdominais, febre e diarreia, que geralmente duram alguns dias e diminuem em uma semana. 

IMPORTANTE: A salmonelose não tifoide pode provocar grave desidratação e, se não tratada adequadamente, uma das complicações é a morte do paciente. Apesar de serem raros, é fundamental iniciar o tratamento assim que surgirem os primeiros sintomas, principalmente reidratando o corpo com o consumo de bastante água.


Quais são os sintomas da infecção por Salmonella (Salmonelose não tifoide)?

Os sintomas são semelhantes a outros problemas gastrointestinais, mas são confirmados por meio de exames de sangue e fezes, além da análise clínica do médico, conforme cada caso. 

Os principais sinais e sintomas da infecção por Salmonella (salmonelose não tifoide) são:

•  Diarreia.

•  Vômitos.

•  Febre moderada.

•  Dor abdominal.

•  Mal estar geral.

•  Cansaço.

•  Perda de apetite.

•  Calafrios.

Esses sintomas podem surgir entre 6 e 72 horas (usualmente entre 12 e 36 horas) após o consumo do alimento contaminado e costumam permanecer por cerca de 2 a 7 dias, até a completa recuperação do paciente. O contato com alguns animais infectados (incluindo animais de estimação) também pode transmitir a doença, se logo depois as mãos não forem lavadas. Os sintomas também variam de intensidade de acordo com a quantidade de alimento contaminado ingerido e o nível de contaminação do alimento.

IMPORTANTE: As infecções mais graves acontecem em pessoas idosas e em crianças, devido à fragilidade do sistema imunológico. Pessoas com o sistema imunológico comprometido, como transplantados ou portadores da Aids/HIV, também podem apresentar quadros mais graves da infecção por Salmonella.


Como ocorre a transmissão da Salmonella não tifoide (Salmonelose)?

A Salmonella está dispersa no meio ambiente e pode ser ingerida por meio de alimentos contaminados com fezes de animais, o que acontece, por exemplo, ao se comer carnes e ovos crus ou mal passados ou quando não se lava as mãos antes de cozinhar ou manipular alimentos. Também pode ser transmitida pelo contato com água contaminada.

A bactéria é encontrada normalmente em animais como galinhas, porcos, répteis, anfíbios, vacas e até mesmo em animais domésticos, como cachorros e gatos. Dessa forma, qualquer alimento que venha desses animais ou que tenha entrado em contato com suas fezes, mesmo que pelas partículas do ar, são consideradas vias de transmissão da Salmonella (salmonelose não tifoide).

Embora a Salmonella comumente esteja associada a produtos de origem animal, alimentos frescos, quando contaminados, também transmitem a doença. Alguns exemplos de alimentos que têm sido associados a surtos de salmonelose incluem carnes, aves, ovos, leite e produtos lácteos, pescados, temperos, molhos de salada preparados com ovos não pasteurizados, misturas de bolo e sobremesas que contêm ovo cru.

IMPORTANTE: As infecções mais graves acontecem em pessoas idosas e em crianças, devido à sensibilidade do sistema imunológico. Pessoas com o sistema imunológico comprometido, como transplantados ou portadores da Aids/HIV, também podem apresentar quadros mais graves da infecção por Salmonella (Salmonelose).


Como é feito o diagnóstico da infecção por Salmonella (Salmonelose não tifoide)?

A detecção da Salmonella ocorre a partir do isolamento do agente nas fezes ou vômito ou ainda em amostras dos alimentos suspeitos consumidos. As fezes devem ser coletadas durante a fase aguda, antes do tratamento com antibióticos. Em pacientes com infecção ativa, do mesmo modo que para crianças ou indivíduos com dificuldade de obtenção de amostras, deve ser priorizada a utilização de swabs retais. Em pacientes com suspeita de febre tifoide, a pesquisa de Salmonella Typhi nas fezes é indicada a partir da segunda semana da doença, assim como na fase de convalescença e na detecção de portadores.

Após a confirmação do diagnóstico, o médico pode indicar o tratamento mais adequado, conforme cada caso. O exame de fezes é fundamental porque ajuda o médico a identificar a bactéria que está causando a gastroenterite, permitindo selecionar o melhor antibiótico para eliminá-la.


Como é feito o tratamento da infecção por Salmonella (Salmonelose não tifoide)?

Em geral, a infecção causada pela Salmonella (salmonelose não tifoide) não precisa de internação ou de outras intervenções médicas. Nestes casos, o tratamento é feito em casa, por meio de repouso, ingestão de bastante água para manter hidratação e controlar os sintomas. Em casos graves, a reposição eletrolítica (para fornecer eletrólitos perdidos pelo vômito e diarreia) e reidratação são indicados.

O tratamento com antibióticos não é recomendado para casos leves ou moderados em indivíduos saudáveis, pois esses medicamentos podem não eliminar completamente as bactérias e selecionar cepas resistentes, tornando o tratamento ineficaz. No entanto, grupos de risco à saúde, como bebês, idosos e pacientes imunocomprometidos podem precisar receber antibióticos, os quais também podem ser administrados se a infecção se disseminar do intestino para outras partes do corpo.

Devido ao aumento global da resistência antimicrobiana, as diretrizes de tratamento devem ser revisadas regularmente levando-se em conta o padrão de resistência das bactérias com base no sistema de vigilância local. A duração do tratamento depende dos órgãos atingidos, da idade e condição de saúde dos pacientes, além da ocorrência de outros sintomas, como dor nas articulações, dificuldade em urinar, inflamação nos olhos e artrite. No entanto, se os sintomas persistirem por mais de três dias, é necessário procurar novamente o médico para outra avaliação, pois pode ser que a contaminação tenha sido maior e esteja evoluindo para formas mais graves.

IMPORTANTE: Mulheres grávidas, crianças e idosos são mais sensíveis às infecções intestinais, incluindo a Salmonella e devem ser levados ao médico logo que os primeiros sintomas forem identificados para evitar maiores complicações.


Como prevenir a infecção por Salmonella (Salmonelose)?

A Salmonella pode ser prevenida por meio da adoção de  medidas de controle em todas as etapas da cadeia alimentar, desde a produção agrícola até o processamento, fabricação e preparação de alimentos, tanto em estabelecimentos comerciais quanto nas residências.

Em casa, as medidas preventivas para Salmonella são semelhantes àquelas usadas contra outras doenças transmitidas por alimentos.

O contato entre bebês ou crianças pequenas com animais de estimação que podem estar transportando Salmonella (como gatos, cães e tartarugas) precisa de supervisão cuidadosa.

Algumas condutas simples podem evitar a contaminação, que incluem o manuseio correto de alimentos:

• Lave sempre as mãos, antes, durante e depois de manipular ou consumir alimentos.

•  Lave bem os alimentos antes de consumir, especialmente frutas e verduras.

•  A carne deve ser bem cozida ou assada.

•  Os ovos devem ser bem cozidos.

• Evite consumir alimentos em lanchonetes e restaurantes que apresentam condições precárias de higiene e conservação.


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Imagem:  Wikipedia.org

segunda-feira, 5 de julho de 2021

CRIPTOCOCOSE

 O que é criptococose?

A criptococose é uma doença classificada como micose sistêmica, causada por fungos do gênero Cryptococcus e que, dependendo do caso, pode matar.

As seguintes variantes (var.) do fungo Cryptococcus neoformans são comumente causadoras dessa doença:

•  C. neoformans var. neoformans (C. neoformans)

•  C. neoformans var. gatti (C. gattii)


Cryptococcus neoformans - Cápsula evidenciada
 por contraste com tinta nankin

O que causa a criptococose?

O principal reservatório do fungo é a matéria orgânica morta presente no solo, em frutas secas e cereais, e nas árvores. O fungo causador da doença também é encontrado nas fezes de aves, principalmente dos pombos.

A variante C. neoformans, de caráter oportunista, representa a principal causa de meningoencefalite e morte em indivíduos com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids). No entanto, essa espécie também acomete indivíduos sem problemas de saúde em todo o mundo.

Já a variante C. gattii acomete crianças e jovens sem evidência de imunodepressão aparente, sendo de comportamento endêmico ou focal nas zonas tropicais e subtropicais, especialmente nas regiões Norte (Amazônia) e Nordeste do Brasil, incluído o semiárido, e, esporadicamente, nas demais regiões brasileiras.


Quais são os sintomas da criptococose?

As manifestações clínicas da doença dependem do estado imunológico de cada indivíduo e do subtipo do fungo em questão. O surgimento de sinais e sintomas ocorre entre três semanas e três meses antes da internação hospitalar. Os principais sintomas são:

Criptococose pulmonar:

•  Febre

•  Tosse

•  Dor no peito

•  Perda de peso

•  Fraqueza

Criptococose no sistema nervoso central:

•  Dor de cabeça

•  Febre

•  Náusea

•  Vômito

•  Confusão mental

•  Rigidez de nuca

•  Alterações de visão

IMPORTANTE:  Em pacientes imunocompetentes, observa-se meningoencefalite de forma aguda ou crônica, com dor nos olhos e na cabeça, usualmente sem febre ou com quadro febril pouco expressivo, que evolui para dor de cabeça intensa e presença de sinais mais graves, como estrabismo, paralisia facial e cegueira total ou parcial.

Criptococose cutânea:

•  Aparecimento de várias lesões avermelhadas, contendo secreção amarelada no centro, semelhantes a espinhas.

•  Aparecimento de erupções cutâneas vermelhas em uma região específica ou por todo o corpo.

•  Ulcerações ou massas subcutâneas, semelhantes a tumores.

A criptococose pode atingir qualquer parte do corpo, causando lesões como as oculares e ósseas.


Como ocorre a transmissão da criptococose?

Não existe transmissão inter-humana dessa micose, nem de animais ao homem. No entanto, indivíduos, ou seja, os seres humanos, estão expostos à doença por meio da inalação dos fungos causadores da criptococose.

 


Como é feito o diagnóstico da criptococose?

O diagnóstico da criptococose é clínico e laboratorial. A confirmação laboratorial é feita com o uso de “tinta da China” (nanquim), com evidências de criptococos visíveis em materiais clínicos. O principal diagnóstico das meningites criptocócicas é o exame do líquor-LCR.

O criptococo também pode ser isolado na urina ou no pus. A sorologia e a histopatologia também são consideradas na confirmação diagnóstica da criptococose. Como exame complementar, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética ou a radiografia de tórax podem demonstrar danos pulmonares, presença de massa única ou nódulos múltiplos distintos (criptococomas).


Como é feito o tratamento da criptococose?

A escolha terapêutica para o tratamento dependerá da forma clínica de cada paciente e do estado imunológico do indivíduo. Os medicamentos antifúngicos mais utilizados para o tratamento são a anfotericina B, o fluconazol, o itraconazol e a fluocitosina. A anfotericina B tem sido administrada como droga principal e o fluconazol como uma droga de consolidação do tratamento.

No caso de infecções, não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção de secreção devem ser as de uso hospitalar rotineiro. Os tratamentos são feitos mediante internação.


Qual a melhor forma de prevenir a criptococose?

•  Não permitir a domiciliação de pombos e morcegos nas residências;

•  Caso existam morcegos no telhado, porão ou sótão, esperar que estes animais saiam para se alimentar ao entardecer, fazendo então a vedação de frestas ou espaços que conduzam ao abrigo durante o início da noite. Retirar a vedação ao entardecer do dia seguinte para que morcegos que eventualmente tenham ficado no abrigo possam sair, vedando novamente ao anoitecer. Repetir o procedimento três vezes de forma a se certificar que nenhum animal restou no local.

•  No caso de problemas com pombos, elimine toda possível fonte de alimento e abrigo. Coloque barreiras físicas em locais onde eles costumeiramente empoleiram, tais como beirais e sacadas, entre outros;

•  Caso haja acúmulo de fezes de morcegos ou pombos, umedecer as fezes antes de limpá-las para evitar a formação de poeira contaminada com o fungo que possa ser inalada. . Utilize um respirador facial do tipo PFF2 (descartável); caso não seja possível, amarre um lenço úmido duplo cobrindo a face (nariz e boca);

•  Não adentre cavernas desconhecidas ou que não estejam liberadas para visitação e locais com acúmulos de fezes de morcegos, pombo e outros pássaros.




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Fonte (texto e imagem):


terça-feira, 29 de junho de 2021

ESQUISTOSSOMOSE

 

O que é?

A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni. Inicialmente a doença é assintomática, mas pode evoluir e causar graves problemas de saúde crônicos, podendo haver internação ou levar à morte. No Brasil, a esquistossomose é conhecida popularmente como “xistose”, “barriga d’água” ou “doença dos caramujos”.



A pessoa adquire a infecção quando entra em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes causadores da esquistossomose. Os vermes, uma vez dentro do organismo da pessoa, vivem nas veias do mesentério e do fígado. A maioria dos ovos do parasita se prende nos tecidos do corpo humano e a reação do organismo a eles pode causar grandes danos à saúde.

O período de incubação, ou seja, tempo que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é de duas a seis semanas. 


Histórico 

A esquistossomose, xistose, barriga d'água ou doença do caramujo chegou ao Brasil, vinda da África, na época da escravidão. A doença chegou pelo Nordeste e encontrou todas as condições favoráveis à sua instalação: altas temperaturas, saneamento básico deficitário, população humana exposta, caramujos hospedeiros em abundância e grande quantidade de córregos, lagoas, represas e valas de irrigação. Todos esses fatores permitiram que a doença se manifestasse por muito tempo entre as pessoas que trabalhavam na agricultura, principalmente nos canaviais. Com o declínio da cultura de cana e abolição do regime de escravidão ocorreu forte migração para outras regiões do país. Assim, a doença foi se espalhando pelos estados ao longo do percurso.


Como a Esquistossomose é transmitida?

Para que haja transmissão é necessário um indivíduo infectado liberando ovos de Schistosoma mansoni por meio das fezes, a presença de caramujos de água doce e o contato da pessoa com essa água contaminada. Quando uma pessoa entra em contato com essa água contaminada, as larvas penetram na pele e ela adquire a infecção.

Alguns hábitos como nadar, tomar banho ou simplesmente lavar roupas e objetos na água infectada favorecem a transmissão. A esquistossomose está relacionada ao saneamento precário.


Fatores de risco

Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e sexo, pode ser infectada com o parasita da esquistossomose, mas as situações abaixo são grandes fatores de risco para se contrair a infecção.

Existência do caramujo transmissor.
Contato com a água contaminada.
Fazer tarefas domésticas em águas contaminadas, como lavar roupas.
Morar em comunidades rurais, especialmente populações agrícolas e de pesca.
Morar em região onde há falta de saneamento básico.
Morar em regiões onde não há água potável.


Sintomas

A maioria dos portadores são assintomáticos. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas, como:
febre;
dor de cabeça;
calafrios;
suores;
fraqueza;
falta de apetite;
dor muscular;
tosse;
diarreia.

IMPORTANTE: Em alguns casos, o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho.

Na forma crônica da doença, a diarreia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode apresentar outros sinais, como:

tonturas;
sensação de plenitude gástrica;
prurido (coceira) anal;
palpitações;
impotência;
emagrecimento;
endurecimento e aumento do fígado.

Nos casos mais graves, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água. 


Complicações possíveis

Se não tratada adequadamente, a esquistossomose pode evoluir e provocar algumas complicações, como, por exemplo:

aumento do fígado;
aumento do baço;
hemorragia digestiva;
hipertensão pulmonar e portal;
morte.


Diagnóstico

O diagnóstico da esquistossomose é feito por meio de exames laboratoriais de fezes. É possível detectar, por meio desses exames, os ovos do parasita causador da doença. 
O médico também pode solicitar teste de anticorpos para verificar sinais de infecção e para formas graves ultrassonografia.


Hospedeiros da esquistossomose

No ciclo da esquistossomose estão envolvidos dois hospedeiros:

Hospedeiro definitivo: o homem é o principal hospedeiro definitivo. Nele, o parasita desenvolve a forma adulta e reproduz-se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas naturais (córregos, riachos, lagoas) ou artificiais (valetas de irrigação, açudes e outros).
Hospedeiro intermediário: o ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto. No Brasil, as espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila estão envolvidas na disseminação da esquistossomose. Há registros da distribuição geográfica das principais espécies em 24 estados, localizados, principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.


Biomphalaria glabrata



Como ocorre a transmissão da esquistossomose?

A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas.


Destaca-se que a transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do contato direto com o doente. Também não ocorre “autoinfecção”.


Prevenção

A prevenção da esquistossomose consiste em evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. O controle da esquistossomose é baseado no tratamento coletivo de comunidades de risco, acesso a água potável e saneamento básico, educação em saúde e controle de caramujos em lagos e rios.

Grupos-alvo para o tratamento são:
Comunidades inteiras que vivem em áreas de alta contaminação.
Crianças em idade escolar nas áreas urbanas residentes em áreas endêmicas.
Pessoas com profissões que envolvem contato com a água contaminada, tais como pescadores, agricultores, trabalhadores de irrigação.
Pessoas que praticam tarefas domésticas que envolvem contato com água contaminada.

IMPORTANTE: Ainda não há vacina contra a esquistossomose.



Tratamento

O tratamento da esquistossomose, para os casos simples, é em dose única e supervisionado feito por meio do medicamento Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde.  Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.


Situação epidemiológica

No mundo 

A esquistossomose mansoni é uma doença de ocorrência tropical, registrada em 54 países, principalmente na África e Leste do Mediterrâneo, atinge as regiões do Delta do Nilo e países como Egito e Sudão.

Américas

Atinge a América do Sul, destacando-se a região do Caribe, Venezuela e Brasil.

Brasil

Estima-se que cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em áreas sob o risco de contrair a doença. Os estados das regiões Nordeste e Sudeste são os mais afetados sendo que a ocorrência está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores.

Atualmente, a doença é detectada em todas as regiões do país. As áreas endêmicas e focais abrangem os Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e Minas Gerais (predominantemente no Norte e Nordeste do Estado).
No Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal, a transmissão é focal, não atingindo grandes áreas.


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Fontes:





Imagens:

Fiocruz
Wikipedia