quinta-feira, 25 de abril de 2019

Malária: região Amazônica concentra 99% dos casos no Brasil




Para promover um maior conhecimento sobre a malária e alertar para a necessidade de mais investimentos nas ações de prevenção e controle para erradicação da doença em todo o mundo, a Assembleia Mundial da Saúde estabeleceu, em 2007, o dia 25 de abril como o Dia Mundial de Luta contra a Malária. Este ano, o tema da campanha da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) é Zero Malária começa comigo e visa retomar os avanços contínuos no combate a esta doença, paralisados após uma década por conta do decréscimo nos investimentos. O médico infectologista e pesquisador do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas (LapClin DFA) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), André Siqueira, ressalta que é possível erradicar a doença no Brasil, mas que para isso é necessário pensar na integração das ações de controle promovidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar a relação entre os profissionais da ponta e a academia.

A malária continua sendo um grande desafio para o Brasil e para o mundo apesar do conhecimento acumulado sobre a doença. Segundo o médico infectologista, a fragilidade no combate ocorre especialmente nas áreas tropicais, onde os sistemas de saúde e as condições socioeconômicas mantêm a vulnerabilidade para a transmissão uma vez que as medidas de controle do vetor não são mantidas e adaptadas conforme as necessidades locais. “No Brasil, 99% dos casos autóctones (naturais da região ou do território) são registrados na Região Amazônica, principalmente por conta das condições demográficas, ambientais e sociais que são bastante favoráveis à manutenção do ciclo de transmissão”, explicou André.

“Aqui, onde predomina a malária vivax, o nosso maior desafio é a sustentabilidade das ações em um contexto de redução dos gastos em saúde. A malária acontece quase inteiramente na região Norte, onde os sistemas de saúde são menos resilientes para as mudanças. Uma situação a ser enfrentada também é a diminuição a redução dos esforços de contenção da transmissão quando há uma redução no número de casos, o que leva em pouco tempo ao ressurgimento da doença. Este relaxamento explica, em parte, o aumento da incidência observada em 2016 e 2017, após quase 10 anos de redução contínua”, destacou André.

Apesar das dificuldades, o pesquisador enfatiza que a eliminação da malária no Brasil é possível, mas que para atingi-la é necessário um plano de médio e longo prazo com estratégias que levem à sustentabilidade. Entre essas ações destaca a adaptação das medidas de controle dos vetores, com integração e fortalecimento do sistema de saúde local, principalmente na Atenção Primária, envolvendo também a academia com o serviço. “Isso requer tanto inovações técnicas quanto compromisso político para garantir os recursos humanos e financeiros necessários”, concluiu.

No que se refere ao estado do Rio de Janeiro, André Siqueira informou que os casos de malária diagnosticados são de viajantes ou de frequentadores de áreas silvestres da Mata Atlântica.


Malária

A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por protozoários do gênero Plasmodium. No Brasil, três espécies estão associadas à doença em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Os sintomas podem incluir febre, vômitos e/ou dor de cabeça e aparecem de 10 a 15 dias após a picada do mosquito. A malária não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa.

Apesar de ser uma doença grave, a malária tem cura com o diagnóstico rápido e preciso e um tratamento adequado com antimaláricos. Entretanto, complicações podem ocorrer, principalmente quando casos provocados pelo P. falciparum não são tratados ou as pessoas infectadas possuem um sistema imunológico vulnerável, como ocorre em idosos, crianças ou grávidas. Essas complicações podem resultar no agravamento de doenças como anemia grave, insuficiência renal e hepática, icterícia, hipoglicemia, e, em casos mais raros, causar a malária cerebral, podendo o paciente chegar ao coma.


Fonte:  Fiocruz

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