segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Febre Amarela: RJ eleva nível de vigilância



Como medida preventiva, municípios localizados nas regiões Serrana e Noroeste Fluminense terão ações para vacinação, visando criar um bloqueio para o vírus da doença nas divisas com o estado de MG



A Secretaria de Estado de Saúde publicou na última quarta-feira (18/1), nota técnica orientando aos municípios que intensifiquem a vigilância a pacientes com sintomas característicos da febre amarela e, visando tornar o sistema de vigilância mais sensível, os casos suspeitos foram definidos de acordo com o cenário de risco mapeado pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES.

Além de publicar a nota técnica, a secretaria solicitou 250 mil doses da vacina contra a doença ao Ministério da Saúde, que serão distribuídas pela SES às prefeituras de municípios localizados nas divisas com os estados de Minas Gerais. A medida é preventiva, uma vez que o Rio de Janeiro não se configura como uma região endêmica para febre amarela. Não houve registro de casos da doença com transmissão dentro do estado (autóctones) nas últimas décadas. O objetivo da vacinação, que será realizada pelas secretarias municipais de Saúde, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, é criar uma região de bloqueio para o vírus da doença, visando evitar sua entrada no RJ. Numa ação integrada, a SES irá disponibilizar 400 mil seringas de vacinação para o Governo do Espírito Santo.

- Não há recomendação para vacinação da população em geral em nosso estado. Portanto, estamos nos antecipando e adotando medidas de caráter preventivo. Nossa ação será de total apoio aos municípios, disponibilizando informações e orientando as especificações de cada ação - explica Luiz Antônio Teixeira Jr., secretário de Estado de Saúde.

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, todos os municípios do estado devem intensificar a vigilância, por meio de notificação de todo evento suspeito, para que se possa fazer o diagnóstico de forma precoce e a pronta ação dos serviços de saúde pública.

- Para todo o estado, a principal orientação é informar casos de indivíduos residentes no RJ, com histórico de viagem nos últimos quinze dias, e que apresentem os sintomas da doença. Em municípios localizados nas divisas com os estados de MG e ES, as secretarias municipais devem informar qualquer caso de pacientes que apresentem os sintomas. Todas as orientações foram remetidas às prefeituras e estão disponíveis para os gestores de saúde e demais profissionais, além da população - acrescenta Chieppe.

SES adota medidas de precaução nas regiões Serrana e Noroeste - Como medida preventiva, a secretaria de Estado de Saúde irá distribuir 250 mil doses de vacinas contra a febre amarela para os municípios das regiões Noroeste e Serrana, com o objetivo de criar uma região de bloqueio contra o vírus, considerando o grande fluxo de pessoas entre estas cidades que fazem divisa com MG. A escolha dos municípios baseia-se na localização geográfica, além da observação de suas especificidades, critérios ambientais e epidemiológicos. Por conta do dinamismo característico de transmissões deste tipo, há possibilidade de as ações serem expandidas, bem como revistas, com base no acompanhamento e avaliações constantes de cenários.

Em todo o estado, para qualquer pessoa que planeja viajar para áreas de circulação comprovada da doença, a orientação é se vacinar com 10 dias de antecedência. A vacina está disponível durante todo o ano nos postos e unidades básicas de saúde e pode ser administrada a partir dos seis meses de idade, sendo válida por dez anos. Quem já se vacinou pela segunda vez - respeitando o intervalo de 10 anos - não deve se vacinar novamente, uma vez que a imunidade já estará garantida.


Esclareça suas dúvidas:

1 - O que é febre amarela?
Há dois tipos de febre amarela – silvestre e urbana. As duas são causadas pelo mesmo vírus e provocam a mesma doença, mas se diferem pelo vetor de transmissão. A urbana é transmitida pelo Aedes aegypti e, de acordo com o Ministério da Saúde, desde os anos 40, o Brasil não registra casos deste tipo da doença. Já a silvestre é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabeths, insetos de hábitos estritamente silvestres. A febre amarela silvestre é endêmica em algumas regiões do país, principalmente na região amazônica.

2 - Quais são os sintomas?
Os sinais e sintomas mais comuns da doença são: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos que duram, em média, três dias. Nas formas mais graves da doença, podem ocorrer icterícia (olhos e pele amarelados), insuficiências hepática e renal, manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. Trata-se de uma doença infecciosa febril aguda,transmitida exclusivamente pela picada de mosquitos infectados.

3 - Moradores do RJ, diante da circulação mosquito Aedes aegypti, devem se vacinar?
Não. No estado do RJ, não há registro de casos de febre amarela há décadas. Em todo país, não são registrados casos de febre amarela transmitidos por mosquitos do gênero Aedes desde os anos 20. De acordo com o Ministério da Saúde, os casos que estão sendo registrados em outros estados da região Sudeste mostram a circulação do vírus transmitido pelo mosquito Haemagogus - transmissor da febre amarela silvestre -, que não tem circulação observada no RJ. Portanto, não há necessidade de imunizar a população em geral.

4 - Quando a vacina é indicada para moradores do estado do RJ?
A orientação é para que as pessoas que planejam viajar para áreas com recomendação da vacina busquem o posto de saúde para se vacinar. Isso deve ser feito com pelo menos dez dias de antecedência. A lista de municípios com transmissão comprovada da doença está disponível no site do Ministério da Saúde, onde também podem ser encontrados os critérios para vacinação. É essencial que sejam observados, de forma rigorosa, os critérios para recomendação da vacina e também suas contra-indicações.

5 - Qualquer pessoa pode tomar a vacina? Quais são os efeitos colaterais? Como ela funciona e como deve ser administrada?
A vacina contra febre amarela (cepa 17DD) é produzida no Brasil, sendo elaborada com o vírus vivo atenuado. Este tipo de vacina é produzido a partir do microorganismo (vírus vivo) de um indivíduo ou animal infectado, que é atenuado por passagens sucessivas em meios de cultura ou culturas celulares, diminuindo assim seu poder infeccioso. Além da vacina contra febre amarela, são exemplos de vacina atenuada as vacinas contra caxumba, sarampo, BCG, rubéola, entre outras. Deve ser aplicada por via subcutânea na regiáo deltóidea (braço).

Em geral, a vacina produz poucos efeitos colaterais, mas que podem ser graves. Utilizada há mais de 70 anos, está no calendário vacinal brasileiro apenas para áreas consideradas de risco. Os efeitos colaterais observados podem ser: febre, dor de cabeça e dor muscular, entre 5 e dez dias depois da aplicação. Reações de hipersenbilidade são raras e geralmente atribuídas à proteína do ovo, contida na vacina. Nos casos de contraindicação, deve-se avaliar o custo-benefício para cada paciente. A indicação deverá ser sempre médica.

6 - Quem não pode tomar a vacina?
- Crianças com menos de 6 meses de idade, devido ao risco de encefalite viral
- Gestantes, devido ao risco de infecção para o feto
- Pessoas com imunodeficiências resultantes de doenças ou de drogas, soropositivas ou portadoras de neoplasias em geral, além de indivíduos em uso de medicações ou tratamento imunossupressores (corticoides, quimioterapia, radioterapia); e também pessoas com disfunções do Timo.
- Pessoas com alergia a ovos, eritromicina ou gelatina, além daqueles que apresentaram reações alérgicas a dose anterior da vacina

7 - Qual a eficácia da vacina?
A vacina é considerada bastante eficiente, conferindo cerca de 90% de proteção, que tem início 10 dias após a vacinação. A imunidade dura dez anos, quando deve ser tomada a segunda dose. Quem já se vacinou pela segunda vez não precisa tomar uma nova dose.



Para ler a Nota Técnica da SES-RJ, clique aqui.




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