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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

CCZ realiza palestra sobre arboviroses e zoonoses para voluntários da Defesa Civil





Neste sábado (17/08) o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) – através do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC) – realizou a palestra “Arboviroses e Zoonoses” no auditório da Defesa Civil de Niterói, região central da cidade.

O objetivo da ação educativa em saúde foi treinar voluntários dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs) para que possam atuar na disseminação de informações nas comunidades, somando esforços na luta para prevenção e controle das arboviroses e zoonoses no município.

Ministrada pelo agente Elcio Luis Menezes do Nascimento, a atividade consistiu em explanação temática, apresentação de slides e vídeos, e distribuição de folders informativos.  Em pauta, conceito, agente etiológico, transmissão, sintomas e prevenção das doenças:  Dengue, Zika, Febre de Chikungunya, Febre Amarela e Febre do Mayaro (arboviroses); Leptospirose, Criptococose, Esporotricose e Raiva (zoonoses).

Segundo o palestrante, a participação do público foi consideravelmente satisfatória. Houve ótima interação, muitas perguntas e colocações sobre todo o conteúdo programático.  Devido ao interesse dos participantes, o horário se estendeu além do previsto.  A atividade foi bem positiva e superou as expectativas.




quarta-feira, 20 de março de 2019

Série ARBOVIROSES EMERGENTES


Arboviroses Emergentes é uma série de textos sobre as principais doenças causadas por arbovírus que representam problemas de saúde pública em boa parte do mundo e no Brasil.  Tem o propósito de apresentar informações que ajudem no conhecimento e/ou atualização do leitor e instiguem o aprofundamento do saber através das referências citadas ao final de cada texto.

O material será postado de forma periódica e aleatória. A introdução e os links do conteúdo completo dos temas estarão disponíveis aqui nesta publicação.


Afinal, o que são arboviroses ?


Arboviroses são doenças causadas pelos arbovírus (do inglês “arthropod borne virus”), vírus que tem parte de seu ciclo de replicação nos artrópodes. Os artrópodes são animais invertebrados que possuem patas articuladas (insetos, aracnídeos, etc). 

Arbovírus não é uma família de vírus; o termo simplesmente indica que um vírus é transmitido por certas espécies de artrópodes.  Membros de muitas famílias virais diferentes podem ser arbovírus.

Os arbovírus apresentam um ciclo complexo em natureza, envolvendo a transmissão biológica entre hospedeiro vertebrado susceptível e artrópode hematófago, ou entre hospedeiros artrópodes pela via transovariana, e, possivelmente, pela via venérea.

A classificação "arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos). Existem 545 espécies de arbovírus, sendo que 150 delas causam doenças em seres humanos.

Existem três famílias mais conhecidas de arbovírus e cada uma delas engloba causadores, que têm semelhança em seu código genético e também nas suas proteínas base:

1. Togavírus: Febre de Chikungunya, Febre do Mayaro, Encefalites equinas Leste, Oeste e Venezuelana; 

2. Bunyavírus: Febre do Oropouche, Febre da Sandfly (mosquito pólvora), Febre do Vale Rift, Febre hemorrágica da Criméia-Congo; 

3. Flavivírus: Febre amarela, Dengue, Zika, Febre do Nilo, Encefalite Japonesa, Rocio, Usutu.

Mudanças genéticas no vírus, alteração da dinâmica populacional de hospedeiros e vetores ou por fatores ambientais de origem antropogênica são responsáveis pela emergência de arboviroses em diferentes regiões. Os arbovírus tem notável capacidade de adaptação e de se estabelecerem em novas áreas geográficas, se tornando um crescente problema de saúde pública mundial.



FEBRE DO OROPOUCHE

A febre do oropouche é uma infecção viral tropical transmitida por insetos e mosquitos picadores do sangue das preguiças para os humanos . Esta doença recebeu o nome da região onde foi descoberta e isolada pela primeira vez no Laboratório Regional de Vírus de Trinidad em 1955, perto do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago. 

A febre de Oropouche é causada por um arbovírus específico , o vírus Oropouche (OROV), da família Bunyaviridae.

O vírus oropouche foi identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960, e há registros frequentes da ocorrência de pessoas doentes na região da Amazônia, no Peru e em países do Caribe.

Grandes epidemias são comuns e muito rápidas, uma das primeiras ocorrendo na cidade de Belém, no estado do Pará. Na Amazônia brasileira, o oropouche é a segunda doença viral mais frequente, depois da dengue.  Atualmente, somente no Brasil estima-se que mais de meio milhão de casos tenham ocorrido. 

Clique aqui para acessar o texto completo.



DENGUE

Dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral, que é transmitida pelo Aedes aegypti, principal mosquito vetor. Conhece-se a existência de quatro sorotipos –  DENV 1, DENV 2, DENV 3  e DENV 4 – e que a doença pode apresentar desde uma evolução benigna na forma clássica até uma evolução grave quando se apresenta na forma hemorrágica ou com complicações.




O vírus Dengue (ou DENV) pertence à família Flaviviridae, uma família de vírus que inclui o vírus da febre amarela, o vírus da encefalite japonesa, o vírus da Febre do Nilo Ocidental (FNO) e o vírus da encefalite do carrapato (TBE). É classificado como um arbovírus, isto é, aquele que é transmitido por insetos ou outros artrópodes.

Hoje a dengue é a mais importante arbovirose que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no Brasil onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do vetor. A dengue está relacionada com os chamados macrofatores (ambientais, socioeconômicos, políticos e sociais) e os microfatores (dependentes das características biológicas do vírus, do vetor e da pessoa afetada).

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ZIKA

A zika é uma arbovirose (doença causadas por arbovírus, isto é, vírus que tem parte de seu ciclo de replicação nos artrópodes) também conhecida como infecção por zika vírus. Esse vírus é transmitido para seres humanos por meio da picada do mosquito Aedes aegypti e do Aedes albopictus. Ele é chamado assim porque os primeiros sinais da doença foram encontrados na Floresta Zika, localizada em Uganda (1947).



Em 2015 houve a identificação do vírus ZIKV no Brasil (suspeita-se que a introdução tenha ocorrido em 2013), que passou por uma epidemia de casos de zika, com milhares de pessoas diagnosticadas com a doença. Muitas mulheres grávidas sofreram e tiveram bebês que foram diagnosticados com microcefalia, uma condição médica em que o crânio do bebê é menor do que o normal para a sua idade, causando diversos atrasos em seu desenvolvimento mental e intelectual, por exemplo. 

Antes de se expandir para uma epidemia humana plenamente estabelecida, atingindo as manchetes de jornais como uma ameaça global, o zika vírus esteve presente por muito tempo na África e, em algum momento, chegou à Ásia. Na África, o zika vírus pode ter circulado principalmente entre os animais e só ocasionalmente pulou para os humanos. Tal vírus era caracterizado como um patógeno leve e essencialmente inofensivo; essa é a principal diferença entre ele e outros vírus emergentes percebidos como ameaças globais. O zika era considerado menos perigoso que os demais pertencentes ao mesmo grupo, os flavivírus; não se suspeitava de que ele seria capaz de prejudicar seriamente os fetos.  

A doença pelo vírus Zika apresenta risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya, para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas. Uma das principais complicações é a microcefalia. 

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USUTU


Usutu é uma doença febril causada pelo vírus Usutu (USUV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O vírus é transmitido pela picada de mosquitos e, embora afete principalmente as aves, também pode infectar pessoas.

Identificado pela primeira vez na África do Sul, em 1959, seu nome vem de um dos principais rios do pequeno país africano da Suazilândia. A presença do vírus Usutu em aves na África foi relatada inicialmente em países como Senegal, República Centro-Africana, Nigéria, Uganda, Burkina Faso, Costa do Marfim, Tunísia e Marrocos.  Apenas dois casos foram descritos em humanos na África, em 1981 e em 2004, embora existissem casos não diagnosticados.


O primeiro registro da circulação do Usutu na Europa aconteceu em 2001, após uma grande quantidade de melros aparecerem mortos na Áustria, embora análises retrospectivas de aves mortas na Toscana (Itália) mostram que circularam nesta região em 1996. Em 2009 aconteceram os dois primeiros casos em humanos no continente europeu, causando encefalite em dois pacientes italianos.  Este vírus também foi encontrado em aves da Alemanha, Espanha, Hungria, Suíça, Grécia, República Tcheca, Polônia e Inglaterra.

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FEBRE DO NILO OCIDENTAL


A Febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral causada por um arbovírus, o vírus do Nilo Ocidental (WNV), da família Flaviviridae, gênero Flavivirus.  Os fatores de risco estão relacionados à presença do ser humano em áreas rurais e silvestres que contenham o mosquito infectado pelo vírus e que, por ventura, venha a picar estes seres humanos.

Isolado pela primeira vez em 1937, em uma região do Norte de Uganda chamada West Nile (em português, Nilo Ocidental), os cientistas apostam na hipótese que o vírus saiu da África pela primeira vez de carona com aves migratórias que fazem o trajeto entre a costa oeste africana e a península ibérica.

No verão de 1999, o vírus foi detectado em Nova York, matando sete pessoas. O que aconteceu entre esse primeiro episódio e o ano de 2015 foi grave: 43.937 pessoas contaminadas e 1.911 vítimas fatais – isso sem contar os incontáveis animais silvestres e domésticos, como cachorros, cavalos e aligátores. 

Apesar do Culex ser apontado como principal responsável pela circulação do vírus durante a série de surtos nos EUA, o Aedes aegypti também é um vetor em potencial.  

Na América do Sul, evidências sorológicas de WNV foram detectadas em cavalos e pássaros na Colômbia, Venezuela e Argentina. No Brasil, a primeira evidência sorológica de WNV ocorreu em 2009, na região do Pantanal, Mato Grosso do Sul, com o isolamento do vírus em cavalos. Recentes estudos ainda confirmam a circulação desse arbovírus em equinos, principalmente cavalos, nessa mesma região. No final de 2014, o primeiro caso humano de Febre do Oeste do Nilo foi reportado no estado do Piauí.

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FEBRE DO MAYARO


A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovírus, o vírus Mayaro (MAYV), da família Togaviridae, gênero Alphavirus. Normalmente, após uma ou duas semanas, o paciente se recupera completamente da febre do Mayaro. 

O vírus da doença foi isolado pela primeira vez em 1954 na ilha de Trinidad, na América Central. Nessa ilha há uma cidade chamada Mayaro, daí o nome. O primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.

Entre o início de 2015 e março de 2016, o estado de Goiás passou por um surto da doença – cerca de 70 pessoas foram contaminadas nesse período.  Em 2016, cinco pessoas residentes no estado do Amazonas foram diagnosticadas com Mayaro. Pesquisas recentes indicam que o Aedes aegypti é um dos transmissores em potencial da doença.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Estudo demonstra que Método Wolbachia inibe transmissão do vírus da Febre Amarela


A presença da bactéria Wolbachia em Aedes aegypti tem a capacidade de reduzir a transmissão do vírus da Febre Amarela nesta espécie de mosquito. A descoberta é o tema de um artigo publicado pela Gates Open Research. A pesquisa que resultou no artigo, intitulado "Pluripotency of Wolbachia against Arbovirus: the case of yellow fever", foi supervisionada pelo pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e líder do World Mosquito Program (WMP) no Brasil, Luciano Moreira. O WMP é um programa internacional de combate à doenças transmitidas por mosquitos e, no Brasil é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


O artigo é resultado do trabalho conjunto de pesquisadores de três instituições: Instituto René Rachou/ Fiocruz (IRR), Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Clique aqui para acessar.


A transmissão urbana da doença por Aedes aegypti não é relatada no Brasil desde 1942. Entretanto, pesquisadores apontam que o risco de reurbanização da Febre Amarela existe, uma vez que o Aedes aegypti está presente na maioria das cidades de clima tropical e subtropical do mundo e foi o principal vetor no passado. Entre os anos de 2016 e 2018 o Brasil enfrentou alguns surtos de Febre Amarela, arbovirose transmitida pelos mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Houve mortalidade de até 30%.


Atualmente, além da Febre Amarela, o Método Wolbachia é eficiente na prevenção da transmissão das seguintes arboviroses: dengue, Zika, chikungunya e Febre Mayaro.


O estudo


Para realizar a pesquisa foram utilizados dois isolados de vírus da Febre Amarela (YFV), obtidos de humanos e de macacos, originários dos últimos surtos ocorridos no estado de Minas Gerais. Esses vírus foram multiplicados em cultura de células de insetos e adicionados à alimentação sanguínea ministrada a Aedes aegypti com e sem Wolbachia. Como as amostras de sangue usadas na alimentação poderiam conter anticorpos devido a, por exemplo, aplicação da vacina contra a doença, a amostra passou por um processo para assegurar a eliminação desses anticorpos antes de alimentar os mosquitos.

A infecção provocada pelos vírus nos mosquitos foi acompanhada nos tempos de 7, 14 e 21 dias após a alimentação sanguínea, a partir da análise da cabeça e do tórax dos insetos. Foi verificado que, em mosquitos com Wolbachia, a quantidade de YFV foi menor do que nos mosquitos que não possuíam o microorganismo em suas células.

Em outro ensaio, foi realizada a coleta de saliva em Aedes aegypti com e sem Wolbachia, alimentados com sangue contendo o vírus da Febre Amarela ( 7, 14 e 21 dias após a alimentação). Essa saliva foi injetada em mosquitos Aedes aegypti sem a bactéria Wolbachia. Após cinco dias, esses insetos foram analisados, revelando que nenhum dos mosquitos que receberam saliva oriunda de Aedes aegypti com Wolbachia se infectou com o vírus da Febre Amarela. Já entre os mosquitos que receberam a saliva de Aedes aegypti sem Wolbachia, houve infecção.

A saliva dos mosquitos também foi utilizada em um teste com camundongos. Os camundongos que receberam injeção da saliva extraída de Aedes aegypti com Wolbachia que receberam sangue contaminado com Febre Amarela não se infectaram. Já os grupos em que foi aplicada a injeção de saliva extraída de Aedes aegypti sem Wolbachia, houve a infecção.

"Os resultados indicam que, caso a Febre Amarela volte a ter transmissão urbana pelo Aedes aegypti, o Método Wolbachia pode ser uma estratégia complementar para prevenir a transmissão da doença, junto com o programa de vacinação", observou Luciano Moreira.

Na avaliação do médico Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), existem condições para que o Aedes aegypti seja um vetor de Febre Amarela. "Existe possibilidade, pois há pessoas suscetíveis, vírus circulando em áreas periurbanas, como regiões de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro próximas a matas. Estudos demonstram que o Aedes aegypti e o Aedes albopictus têm a capacidade de se infectar com o vírus da Febre Amarela", explicou.

No Paraguai, em 2008, houve surtos da doença transmitida pelo Aedes aegypti, com registro de óbitos, na periferia da capital Assunção. Angola enfrentou uma epidemia de casos urbanos em 2016.


Entretanto, Vasconcelos considera improvável o reaparecimento da Febre Amarela urbana no Brasil. "O Aedes aegypti não é um excelente vetor para Febre Amarela e temos uma cobertura vacinal razoavelmente alta", observou o pesquisador. Outro aspecto relevante diz respeito ao vetor. "Estudos sugerem que o Aedes aegypti que circula atualmente, de origem asiática, é menos suscetível ao vírus da Febre Amarela do que o mosquito que circulava nos séculos XVII, XVIII e XIX, de origem africana, que ingressou  no Brasil com o tráfico de escravos", explicou Vasconcelos.



Sobre a doença

A Febre Amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae. Provoca uma infecção febril aguda de curta duração (no máximo 10 dias), de gravidade variável e que pode levar à morte.

No ciclo silvestre da Febre Amarela, que é o que ocorre no Brasil, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que possuem hábitos estritamente silvestres. Locais que têm matas e rios, nos quais o vírus, seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente, são consideradas como áreas de risco.


A vacina antiamarílica é fabricada pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É recomendada para as pessoas a partir de 9 meses de idade, que residem ou que se deslocam para os municípios que compõem a área com recomendação de vacina - a lista está disponível no site do Ministério da Saúde.




terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Arboviroses Emergentes: FEBRE DO MAYARO


A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovírus, o vírus Mayaro (MAYV), da família Togaviridae, gênero Alphavirus. Normalmente, após uma ou duas semanas, o paciente se recupera completamente da febre do Mayaro. 


O vírus da doença foi isolado pela primeira vez em 1954 na ilha de Trinidad, na América Central. Nessa ilha há uma cidade chamada Mayaro, daí o nome. O primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.

Entre o início de 2015 e março de 2016, o estado de Goiás passou por um surto da doença – cerca de 70 pessoas foram contaminadas nesse período.  Em 2016, cinco pessoas residentes no estado do Amazonas foram diagnosticadas com Mayaro. Pesquisas recentes indicam que o Aedes aegypti é um dos transmissores em potencial da doença.


Transmissão

O vetor principal é o mosquito Haemagogus janthinomys, que vive em habitats mais silvestres, como as florestas ou matas fechadas. Essa espécie de mosquito costuma ficar na copa das árvores e picar macacos e pássaros, que são os hospedeiros primários da doença nesse ecossistema. Quando o mosquito pica um macaco doente, este primata adquire o vírus e, depois de um ciclo em seu organismo, torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao ser humano. No entanto, quando alguma pessoa entra na mata, principalmente entre 9h e 16h, horário em que o mosquito está mais ativo, ela também pode ser picada e contrair a doença.




Ciclo silvestre (Haemagogus janthinomys) e ciclo urbano (Aedes aegypti)



Sintomas

Após a picada do mosquito infectado, os sintomas iniciam geralmente de 1 a 3 dias após a infecção. Esse tempo pode variar de pessoa a pessoa, dependendo da imunidade individual, quantidade de partículas virais inoculadas e cepa viral, entre de outros fatores.

As manifestações clínicas da febre do Mayaro são semelhantes às de infecções por outros arbovírus:

• iniciam-se com quadro febril agudo inespecífico, semelhante à dengue;
•  cefaleia (dor de cabeça);
•  mialgia (dor muscular);
•  dor nas articulações;
•  inchaço nas articulações;
•  manchas no corpo.


No entanto, na maioria dos casos a doença é autolimitada, com o desaparecimento natural dos sintomas em uma semana. Em alguns casos, o vírus da Febre do Mayaro pode provocar o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas.

Parte dos pacientes infectados pelo vírus da Febre do Mayaro pode apresentar dor intensa nas articulações, acompanhada ou não de inchaço nas articulações. A lesão pode ser limitante ou incapacitante e durar por meses.






Diagnóstico

O diagnóstico da Febre do Mayaro é feito, primeiramente, na avaliação clínica do paciente, com base nos sintomas, e no histórico de onde esteve e o que fez nos últimos 15 dias. Depois disso, o médico pode pedir exames específicos para identificar o vírus e fechar o diagnóstico, tendo em vista que os sinais são muito parecidos com os de outras arboviroses, como Chikungunya.
A Febre do Mayaro não é contagiosa, portanto, não há transmissão de pessoa a pessoa ou de animais a pessoas. Ela é transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus Mayaro.


Tratamento

Não há tratamento específico contra a febre do Mayaro. O médico deve tratar os sintomas, como dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico. Os pacientes devem permanecer em repouso e em tratamento sintomático, com analgésicos e/ou drogas anti-inflamatórias - que podem proporcionar alívio da dor e febre.  Repouso e consumo de bastante água também são fundamentais durante a recuperação. Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.


Prevenção

Considerando que atualmente não existem vacinas disponíveis no mercado, a única forma de minimizar o risco da febre de Mayaro é evitar exposição com corpo desprotegido em locais de mata e beira de rios, principalmente nos horários de maior atividade do vetor (entre 9 e 16 horas).

Também é indicado utilizar roupas compridas, que minimizem a exposição aos vetores silvestres, preferencialmente acompanhado do uso de repelentes. Cuidado adicional deve ser tomado nas áreas com ocorrência recente de transmissão do vírus Mayaro, como registrado recentemente em municípios de Goiás, Tocantins e no Pará, entre 2014 e 2016.

Além disso, o vírus Mayaro é considerado endêmico na região Amazônica, que envolve os estados da região Norte e Centro Oeste. O vírus ocorre em área de mata, rural ou silvestre e geralmente afeta indivíduos susceptíveis que adentram espaços onde macacos e vetores silvestres ocorrem.



Sugestão de vídeo:  

https://globoplay.globo.com/v/5468275/

Site interessante:  

http://www.arboapp.com.br/



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Fontes:

Ministério da Saúde